sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O quiproquó do almoço com o governador.





Não vi, e só soube à noite, depois que cheguei do supermercado, de um quiproquó que teria ocorrido no Palácio do Governo, envolvendo os jornalistas Carlos Mendes e Franssinete Florenzano, pouco antes de um almoço com o governador Helder Barbalho.

De acordo com o que circula nas redes sociais, os dois teriam protestado veementemente, diante de uma ordem para que entregassem os seus celulares.

Quando cheguei a esse almoço, fui colocada em uma sala junto com a Rita Soares, a Layse Santos e um repórter do DOL, que não me recordo o nome.

Pouco depois, a Rita e o rapaz saíram e ficamos apenas eu e a Layse.

E aí, chegou uma funcionária, que imagino que era da Assessoria de Comunicação. Ela solicitou que entregássemos os nossos celulares.

Educadamente, protestei e perguntei o porquê daquilo. Ela afirmou que era uma regra de segurança, já que o governador também participaria daquele almoço.

Acabei entregando o meu celular, porque não vou discutir com um funcionário que diz que está a cumprir uma regra de segurança. A não ser, é claro, que ele me mande ficar nua e dançar um mambo.

No entanto, quando estávamos todos sentados à mesa e o governador convidou a que nos servíssemos, solicitei que ele mandasse devolver os nossos celulares.

Estávamos praticamente um em frente ao outro, olhando na cara um do outro, o Helder e eu.

Mesmo assim, falei suficientemente alto para que todos naquela sala pudessem ouvir.

E, pelo silêncio que se fez, creio que havia a concordância de meus colegas com o que estava a dizer.

Disse ao governador que, pelas suas declarações iniciais, aquela seria uma reunião de trabalho e que, nós, jornalistas, precisávamos dos nossos celulares, para eventualmente gravar as declarações dele, o que nos ajudaria na hora de escrever.

Ao que parece, Helder queria um encontro descontraído com os jornalistas, para falar sobre o que vem fazendo para combater a criminalidade, numa espécie de prestação de contas. E havia o receio de que alguém gravasse às escondidas esse bate-papo, para distorcê-lo.

Mas aí, argumentei que, embora não falasse em nome de todos, não acreditava que alguém viesse a cometer algo assim (ou seja, gravar uma conversa às escondidas, o que seria profundamente antiético da parte de um jornalista). E acrescentei que, no momento em que ele, governador, permitisse, aí sim, colocaríamos os nossos celulares diante dele, para gravar.

Helder, então, mandou devolver os nossos celulares. E não se falou mais nisso.

Outra coisa que é preciso esclarecer: essa recolha dos celulares não atingiu apenas os jornalistas. Até as autoridades presentes (todas elas da área da Segurança Pública) também tiveram os seus celulares recolhidos. Pelo menos foi isso o que me confidenciou uma delas.

E mais: à tarde, contei a um amigo o que havia ocorrido. E ele me disse que, embora conheça o Helder desde criança, também ele teve de entregar o seu celular, antes de conversar com o governador, no Palácio do Governo. Mais tarde, uma autoridade do governo também me confirmou que essa é uma regra geral da segurança do novo governador.

Ou seja, esse negócio não tem nada a ver com “cerceamento” à liberdade de imprensa, como se está a tentar “vender” nas redes sociais.

 Mas o que é que penso sobre isso?

Penso que essa é uma medida excessiva, antipática e rigorosamente inútil. Porque o cara que teve o celular “requisitado” pode muito bem estar com um gravador escondido – é o que mais se vende na internet, aliás.

E tão ou mais importante: a profilaxia disso é justamente o oposto. Ou seja: é deixar todo mundo gravar, principalmente, a assessoria do governador. Porque se alguém tentar manipular o áudio, será imediata e profusamente desmentido.

Creio que há um equívoco da assessoria de segurança do governador, mas também compreendo a preocupação desses servidores.

Afinal, o Pará se encontra dominado por milícias e traficantes, devido à irresponsabilidade e à incompetência do ex-governador Simão Jatene, que não “confiscava” celulares, é verdade: “confiscava” era a esperança de milhões de cidadãos.

O fato de Helder vir demonstrando que não dará trégua a essas quadrilhas, pode, é claro, fazer com que ele acabe se tornando um alvo.

Mas é preciso bom-senso, equilíbrio, na aplicação dessas medidas de segurança: não se pode pura e simplesmente transpô-las para um encontro com jornalistas, ou até com autoridades.

Todas as pessoas que estão nesses encontros, presume-se, estão perfeitamente identificadas pelas forças de segurança e pela assessoria do governador.

Então, o risco da presença de um maluco em um encontro desses, é infinitamente menor do que de um incidente, desnecessário e grave para o governo, provocado por essas medidas excessivas.

Mas há outra questão que é preciso compreender.

O MDB agora é vidraça. E tem de aprender a administrar esse papel. Simplesmente porque serão 4 ou 8 anos como vidraça, e não há como escapar disso.

Não há como impedir que os jatenistas ataquem – é da guerra, é da política, que seja assim.

Os ataques serão acanalhados? Os jatenistas vão mentir, distorcer, enganar?

Vão manipular áudios, fotos, vídeos, números, porque estão desesperados para voltar a saquear os cofres públicos?

É claro que tais possibilidades exigem que o novo governo seja estratégico, tenha capacidade de se antecipar.

Mas isso é muito diferente de criar zonas desnecessárias de conflito, que podem até funcionar como flancos a uma ação orquestrada pela Griffo.

É preciso não esquecer que a ação orquestrada da Griffo já derrotou candidato ao governo simplesmente por causa do preço de uma passagem de ônibus.

É preciso não esquecer do que aconteceu com a Ana Júlia e o Hélio Gueiros.

Então, muita cabeça fria, bom senso e caldo de galinha nessa hora.


FUUUUIII!!!!

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