I
O grande dilema da semana foi a dúvida Hamletiana de Carlos Guedes: permanecer ou não secretário, eis a questão...Não sei se ele continuará ou não na Sepof. Mas, creio que é improvável, pelo abismo que cavou com os próprios pés.
Para alguém que lida com planejamento, Guedes jogou muito mal. Lá pelas tantas, começou a parecer um menino birrento, a teimar com a própria mãe. E em plena noite de sábado, no maior shopping da cidade!...
Cumprade Juvêncio já disse, do alto de enorme lucidez, que Ana Júlia, se pudesse, daria umas boas bengaladas em Guedes. Outras mães – eu, por exemplo - fariam pior. Dariam uns tapões no garoto e ordenariam: alevanta, animal!
Imagino o que Guedes deve sentir, porque já joguei assim. É o rompante, a raiva; é o predomínio da emoção sobre a razão. A certeza de que se está a fazer o que é melhor. Mas, a cegueira de imaginar que o mínimo movimento não é percebido – e minuciosamente analisado – nos salões da Corte.
Nessas horas, sempre me vem o exemplo de Amaro Klautau. Ex-titular da poderosa Setran, Amaro foi minguando. Até ser jogado na macrodrenagem, num período em que se imaginava que só havia problemas e nada mais a explorar. Seria, a bem dizer, a pá de cal.
Mas, Amaro não se fez de rogado, nem se fingiu de morto - muito pelo contrário. Criou uma infinidade de projetos, todos remetendo a pássaros – quiçá, in memoriam dos tucanos...
Um belo dia veio uma eleição. E ele, sabe-se lá como, “amarelou” enormes áreas de Belém. Quase sem dinheiro, soube aproveitar – e criar – oportunidades, a partir do enorme talento que Deus lhe deu.
Guedes não percebeu que estavam a lhe tirar o dinheiro, mas não o ar. Pra mais que permaneceria sob seu comando uma jóia caríssima ao PT e à sociedade: a participação popular no planejamento das políticas públicas.
Mesmo que para lá remanejassem um sujeito com as fascistas brigadas cabanas, ou o dinheiro mal pingasse para a efetivação desse sonho, Guedes poderia buscar a solidariedade societária.
Jogo de cintura, para isso, não lhe falta - e essa é qualidade dificílima de encontrar no PT. Com um sapateado de catita aqui e ali – que ele tem todas as condições de fazer – poderia compensar a falta de dinheiro oficial, através de outros apoios. Das mais diversas correntes de pensamento social.
Poderia se transformar no grande vendedor do sonho, devidamente imunizado a quaisquer ataques, de um lado e outro da imprensa. Poderia ser a paixão da dona Maria e do seu José, o conciliador adorado da classe média, o empreendedor visionário do empresariado.
O planejamento participativo, se tocado por um político – o que, pelos vistos, Guedes pensa ser, mas não é – é um trampolim privilegiado para o Palácio dos Despachos. Principalmente, se não tiver muito dinheiro público, mas dispuser de farta criatividade.
Provavelmente, os adversários dele não viram isso, até pela incompetência que demonstram – e até exibem como bacana – em relação ao marketing político. Mas, custo a crer que a nossa Capitu não tenha enxergado isso...
De minha parte, recomendo, vivamente, que Carlos Guedes telefone ao Amaro. E, pra modo de quem não quer nada, pergunte o que ele faria se jogassem no colo dele o planejamento participativo...
II
Não quero comentar a desculpa que é dada para o esvaziamento da Sepof – pois, que é, sim, um esvaziamento, embora que financeiro.
Não entendo muito disso. Mas, cá com os meus botões, me parece lógico que, quem planeje, tenha domínio sobre o dinheiro de que dispõe para planejar.
Para mim, a coisa funciona mais ou menos assim: estou fumada com um aluguel e um condomínio que já não posso pagar. Preciso, portanto, arranjar um lugar mais barato, que caiba na minha capacidade financeira.
Mas, a mudança para o novo Apê só funcionará – na perspectiva de melhoria de vida - se eu tiver, ao menos, noção do dinheiro de que disporei. E se puder, vez por outra, fechar as torneiras que insistem em pingar, a fim de evitar o desperdício.
Esse modelo “concentrador” , como dizem alguns, é extremamente lógico. E, para mim, o que contraria a lógica, a razão, nem pode ser considerado como hipótese.
Quem atua na universidade, entre os intelectuais, sabe disso. Ou, pelo menos, deveria saber.
Cá para mim, é como ser obrigada a retornar ao Caminho da Verdade, do célebre Parmênides, idolatrado por Platão – e que eu troquei por Heráclito, mas, por motivos outros.
É ter de remoer tatibitati. É desconsiderar o extraordinário dos pré-socráticos e toda a discussão do Ser e do Parecer – que é deles e não, apenas, de Platão – e mergulhar em espécie de Caos.
É imaginar que tudo é senso comum e que coisa alguma, no mundo, foi devidamente provada. Que nada é regra, existe, apesar de mim e da interpretação que se lhe dê.
A lógica se impõe sobre todo o resto. E é assim que eu retorno ao planejamento sem dinheiro. Óbvio que fica difícil a Sepof planejar o que quer que seja, se não tiver a chave do cofre.
Porque o aluguel e o condomínio, por mais baixos que pareçam, continuarão extremamente altos, se eu não souber de quanto disponho para gastar. E se não tiver o poder de, ao menos, desligar o interruptor das lâmpadas em excesso.
Cansei de escrever. FUUUUIIIIIIII!
domingo, 27 de maio de 2007
Guedes
Para Carlos Guedes
5 comentários:
É isso aí.
Bjokas prá vc, cheirosa.
Oi, "cumprade", que bom ter você, de novo, na minha "Perereca" cheirosa...
Já leste o artigo do Lauande?
Desculpe a demora- estava em Marabá - mas já li sim...rs
Lauande, agora no estaleiro por algum tempo, tem deicado mais tenção ao seu blog.
Ótimo.
Bjs
Obrigadão pela visita, que me deixa very honrada. Afinal, és o "paizão" da blogosfera paraense, não é mesmo? Aprendi muito contigo. E só espero, um dia, quem sabe, aprender o suficiente... Beijão! E dá um beijão naquela pessoa maravilhosa que é a Mirtes, amigona do coração!
Quando o Guedes saiu do governo do Rio Grande do Sul o compararam à um escorpião que depois de atravessar o rio com apoio de uma tartaruga a fere de morte, parece que novamente é cabível a comparação
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