sábado, 11 de agosto de 2007

Cabaret

Uma sessão de Cabaret!



Dolores Sierra


Dolores Sierra
Vive em Barcelona na beira do cais
Não tem castanhola
E faz companhia a quem lhe der mais

Nasceu em Salamanca
Seu pai um lavrador, veio a maioridade
Pois quem nasce na roça
Tem sempre a ilusão de viver na cidade

Sua mãe chorou
No dia em que ela partiu
Pra conhecer Dom Pedrito
Que prometeu e não cumpriu

Com frio e com sede
Só na sarjeta
Sorriu para um homem
E ganhou a primeira peseta

O navio apitou
Paguei a despesa, história se encerra
Adeus Barcelona, Adeus
Adeus Dolores Sierra

(Wilson Batista e Jorge de Castro)



O Último Blues


Essa menina que você seduz
E um dia depois
Sem mais nem mais, esquece
Ela, no fundo, é uma atriz
Quando beija a sua boca
E nada acontece

Essa menina que você seduz
Agora é uma atriz
Saída de outra peça
Chamada "Doces Ardis..."
Quando beija a sua boca
Ela começa a fraquejar
Por onde anda a sua mão
Você só quer se aproveitar
E ela delira
Rodopiando no salão
Os dois parecem um casal
Mas é mentira

Essa menina pode ir pro Japão
Na vida real
Você é que enlouquece
Apaga a última luz
E nos cantos do seu quarto
A figura dela fosforesce
Ao som do último blues
Na Rádio Cabeça
Se puder esqueça
A menina que você seduz

(Chico Buarque)



Ai, se eles me pegam agora!

Ai, se mamãe me pega agora de anágua e de combinação
Será que ela me leva embora ou não
Será que vai ficar sentida, será que vai me dar razão
Chorar sua vida vivida em vão
Será que faz mil caras feias, será que vai passar carão
Será que calça as minhas meias e sai deslizando pelo salão
Eu quero que mamãe me veja pintando a boca em coração
Será que vai morrer de inveja ou não
Ai, se papai me pega agora abrindo o último botão
Será que ele me leva embora ou não
Será que fica enfurecido será que vai me dar razão
Chorar o seu tempo vivido em vão
Será que ele me trata à tapa e me sapeca um pescoção
Ou abre um cabaré na Lapa e aí me contrata como atração
Será que me põe de castigo será que ele me estende a mão
Será que o pai dança comigo ou não

(Chico Buarque)

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