sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Perereca debaixo de bala

Tenho recebido tantas chibatadas nas costas, devido às minhas últimas postagens, especialmente àquelas relativas a Jader Barbalho, que já estou até pensando em pedir ao deputado um pacote de sal...
Não, sem brincadeira, eu acho interessantíssima a revolta de alguns comentaristas, simplesmente por alguém expressar uma opinião diferente da deles.
Pro pessoal da Ana, o Jatene é um bandido que tem de ser espancado e pendurado num poste.
Pro pessoal do Jatene, é a Ana que é uma bandida que tem de ser espancada e pendurada num poste.
E para ambos – a depender, é claro, das conveniências – o Barbalhão tem mais é de ser queimado vivo...
E eu estava até a dizer, há pouco, a um comentarista: sabe qual é o problema? É que a nossa Democracia é tão recente que a gente vive a imaginá-la como uma via de mão única: é o meu pensamento, o meu direito de expressão.
E, no entanto, a Democracia é uma via de mão dupla.
E o meu direito e o seu direito estão de tal forma imbricados, que um simplesmente não existe sem o outro.
A internet e a blogosfera trouxeram alguns fenômenos interessantes.
Um deles é essa ampla possibilidade de participação em debates, até no anonimato.
Outra é a forma como as pessoas se comportam no anonimato da blogosfera, a escrever coisas que, certamente, não ousam repetir nem nos grupos que integram.
É como um prazer secreto, às escondidas, e só possível porque a virtualidade das nossas relações permite despir por completo a humanidade do antagonista – o que não aconteceria se estivéssemos a apenas alguns centímetros.
É o clássico antropológico: “mim Tarzan, you Chita”. E tanto mais instigante porque manifesto por formadores de opinião.
A Perereca da Vizinha nunca foi um blog pacífico: nunca recebi exatamente flores de alguns comentaristas deste espaço.
Até porque a essa característica comportamental da blogosfera, vem se juntar a paixão provocada pela matéria-prima deste blog: o debate político e as reportagens investigativas.
E claro está que, tanto nesses debates quanto nas reportagens investigativas, se agrado aos gregos, desagrado aos troianos.
Não sei se é por isso que a Perereca é um blog tão longevo – since 2006! – , apesar dos constantes “despirocamentos” desta blogueira.
Só sei é que me sinto profundamente gratificada por ter conseguido construir, junto com vocês, um dos espaços jornalísticos mais democráticos da blogosfera paraense, já que aqui a porrada é socializada: apanham tucanos, petistas, peemedebistas, pefelistas e quantos mais aparecerem.
E todos, apesar disso, freqüentam este blog e acreditam naquilo que aqui é publicado.
E vou dizer uma coisa do fundo do coração: é sempre uma honra ter cada um de vocês aqui na Perereca, mesmo que seja para vocês me encherem de porrada, como está a acontecer agora.
Investigar e debater questões fundamentais à coletividade é um dever básico de todo e qualquer jornalista.
Jornalista não pode viver de elogios, nem pode ser simplesmente o sujeito simpático.
Jornalista tem de ser o sujeito que instiga. O espírito de porco que joga luz sobre aquilo que alguns teimam em esconder.
Espero que, ao término desta eleição, eu consiga arranjar maneira de me sustentar e a este blog, para continuar a fazer o jornalismo que vocês esperam e merecem.
O jornalismo que revela – mesmo que até de forma dolorosa, como já aconteceu em algumas das reportagens que fiz.
Penso que isso é extremamente importante para que a gente saiba o que está de fato a acontecer, apesar de toda a propaganda do partido que eventualmente se encontre no poder: PT, PSDB, PMDB e por aí vai.
O resto é “ofício de consideração ao senhor diretor”, relógio de ponto, livro de atas – jamais jornalismo.
Porque Jornalismo até pode ser História. Mas é, sobretudo, Democracia.
FUUUUIIIIIII!!!!!!!


Um presente pra vocês!








3 comentários:

Anônimo disse...

[Jornalista é] "o espírito de porco que joga luz sobre aquilo que alguns teimam em esconder".
Ana, essa é uma das melhores definições sobre o que é ser jornalista. É isso aí.

álvaro vinente

Anônimo disse...

Nossa, é um prazer levar porradas, mesmo no blog. Quanto masoquismo pelo jornalismo, hein?!

Ana Célia Pinheiro disse...

Oi, Àlvaro! Há quanto tempo, né? Prazer em te ter aqui! Bjs.