quarta-feira, 12 de novembro de 2008

tabuleiro VI


O Tabuleiro de 2010 – VI


O Império contra-ataca




“O PSDB sai desta eleição com um potencial que o credencia a ter a expectativa real de voltar ao Governo do Estado, em 2010” – diz o senador Fernando Flexa Ribeiro, presidente regional da legenda.
Flexa é outro que aponta a necessidade de uma análise qualitativa das eleições municipais.


“Você não pode avaliar uma eleição, apenas, pelo número de eleitos e pelos votos alcançados. É claro que você não pode deixar de fazer essa contabilidade, mas, há muitas variáveis políticas a considerar”, observa.
E uma dessas variáveis, acrescenta, é o “quem é quem”, a trajetória política de muitos dos prefeitos eleitos ou reeleitos.


“Há muitos aliados que estiveram conosco, nos 12 anos em que o PSDB comandou o estado e que, devido à conjuntura, abandonaram essa aliança. Mas, nada impede que retornem, em 2010”, comenta.


O senador evita, no entanto, apontar os prefeitos eleitos ou reeleitos que podem ser contabilizados entre aqueles que, possivelmente, estarão com os tucanos, em 2010.


Prefere citar, apenas, os maiores municípios oficialmente conquistados pelo partido: Abaetetuba, Altamira, Paragominas, três prefeituras de forte influência regional.


E salienta que, em muitos municípios nos quais o PSDB não conseguiu eleger o prefeito, a disputa cindiu ao meio o eleitorado.


“Isso aconteceu, por exemplo, em Ipixuna, onde tínhamos a expectativa de ganhar. Mas, a máquina do PT jogou dinheiro, fez um estrago danado, e nós perdemos por 75 votos”, relata.


“Mas, em 2010, as eleições deverão ter resultados bem diferentes daqueles que vimos agora”, acrescenta.


Isso porque, apesar da falta de recursos que os tucanos enfrentam, hoje, para um pleito dessa envergadura, e de o PT possuir as máquinas da União e do Estado, haverá forte impacto do quadro nacional – leia-se a eleição do novo presidente da República - sobre os cenários estaduais:


_É evidente que temos uma dificuldade maior, mas, há algo tão ou mais poderoso que é a expectativa do poder. E a tendência do PSDB, nacionalmente, é a de fazer o presidente da República. Inclusive, se a eleição fosse hoje, o José Serra seria o eleito, como apontam os analistas. E isso alcança todo o resto e leva à geração de novas alianças. O candidato do PSDB à Presidência da República será um grande puxador de votos e, certamente, apoiará todos os candidatos do partido aos governos estaduais.





Perdas e ganhos




Outro emplumadíssimo tucano, que prefere não se identificar, também enfatiza a impossibilidade de analisar os resultados eleitorais apenas do ponto de vista quantitativo.


“É preciso esperar a água passar debaixo da ponte, para que se possa avaliar, realmente, o resultado deste pleito”, observa.


Ele admite que o PSDB saiu enfraquecido destas eleições, uma vez que os resultados têm de ser analisados, também, em termos comparativos – os seja, em função daquilo que se alcançou no passado:


_É evidente que já contabilizávamos a diminuição do número de prefeituras do partido, até porque, antes mesmo das eleições, já estávamos, apenas, com pouco mais de 30 municípios. Então, o PSDB enfraqueceu de fato, quanto ao número de prefeituras, o que já estava previsto, embora que nem tanto... Porque, tirando Altamira, Paragominas e Abaetetuba, os demais municípios são ‘nanicos’, quer dizer, não têm capilaridade dentro de um processo eleitoral.


Ele acentua que, desde 1995, quando o ex-governador Almir Gabriel deu início a 12 anos ininterruptos de governos tucanos, o PSDB cresceu bastante.


Mas, também cresceram os partidos da base aliada: PP, PTB e PDT emplacaram grandes e importantes municípios.


“E quando a gente somava o resultado dessas quatro legendas” – recorda – “tínhamos mais de 100 prefeituras”.


No entanto, assinala, é preciso levar em conta que essa “base aliada” não existia, apenas, na hora de contabilizar os municípios conquistados: ela funcionava de verdade, tanto em termos de participação administrativa, quanto na hora de costurar as alianças, para as eleições municipais.


“Por isso, quando o PT vem, hoje, querer fazer comparações, a conta é diferente. Hoje, o que se vê são partidos que, em tese, integram a mesma base, mas que disputam eleições nos municípios, como aconteceu em vários locais, com o PT e o PMDB. E você viu o que houve em Belém: o PT anunciou apoio ao PMDB, mas, a governadora se disse ‘neutra’. Então, isso não é uma coligação. E as vitórias do PMDB não são vitórias da coligação”, sustenta.


Ele enfatiza que o PT acabou ficando abaixo do PMDB, “que não tem a máquina na mão”, em termos de prefeituras conquistadas - o que fortaleceu ainda mais o deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do partido.


E que o PMDB possui grande expressão eleitoral e organização de base – daí ter sempre arrebatado municípios importantes (Altamira, Santarém, Ananindeua, Tucuruí), mesmo quando se encontrava fora do poder.


Além disso, acentua, é preciso analisar outro ponto: o fato de “o grande trunfo” do PT, nestas eleições, ser a manutenção das duas grandes prefeituras que já possuía – Parauapebas e Santarém.


“Eles (os petistas) não ganharam nenhum novo município grande. Pelo contrário: até perderam Abaetetuba” - observa – “Eles não pegaram nem Castanhal, nem Altamira, nem Marabá, nem Tucuruí. Quer dizer: apesar de toda a estrutura que possui, o PT não conseguiu crescer”.


Segundo ele, é preciso ter em mente que as eleições deste ano foram a base do grande jogo de 2010.


E, assim como Flexa Ribeiro, esse outro tucano, também de alta patente, enfatiza a necessidade de considerar os impactos da eleição nacional sobre o quadro estadual.


E raciocina:


_Por que é que o PMDB é forte? Porque tem o Jader e eles (os peemedebistas) sempre têm a expectativa de alguma coisa; o Jader sempre tem alguma coisa a oferecer, algo a dar aos seus aliados, para que permaneçam ali. Partido é poder, não é questão ideológica. Até o PT, hoje, é assim: não tem mais aquela paixão doutrinária que já existiu. E o PSDB é quem tem maior expectativa de poder, nacionalmente. Temos dois candidatos fortes, Serra e Aécio, ambos vitoriosos nas municipais deste ano. É essa possibilidade, essa expectativa em relação aos nossos candidatos à Presidência da República, que também dará um certo ‘comando’, em 2010, na linha sucessória dos estados.


Ele evita, porém, confirmar a candidatura do ex-governador Simão Jatene, ao Governo do Estado, em 2010 – um “segredo”, aliás, que até as pedras já comentam...


E diz:


_Não podemos lançar uma candidatura, assim, com tanta antecedência...Vamos pensar, por exemplo, num cenário em que a governadora Ana Júlia esteja bem: você acha que o Jatene vai entrar nisso? Nesse caso, o PSDB terá, sim, um candidato, mas, apenas, para marcar presença. Então, a candidatura do Jatene, em 2010, é possível. Mas, tudo vai depender da questão nacional e do desempenho da Ana Júlia.


Mas, se a governadora não melhorar a sua administração e o cenário nacional continuar amplamente favorável aos tucanos, aí a composição municipal gerada nestas eleições se tornará até aflitiva para o PT:


_Quem você acha que os prefeitos vão apoiar? Certamente que não será um governo que vai perder... Além disso, as eleições, em vários municípios, foram muito disputadas. Isso aconteceu, por exemplo, em Ananindeua, Parauapebas, Santarém... Então, repito, é preciso deixar a água rolar debaixo da ponte...






Entre tapas e beijos




Para um deputado do PMDB, que prefere não se identificar, é preciso aguardar pelo “realinhamento” das prefeituras paraenses, que acontecerá a partir do ano que vem, e que, em muitos casos, não coincidirá com as legendas às quais pertencem, hoje, os novos prefeitos.


Nesse “realinhamento”, acredita, o PMDB levará vantagem, “porque não tem rejeição”, e o PSDB também pode ser beneficiado.


Já para o PT a situação é problemática, observa, devido à dificuldade do partido em estabelecer e cumprir acordos.


“Você pode esperar que, a partir do ano que vem, o novo quadro de alianças vai começar a se desenhar. Não tem ninguém satisfeito com o governo - nem o próprio PT. Então, se não houver uma mudança de atitude, com certeza que esse realinhamento será em prejuízo do governo. Pode até beneficiar os tucanos”, prevê.


Segundo ele, há, sim, possibilidade de uma aliança entre PMDB e PSDB, em 2010. “Mas, isso não pode ser colocado como uma expectativa”, sapateia.


E acrescenta: “Nós não rejeitamos ninguém; não conversamos com ninguém de costas. No mínimo, convidamos para sentar e tomar um cafezinho”.


O deputado também avalia que os tucanos e seus aliados não se saíram tão mal, nestas eleições, em termos qualitativos. Mas, observa: “Na verdade, o PT é que poderia ter se saído melhor...”


E diz, ainda, que as relações entre os petistas e os peemedebistas, que nunca foram exatamente boas, nunca estiveram tão ruins como agora:


_A nossa aliança com o PT sempre caminhou entre ‘tapas e beijos’. Mas, nesta eleição, só veio de lá tapa, pontapé, canelada... Mas, continuamos a morar sob o mesmo teto... Não trabalhamos para a ruptura, não queremos o divórcio, mas, o relacionamento está esgarçado. Esse relacionamento já foi melhor e o momento atual é bem delicado, realmente...

2 comentários:

Anônimo disse...

Pelas suas análises, o DEM se acabou.

Anônimo disse...

Voltar ao poder com quem ? Com o Jatene ?
Jatene, é um morto vivo zanzando por aí, que não tem eira, nem beira.
Traiu a todos, na política.
Começou traindo os prefeitos quando se elegeu governador, e apoiou candidatos de oposição aos seus aliados de primeira hora.
Depois, em 2006, na derrota de Almir, deixou na mão, a outra fafra de prefeitos que hoje querem vê-lo pelas costas.
Lembrar da traição de seu maior benfeitor, Almir Gabriel, nem precisa.
Agora, nessa eleição municipal, conseguiu a proeza de trair a todos. Sem personalidade e coragem, não ficou no muro, como sempre.
Sentadinho, ficou torcendo pelo seu parceiro, Duciomar Costa, traindo uma decisão partidária do PSDB.
Em 2010, ele paga a quem sempre lhe deu a mão.
É só esperar.