Governo do Estado paga mais de
R$ 25 milhões a OS do Hangar
Transações envolvem fabulosas dispensas de licitações e até o aluguel de uma sala a R$ 35 mil por mês
Há algo de muito esquisito nas relações entre o Governo do Estado e a Associação Via Amazônia, a Organização Social que administra o Hangar – Centro de Convenções.
Do ano passado para cá, a entidade já recebeu cerca de R$ 25 milhões de vários organismos estaduais, boa parte com dispensa de licitação.
Pior: tais dispensas licitatórias envolvem transações, no mínimo, complicadas.
Recentemente, por exemplo, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) fechou com a Via Amazônia um contrato que é o sonho de qualquer senhorio: alugou uma sala “equipada”, no Hangar, pela bagatela de R$ 141.750,00, para quatro meses.
Quer dizer, por mais de R$ 35 mil por mês – o equivalente ao preço de uma boa casa no Mosqueiro, ou a um carro zerado.
Dias antes, a Secretaria de Educação (Seduc) fechara outro negócio fabuloso com a mesma Via Amazônia: contratou a OS para a organizar o evento “Mova Pará Alfabetizado” por inacreditáveis R$ 1,977 milhão. E, o que é pior, com dispensa de licitação.
Mais recentemente, outra transação espantosa: a contratação da Via Amazônia, pela Seduc, para a confecção de 40 mil exemplares de “material impresso de divulgação”, incluindo “diagramação e arte final”, conforme consta no extrato contratual, por mais de meio milhão de reais. E, novamente, mediante dispensa de licitação.
Tudo isso – as extraordinárias quantias carreadas para a OS, as dispensas de licitação até para a confecção de impressos e um aluguel impensável até para o mais turbinado mercado imobiliário – já mereceria uma profunda investigação do Ministério Público.
Mas, há outro detalhe a tornar toda essa história ainda mais intrigante: pelo contrato de gestão, assinado em 15 de maio do ano passado, o Governo do Estado ficou de repassar mais de R$ 7,383 milhões, em dois anos, à Via Amazônia, além de ceder-lhe móveis e equipamentos públicos, para a administração do Hangar.
E mesmo assim, o Governo paga – e paga caro – cada vez que precisa usar aquela estrutura, para a realização de eventos.
Pior: como se sabe o Hangar – Centro de Convenções custou aos cofres públicos mais de R$ 105 milhões.
O “negócio da China” que se estabeleceu em torno dele, portanto, só o Ministério Público ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) poderão desvendar.
Uma história nebulosa
A Via Amazônia, como, aliás, quase todas as OS, tem uma história nebulosa.
Consta no site da Receita Federal que a entidade foi aberta em 21 de março de 2007, quer dizer, menos de dois meses antes da assinatura do contrato de gestão do Hangar – Centro de Convenções.
O próprio leitor, aliás, pode verificar isso. Basta acessar a página da Receita Federal e consultar a situação cadastral do CNPJ da Via Amazônia, que é o 08.746.928/0001-21.
Consta, na Receita, que o endereço da entidade é o mesmíssimo do Hangar: avenida Dr Freitas, S/N, H2 – embora, no contrato de gestão, ela estivesse sediada à avenida Alcindo Cacela, 1264 (o contrato, querido leitor, foi publicado no Diário Oficial do Estado número 30941, de 06 de junho de 2007, e também pode ser consultado via internet, no site da Imprensa Oficial).
Consta, ainda na Receita, que a Via Amazônia se dedica, principalmente, às “atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte”. Além de outras, sempre de caráter associativo.
Estranho, porém, nem é o objeto societário dessa entidade, que hoje até confecciona “material impresso de divulgação”, como se vê no contrato com a Seduc.
Mas, a data da situação cadastral dela (21/03/2007), na Receita Federal, em que aparece com o mesmo endereço do Hangar.
Isso porque, no contrato de gestão, assinado em 15/05/ 2007, a sede dela ficaria na Alcindo Cacela, número 1264.
E o contrato não faz referência a qualquer complemento – sala, andar, por exemplo - apesar de esse endereço (Alcindo Cacela, 1264) corresponder ao do edifício de escritórios “Empire Center” (que fica entre Governador José Malcher e João Balbi).
Daí a dúvida: onde é mesmo que ficava a Associação Via Amazônia? Ela já ocupava o Hangar antes mesmo da contratação?
Além disso, a sucessão de eventos induz a crer que essa OS foi criada com o objetivo, mesmo, de assumir a administração do Hangar: ela nasceu em 21/03/2007, foi qualificada como OS pelo decreto 173, de 09/05/2007 e, em 15/05/2007, ou seja, apenas seis dias depois dessa qualificação, assinou o contrato de gestão.
No mínimo, trata-se de celeridade impressionante, para os descaminhos burocráticos do Estado.
Tão ou mais intrigante, porém, é que a sua primeira CND (Certidão Negativa de Débito) do INSS, um documento essencial para qualquer contratação com o Poder Público, só foi emitida em 18/07/2007.
Quer dizer, dois meses após a assinatura do contrato de gestão do Hangar - Centro de Convenções.
Mais de R$ 25 milhões
A montanha de dinheiro carreada para a Associação Via Amazônia pode ser verificada no link “Transparência Pará”, através do site da Auditoria Geral do Estado (AGE).
Lá, se pode constatar que o Governo do Estado repassou à Associação Via Amazônia, ao longo do ano passado, exatos R$ 10.565.847,10, através de várias secretarias e outros organismos estaduais.
Neste ano, 2008, foram repassados àquela OS mais R$ 13.486.593,60.
Mas, no caso de deste ano, 2008, não se sabe à qual data-limite esses repasses se referem, na página da AGE.
Daí a possibilidade de que essa conta já esteja em bem mais do que esses R$ 13,486 milhões referidos.
Em outras palavras: é possível que a contabilidade deste biênio, em favor da OS Via Amazônia, atinja uns R$ 30 milhões, dada a profusão de contratos mais recentes.
Repasses milionários
Apesar dos mais de R$ 7,3 milhões que recebe do Governo do Estado para a gestão do Hangar, a Via Amazônia também ganha – e muito – com o dinheiro dos organismos estaduais que realizam eventos naquele local.
Hoje, a Perereca deu-se ao trabalho de consultar um por um dos registros do Diário Oficial online que traziam referência ao termo “hangar”.
Eis aqui, ao leitor, o resultado de tal pesquisa:
No ano de 2007
DOE 19/06/2007 – Dispensa de Licitação 007/2007, da Secretaria de Agricultura (Sagri), para a locação de espaço no Hangar, destinado à realização do II Frutal Amazônia e VI Flor Pará. Valor: R$ 178.611,75.
DOE 21/06/2007 – Inexigibilidade de Licitação 026/2007, da Sespa, em benefício da Via Amazônia, para a contratação de empresa para a realização do 8 Congresso Internacional de Odontologia da Amazônia, de 28 de junho a 1 de julho, no Hangar. Valor: R$ 71.148,00.
DOE 10/10/2007 – Dispensa de Licitação 022/07, da Seduc, para a contratação de espaços do Hangar “com infra-estrutura”, destinados às “oficinas pedagógicas sobre as áreas de conhecimento do currículo do Ensino Médio, acompanhado do fornecimento de material didático e para publicidade do evento”. Valor: R$ 160.790,00.
DOE 19/10/2007 – Dispensa de Licitação 024/07, da Seduc, para a locação de espaço do Hangar, destinado ao evento “Seminário sobre o SPE – Saúde e Prevenção nas escolas de 18 a 20 de outubro”. Valor: 98.480,00.
DOE 23/10/2007 - Dispensa de Licitação 025/07, da Seduc, com a Via Amazônia, para a “prestação de serviços sobre as áreas de conhecimento do currículo do Ensino Médio”. Valor: 209.790,00.
DOE 08/11/2007 - Dispensa de Licitação, da Sedurb, para a contratação de infra-estrutura do Hangar, para 400 pessoas, para o I Workshop de Desenvolvimento Urbano. Valor: R$ 52.899,00.
DOE 04/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço no Hangar, para o IV Forpex (Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação) da Uepa. Valor: R$ 39.060,00.
DOE 10/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço, para a “Caravana da Educação: gestão democrática, avaliação e currículo”. Valor: R$ 817.149,59
DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaços do Hangar, para o seminário de reestruturação do Ensino Modulado. Valor: R$ 307.140,15.
DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço, no Hangar, para o Fórum Estadual de Ensino Médio e Educação Profissional. Valor: R$ 693.241,50.
DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Cohab, para a realização do seminário regional do Plano Nacional de Habitação, no Hangar. Valor: R$ 36.470,50
No ano de 2008
DOE 12/03/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a realização, no Hangar, do Fórum de Secretários de Educação do Pará, de 11 a 13 de março. Valor: R$ 241.269,15.
DOE 18/03/2008 – Extrato de Convênio, da Seop, em benefício do Hangar, para o repasse de recursos, para a realização de eventos de interesse social, incluindo o Fórum Social Mundial, no primeiro semestre (não riam, é isso mesmo o que está escrito...). Valor: R$ 117.600,00.
DOE 04/04/2008 – Dispensa de Licitação, da Sema, em benefício do Hangar, para a locação de espaço para a II Conferência Estadual de Meio Ambiente. Valor: R$ 889.615,17.
DOE 11/04/2008 – Dispensa de Licitação, da Casa Civil do Governo do Estado, em benefício do Hangar, para o evento “Com os Poderes do Estado”. Valor: R$ 58.800,00.
DOE 14/05/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a locação de espaço, no Hangar, para o XI Congresso Brasileiro de Biomedicina, de 05 a 08 de junho. Valor: R$ 148.175,00.
DOE 28/05/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, com a contratação da Via Amazônia, para a realização do I Seminário de Educação Escolar Indígena. Valor: R$ 176. 771,59.
DOE 09/06/2008 – Dispensa de Licitação 012/2008, da Casa Civil do Governo do Estado, para a locação de espaço no Hangar. Valor: R$ 272.895,00.
DOE 10/06/2008 – Dispensa de Licitação 026/2008, da Casa Civil do Governo do Estado, para a locação de espaço no Hangar. Valor: 259.900,00.
DOE 20/06/2008 – primeiro Termo Aditivo ao contrato da Sema, com Dispensa de Licitação, para a locação do Hangar, para a realização do evento “Eliminação de Passivos Processuais Ambientais”. Valor do contrato original: R$ 124.425,00. Valor do aditivo (que é também de prazo): R$ 124.425,00.
DOE 20/08/2005 - Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização da I Feira de Orientação Profissional do Ensino Médio. Valor: R$ 143.440,50.
DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 055/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia/Hangar, para fornecimento de lanches, som, impressos e imagens e fotografias para 1.200 pessoas – não riam; tá assim mermo...). Valor: R$ 192. 264,77.
DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 056/08, da Seduc, para a contratação do Hangar, para a realização do projeto de formação inicial dos educadores do MOVA (Movimentação de Alfabetização de Jovens e Adultos). Valor: R$ 397.665,50.
DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 057/08, da Seduc, para a contratação do Hangar para a realização do projeto de formação inicial dos educadores do MOVA (Movimentação de Alfabetização de Jovens e Adultos). Valor: R$ 151.922,60
DOE 04/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a a realização, no Hangar, da IX Jornada de Saúde Bucal. Valor: R$ 57.750,00.
DOE 19/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, em favor da Via Amazônia, para a organização e execução da infra-estrutura de estandes e 15 ilhas de computadores, para a divulgação do “Navega Pará”, na Feira Pan Amazônica do Livro, de 19 a 28 de setembro. Valor: R$ 150.000,00. (Nota da redatora: veja que este valor dava para comprar 30 computadores zerados, entre otras cositas mas...)
DOE 19/09/2008 – Segundo Termo Aditivo (TA 010-2/2008) ao contrato 010/2008, entre a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente) e a Via Amazônia, para a realização do projeto “Eliminação de Passivos Processuais Ambientais). Valor desse segundo TA: R$ 124. 425,00.
DOE 19/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Sema, com a Via Amazônia, para o contrato 047/2008, para a locação de espaço, objetivando a divulgação do programa “Um Bilhão de Árvores para a Amazônia”, na Feira Pan Amazônica do livro. Valor: R$ 50.000,00.
DOE – 29/09/2008 – Dispensa de Licitação 070/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização da Feira Pan Amazônica do Livro, de 19 a 28 de setembro, no Hangar, com patrocínio da Seduc. Valor: R$ 330.000,00.
DOE 02/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a contratação do Hangar, para a realização do III Encontro de Vigilância Sanitária do Estado do Pará. Valor: R$ 253. 407,00.
DOE 10/10/2008 – Contrato 067/2008, entre a Uepa e a Via Amazônia (o contrato, na verdade teria sido assinado em 19 de maio deste ano), para a locação do Hangar, para o evento “Formação de Docentes e Técnicos do Projeto Pró-Saúde”, de 19 a 20 e de 26 a 27 de maio de 2008. Valor: R$ 12.306,00.
DOE 14/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Formação Continuada de Educadores da Educação do Campo”, para “230 pessoas, incluindo hospedagem e alimentação”. Valor: R$ 90.875,40.
DOE 14/10/2008 – Dispensa de Licitação 078/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a a realização do evento “Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos/MOVA, para 600 pessoas, incluindo passagem, hospedagem, alimentação e impressão de 5.000 livros Mova/Pará”. Valor: R$ 224.470,05.
DOE 17/10/2008 - Dispensa de Licitação, da Sespa, para a contratação do Hangar, para o V Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação. Valor: R$ 91.192,50
DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação 080/08, da Seduc, para a realização, no Hangar, do evento “Acolhimento de Novos Professores da Rede Pública de Ensino”, incluindo infra-estrutura. Valor: R$ 56.400,00.
DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação 081/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Projeto de Formação Inicial de Educadores do MOVA”, para várias cidades (atenção: notem a disparidade de preços entre os municípios listados). Valor: R$ 487.872,10.
DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Educadores do Campo – Soure”, com infra-estrutura, hospedagem e organização do evento. Valor: R$ 32.025,00
DOE 31/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “MOVA Pará Alfabetizado”, incluindo passagens, alimentação, infra-estrutura, recepcionista e material de consumo. Valor: R$ 1.977.375,00. (É isso mesmo: R$ 1,977 milhão!)
DOE 11/11/2008 – Contrato entre a Uepa e a Via Amazônia, com Dispensa de Licitação, para a locação de espaço para a realização do V Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação, de 21 a 23 de outubro. Valor: R$ 118. 597,50.
DOE 12/11/2008 – Dispensa de Licitação, entre a Sema e a Via Amazônia, para a locação de uma sala “equipada”, no Hangar. Vigência: de 16/09/2008 a 16/01/2009. Valor: R$ 141.750,00 (é esse o contrato sonhado por qualquer senhorio...).
DOE 13/11/2008 – Dispensa de Licitação 090/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia para a confecção de material impresso de divulgação – 40 mil exemplares – incluindo diagramação e arte final. Valor: R$ 506. 665,05.
Total de dispensas de licitação, em favor da Via Amazônia, em menos de dois anos: mais ou menos R$ 10 milhões.
Editorial
A vida é de fato bem bacana quando a gente fecha os olhos a todo o resto do mundo.
Ou melhor: quando a gente cria um mundo de faz-de-conta, no qual tudo o que importa é esta mesa, este emprego, este status, este dinheiro, este pedaço de pão.
O mundo, assim, parece simples: é nascer, crescer, reproduzir e morrer.
O problema são as esquinas que esta vida, absurdamente real, absurdamente dependente de milhões de outras vidas, nos reserva.
E aí, essa coisa do “meu mundo”, da “minha vida”, essa coisa tão mesquinha, acaba reduzida a somenos importância que, de fato, tem.
Vivemos num mundo que causa permanente estranheza a este animal pensante que somos.
A este animal político, ou simbólico, como já quiseram tantos filósofos e cientistas políticos.
É que temos acesso a uma gama absurda de informações, em tempo real.
O que nos leva a esquadrinhar o mundo, este mundo, este universo, de uma forma que nunca poderiam fazer os nossos antepassados, por mais extraordinariamente inteligentes que eles, hoje, nos possam parecer.
Daí que virou senso comum identificar, de pronto, a cara de pau, o perobal, daqueles que buscam enganar todo mundo, o tempo inteiro.
Vivemos a Era da Informação – nós, os cidadãos; nós, os contribuintes.
E já não nos bastam as “maravilhosas” intenções daqueles que dizem querer transformar, melhorar, este mundo, este universo em que vivemos.
Para além das meras palavras e dos gestos teatrais – que assistimos, todo santo dia, de poltrona, em novelas, filmes, telejornais – queremos ações concretas e responsáveis.
Não apenas a idealização que nunca se realiza ou que, quando se realiza, é manifesto desastre.
Mas, talvez, um mínimo de decência em relação a esta vida fumada que levamos - e até à inteligência que sabemos ter.
O que acontece, hoje, no Hangar – Centro de Convenções é uma LAMBANÇA – e não há como classificar tal fenômeno de outro jeito – que, de tão desabrida, agride, fere, estes miseráveis e compulsórios contribuintes que todos somos.
O que se realiza no Hangar é a demonstração, ao vivo e em cores, da crença na impunidade, que tantos políticos brasileiros cultivam.
Porque a nossa moral e a nossa História permitem que seja assim.
E porque eles possuem uma cara de pau, um perobal, que é, simplesmente, extraordinário.
Como explicar que o Estado, ou qualquer ente do Estado, que é sustentado pelos nossos impostos, pague, impunemente, mais de R$ 35 mil por mês pelo aluguel de uma saleta? – “equipada”, alega-se.
E eu, contribuinte, fico só imaginando que diabo de equipamento é que deve de haver em tal saleta... Talvez que uma máquina do tempo. Ou, quem sabe, do Juízo Final...
Como explicar uma dispensa de licitação de quase R$ 2 milhões?
Mas, será que não existe Lei neste país e que vivemos, sem saber, espécie de barbárie financeira?
Como explicar que gastemos mais de R$ 100 milhões numa estrutura – num espaço PÚBLICO – e que essa estrutura seja cedida, com tudo dentro, a uma entidade, diz-que sem fins lucrativos?
E que ainda paguemos por isso?
E que ainda tenhamos de pagar à dita cuja, cada vez que queiramos usar tal espaço?
Mas, será que o Pará virou um pesadelo surrealista?
É engraçado...
Eu, à semelhança de todos vocês que me lêem, faço um esforço danado para pagar o aluguel do apartamento em que moro.
E a minha ginástica é tão grande ou até maior, para pagar comida, escola da minha filha, plano de saúde.
Mas, o Estado e os agentes do Estado, os agentes que deveriam ser públicos, porque sustentados com o meu dinheiro, eu só vejo com um magnífico sorriso no rosto, sem nem sombra de preocupação.
Todos muito bacanas, verdadeiras locomotivas da alta sociedade e das colunas sociais...
Enquanto eu aqui, a cidadã fumada que os sustento, tenho, muitas vezes, de recolher um monte de moedas, para comprar comida no supermercado...
Enquanto eles, esses ditos “agentes públicos” estão por aí farreando, na base do whisky, do champagne e da lagosta, eu, cidadã, que os sustento, muitas vezes tenho de me virar para traçar uma simples cabeça de gurijuba.
Para roer uma pupunha, digamos assim, nesse linguajar que é tão nosso...
É engraçado isso...
Não deixa de ser engraçada a cara de pau dessas pessoas.
Mais ainda, quando tentam despejar nas cabeças de todos nós esse manjadíssimo discurso do Socialismo.
Mas, Socialismo para quem, cara pálida?
Para vocês e a confraria, o clube de vocês, é?
O pior, no entanto, é que não aparece uma sem-vergonha de uma instituiçãozinha que seja, também sustentada pelos nossos impostos, para dizer: “Já chega! Vamos acabar com essa lambança!”.
Assembléia Legislativa, Imprensa, Ministério Público, Justiça, parecem ter simplesmente se habituado àquela “paz romana”, àquele silêncio dos cemitérios e da mordaça, de 12 anos de tucanato.
Vem o PT – e que extraordinária esperança nos trouxe, não é mermo?...
E repete o mesmíssimo figurino.
E ninguém diz nada, como a esperar uma lambança de igual magnitude.
Como a esperar que o Hangar repita, impunemente, a tristíssima história da dupla Marcelo Gabriel/ Chico Ferreira.
É o caso de dizer: valha-nos quem?
23 comentários:
Isso é um escândalo. Um absurdo. É o dinheiro público sendo usado de maneira incorreta, de maneira fraudulenta, e ninguém faz nada. Essa dinheirama está beneficiando alguém. Ou alguéns....
Espero que o Ministério Públcio tome as devidas providências e apure tudo direitinhooooo.
Esse é o Pt que prometeu austeridade e dá esse tipo de exemplo. Esse e outros muitos que ainda não foram divulgados.
Pedro Paulo
Este Hangar não é administrado pela tal Maria Joana. Aquela que foi flagrada com alguns milhões na conta? Dinheirama apontada como sendo de origem de caixa dois?
E olha que a jornalista nem fez o balanço de quanto essa OS arrecada com os aluguéis para os eventos da inciiativa privada. E nós sabemos muito bem que a pauta do Hangar está sempre cheia, seja pra casamento, batizado, 15 anos, shows e comemorações. Quanta grana deve estar passadno eplas mãos da poderosa Joana Pessoa. E quem não lembra da história dessa senhora, no que se refere a grana.
Rita de Cássia
R$ 150.000,00 dá para comprar 300 computadores entre outras coisitas mais e não só 30. abraços.
errei na conta do computador. Desculpa. rs
Ana Célia,na verdade o hangar capitaniado pela Joana Pessoa,serve para desviar o dinheiro público em favor do PT e campanhas políticas.Muitos pagamentos foram feitos no hangar no periodo da campanha eleitoral.
Ao ler tive o mesmo pensamento do anônimo das 12h. É administrado sim pela Joana. E ela cuida do Via Amazônia?
O Hangar devria ter uma plaquinha na frente: 'Casa da mãe Joana, pessoa". Aí começamos a entender o porquê de tanta irregularidade.
é... Terra de Direitos. ahn?
Lavanderia Hangar Centro de Convenções. Pt saudações. Isso é que é uma "pessoa".
Esta LAMBANÇA nao é só no Hangar.É em todas as Secretarias do Estado.
"Este é o Governo da LAMBANÇA, pela Dançarina de Carimbó".
Esta matéria esta um prato cheio pra VEJA.
Se é verdade o que o das 2:14 fala, teremos com certeza mais um mandato da DonAna. Vendido como este povo é!
Grande Ana Célia,
Deixemos os sofismas e eufemismos de lado e vamos ao q interessa: "Jô" é testa de ferro da governadora. Mais suja q pau de galinheiro...
E tome caixa dois... Três... etc...
CPI já!
e por ai que ta saindo a grana do pt todo mundo sabe que a joana e o financeiro da campanha da ana julia ela sabe de todas as falcatruas da governadora era ela que arrumava dinheiro para bancar a campanha da atual governadora que esta fazendo igual o lula colocando a joana longe dela para quando a bomba estourar ela diser que nao sabia de nada nao viu nada etc... e por la que ta desovando a grana do governo. e todo mundo faz o que a joana manda no governo pois ela e a mulher do braco direito e do bolso da governadora e tomate pt.ainda falavam dos 100 milhoes do paulo chaves.
Quero ver o que dirão agora os petistas: perseguição, coisa dos tucanos, baixaria, é tudo mentira, somos os mais honestos na política, e por aí vai. A repórter está provando pro A mais B que tem sacanagem nessa OS do Hangar. Esse valor significa quase 2 milhões por mês de dispensa de licitação. E ninguém fala nada? Cadê os petistas que tanto criticaram o hangar e estão vendo , agora, o lugar predileto pras suas benfeitorias?
Parabéns a Perereca, que voltou com força total no jornalismo investigativo!
Estava fazendo muita falta.
Mas veio com tudo.
Aguardemos as tentativas de "expilicações" dos "cumpanheiros" puros e únicos.
É assim que eles "se acham".
E tome serragem e óleo de peroba.
Ana Célia! Grande perereca!
Parabéns pela matéria. Desde ontem, quando li a matéria, estou esperando a versão do Governo do Estado, contrapondo-se às informações que, como sempre, apuraste tão bem. Diria até: perfeita. Será que não há como contestá-la? Vamos aguardar.
beijocas
Cadê os petistas que arrotam honestidade. Vá ver que a Ana Júlia vai dizer igual oa Lula: não sabia de nada. Botem a cara e digam alguma coisa. De quem é a culpa? Depois dessa vocês não têm mais moral nenhuma pra criticar ninguém, quer pela gestão, quer pela sacanagem com o dinheiro público.
Carlos Alberto
fiz a minha formatura no hangar ano passado , fizemos caixinha 3 anos e um mes antes da festa estava tudo pago pois foi o que mais nos trabalhamos pra isso que no mes de nossa festas e sonelidades missas etc.. o nosso dinheiro fosse para nossos gastos pessoais mas veio a grande surpresa 04 dias antes da festa e a gente sem dinheiro ja que tinha que pagar 5% do valor do buffet pois o hangar cobrava do buffet e o mesmo cobrou da gente(isto nao esta no nosso contrato com o hangar) ai foi o deus no acuda e pagamos. R$ 1.850,00 MESMO TENDO PAGO R$ 12.000 PELO SALAO. no dia da festa o dono da banda me liga que tinha que pagar 5% do contarto da banda pois o hangar tava cobrando dele e ele nao ia entrar com os instrumentos dele se nao pagasse ai la foi mais R$ 300,00 PORRA me desculpe uma mulher dessa que pega tanta grana do estado com falcatrua ainda precisa fazer isso. agora eu confirmo o que meus amigos de turma falaram e que ela numca viu dinheiro e ficou desesperada quanda viu nao quer deixar passar nada qualquer dia vamos pagar 5% do estacionamento, da lanchonete etc
PARA LEMBRAR POIS BRASILEIRO E MUITO ESQUECIDO JOGUE NO GOOGLE O NOME MARIA JOANA CPI E VEJA O QUE APARECE ESTE POST ABAIXO E UM DELES
Biopilantraria
Vão estourar na CPI da Biopirataria revelações sobre um esquema no Ibama que facilitava a extração de madeira ilegal no Pará, em troca de doações de madeireiros para campanhas de candidatos do PT.
A comissão apontou como chefe do esquema de desmatamento ilegal no Pará o gerente executivo do Ibama no Estado, Marcílio Monteiro, indicado para o cargo pela senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), com quem foi casado.
A CPI só não pediu o indiciamento dos dois, porque os membros governistas da comissão ameaçavam derrubar o texto final. O relatório da CPI da Biopirataria pede o indiciamento de sete pessoas, cinco delas ligadas ao PT.
Mais coincidências?
A CPI registra o estranhamento dos parlamentares pelo fato de Ana Júlia ter tido muitas doações de madeireiros em 2004, quando disputou a Prefeitura de Belém, quando em 2002 não teve nenhuma ajuda do setor.
A senadora nega que tenha beneficiado madeireiros, em troca de contribuições de campanha.
Mas a CPI constatou que uma assessora de Ana Júlia, Maria Joana da Rocha Pessoa, movimentou mais de R$ 2 milhões apenas em 2004. Como a maioria dos depósitos foi feita em dinheiro, a CPI não conseguiu identificar a sua origem.
O valor é dezesseis vezes maior que a renda anual da assessora declarada à Receita Federal. A quebra do sigilo bancário de Maria Joana mostrou também que suas contas receberam cada vez mais dinheiro à medida que se aproximavam as eleições daquele ano, quando a senadora concorreu à Prefeitura de Belém.
Ainda estou aguardando a postagem do meu comentário. Você só publica o que te agrada é? Então TU não és melhor do que ninguém.
Dothy:
Não publiquei seu comentário porque a acusação que você fez contra aquele cidadão é muito séria - é prevaricação, peculato, improbidade e dá processo administrativo e criminal contra ele. E você citou o nome dele.
Prefiro, portanto, apurar essa história antes - até para não espantar a lebre.
Aí colocarei o caso num post e mencionarei o seu comentário.
Não fique zangada. Mas espero que você entenda que sou responsável pelo que aqui se publica, inclusive os comentários - daí exercer essa moderação.
Pense: se fizessem uma acusação tão grave contra você e eu publicasse sem nem apurar, você, certamente, pensaria (e com toda razão): que jornalista irresponsável essa!
Tenha calma, portanto, porque pretendo apurar a história que você relatou, além de outros fatos, no decorrer desta semana - o final de semana, com tudo fechado, atrapalhou um bocado.
E espero voltar com mais informações sobbre o caso do Hangar na quarta-feira.
Até para deixar a defesa do Hangar por mais tempo, em destaque.
Pois, que é muito importante que eles tenham garantido o direito de defesa, perante todos os que entrem neste blog para ler a matéria que postei.
Quanto ao comnentário do anônimo sobre as acusações contra a Ana Júlia e a Joana Pessoa, na CPI da Biopirataria:
Publiquei o que você mandou porque se trata de um fato público - essas acusações.
Mas, para ser justa, tenho de dizer que nada foi provado nem contra a Ana, nem contra a Joana -tanto assim que, se não estou enganada, os nomes de ambas foram retirados do relatório final da CPI.
Não tenho procuração para defender nenhuma delas, nem pretendo fazê-lo. Mas, creio que é bom lembrar esse "detalhe".
Se você reparar nem citei o nome de quem quer que seja na reportagem.
E o fiz para evitar qualquer conotação pessoal nessa história.
Até porque nem conheço a Joana Pessoa e a Ana eu só conheço de entrevistas e de alguns anos atrás, quando ela era ainda estudante.
Para mim, pouco importa se elas são simpáticas ou antipáticas, bonitas ou feias, velhas ou jovens, burras ou inteligentes.
A questão aqui não tem, rigorosamente, nada de pessoal.
Todo o questionamento é feito em cima da utilização de dinheiro público e da postura de servidores públicos.
Agradeço a participação de todos os leitores.
Muito obrigada pela atenção e pelo bom nível dos comentários que têm sido encaminhados a este blog.
Agradeço, também, aos vários blogueiros que se referiram à matéria, encaminhando seus leitores à Perereca.
É bacana constatar o interesse de tanta gente no destino do nosso suado dinheirinho de imposto.
É a indignação de pessoas como vocês, em relação a casos escabrosos como esse, que faz a gente não perder a esperança de, um dia, mudar, de verdade, este Brasil.
Beijinhos,
Ana Célia
Tu é cara de pau mesmo né, não te informei nada de ninguém. E mais uma vez, tu só publica o que tu queres e te agrada.
Querida Dothy:
Os únicos dois comentários que não publiquei me foram enviados pelo mesmíssimo anônimo, relatando um “causo” escabroso sobre uma pessoa do Hangar.
Não publiquei porque, como já disse, eram acusações pesadas e o cidadão era citado nominalmente.
Daí que quando você apareceu reclamando de eu não ter diz-que postado o seu comentário, conclui que o anônimo era você.
Peço perdão se me confundi. Mas, se for assim, eu também terei de perdoá-la pelo tom incisivo, causado por um comentário que, afinal, você nunca postou.
Beijinhos,
Ana Célia
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