sábado, 19 de março de 2016

Gilmar Mendes pavimenta caminho para a prisão de Lula. Dias ainda mais sombrios aguardam o Brasil.




O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil e determinou que o processo do ex-presidente continue com o juiz Sérgio Moro. 

A decisão abre caminho para a prisão de Lula, talvez, já nos próximos dias. 

Ao que me parece, o que se pretende é encarcerar Lula enquanto se realiza o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, acreditando, talvez, que sem a liderança dele a reação será mais controlável. 

Afinal, é grande o descontentamento em relação à Dilma e ela nunca foi uma líder de massas. 

E apesar de milhares de pessoas terem ido às ruas, ontem, em defesa da Democracia, as manifestações revelaram que a maioria do povão ainda permanece em casa. 

Além disso, há o poder de fogo do braço midiático do golpe. 

A divulgação dos grampos ilegais contra Lula não foi uma reação desesperada ou raivosa de Sérgio Moro, como muitos imaginaram. 

Em verdade, foi um movimento muito bem calculado, para tentar desgastar Lula a ponto de permitir que seja preso, já que, no "ensaio" de 4 de março, houve forte reação social. 

Os prejuízos sofridos pelos golpistas, com a divulgação dos grampos, foram a grita generalizada de juristas e movimentos sociais, e a “descida do muro” de milhares de democratas (daí, talvez, a força das manifestações de ontem). 

Tais estragos, no entanto, poderão ser contrabalançados pela decisão da OAB nacional, que jogou no lixo a própria história e resolveu apoiar o impeachment de Dilma. 

Mas se tudo parece céu de brigadeiro para os golpistas, há atores e fatores de peso, que ainda ou não se manifestaram de verdade ou ainda não foram mensurados (pelo menos publicamente). 

Os atores são as Forças Armadas e o povão, o maior agente histórico de todos os tempos. 

Entre os fatores estão o tamanho do desgaste de Lula, em decorrência desses grampos; a inexistência de qualquer outra liderança com a capacidade de contemporização que ele possui; a real capacidade das esquerdas de levarem o povão a compreender o que de fato está em jogo, apesar da crise econômica; a possibilidade ou não de devolver à garrafa o “gênio do fascismo”. 

A massa de manifestantes contrários ao Governo é tão radicalmente à direita e tão movida a ódio que, depois de hostilizar Aécio, Alckmin e Malafaia, hostilizou até mesmo o líder dos Revoltados Online. 

A prisão de Lula, se ocorrer, poderá mergulhar o país em violentos confrontos de rua, entre essa massa fascista e os petistas, que têm clara compreensão do golpe e experimentaram uma injeção de ânimo, após o retorno do ex-presidente. 

Tais confrontos abrirão caminho à intervenção das Forças Armadas, com o mesmíssimo blush do interesse público, que os golpistas vêm usando para maquiar as suas ilegalidades. 

As Forças Armadas assumirão, para garantir o impeachment de Dilma e a posse do peemedebista e vice-presidente, Michel Temer. 

O Brasil, então, voltará à normalidade e experimentará uma Era de desenvolvimento econômico, nunca antes vista na História deste país. 

Será? 

O problema é que a política, fora da esquizofrenia golpista, não funciona assim. 

Em primeiro lugar, quem foi que disse que as Forças Armadas, se assumirem o Poder, o entregarão tão rapidamente e de boa vontade? 

Em segundo lugar, será que a simples destruição do PT e dos partidos de esquerda aplacará os ânimos dessa massa fascista? 

Será que bastará o refluxo midiático, para que ela reflua também? 

Ou ela exigirá, ainda, as cabeças de Temer, Aécio, e de todos os políticos e partidos de centro-esquerda? 

Até onde vai a simpatia das Forças Armadas e das polícias militares por essa massa fascista? 

Em terceiro lugar, quem foi que disse que as esquerdas assistirão tudo isso passivamente? 

Quem foi que disse que violentos confrontos de rua não poderão descambar para uma guerra civil? 

Em quarto lugar, e sobretudo, qual será a reação do principal agente histórico, o povão? 

Afinal, nos últimos anos, o povão conquistou direitos que nunca imaginou conquistar: melhoria da qualidade de vida, acesso à informação, filhos nas universidades... 

Quem é que lhe pedirá de volta tais direitos? E tudo pacificamente, é? 

Além do que, o fato de o povão ainda não ter “descido o morro”, não significa que não perceba muito do que se passa. 

E a incógnita é o fator que poderá fazê-lo relevar a decepção com o Governo. 

Em quinto lugar, é preciso retomar o fenômeno Lula, que deixamos trancafiado, parágrafos atrás. 

Desde quando prisões conseguem conter uma liderança como a de Lula, e ainda por cima em decorrência de um processo judicial criminoso? 

E a opinião pública mundial? E os demais governos da América Latina? E o potencial de disseminação das informações pelas redes sociais? E o povão, que tanto se identifica com Lula? 

Será que os golpistas imaginam, realmente, que poderão matar todo mundo e acabar com todos os meios de comunicação? 

O problema é que tais golpistas, além de obviamente anacrônicos, são demasiado estúpidos. 

Tivessem esperado mais dois anos e é possível que acabassem voltando ao Poder pelas urnas. 

Em vez disso, tentaram dar um passo maior do que as pernas e acabaram trazendo Lula de volta ao centro do cenário político. 

Além disso, impulsionaram a extrema direita, que espuma de ódio de tudo e de todos. 

O resultado é que, provavelmente, não conseguirão alcançar o Poder como previram e até terão de recorrer, mais adiante, à liderança de Lula. 

E tudo o que ficará de seus delírios será um período de profunda dor, para todo o Brasil.

Um comentário:

Mestre Chico Barão disse...

Não sei onde essa gente arranja forças para defender o indefensável!