quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os novos rumos da Perereca da Vizinha





Em primeiro lugar, vamos esclarecer umas coisinhas, para alguns “coleguinhas” que andam por aí a falar toda sorte de bobagens, com aquele “ar ingênuo” das vestais de Bataclan: não vou trabalhar no governo de Jatene. E já até havia dito isso a um colega, antes mesmo do final do primeiro turno. Em suma: enquanto há fila na entrada, eu procuro é a saída.


Infelizmente, algumas figurinhas costumam tomar os outros pelas próprias medidas. Mas o fato é que nem todo mundo é movido, apenas, pelo interesse pessoal.


Não preciso de governos para obter trabalho, “fama” ou o acesso a informações privilegiadas. Até porque sou da boa e velha escola do Jornalismo.


Nela, jornalista não brilha: o que brilha é a informação. E informação não é “dádiva” ou simples “declaração”: é trabalho duro, persistente e inteligente, para desencavar o que alguns teimam em esconder.


Em segundo lugar, quero dizer uma coisa que está engasgada e que, às vezes, tive vontade de gritar, nos últimos quatro meses, a algumas figuras.


Em nenhum momento procurei o PSDB para trabalhar na campanha do Jatene.


Foi o contrário: recebi dos tucanos três “adubadas cantadas”, para ajudá-los, na pré-campanha e na campanha.


A primeira foi em meados do ano passado. As duas últimas, em janeiro e em junho deste ano.


E só “caí” na última cantada porque, mais do que qualquer proposta financeira, ela veio na forma de um pedido de ajuda – e taí o Orly Bezerra para não me deixar acrescentar uma vírgula naquilo que vou contar.


Orly me procurou, em junho, para me pedir – foi isso mesmo, pedir – que o ajudasse.


Disse-me que estava tendo muita dificuldade para formar uma equipe, porque as pessoas estavam com medo de trabalhar na campanha de Jatene. Além disso, ele queria formar um grupo, uma espécie de “conselho”, que o ajudasse a “não errar”.


E eu disse ao Orly – e ele está aí para me desmentir, se quiser: “tu sabes que tem muita gente no teu entorno que, se pudesse, me amarrava, arrastava pelas ruas e queimava viva”. E ele respondeu, até rindo: “também não é assim”...


Pedi-lhe um tempo para pensar, até porque precisava conversar com um amigo – um amigo que prezo muito, mas que, assim como todo petista, fica quase cego quando o assunto é o PT.


Mas também disse ao Orly, quando nos despedimos: “Tu agora me deixaste pensando...”


É que eu havia percebido a aflição dele, misturada com um bocado de insegurança e a certeza de que não poderia perder essa chance – que talvez fosse a última...


Naquele momento, nada estava “decidido” em favor do Jatene – muito pelo contrário. Além disso, uma campanha bem feita opera milagres. Orly sabe disso. E eu também.


De sorte que acabei aceitando o convite dele. E, durante a campanha, até fiz ouvidos moucos a algumas de suas ordens. Afinal, ele havia me contratado, também, para não deixá-lo errar...


Orly e eu já nos enfrentamos e até trocamos bicudas, em campanhas por aí. Mas penso que temos o principal: respeito mútuo.


Então, a minha participação nessa campanha foi muito mais para atender àquele pedido.


Quer dizer: meu compromisso foi muito mais com o Orly do que com o Jatene.


E creio que o próprio Jatene deve ter percebido isso, na única reunião que tivemos – a convite dele, por sinal – ao longo de toda essa campanha.


Assim, alguns coleguinhas e tucanos podem ficar tranqüilos: não quero nenhuma fatia desse bolo.


Ajudei a cozê-lo porque acreditei que era preciso. Embora, do ponto de vista pessoal, talvez fosse melhor a reeleição da minha xará.


Afinal, para a especialidade deste blog - o Jornalismo Investigativo - os tucanos são infinitamente mais complicados do que os petistas.


Os petistas xingam, processam e até tentam ridicularizar a informação – nada, portanto, que uma bela saraivada de documentos oficiais não consiga resolver...


Mas os tucanos, de forma bem mais inteligente, “cooptam” tudo e todos.


De sorte que a vazão das denúncias se torna muito mais complicada, vez que todas as portas se fecham na cara da gente.


Mas alguém tem de fazer esse tipo de Jornalismo, não é?


Mesmo que isso desagrade a alguns coleguinhas, que parecem encarar o Jornalismo como simples escada ou até como um armazém de secos e molhados...


...........


A Perereca da Vizinha volta a ser atualizada normalmente no final deste mês.


Peço desculpas aos leitores se, nesses quatro meses, deixei-me ficar pela opinião e, na única matéria deste blog, nem mesmo fiz entrevistas.


Mas é que achei que não seria muito correto andar a fazer entrevistas, já que estava a trabalhar na campanha.


Aliás, bem vistas as coisas, não foi lá muito ético ficar emitindo opiniões – o correto seria ter cumprido a minha “desincompatibilização”.


Mas não consigo ficar calada; sou “urubu do Ver o Peso” - paciência!...


Assim que resolver algumas pendências, inclusive de trabalho, darei uma guaribada no blog, que também voltará muito mais diversificado do que até aqui.


E espero que, no ano que vem, a gente possa comemorar, em grande estilo, o quinto aniversário da Perereca da Vizinha.


FUUUUUIIIIIII!!!!!!!


......................



Pra algumas pessoas que confundem inteligência com falta de caráter...











16 comentários:

Anônimo disse...

Estás de parabéns pela conduta ética e corajosa. O governo do PSDB perderá muito com tua não participação. És daquelas que ajuda a fazer o que é certo. Não te conheço pessoalmente, aliás, sempre ouvi comentários ruins a teu respeito, mas a cada dia, a cada postagem e, mesmo quando tenho divergências, vejo que és correta e verdadeira, além de competente.
Abraços,

Anônimo disse...

O primeiro e ultimo comentário que farei em seu blog, leio todos os dias seu blog, e mediante suas ultimas afirmações vejo que seu jornalismo é igual a todos os outros, cercado de interesses próprios, sempre li acreditando que vc fosse como eu lutadora, em busca de igualdades e não de interesses próprios, sei que sou uma formiguinha no meio da multidão e pouco importa a minha opinião mas preciso dizer " VOCÊ ACABOU DE PERDER UMA FÃ". Sucesso na sua trajetória "TUCANA" .´Sucesso!!
Luciana Mota

Anônimo disse...

Processo = 0041513-67.2010.814.0301
Documento Principal = 2010.01809450-27
Data da Distribuição= 27/10/2010 as 8:32:44

Anônimo disse...

Grande Ana,
dos velhos tempos. Tuas palavras passam a convicção de que travas o bom combate e que permaneces, que bom, resitente em tuas idéias desde o Resistência!

Unknown disse...

Olá, Ana!
Antecipadamente agradeço a publicação do que se segue...

Entendo seus motivos para não navegar no mesmo barco o mar que Jatene estará cruzando em Janeiro/11.
O prox governo certamente perderá uma excelente profissional, mas ganhará uma guardiã p/ a bússola.
Que vc possa nos ajudar a ver o que não enxergarmos...


Edson Pantoja

Anônimo disse...

Parabéns por você não deixar o jatene erra, parabéns se não fosse você não sei o que seria do jatene.

kkkkkk...

Quanta pretensão... aff...

Ana Célia Pinheiro disse...

Anônimo das 12:41: Você precisa aprender a ler - e urgentemente. Até lá, peça a alguém pra reler pra você, e bem devagarinho, o que eu escrevi... Em momento algum me referi ao Jatene: foi o Orly quem me procurou a dizer que queria formar um grupo que o ajudasse - a ele, Orly - a não errar. Mais explicadinho que isso, anônimo, só vovô viu a uva...

Ana Célia Pinheiro disse...

Obrigada, anônimo das 7:33, mas, sinceramente, não acho que estou a fazer grande coisa. Apenas, faço o que me parece ser o correto. E também não acho que o governo do Jatene perca alguma coisa com a minha não-participação: há excelentes profissionais no mercado. O que lamento, de verdade, é que existam tão poucos profissionais dispostos a encarar essa trincheira do Jornalismo Investigativo. Afinal, já estou velha, neurótica, doente (e gorda!) demais para esse tipo de trabalho... E vamos ver até onde é que dá pra continuar com isso, né? Abs e muito obrigada pela sua atenção.

Ana Célia Pinheiro disse...

Luciana:

Muito obrigada pela sua presença e carinho.
Lamento se acabei, como você diz, de perder "uma fã".
Até porque comungo, sim, desse seu propósito de construir um mundo melhor.
Também não pretendo seguir nenhuma "trajetória tucana". Pelo contrário: estou é me afastando - e dessa vez, definitivamente - dos tucanos.
Apenas trabalhei na campanha do Jatene, conforme já expliquei. E todos os leitores deste blog foram alertados acerca disso, em uma postagem que fiz no final de junho, se não estou enganada.
Jamais me engajaria em alguma campanha - ou simplesmente defenderia algum projeto político -sem informar aos leitores.
Tudo aqui é muito transparente, Luciana, até porque não sou chegada a lári-lári.
Volte sempre, ok? Abs.

Ana Célia Pinheiro disse...

É isso, anônimo das 3:15: Resistir é o primeiro passo! Abs

Ana Célia Pinheiro disse...

Oi, Édson, prazer em te ter aqui! Realmente, não tenho como seguir com os tucanos. Tenho perfeita consciência de que a coisa mais fácil seria "descolar" um DAS no novo governo e passar quatro anos bem tranqüilos do ponto de vista financeiro. Mas, feliz ou infelizmente, prefiro manter a minha integridade. É uma questão de escolha, né? Aquela capacidade tão humana que faz a vida valer de fato a pena - embora muitas vezes me angustie a dúvida se ainda tenho condições físicas para determinadas empreitadas... Afinal, a idade vai começando a cobrar um preço alto da gente. Especialmente, com esse meu joelho aleijado que está a acabar, literalmente, com a minha coluna. Mas vamos ao jogo, querido! E muito obrigada pela sua atenção e presença. Abs.

Anônimo disse...

Os marqueteiros da Ana Júlia realmente foram um fiasco, acredito que por não serem paraenses ficaram perdidos, infelizmente não utilizaram em nenhum momento suas reportagens investigativas da época do Governo Jetene. Se eles tivessem sido um pouco mais espertos teriam desmascarado o candidato adversário !!!

Ana Célia Pinheiro disse...

Anônimo das 9:51:

Penso que aquela agência era muito, muito ruim. Aliás, mostrei isso em uma matéria, logo que começaram a correr os boatos acerca da contratação dela.

Naquela matéria, se não estou enganada, cheguei a falar sobre a inadequação de algumas peças que vi no site dela (um jingle, por exemplo, demasiado longo, o que dificultava a fixação da idéia central; além de erros primários em programas políticos e inserções).

E a questão não é nem que a Link seja baiana, gaúcha ou pernambucana: é que ela é ruim, mesmo.

Uma agência de propaganda que chega numa campanha política dizendo, num estado como o Pará, que tudo é divino e maravilhoso em termos de qualidade de vida, não pode estar falando sério, né mermo?

É claro que houve muita desinformação, por ela não conhecer o Pará, mas houve, sim, falta de competência, ao não tentar, pelo menos, enxergar os serviços públicos através dos olhos da população - o que permitiria escolher uma linha de propaganda que não ficasse a brigar com a realidade.

Além disso, se a agência queria vender o "dinamismo" da Ana em relação à "preguiça" do Jatene, então por que não usou, desde o início, aquela imagem da Ana como "repórter" das próprias obras? Uma imagem poderosa, diga-se de passagem, porque coloca o cidadão diante de alguma coisa que o outro está a dizer que é simples papo-furado...

E não que a Ana não pudesse aparecer no gabinete: isso até poderia ser usado, porque se pretendia, imagino, mostrar o “preparo administrativo” dela. Mas isso deveria ser alternado com imagens dela, nos locais das obras.

Além disso, aquele gabinete deveria ser bem mais simples; a própria Ana deveria ser mais simples, mais humilde, coisa que só veio a acontecer, se bem me recordo, já quase ao final do primeiro turno.

Penso, ainda, que a campanha deveria ter sido regionalizada, até para aproveitar bastante o rosto e o falar da população, além das belezas de cada região paraense. Um tipo de estratégia que também serviria para convencer, "por contágio", que as coisas estavam de fato a acontecer por todo o interior.

Nem mesmo um dos melhores "motes" que eles conseguiram pescar (sem trocadilho), aquela história das diaristas, foi devidamente aproveitado. Quem me dera pegar um flanco desses numa campanha - você simplesmente surfa na "satanização" do outro...

Confesso que houve momentos que temi que eles usassem alguma denúncia contra o Jatene - e não necessariamente as minhas. Mas que eles usassem um "míssil", alguma artilharia pesada, para, ao menos, diminuir a distância entre a Ana e o Jatene, no final do primeiro turno; ou ao menos, no segundo turno, para dar uma sensação de recuperação da Ana na reta final, já que aquele patamar de 60% do Ibope era preocupante, por difícil de manter.

Mas eles não fizeram rigorosamente nada – e quando tentaram fazer (como no caso das diaristas e da “Ficha Suja”) foi de forma atabalhoada, como se agissem simplesmente por instinto, sem ter a mínima idéia de onde queriam chegar. Tanto assim que essas duas “poderosas bombas” acabaram virando simples estalinhos.

Em suma: foi como se não passassem do exército de zumbis daquela paródia "Todo mundo quase morto".

Uma campanha tão ruim, mas tão ruim que lá pelas tantas, eu, pelo menos,já havia até perdido o tesão.

Abs.

Anônimo disse...

SOU EU DENOVO, O ANÔNIMO DAS 12:41...

É realmente se Orly errasse o erro iria recair nele próprio, ou até mesmo em ti, não é mesmo? Afinal de contas que iria causar ou deixar passar o erro seria o Orly e/ou Você. Pelo amor de Deus não use suas palavras para tentar iludir a si própria. Quando um marqueteiro erra a culpa não recai sobre ele próprio e sim sobre a pessoa que está na linha de frente, OU SEJA, o próprio Jatene.

Anônimo disse...

Ana,sou sua fã e concordo com quase tudo o que vc escreve, apenas não compreendo que com todo este discernimento politico que vc tem consiga, sinceramente, fazer campanha pro jatene, pois pra mim ele era um dos piores candidatos, não sou petista mas acho que o modus operandis do governo tucano em nada melhora a vida da maioria da população.Pena mesmo!

Anônimo disse...

Como petista, me alimento muito dos seus textos, para formar uma opinião crítica.