_Égua, Juvenal, acho que eu vou fazer vestibular pra Psiquiatria...
_Ué, por que, queridinha? Você tá querendo deixar o Jornalismo, é?
_Não, Juvenal: eu tô é querendo te transformar num estudo de caso!...
_Estudo de caso, “queridinha”, é o hospício da casa da tua mãe!...
__Ô Juvenal, sem brincadeira, você já arreparou que é um tratado ambulante de tudo que é neurose?
_Como é que é?
_É verdade!... Todas as manhãs você cumpre o “mermo” ritual!... Pera lá que eu vou mostrar!... (levantando-se, para imitar o maridão...) Primeiro, você retorce a cara e se espreguiça assim, ó: uáááááááá!... Depois, coça o saco, ó, três vezes de um lado... três vezes do outro... Aí, você vai pro banheiro que nem peru em véspera de Natal... Assim, ó!... No banheiro, você passa, contadinho de relógio, uma hora e 23 minutos!... Primeiro, mija que nem um condenado...Chóóóóóó...Chóóóóóó... Chóóóóó... Depois, ajeita essa barba imaginária, que você jura que tá crescendo desde os tempos do Matusalém... Aí, você senta na privada e gargalha assim, ó: ah,ah,ah,ah...ah,ah,ah, ah... ah, ah, ah, ah... eheheheh... eheheheh... eheheheh... eheheheheheh... bem uns dez minutos, com o almanaque do Cascão... Depois, se esgoela no chuveiro, que nem o Duardo Dusek... E aí começa a parte mais horripilante do dia: a experimentação estética!... Tipo personal styling da Madame Min... Você pega uma camisa de cafetão da Riachuelo e mistura com uma calça que não cabe nem no Brad Pitt!... E ainda complementa o “look” com uma sandália tão velha, mas tão velha, que até o pessoal do Hair já mandou incinerar!... Depois, vem tomar café e enfia os zolhões esbugalhados nesse jornal, que, por sinal, você já leu umas três vezes na internet...
_Ah, agora eu entendi: você tá chateada porque eu tô lendo o jornal, né? Juliana... Você quer é conversar, né, queridinha?... Tipo assim, “discutir a relação”!...
_Mas por que será que pra vocês tudo se resume em “discutir a relação”?...
_Ah, o negócio é imitar, né, queridinha?... Então, vamos lá!... (levantando-se para imitar a mulher) Vamos supor que eu sou você de manhã...
_Pera lá, Juvenal!... Pera lá, que agora, “rrrealmente”, você conseguiu me ofender!...
_Sabe qual é a sua sorte, Juliana? É que eu sou um gentleman, um cavalheiro. Ou, melhor ainda, um espírito de luz!...
_...Só se for um espírito de luz debaixo de um trrremendo dum blecaute, né mermo, Juvenal?
_Ah, é? Pois se eu não fosse um gentleman...
_Tipo assim, o rei das menininhas do Beiradão do Jari...
_...Eu ia sair apontando todos os seus defeitos!...
_Tipo?
_ Você já reparou, Juliana, que você mais parece uma abduzida com histórico mediúnico?
_Como é que é?
_Uma abduzida com histórico mediúnico, queridinha!...Você é uma pessoa geneticamente perturbada: cresceu imaginando coisas, ouvindo vozes que lhe juravam que você é um clone da Gisele Bündchen... E aí, pra piorar a situação, ainda apareceram uns extraterrestres de um manicômio intergaláctico, que resolveram examinar você. Resultado: hoje você padece – visivelmente - de angústia desvairada, fantasia exacerbada, psicose pós-traumática, alternância de humor, introversão da libido e confusão mental!...
_Quer dizer: faltou um milímetro pra ser doida, né mermo, Juvenal?...
_Mas quem falou em milímetro, queridinha?
_(...)
_ E tem mais, Juliana: se duvidar, você é até uma Star People!
_Como é que é?
_Uma Star People, queridinha: esses seres esquisitos de outros planetas que vivem entre nós!...
_Ô Juvenal, é sério: por que é que você não faz uma parceria básica com a finada Mãe Delamare?... Égua, que vai ser o maior sucesso de lá do Ver o Peso, desde a dupla Arara e Ararinha!...
_Não brinca, queridinha, quer dizer que você conheceu a Arara e a Ararinha, é?
_A bem da verdade, Juvenal, isso são histórias que a minha irmã, ó, ó, muito, mas muito mais velha do que eu contava, quando eu era assim, ó, ó, desse tamanhinho...
_Sério, queridinha? E eu que nunca imaginei que aquela sua irmã, com aquela saúde toda, já tivesse bem uns trocentos anos, “né mermo?”...
_É porque ela aplica Botox na merma clínica da tua mãe, queridinho!...
_Ah, agora eu entendi!... Foi por isso que você perguntou pra minha mãe quem é o esteticista dela, né, Juliana?... Você também tá querendo ajeitar esses seus “pezinhos galináceos”...
_Quem tem “pezinho galináceo”, Juvenal, é a tua mãe, o teu pai e a tua avó!...E no teu caso, Juvenal, já nem é “pezinho galináceo”: é um galinheiro inteiro de galinhas pré-históricas!... Isso daqui, queridinho, ó, ó, são ruguinhas de expressão!... Ruguinhas de expressão, Juvenal!... Coisa que até menininha de 20 aninhos já tem...
_Você deve estar falando daquelas “menininhas” do Antigo Egito, né, MEU AMOR?... Aqueles “brotinhos” que os arqueólogos desencavam, de vez em quando, de alguma TUMBA...
_... Que é a mesma TUMBA onde você permaneceu enterrado por uns 100 mil anos, né mermo, Juvenal? Até ser ressuscitado num revertério dum ritual Vodu!... Aliás, é pena que o ritual só tenha funcionado da cintura pra cima, né mermo, queridinho?... Porque, como você bem sabe, há certas cositas suas que permaneceram, a bem dizer, “perdidas no espaço”...
_Engraçado: ontem à noite, você não pareceu achar isso, “né mermo”, queridinha?...
_Sabe qual é o problema de vocês, Juvenal? É que vocês são todos uns iludidos!...A gente não pode nem dar um espetáculo básico, que vocês já ficam pensando que são os rrrreis da cocada-preta! Tipo assim: “ai... ai... ai... ai... AAAAAAI!... AAAAAI!... Não pára, não pára!... ai, ai,ai, ai, aiiii!...Isso!... Isso!... Isso!... me pega com força, me pega com força!... Vem com tudo, vem com tudo, meu garanhão!... GARANHÃO!... Isso, isso, isso, isso!... Me chama de Pimpinela!... Me chama de Pimpinela!...AAAAAAaaaaaaaa!...”
_(...)
_Que é que foi, queridinho, o gato comeu tua língua, é?
_Sabe de uma coisa, Juliana, eu até hoje não sei, sinceramente, por que é que me casei com você!...
_Deixa disso!... Tu adoras o meu cheiro, a minha pele, o meu suor...
A Corregedoria Nacional do Ministério Público realiza, entre 17 e 21 de maio, inspeção nas unidades do MP no Pará – os Ministérios Públicos Estadual, Federal, do Trabalho e Militar.
Coordenado pelo corregedor nacional, conselheiro Sandro Neis, o trabalho tem o objetivo de verificar in loco itens relativos à atuação de promotores e procuradores e à gestão administrativa dos Ministérios Públicos.
A equipe irá verificar número de processos aguardando despacho nos gabinetes, residência dos membros na respectiva comarca, limites para exercício do magistério e da advocacia, participação de promotores e procuradores em cursos de aperfeiçoamento, etc.
Regularidade de licitações e contratos, situação da folha de pagamento, horário de atendimento ao público e adequação da infraestrutura também serão alvo da inspeção.
Além do próprio corregedor nacional, integram a equipe membros do MP auxiliares da Corregedoria e um grupo de servidores do CNMP.
Atendimento ao público - O trabalho inclui três dias de atendimento ao público, quando qualquer interessado pode levar reclamações, sugestões ou denúncias à equipe da Corregedoria.
Cada pessoa é recebida individualmente e de forma reservada, desde que porte documento oficial com foto. Horários e locais do atendimento serão confirmados na semana que vem.
O Pará é o quinto estado a receber a equipe da Corregedoria Nacional. Já foram realizadas inspeções nas unidades do MP no Piauí, no Amazonas,em Alagoas e na Paraíba. A meta é visitar todos os estados até junho de 2011. Veja aqui as portarias que instalam a inspeção no Pará:
Até o PMDB parece meio atordoado com a surpreendente entrega, na última quinta-feira, da documentação requisitada, há uns seis meses, pela Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa à Auditoria Geral do Estado (AGE): as fiscalizações realizadas em sete órgãos estaduais.
Ontem, o líder do PMDB, Parsifal Pontes, afirmava em seu charmosíssimo blog (http://pjpontes.blogspot.com/ ) que a documentação é pública e deverá ser divulgada pela AL, à medida em que for analisada.
Já a deputada Simone Morgado, também do PMDB, e que afinal assinou a requisição dos documentos, era bem mais cautelosa.
Em contato com o blog, Simone disse que pretende realizar uma consulta jurídica, antes de distribuir cópias da documentação até mesmo aos deputados.
Funcionária de carreira da Sefa, ela acredita que tais documentos são, sim, sigilosos.
Caixas de Pandora II
A curiosidade em torno dessas “caixas de pandora” é intensa nos corredores da Assembléia Legislativa e nos bastidores políticos.
Ontem mesmo, pelos menos quatro deputados estaduais procuraram Simone Morgado para obter cópias da documentação: Arnaldo Jordy, Carlos Martins, Carlos Bordalo e Alessandro Novelino.
Ela acredita que será possível entregar cópias desses documentos aos 11 deputados que integram a Comissão de Finanças - pelo menos a eles...
No entanto, mesmo nesse caso, quer se respaldar juridicamente.
Até porque, com tantas cópias em circulação, admite, é impossível que o conteúdo das auditorias não acabe vazando.
Caixas de Pandora III
Simone jura de pés juntos que ainda não passou nem uma vista de olhos na papelada...
É que a deputada recebeu o material na quinta-feira, mas acabou tendo de viajar no dia seguinte.
E, ontem mesmo, como manda o ritual da AL, encaminhou a "encomenda" à Presidência da Casa, à qual, afinal, estava endereçada.
No entanto, espera que todo esse material retorne ainda hoje à Comissão de Finanças.
“Temos de esperar que a Presidência nos repasse oficialmente essa documentação. Pedi imediato retorno e o certo é que isso seja devolvido amanhã (hoje) à comissão. Mas, é o presidente quem decide”, disse.
lendo a entrevista e as informações da fonte, fico aqui imaginando quem é Tereza.
Tereza confiava na simpatia e nos afagos da Governadora, mas ignorava que ela pertence à corrente política que domina o Governo? Ai, ingênua Tereza!
Tereza, tão ingênua, a ponto de crer - ou de querer nos fazer crer - que ser trabalho pautou-se pela ética e pela transparência, mas acreditava que o Portal da Transparência saíra do ar por problemas técnicos?
Tereza muito confusa, perplexa até, entre a bondade (?) da Governadora e a "maldade" de dois?
Ai,Tereza!
Um abraço.
12:50 AM"
É sempre um prazer conversar com os comentaristas deste blog, embora (eu sei, eu sei...) não o faça com a freqüência que deveria.
Mas resolvi colocar o comentário da Bia na berlinda porque ela toca numa questão que, desde a tarde de domingo, quando conversei com a Tereza, estou aqui a matutar.
Também fiquei pensativa, diante das declarações dela e da fonte.
Deu meio que um nó na garganta, sabem?
Não, não penso que Tereza seja ingênua: é inteligente, astuta e com longos anos de estrada na CGU.
Penso que o que há aqui é aquela velha história do técnico e do político: a dificuldade dos integrantes dessas duas áreas de conviverem e se compreenderem.
E penso que há, também, enorme dificuldade de tucanos e petistas (ou de petistas e tucanos, como vocês preferirem) internalizarem a importância do controle interno para a boa gestão da coisa pública, de modo a que não sejam tentados a rifá-lo, mesmo na premência da disputa política.
Tal não deixa de ser um paradoxo, já que tucanos e petistas, ou petistas e tucanos (e quem não gostar do que vou dizer, que gostasse) foram os companheiros que mais lutaram, nestes 20 anos, por essa transparência e esse controle da gestão pública.
Tucanos e petistas, ou petistas e tucanos, como que revolucionaram o comando do Estado brasileiro: tiraram-no das mãos de uns poucos, para distribuí-lo pelas mãos de muitos.
E no entanto, ainda se enrolam em coisas tão simples como o controle da máquina pública e a separação entre o público e o privado.
E talvez que nem possa ser diferente, né mermo?
Afinal, PT e PSDB não são feitos por alienígenas ou por cidadãos do futuro.
Ambos são parte de uma sociedade que se debate entre esses mesmíssimos vícios seculares e a necessidade de construir um mundo mais justo, mais transparente, mais democrático.
Julgar, portanto, que os partidos, por mais avançados e democráticos que sejam, estão imunes à cultura social, é como que imaginá-los num apartado, distante desse organismo ao qual, efetivamente, pertencem.
Mas não deixa de haver um “quê” de melancolia em cada vez que os agentes políticos somos confrontados com esse pragmatismo, essa couraça que temos de desenvolver, até por uma questão de sobrevivência.
Em 2006 ou 2007, não me recordo bem, tive uma conversa muito engraçada com a Tereza Cordovil e com a Joyce, a adjunta dela.
Estávamos a falar, se não me falha a memória, de irregularidades em determinada obra e das dificuldades em corrigi-las, sem que isso implicasse a interrupção dessas construções, que eram extremamente importantes para a sociedade.
E lá pelas tantas eu soltei alguma coisa mais ou menos assim: “Pois é. A gente, que tenta ser o mais honesto possível...”
E aí me dei conta de que não estava a falar com políticos, ou com militantes políticos ou mesmo com jornalistas tarimbados em política.
E aí abaixei a cabeça, fiz que consultava alguma anotação, e fiquei a observar de esguelha a expressão das duas, que estavam, a bem dizer, estupefatas com a minha afirmação...
(Não, não riam: não resolvi “abrir meu coração”...)
Penso que todos nós que já trabalhamos na máquina pública (e em campanhas políticas) já vimos coisas que não imaginamos nem nos nossos piores pesadelos.
E penso que todos nós, alguma vez, já fizemos coisas que não são exatamente histórias que possamos contar, orgulhosamente, aos nossos netos...
Até porque máquinas públicas e campanhas políticas não são, exatamente, convescotes de querubins.
Mesmo assim, não desistimos nem das máquinas, nem das campanhas e de tentar, por meio delas, construir uma sociedade melhor.
Mas para isso é preciso impor limites, cada vez mais apertados, para a ação política, além de garantir a transparência da gestão pública, de modo a atrair o conjunto da sociedade a essa empreitada.
Daí a melancolia que sinto cada vez que vejo um grande técnico ser “cuspido” do jogo, justamente por defender isto: limites e transparência.
Do jeito que pode, do jeito que, enfim, lhe permitem as circunstâncias.
Fico pensando que nós, que nos imaginamos tão “catitas”, tão “safos”, não lhes conseguimos ensinar nem os passos básicos desse sapateado.
E fico pensando, também, se seria de fato desejável que assim fosse.
Afinal, quem sabe, certos não estarão eles.
E a gente é que tenha, afinal, de deixar de condescender tanto.
Na entrevista que concedeu à Perereca da Vizinha (leia a postagem anterior), a ex-auditora geral do Estado, Tereza Cordovil, evitou falar abertamente sobre os fatos que motivaram, mais concretamente, a sua saída do governo.
No entanto, uma fonte próxima à Tereza garante que a decisão estaria relacionada ao troca-troca que acabou não acontecendo, no final de março, na Secretaria Executiva de Educação (Seduc).
Na época, a governadora chegou a exonerar a secretária de Educação, Socorro Coelho. Mas acabou voltando atrás, devido às pressões do PT.
O problema, diz-me a fonte, é que Tereza teria apoiado Socorro, o que acelerou o seu “processo de fritura”.
“A Tereza se colocou ao lado da Socorro, até porque estava dando todo o apoio para que a secretária pudesse enfrentar os esquemas montados lá dentro. A Socorro se agarrava na falta de documentos, para não pagar empreiteiros que vinham cobrar por serviços que teriam realizado. Mas, na verdade, ela não pagava porque desconfiava de irregularidades. E a Tereza dizia que não tinha mesmo que pagar. O desgaste dela (Tereza) tem a ver com isso, porque ela acabou entrando em rota de colisão com o Carlos Botelho e com o Cláudio Puty”, explica.
E acrescenta: “Acho que ela (Tereza) chegou à conclusão que essa turma venceu. E acho que quando abrirem as caixas da Seduc (os documentos das auditorias entregues à Assembléia Legislativa) vai ser como naqueles armários velhos, trancados há muito tempo, dos quais sai de tudo: barata, morcego, escorpião”.
No entanto, avisa: embora aparentemente tenham vencido uma batalha, Puty (ex-chefe da Casa Civil) e Botelho (consultor geral do Estado) não devem nem pensar em comemorações.
“Você pode ter certeza” – disse a fonte – “que ela (Tereza) está pronta para guerra com esses dois. Imagino que ela deve ter feito um esforço enorme para poupar a Ana. Mas esses dois que se preparem e não brinquem com ela, porque ela tem cacife e ficha limpa”.
Se o apoio a Socorro Coelho acelerou a “fritura” de Tereza, a decisão de entregar o cargo teria acontecido durante uma solenidade no Hangar, no início do mês passado, quando ela sentiu, enfim, a “frieza” da governadora.
Ana teria “ignorado solenemente” a presença de Tereza, a quem conhece há uns 20 anos, desde os tempos em que ambas trabalhavam no Banco do Brasil.
E esse fato, aliado ao imbróglio na Seduc, teria levado a auditora a decidir tirar férias e, na volta, entregar o lugar.
“Sabe quando, contra todas as evidências, você precisa acreditar que tem o apoio de uma pessoa? Era mais ou menos isso que acontecia com a Tereza em relação à Ana. Mas, naquele dia, parece que ela (Tereza) levou um choque de realidade. Durante as férias, ela ficou pensando, amadurecendo a decisão de sair. Mas, foi naquele dia que ela percebeu que não dava mais”, relata.
A fonte diz que o processo de “fritura” ou “esvaziamento” de Tereza já vinha de algum tempo – aliás, pensa que ela, em verdade, nunca teve de fato o apoio que imaginou receber de Ana Júlia Carepa.
“O trabalho de auditoria é muito chato: aborrece uns, contraria outros, porque você tem de viver apontando o que está errado. E, para ter possibilidade de êxito, é preciso o apoio da cúpula. Na medida em que você vai perdendo isso e os gestores percebem, eles acabam dando menos importância a esse trabalho. Aí, a coisa vai se degenerando. E só isso, para uma pessoa séria como a Tereza, já seria suficiente para não permanecer no cargo – daí que ela tenha pensado muitas vezes em sair. Mas, no caso dela, ainda aconteceu de começarem a pressioná-la para que legitimasse procedimentos errados. Com isso, ela passou a não ter mais apoio, uma vez que entrou em rota de colisão com demandas que vinham da cúpula”, comenta.
No entanto, observa, Tereza ainda continuou a resistir estoicamente na AGE, talvez até por confundir os “afagos”, a gentileza pessoal da governadora com apoio propriamente dito. E assinala: “Mas que apoio era esse que não se traduzia em questões concretas? O Carlos Botelho dizia que alguma coisa tinha de ser feita de determinada maneira e a governadora, apesar da opinião da Tereza, acabava acatando isso. Depois, vinha e afagava a Tereza. Mas o que prevalecia era a orientação do Botelho e do Puty.”
O imbróglio da Seduc, o episódio do Hangar e a longa reflexão durante as férias teriam levado a uma mudança até na postura de Tereza, diz a fonte.
Até então, por ainda acreditar no governo, ela relutava em encaminhar os relatórios das auditorias requisitadas pela Assembléia Legislativa.
A partir daí, porém, teria compreendido “que não vale a pena correr riscos para livrar a cara de pessoas que não merecem isso. Ela decidiu não colocar a reputação em jogo por causa deles. Veja: Ela estava segurando essa documentação, até porque acreditava que tinha base jurídica para se defender, mesmo diante do Ministério Público. Mas, ela se sentiu largada e resolveu não correr risco nenhum. Então, ela não mudou de tese: o que fez foi uma inflexão. Mudou foi de atitude, de postura, em face desse desencanto”.
Perguntei à fonte se ela acha que Tereza Cordovil está disposta a abrir o bico sobre o que vivenciou no governo.
A resposta: “Não sei o que é abrir o bico. Mais do que ela fale, ela entregou um monte de documentos. A maior parte é sem gravidade. Mas, em dois casos específicos, Seduc e Setran, tem coisa de arrepiar. Ela vai ter que falar, se tiver que falar. Não sei o que a Assembléia Legislativa vai fazer. É preciso esperar”.
A fonte acredita que a saída de Tereza é uma perda muito grande “nesse duelo que há dentro do governo. Os que querem um governo ético, que respeite a coisa pública, perdem muito com essa exoneração. Em contrapartida, se fortalecem os que puxam para o outro lado: para a banalização, para a coisificação da política, ou seja, o velho padrão que o PT sempre condenou”.
E arremata: “Foi essa corrente que provocou a saída de Tereza. E a saída dela sinaliza que ela não acredita mais que esse governo esteja comprometido com esse propósito. Então, mesmo que o governo se reeleja, restará empobrecido, em termos éticos”.
A ex-auditora geral do Estado, Tereza Cordovil, está farta de política. Ou melhor, da maneira como se faz política no Pará e no Brasil.
Teria sido esse, aliás, o principal fator a motivar o seu pedido de exoneração do cargo, na semana passada.
“Não briguei com ninguém. Tenho o maior respeito e admiração pela governadora: ela é uma guerreira, que chegou ao governo cheia de boas intenções. Não estou saindo chateada com ela. Estou saindo porque não gosto da maneira como o sistema político funciona no Brasil”, justifica.
É provável que a explicação não convença nem gregos, nem troianos.
Mas, apesar da tranqüilidade que parece imune à ameaça de mil vendavais, Tereza não consegue esconder o incômodo diante do tratamento dado às auditorias que realizou no governo, num desgastante e imprescindível trabalho de controle interno.
Na tarde de ontem, conversei, por telefone, com Tereza Cordovil.
Por questões éticas, ela não fala abertamente das pressões, internas e externas, destes três anos em que esteve à frente da Auditoria Geral do Estado (AGE).
Mas, aqui e ali, deixa entrever o tremendo abacaxi que, estoicamente, teve de descascar.
“Fui testemunha da luta dessa mulher (a governadora Ana Júlia Carepa) para fazer valer o controle interno no governo. E hoje me dói vê-la pagar o preço de ter me mantido no governo”, observa.
E completa, acerca das auditorias que realizou, cujas cópias foram encaminhadas, na última quinta-feira, à Assembléia Legislativa: “O que era para ser uma coisa normal, se transformou numa coisa do outro mundo. Os controles são mal vistos. É uma questão de contaminação do sistema”.
O incômodo de Tereza vem do anúncio, por setores da imprensa, acerca do “conteúdo bombástico” dessas auditorias – ferramentas, aliás, normalíssimas do controle interno, que serve justamente para evitar ou frear a ocorrência de erros formais, ou até de fraudes, dentro da máquina pública.
E aqui cabe um parêntese, para uma explicação desta repórter que vos escreve.
Tereza não diz, mas pessoas próximas a ela admitem que todo esse imbróglio foi causado por um erro do próprio governo petista, que teria sido o primeiro a “partidarizar” esse ganho tão importante da administração pública, que é o controle interno.
Tudo teria começado quando o governo vazou para a imprensa o resultado de uma auditoria no hospital Ofir Loyola, para justificar o troca-troca na instituição, então sob o comando do PMDB.
Furioso com o vazamento da papelada e com a “intervenção branca” em seu quintal, o PMDB partiu para o contra-ataque: através da deputada Simone Morgado, requisitou os relatórios de todas as auditorias realizadas pela AGE.
E como a AGE titubeasse em atender à requisição, Tereza viu-se até ameaçada de um processo.
De sorte que a guerra interna governista virou uma bola de neve, em pleno ano eleitoral.
Ou, melhor: uma fogueira em que poderão arder, indistintamente, todos os partidos.
“A governadora me colocou na AGE e me manteve lá. E eu vejo o nosso trabalho usado para fins políticos”, queixa-se a ex-auditora.
Pior: Tereza acredita que acabou sendo deixada sozinha nessa queda de braço, que ameaçava até manchar-lhe a ficha funcional.
“Se fosse na CGU (Controladoria Geral da União) a AGU (Advocacia Geral da União) teria entrado com uma medida judicial impedindo isso”, diz Tereza, acerca da entrega da documentação à Assembléia Legislativa.
Segundo ela, há uma tese constitucional de que o controle interno só deveria entregar os documentos em seu poder “com motivação”.
“Foi isso que sugeri (ao governo). Mas fiquei sozinha nessa luta. Era para a PGE (Procuradoria Geral do Estado) ter entrado com um pedido de liminar, dizendo que o controle interno é um órgão independente”, relata.
Agora, observa, “O governo está em polvorosa, porque essa coisa toda está com o PMDB, e eu fico me sentindo mal, como se fosse uma arma nas mãos desses partidos. E tenho medo que isso tome uma grandeza que fuja da nossa governabilidade”.
Mesmo assim, ela jura que nos relatórios entregues à Assembléia Legislativa não há irregularidades graves “à exceção de um ou outro órgão”.
Garante que, na maioria, se resumem a problemas de gestão: “É o cara que não fez um inventário ou que tá cedido (para outro órgão) e sumido”.
E resume: “No Detran é que tem coisas graves. No Detran, Sespa, Seduc e Asipag são os mais graves. O resto são casos de gestão. Na minha opinião, não tem ‘bomba’. Mas, não sei o que os outros vão achar”.
Diz, também, que nos relatórios das auditorias o que se vê “é um órgão de governo lutando pela melhoria de gestão”.
Conta que levou os problemas detectados nesses órgãos ao conhecimento da governadora Ana Júlia Carepa “e ela me dizia para resolver, sempre me deu poderes para isso”.
E que muitas vezes foram os secretários e diretores de órgãos a solicitar o pente-fino da AGE: “Eu conversava com os gestores, a Sandra Leite (Iasep), Regina Lima (Funtelpa), Suely Oliveira (ex-Sedurb). Eles me ligavam preocupados e eu ia lá. Os cartéis estão aí, doidos para entrar no governo. E eles (os secretários) ligavam pra gente. E quantas vezes a gente impediu que os problemas acontecessem”.
E arremata: “O Governo não é uma podridão”.
Tereza admite que há, no entanto, “secretários complicados”, mas assinala que vários foram trocados durante o governo.
Reticente, salienta que não cabe ao controle interno o julgamento dos problemas detectados: “O controle interno não está lá para buscar bandidos, para ver se tem ou não bandido, mas, para ver se os projetos estão sendo bem feitos. Valorar não cabe ao controle interno, mas, ao TCE (tribunal de contas), Ministério Público e à própria governadora.”
Lembra que, há três anos, só fez a entrega pública de auditorias realizadas pela AGE nos governos tucanos porque “quando cheguei os gestores já não estavam lá e a gente tinha de se resguardar”.
Insiste que vários dos problemas detectados na atual administração foram, sim, levados ao conhecimento da governadora “e em vários casos ela tomou a decisão de demitir”.
Mas, admite, “existia uma banda do governo que era contra a gente”
Uma “banda” que, afinal, teria ganhado mais espaço, o que também teria contribuído para o seu pedido de exoneração.
Tereza garante, no entanto, que o chamado “núcleo duro” só teve participação “em termos” na sua saída do governo.
Até porque um dos supostos integrantes desse núcleo, o secretário de Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, sempre defendeu o trabalho da AGE: “O Maurílio nunca foi contra mim. Ele me apoiou muito. É uma pessoa muito boa, um intelectual”.
No lado oposto estariam, porém, o consultor geral do Estado, Carlos Botelho, “que sempre deu péssimos conselhos à Ana”, e o ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty. “Esses são os dois que nunca gostaram de mim”.
Ela também critica a Assembléia Legislativa, creditando à Casa uma parcela de responsabilidade na sua decisão de deixar a AGE: “Já pensou o que é um estado em que o governo pede dinheiro para fazer obras e o Legislativo quer mandar nisso, um estado onde o Legislativo não deixa o Executivo fazer nada? Vou sair porque também não agüento mais essa coisa de o Legislativo mandar no Executivo.”
Diz, sobre a situação de quem ascende ao governo, no Pará e no Brasil: “Mesmo que o cara seja honesto, chega lá e acaba tendo de fazer concessões e mais concessões, até porque a mídia, com seus interesses, bate direto nele”
E desabafa, mais adiante, ainda sobre a queda de braço com a Assembléia Legislativa: “O PMDB fala dos relatórios da AGE e não cita a Asipag. Mas, para que é que existe a Asipag? É para que os políticos fiquem bem; eles pegam dinheiro da Asipag. Essa história tem tudo a ver com o sistema”.
Aos 57 anos de idade, dez deles como funcionária de carreira da CGU, Tereza também recorda o projeto de abertura das contas públicas que trouxe para o governo, com o Portal da Transparência, que, no entanto, “não funcionou e acabou abortado”.
Jura, no entanto, que o portal foi tirado do ar “por questões tecnológicas”, mas que deverá retornar, totalmente reformulado pela Prodepa, no final deste mês, até por força da Lei Capiberibe, que obriga à democratização dos dados da execução orçamentária de todos os Poderes.
Tereza diz que a AGE “é uma página da minha vida que quero virar”, e explica a relutância em falar, neste momento, aos jornalistas: “Eu me preocupo em despertar uma luta insana. Sem ter a proteção de uma ONG e da sociedade civil vou ficar extremamente desgastada”.
A ONG, porém, está saindo do forno: ainda neste semestre, Tereza pretende lançar o “Observatório da Cidadania”, que vai “zelar pela coisa pública”.
Acha que é preciso agir para mudar a base do sistema político.
Diz que não quer morrer “sem pensar que tentei interferir nesse processo”.
E arremata: “Saio do governo, como na letra daquela música: com a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo”.
Infelizmente, por uma série de fatores, estou com os telefones bloqueados para celulares e interurbanos.
Também preciso correr atrás de algum, para o final de semana.
Assim, não tenho condições de fazer as matérias que havia pensado, uma vez que o bloqueio dos meus telefones só deve estar resolvido na semana que vem; e só vou poder atualizar o blog hoje à noite ou amanhã, mas, apenas, com o que eu conseguir catar na internet e com comentários em cima disso.
Além disso, na segunda-feira, se Deus quiser, vou fechar um trabalhinho bacana, mas que vai me exigir disponibilidade de tempo.
É possível que Jader Barbalho venha a enfrentar, nestas eleições, um dos maiores testes de liderança de sua trajetória.
Até porque, no cipoal de interesses em jogo, é quase impossível ter uma imagem veraz das circunstâncias que determinarão as suas próximas cartadas.
Há questões complicadíssimas que Jader terá de responder, com um bom grau de certeza, apesar desse cipoal.
A primeira é o tamanho da relutância das bases peemedebistas a um eventual acordo com o PT, ou até mesmo com o PSDB.
A segunda é a probabilidade de as lideranças peemedebistas contornarem tal relutância, caso a decisão da cúpula contrarie o desejo das bases partidárias.
A terceira é quanto às condições materiais, objetivas, para uma eventual candidatura ao Governo - e as chances efetivas de sucesso.
A quarta é o tamanho do estrago nos interesses nacionais de Jader, a partir de uma candidatura própria ou do apoio local ao PSDB.
O problema é que são tantos os jogadores a puxar a sardinha para a própria brasa, que o terreno em que se pisa, ao se tentar responder a tais perguntas, pode acabar se revelando uma armadilha, mesmo para o instinto e o olhar aguçado de um Jader Barbalho.
No entanto, é da resposta a essas perguntas que dependerá o acerto da próxima cartada desse grande jogador.
“Para Jader, ocupar o Governo novamente seria como casar com a mesma mulher pela terceira vez – e ainda ter de brigar para casar”, diz-me uma fonte peemedebista.
O problema, observa, é que pesa sobre os ombros do velho cacique peemedebista “o ônus da liderança”.
Em outras palavras: a cobrança de seus liderados para que seja, novamente, candidato a governador.
“É como em 1998. O Jader não queria ser candidato, mas foi - pelo partido. Ele não tinha a menor vontade de fazer campanha e todo o projeto dele era nacional. Além disso, ele havia recebido uma proposta irrecusável de Almir Gabriel: a metade do Governo Estadual, todos os cargos federais, o Senado e a vice e, ainda por cima, ajuda financeira ao PMDB”, recorda.
Ele não estaria inclinado a se aliar nem ao PT, nem ao PSDB, por considerar os problemas do PMDB com as duas legendas.
Daí que Jader estaria a analisar “com a maior serenidade” todas as circunstâncias das quais dependem uma eventual candidatura ao governo.
E faz isso enquanto devora “As Rosas e Pedras de Meu Caminho”, livro de memórias do jornalista (e político) Carlos Lacerda...
Uma parruda Mega-Sena
Nos arraiais peemedebistas há quem calcule que uma campanha ao Governo de um candidato como Jader não sairia por menos de R$ 40 milhões, o equivalente a uma Mega-Sena bem parruda.
E olhem que se está a falar de um candidato conhecido, com um partido de grande capilaridade e que jamais enfrentaria essa parada sem uma forte coalizão.
Nesta semana, uma liderança peemedebista me falou sobre as dificuldades de cada alternativa diante de Jader.
“Como vamos subir no palanque do Jatene e pedir votos para Dilma?” Como você acha que a direção nacional do PT veria isso?”– indaga.
“Mas, também é muito difícil recuperar a relação com a Ana, com o nível a que chegou a distensão. Mesmo quando a gente sai em lua de mel, tem porrada em cima do palanque. Agora, imagine o PMDB e o PT, hoje, em cima do mesmo palanque. E imagine isso, principalmente, no interior”- salienta.
Quer dizer, haveria dificuldades “de lógica diferente”, mas, proporcionalmente idênticas, quer para uma aliança com o PT, quer para uma aliança com o PSDB.
Daí que essa liderança peemedebista defenda, ardorosamente, uma candidatura própria.
Mas aí surge outro problemão: onde arranjar dinheiro para a campanha?
“A falta de dinheiro é a dificuldade, embora já tenhamos alguma possibilidade de adquirir; embora a gente já comece a enxergar alguma coisa”, desconversa.
No entanto, observa mais adiante: o PMDB não desistiu da hipótese da terceira via.
Campanha nacional
Ao longo de doze anos de tucanato, os peemedebistas comeram o pão que o diabo amassou.
Mesmo durante o governo do democrático Simão Jatene, suas prefeituras e a bancada estadual foram lipoaspiradas de tal maneira que até o fidelíssimo Bira Barbosa acabou trocando de canoa.
Do grupo de comunicação dos Barbalho, então, nem se fala: a tentativa de asfixia atingiu das verbas de propaganda ao noticiário, já que era proibido repassar ao grupo até uma simples sugestão de pauta.
O problema é que os peemedebistas também penaram, e muito, nestes três anos de PT – ao ponto de reclamarem de falta de dinheiro até para o pagamento das contas de luz, em secretaria sob seu comando.
É verdade que mantiveram muitos DAS – mas, perderam a esperança.
Em outras palavras: a frustração que sentem é proporcional à empolgação que demonstravam, em 2006, após doze anos de vacas magras.
É pouco provável, no entanto, que o PMDB se alie a Jatene, uma vez que a solidez do palanque de Dilma Rousseff no Norte e Nordeste vai se transformando numa questão de vida ou morte para o PT nacional.
Nos bastidores políticos, o que se diz é que a própria ida da governadora Ana Júlia Carepa à casa de Jader, na última segunda-feira, pode ter sido motivada por isso.
No sábado, antes de embarcar para Recife, diz-me uma fonte, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, teria mantido um diálogo “muito duro” com a governadora, para mostrar-lhe as dificuldades da campanha de Dilma.
“Há uma preocupação muito grande do PT nacional, porque a vitória da Dilma só se configura no Norte e Nordeste” – contou-me a fonte – “E se o Serra colocar 60% a 40% em São Paulo, as coisas complicam. São uns cinco milhões de votos e, no Rio, se considera que a coisa será neutra. A grande aposta é o Norte e Nordeste. E, se rachar, a vaca vai pro brejo. Aliás, no Amazonas, onde o PT contava com um milhão de votos de diferença, já rachou”.
Uma proposta tentadora
Mas, a improbabilidade de fechamento com os tucanos, não coloca o PMDB, necessariamente, nos braços do PT.
Por isso, talvez, a proposta tentadora apresentada pelos petistas aos peemedebistas: dinheiro, máquina, para a campanha – ou seja, uma verdadeira sacola de bondades, nestes tempos bicudos em que os financiadores rareiam, por medo de escândalos.
“A nossa proposta para eles passa pelos interesses naturais de um partido de ampliar as suas bases e bancadas. E isso não é ilegítimo”, diz uma fonte petista.
É claro que uma proposta assim seduz todos os pré-candidatos – quer dizer, boa parte das principais lideranças partidárias.
Mas, até que ponto seduzirá as bases peemedebistas, levando-as a esquecer, ou ao menos a relevar, os sucessivos atritos destes três anos?
Além disso, haverá condições reais de conter aqueles petistas que também parecem agir no sentido da ruptura?
No último sábado, por exemplo, a Democracia Socialista (DS), a tendência da governadora Ana Júlia Carepa, aprovou uma moção de apoio às críticas feitas ao PMDB, pelo deputado Zé Geraldo, da tendência PT Pra Valer.
Além disso, diz-me alguém, integrantes da DS estariam “profundamente incomodados” com a ida dela à casa de Jader, na última segunda-feira.
Tudo porque a visita ocorreu no dia seguinte à publicação de um artigo do ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, no jornal O Liberal, repleto de críticas ao PMDB – o que passou a impressão de que a governadora desautorizou a atitude de seu assessor, talvez, a principal liderança da DS local.
E, se não foi assim, parece mesmo. Até porque a visita de Ana a Jader era para ter acontecido ainda na noite de domingo. Mas, o morubixaba peemedebista já dormia, quando petistas encerraram uma reunião de organização da campanha, na qual a estratégica e surpreendente visita foi decidida.
As pedras e as rosas...
Antes da visita de Ana a Jader, o PMDB vinha empurrando com a barriga qualquer definição.
“Não é para cozinhar as bases” – dizia-me um peemedebista, antes de saber da visita da governadora – “É uma questão estratégica a nível de candidatura. Quando a gente disser o que é, começam os custos e as bordoadas. E maratona, para nós, não dá”.
Tal estratégia, no entanto, já começava a irritar até mesmo petistas que defendem a aliança com o PMDB.
“Não dá para ficar esperando todo esse tempo que o Jader quer; é ficar dependendo muito dele. Não dá para a gente ficar de pires na mão como ele quer, até porque é muito cômodo pra ele”, queixou-se um integrante da Unidade na Luta, uma das tendências majoritárias do PT local.
A visita de Ana, no entanto, parece ter acalmado os petistas e deixado até os veículos de comunicação dos Barbalho “mais contemplativos”, digamos assim...
Ana está otimista e trabalha para uma definição até meados do mês que vem.
Jader não disse que sim – mas, também, não descartou a proposta que lhe foi apresentada.
No meio da semana que vem, ele deve voltar a se reunir, em Brasília, com a direção nacional do PT.
Resta, portanto, aguardar pelos acontecimentos desta semana e da próxima, que deverão lançar algumas luzes sobre a decisão do PMDB e o inteiro teor da proposta que lhe foi apresentada – que, talvez, inclua outros acepipes.
Quer dizer: os próximos dias devem sinalizar como o PMDB resolveu lidar, afinal, com as pedras e as rosas em seu caminho.
Para participar, efetivamente, do Poder. Ou, quem sabe, até para tentar reconquistá-lo.