quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Lula tem de arrancar os dentes da serpente. E a hora é agora.


Foto: Agência EBC


O presidente Luís Inácio Lula da Silva erra, e erra feio, em sua tentativa de aplacar os ânimos, negociar com militares bolsonazistas, ainda mantidos em posições estratégicas nas Forças Armadas.

Talvez os meses na prisão, o casamento recente, ou até a convivência com o Alckmin, tenham deixado Lula demasiado Zen.

Daí não perceber que não há como negociar ou contemporizar com militares bolsonazistas.

O que eles querem é tomar o poder.

E já deixaram claro que farão de um tudo para isso.

Ou alguém acredita que não houve envolvimento de vários deles, nos atentados do último domingo?

Mas Lula se ilude: acha que pode pacificar a sociedade brasileira, sem arrancar os dentes da serpente.

E empurra com a barriga, algo que não deveria postergar.

Não sou petista, mas admiro, profundamente, o Lula.

Foram muitos os eventos que lhe permitiram ultrapassar obstáculos impressionantes.

Como se a Fortuna sempre desse um jeito de socorrê-lo, transformando as pedras, as quedas e as dores nos alicerces de uma poderosa e inspiradora biografia.

Agora mesmo, temos um desses eventos, ou fenômenos, ou circunstâncias, como se prefira chamar.

O destino do Brasil está tão ligado ao da Democracia, que não há como os Estados Unidos e a Europa permitirem que o neonazismo se apodere deste país, estratégico em vários aspectos.

Como já escrevi, várias vezes: se os militares bolsonazistas tentarem um golpe, provavelmente, não conseguirão.

Mas, se conseguirem, não se sustentarão no poder, uma vez que enfrentarão o bloqueio econômico, ou até mais do que isso, por parte das nações democráticas do mundo, à frente os EUA.

Além disso, Lula possui, neste momento, enorme apoio para avançar contra o bolsonazismo, devido à repulsa da sociedade aos atos terroristas do último domingo.

É a Fortuna a bafejá-lo com circunstâncias, talvez únicas para os mandatários deste país, historicamente refém de militares que se acreditam "tutores" da Nação.

Lula precisa agarrar essa oportunidade: tem de enfrentar os militares bolsonazistas, para que as Forças Armadas se atenham ao seu papel constitucional.

Tem de nomear um ministro da Defesa de pulso firme, que se faça respeitar.

Tem de colocar no comando e nos cargos estratégicos das três Armas, militares leais à Constituição, e não aqueles que um grupelho se acha no “direito” de lhe empurrar goela abaixo.

E para esse grupelho, que se pretende acima da Lei, o destino deve ser a Reserva, aposentadoria, ou o afastamento de funções nas quais possam seguir ameaçando a República.

Se Lula insistir nessa impossível negociação com os militares bolsonazistas, isso poderá lhe custar o mandato, e a todos nós, a Democracia.

Temos apenas dois anos para tirar este país do buraco, reconstruir as instituições e conquistar amplo apoio social.

Porque, daqui a dois anos, haverá eleições nos EUA.

E se Trump ou outro neonazista conseguir se eleger, os militares bolsonazistas terão apoio externo para um golpe.

Precisamos, portanto, estar prontos para enfrentar esse possível vendaval, com alguma chance de vitória.

Nesses poucos mais de 700 dias, além de melhorar substancialmente a situação econômica e social do país, teremos de desbolsonarizar as nossas polícias, Forças Armadas, Congresso, Judiciário, serviço público em geral; teremos de arrancar as garras dos empresários que usam o agronegócio para o crime; reduzir o mais possível a influência das redes de fake news; tratar milhões de brasileiros que foram vítimas de lavagem cerebral; politizar a sociedade, para que ela compreenda a importância da Democracia e das nossas instituições.

Espero que Deus ilumine o Lula, para que ele caia na real.

A delicada costura política com todas as forças que o apoiaram, ou que podem ajudar na governabilidade, é uma coisa.

E, para isso, nada melhor do que o Lulinha Paz e Amor.

Mas para enfrentar o bolsonazismo das Forças Armadas, melhor chamar o Lula líder sindical.

Porque tal líder sabe muito bem quando inexiste qualquer possibilidade de diálogo, e é preciso bater na mesa.

Iludiram-se os companheiros que imaginaram que esse nosso frentão democrático, esse nosso saco de gatos, poderia simplesmente se desmobilizar, após as eleições.

Esquerdas e direita teremos de continuar juntos e misturados, por um longo tempo, para não acabarmos, todos, triturados pelo neonazismo.

O governo de Lula terá de ser ainda mais “ameno” do que nas suas administrações anteriores, para contemplar o amplo leque de apoios de que necessita.

E embora muitos companheiros das esquerdas considerem isso quase que uma “heresia”, temos é de torcer pelo fortalecimento da direita democrática, para que ela “capture” milhões de cidadãos, que, do contrário, acabarão nas garras do extremismo.

O episódio do último domingo só não foi ainda pior, porque, além das condições adversas no exterior e da reação de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, os bolsonazistas cometeram um erro tático, ao atacarem primeiro o Distrito Federal, e com tamanha fúria.

É uma das fragilidades de quem se utiliza de massas robotizadas, movidas a ódio e amargura, e de lideranças demasiadamente pulverizadas.

Mesmo assim, esse episódio demonstra o quanto é urgente esmagar a máquina neonazista, para reunificar e pacificar o Brasil.

Mas isso só será possível se desarticularmos os militares bolsonazistas, que são os dentes da serpente.

Tomara que Lula não perca o bonde da História.


FUUUIIII!!!!


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