domingo, 15 de abril de 2018

Jatene gasta mais em propaganda do que em armas, coletes e viaturas para a polícia. Gastos em propaganda do tucano também superam os investimentos em obras, para toda a área de Segurança Pública.

Jatene: gasto em propaganda é maior do que em armas, coletes e viaturas para a polícia




Entre 2011 e o final do ano passado, o dinheiro torrado em propaganda pelo governador Simão Jatene ultrapassou largamente tudo o que ele investiu na compra de equipamentos para todos os órgãos de Segurança Pública do Pará (armas, coletes à prova de bala, veículos, embarcações, por exemplo). Também superou todo o investimento na construção e reforma dos prédios desse setor.

Nesse período, Jatene gastou em propaganda quase R$ 350 milhões, em valores atualizados pelo IPCA-E de dezembro último. Foram R$ 304.357.640,63 do Poder Executivo e R$ 43.456.131,98 do Banco do Estado do Pará (Banpará), cujo acionista majoritário é o Governo Estadual, com 99,9% das ações.

Já na compra de equipamentos para os órgãos de Segurança, os gastos ficaram em pouco mais de R$ 293,9 milhões.

Em construção e reforma dos prédios da área de Segurança, o investimento foi ainda menor: apenas R$ 200 milhões, ou 57,5% do que ele gastou em propaganda.

A montanha de dinheiro já torrada em propaganda por Jatene é tão impressionante que equivale a quatro vezes tudo o que ele investiu em Segurança, no ano passado: pouco mais de R$ 87,8 milhões, que incluem, além de obras e equipamentos, o pagamento de despesas de exercícios anteriores (DEAs), contribuições e gastos não especificados.

Os números são de um levantamento realizado pela Perereca da Vizinha para o jornal Diário do Pará, após a reportagem do blog sobre os gastos em propaganda do governador: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2018/03/jatene-torra-r-350-milhoes-em.html

A comparação entre as despesas de Jatene com propaganda e os investimentos em obras e equipamentos para a Segurança foi realizada com base em documentos oficiais: balanços gerais do Estado (que registram todas as receitas e despesas do Governo e estão no site da Secretaria de Estado da Fazenda/SEFA); demonstrativos contábeis do Banpará, que estão no site da instituição; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), de dezembro de 2017, que está no site da Secretaria do Tesouro Nacional (STN); portal estadual da Transparência; e do SIAFEM, o sistema de administração financeira dos estados e municípios, que permite acompanhar praticamente em tempo real todos os gastos governamentais, e ao qual a Perereca conseguiu ter acesso.


Veja o comparativo ano a ano. Os valores da propaganda são a soma dos gastos do Poder Executivo e do Banpará. Todos os números foram atualizados pelo IPCA-E de dezembro último, com a ajuda da Calculadora do Cidadão, do Banco Central. Em 2011, não há informações do Banpará e o número é apenas do Executivo.


2011
Construção e reforma: R$ 16.819.537,11
Equipamentos: R$ 23.285.437,62
Propaganda: R$ 37.286.627,16

2012
Construção e reforma: R$ 17.413.717,35
Equipamentos: R$ 53.700.298,60
Propaganda: R$ 54.817.492,35

2013
Construção e reforma: R$ 21.992.191,25
Equipamentos: R$ 59.734.968,91
Propaganda: R$ 53.913.932,83

2014
Construção e reforma: R$ 41.188.917,72
Equipamentos: R$ 62.315.956,25
Propaganda: R$ 51.886.626,35

2015
Construção e reforma: R$ 23.902.532,51
Equipamentos: R$ 48.276.263,03
Propaganda: R$ 42.960.953,78

2016
Construção e reforma: R$ 37.002.359,42
Equipamentos: R$ 13.072.464,23
Propaganda: R$ 49.865.300,23

2017
Equipamentos: 33.545.384,76
Propaganda: R$ 57.082.839,91


Totais

Construção e reforma: R$ 200.037.126,51

Equipamentos: R$ 293.930.773,40

Propaganda: R$ 347.813.772,61



Leia a reportagem completa no Diário do Pará deste domingo, 15/04/2018: http://digital.diariodopara.com.br/pc/edicao/15042018/cidade



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Leia a postagem do blog “A guerra entre o Estado e o narcotráfico pelo controle da Grande Belém”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2018/04/a-guerra-entre-o-estado-e-o.html

Acompanhe no Facebook as postagens da Perereca. Há muita coisa lá que não está aqui.


sexta-feira, 13 de abril de 2018

A guerra entre o Estado e o narcotráfico pelo controle da Grande Belém.





É claríssimo que estamos no meio de uma guerra entre o Estado e o narcotráfico pelo controle da Região Metropolitana de Belém (RMB).

Só nesse contexto é que é possível entender as mortes de policiais em ações típicas de emboscadas; o ataque à bala, por um bando, a um trailer da PM.

Segundo uma fonte policial, o Comando Vermelho (CV) está mapeando as áreas da RMB de maior interesse às suas transações criminosas (em geral, na periferia), para expulsar os policiais que ali residem – seja através de ameaças, seja simplesmente matando-os.

Há áudios de criminosos falando sobre as tocaias que realizam em frente às casas de policiais. E haveria até uma recompensa pelo assassinato de agentes da Lei, que iria de R$ 2 mil a R$ 5 mil.

Mais do que assustar a população, o que se pretende é botar a polícia para correr, a fim de dominar essas áreas de vez.

“Esse é um momento crucial” – diz-me a fonte – “Se os traficantes vencerem, Belém vai se tornar o Rio de Janeiro. Nunca mais você vai poder entrar nessas áreas livremente: vai ter que pedir permissão aos traficantes, sob pena de levar um tiro”.

E acrescenta: “Ou o governador toma uma atitude agora, ou a população da RMB vai sofrer eternamente”.

A suspeita, aliás, é que as recentes matanças, em Belém, sejam um reflexo da intervenção federal no Rio.

É que muitos traficantes foram expulsos de lá. Com isso, o Comando Vermelho teria acelerado a fixação das raízes que já vinha espalhando na nossa periferia.

E isso não apenas pela posição estratégica da nossa cidade, para o narcotráfico, mas também porque encontrou aqui um terreno fértil: a extrema pobreza e a ausência do Estado em amplas áreas da RMB, aliadas à inexistência de uma política de Segurança Pública.

Além do avanço do narcotráfico, há as milícias, os grupos formados por policiais para a matança de suspeitos de crimes, cuja ação se intensifica após a morte de algum agente da Lei. É o olho por olho, dente por dente. Ou seja, a barbárie.

É no meio desse fogo cruzado que estão os belemenses, especialmente os mais pobres, reféns da violência, do medo e do silêncio.

Nos últimos 23 anos, quase sempre sob o comando do PSDB, o Pará assistiu ao empobrecimento da sua população, em relação ao resto do Brasil, e ao crescimento da criminalidade.

O terror que toma conta da RMB é resultado da falta de políticas públicas, nessas quase duas décadas, para garantir um mínimo de qualidade de vida à maioria dos paraenses; um mínimo de esperança, aos nossos jovens, em um futuro melhor; um mínimo de Segurança à população em geral.

E o governador Simão Jatene é, sim, um dos maiores responsáveis por essa carnificina.

Ex-homem forte do Planejamento nos governos de Almir Gabriel e três vezes governador, Jatene teve poder, como nenhum outro cidadão deste estado, ao longo de 19 dos últimos 23 anos, para melhorar as condições de vida do povo paraense e evitar essa explosão de violência.

No entanto, tudo o que fez foi torrar milhões e milhões em propaganda, para esconder a sua desonestidade, incompetência e inoperância.

Tudo o que fez foi largar o Pará e a nossa polícia a Deus dará, para dedicar-se a cantorias, como uma espécie de Nero tupiniquim.

Cada dia de permanência dele no cargo significará mais e mais corpos espalhados por toda a Região Metropolitana: ele não moverá nem uma palha para estancar esse banho de sangue; para evitar que o narcotráfico se apodere de vez de Belém; para reprimir as milícias que também tocam o terror.

Para ele, o governo já acabou.

Só o que não acabou são os R$ 67 mil das duas pensões que recebe, e que deve conferir, alegremente, dadas as pitadas de psicopatia de seu caráter.

FUUUIIIII!!!!!

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Gilmar Mendes lança prova de fogo ao Ministério Público e CNJ





São gravíssimas as acusações feitas, ontem, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Segundo ele, há corrupção no Ministério Público Federal e na operação Lava Jato, que estaria até mesmo “escolhendo” os advogados que atuam nas delações premiadas dos acusados.

E mais: muitos desses processos teriam de passar, necessariamente, pelo escritório de um advogado que é irmão de um procurador federal. Mas depois que o esquema foi descoberto, esse escritório teria passado a operar clandestinamente.

Em várias ocasiões, enquanto desfiava suas denúncias, o ministro se dirigiu diretamente à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, a dirigente máxima do MPF, como que a cobrar-lhe a necessária investigação.


Desconheço fato semelhante na História do Brasil: um ministro do STF, em plena sessão, denunciar um suposto esquema de corrupção envolvendo o Ministério Público e o Judiciário.

Pode-se não gostar de Gilmar Mendes, afinal ele não é um sujeito simpático. Mas, vamos e convenhamos, nenhum magistrado deveria estar preocupado, em primeiro lugar, em ser candidato a miss ou mister simpatia.

Ademais, Gilmar é um liberalzão e irá sempre desagradar gregos e troianos e, especialmente, o “clamor popular”, com a sua defesa do estado de direito.

No entanto, não há como ignorar as denúncias de um ministro da mais alta Corte de Justiça do País.

É preciso, sim, que o Ministério Público Federal investigue a suposta existência de corrupção na operação Lava Jato, pela qual passam milhões e milhões de reais.

Não é a primeira vez, aliás, que se fala nessa possibilidade.

No ano passado, ganhou repercussão em blogs alternativos o caso do advogado Tacla Duran, hoje “refugiado” na Espanha.

Duran afirma que teria negociado com um amigo do juiz Sérgio Moro a entrega de 5 milhões de dólares, para obter a redução de uma multa que teria de pagar à Justiça.

Ele chegou a apresentar os prints da conversa, via whatsapp, acompanhados do laudo de um perito espanhol, acerca da integridade desses documentos.

Por medo, ninguém diz o nome maldito, mas é disto que se trata: propina.

É disto que se está a falar em tais denúncias.

Para bom entendedor, o que se depreende da fala de Gilmar e das denúncias já veiculadas é que existe um esquema milionário de extorsão de grandes empresas, por parte de integrantes da Lava Jato.


E leia, na Rede Brasil Atual, sobre o dinheiro que a mulher de Moro teria recebido de Tacla Duran: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/09/nassif-mulher-de-moro-recebeu-pagamentos-de-investigado-na-lava-jato

Em sua fala de ontem, Gilmar Mendes também denunciou uma suposta combinação entre juízes que atuam na Lava Jato, que estariam sobrepondo ordens judiciais, para frustrar a aceitação de habeas corpus pelo STF.

É um fato que tem de ensejar uma investigação das corregedorias e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), já que não se pode admitir esse tipo de ação entre magistrados.

Na verdade, o pronunciamento do ministro Gilmar Mendes lançou uma prova de fogo diante do Ministério Público, CNJ e de todas as instituições e entidades que se preocupam de verdade com o combate à corrupção.

Foi uma fala explosiva e preocupante para todos os que ainda acreditam no estado democrático de direito.

Se é que ainda existe algum resquício do estado democrático de direito neste país.

FUUUIIIII!!!!!

Gilmar Mendes diz que há corrupção na Lava Jato e no MPF. Ministro vê autismo institucional do STF, o que pode levar à ‘Constituição de Curitiba’ e cumplicidade de grandes patifarias







No JOTA (11/04/2018)

(Por Luiz Orlando Carneiro, Márcio e Matheus Teixeira)


 “O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou o julgamento do habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci para subir o tom das críticas ao Ministério Público Federal (MPF) afirmando que há corrupção na instituição, além de atacar o empoderamento de procuradores e juízes de primeira instância.

Gilmar ainda cobrou os colegas sustentando que o populismo constitucional e o autismo institucional adotado pela Corte pode permitir a criação da Constituição de Curitiba e levar o tribunal a ser “cúmplice de grandes patifarias que estão a ocorrer.”

A fala do ministro foi uma tentativa de convencer o plenário a adotar uma postura mais flexível sobre a admissão dos habeas corpus.  No STF, a 1ª e a 2ª divergem sobre teses jurídicas para julgamentos de pedidos de liberdade.

Na 1ª Turma, o entendimento é o de que, quando o juiz se manifesta sobre a prisão provisória na sentença de condenação, o Supremo não pode analisar habeas corpus impetrado antes desse novo fato. Ou seja, se a condenação ocorrer depois que o HC tenha chegado, a defesa precisa entrar com outro habeas corpus e rebater de novo os argumentos.

A 2ª Turma tem assentado que não é preciso novo habeas corpus e que o pedido de liberdade pode ser julgado normalmente – que o instrumento inicialmente proposto tem validade para discutir os novos argumentos que deixaram a pessoa presa.

Gilmar interrompeu o voto de Ricardo Lewandowski para apresentar suas considerações. O ministro começou afirmando que o advogado de Palocci – preso desde setembro de 2016 na Lava Jato –  Roberto Batochio  o procurou para informar que estava deixando a representação do ex-ministro da Fazenda no HC porque era uma exigência da Força-Tarefa de Curitiba para a negociações sobre uma colaboração premiada. “Estou deixando o caso porque Curitiba assim exige. São palavras do doutor Batochio. Temos que escolher os advogados [ para delação] e eu não sou bem visto”, contou o ministro, cobrando transparência da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

E questionou: o que se quer é criar um Estado policial? Emponderar essa gente que está totalmente empoderada?

Gilmar citou então o caso do advogado do marqueteiro João Santana, Rodrigo Castor de Mattos, que é irmão do procurador Diogo Castor de Mattos, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Segundo o ministro, havia exigência de que vários processos passassem pelo escritório e que, depois que o caso se tornou público houve uma atuação clandestina. “A corrupção já entrou na Lava Jato, na Procuradoria. Alguém tem dúvida?”, esbravejou.

Gilmar Mendes também relembrou a reviravolta na delação da JBS após se descobrir o suposto jogo duplo feito pelo ex-procurador Marcelo Miller nas negociações da delação da J&F. Novas gravações entregues depois da celebração do acordo indicaram que Miller teria orientado Joesley e seu grupo nas tratativas com a Procuradoria Geral da República sobre o acordo de colaboração.

O empresário diz que pretendia usar Marcelo Miller como um intermediário para chegar ao procurador-geral da República. Miller , que atuou na Lava Jato, pediu exoneração do cargo no dia 23 de fevereiro, mas a saída só teve efeito no dia 5 de abril. Após sair da PGR, ele foi trabalhar como advogado no escritório Trench, Rossi e Watanabe, o mesmo que representava o grupo J&F na negociação do acordo de leniência, chegou a participar de articulações iniciais.

Gilmar disse que é notório que houve corrupção e que essa ”dupla carioca” estava operando, em referência a Miller e a advogada Fernanda Tórtima, que atuou para a JBS. “É um caso de corrupção que tem que ser investigado e tem que ser dito. Vamos fechando o sistema e empoderando esse nicho…”, disse.

O ministro ainda seguiu nas críticas afirmando que ficou impressionado com o fato de Miller ter recebido indenização por aquele “trampo no escritório” e lembrou que Edson Fachin negou pedido de prisão preventiva dele, sendo que não houve recurso da PGR. “É um caso sério de corrupção. E isso é alimentado por esse empoderamento”.

O discurso de Gilmar foi interrompido pelo ministro Luiz Fux. “Eu, talvez por ser juiz de carreira, nunca ouvi isso de maneira impune. Vossa excelência citou personagem que nunca ouvi falar… esse doutor Castro. Não quero reportagem. Tem que registrar essa fala e instaurar procedimentos para apurar. Isso não se pode ser ouvido assim. Somos juízes”, disse Fux.

Gilmar retrucou: eu estou falando para a procuradora [Raquel Dodge, que acompanha a sessão do Supremo]. E ouviu do colega: “não estou colocando nenhuma observação. Só que juiz não pode ouvir isso de forma passiva”.

Gilmar disse que o Supremo tem um vexame na Lava Jato que é prisão do banqueiro André Esteves, delatado pelo ex-senador Delcídio do Amaral. “Era mentira e ficou preso em Bangu”, criticou.  O ministro atacou ainda juízes de primeira instância e citou o pagamento de auxílio-moradia ao juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio, que pediu o benefício mesmo com sua esposa, que é magistrada, recebendo o valor – o que era vedado pelo Conselho Nacional de Justiça.

Gilmar defendeu que o Supremo tem de evitar essas idas e vindas dos habeas corpus e a decretação de novas prisões com praticamente os mesmo fatos, só para evitar a denegação da ordem. Segundo o ministro, as prisões preventivas do juiz Sergio Moro, da Lava Jato em Curitiba, estão se transformando em definitivas. “Além do direito penal de Curitiba, que se crie a Constituição de Curitiba. É isso que estamos fazendo.”

Gilmar cobrou respeito à história do Supremo. “O que estamos fazendo com o HC? O que é o respeito a história do tribunal. Esse tribunal só não é menor porque é composto pelas figuras que o compuseram no passado. Não há nada mais importante do que o HC. Virar as costas para isso é encerrar uma fase histórica.”



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Confira na Rede Brasil Atual a notícia, de setembro do ano passado, de que a mulher de Sérgio Moro teria recebido dinheiro do advogado Tacla Duran, operador da Odebrecht: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/09/nassif-mulher-de-moro-recebeu-pagamentos-de-investigado-na-lava-jato

Leia também, na Revista Forum, as provas apresentadas pelo advogado Tacla Duran sobre o contato que teria mantido com um amigo de Moro, para reduzir a multa que pagaria à Justiça, em troca de 5 milhões de dólares: https://www.revistaforum.com.br/tacla-duran-apresenta-as-provas-da-pericia-do-contato-com-amigo-do-moro-veja-aqui/

terça-feira, 10 de abril de 2018

Mulher se apaixona por defunto e dorme no cemitério




Sei que não é usual esse tipo de matéria na Perereca, mas há certas coisas que a gente tem de registrar para a posteridade.

Afinal, os historiadores precisarão de alguns elementos pitorescos, pra modo de entenderem o que é o “universo mágico” da nossa cidade - digamos assim.

São coisas que só acontecem em Belém, talvez por ter sido construída em cima de um cemitério indígena, ou até pelo fechamento do nosso Juliano Moreira.

Em 1982, tivemos o Inri de Indaial, que jurava (e ainda jura) que é a reencarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo...

O sujeito nasceu lá em Santa Catarina, mas foi aqui que se projetou para o mundo.

Teve amplo espaço na mídia (jornais, Tv), ao “atestar” que era o Filho de Deus.

Até que um dia, depois de “pregar” a uma multidão, na Praça Dom Pedro II, resolveu invadir a catedral da Sé: interrompeu a missa, quebrou um crucifixo, provocou quase que uma “guerra santa”. Mais tarde, aliás, chegaria até mesmo a “exonerar” o arcebispo de Belém.

Preso pela PM, Inri foi levado à central de polícia (que ficava no bairro do Comércio) em cima de um carro dos Bombeiros. Estava vestido com uma túnica branca e um “manto” vermelho - só faltou a coroa de espinhos... Foi, como ele mesmo classificou, um “desfile triunfal”...

Aí, um delegado de maus bofes, pra lá de #xatiado, mandou o Inri tirar a túnica, para que ele fosse recolhido “aos costumes”, no pátio da central. E o pobre coitado – vejam só - estava até sem cuecas! Porque Deus, explicaria depois o messias paroara, havia mandado que se livrasse daquela “vestimenta profana”.

Inri puxou 15 dias de cana, no antigo presídio São José, onde foi recebido pelos presos aos gritos de “Cristo, Cristo!”. Foi submetido a um exame psiquiátrico, cujo laudo, dizia-se à época, só sairia no Juízo Final...

Depois de solto, ele ainda ficou um tempo hospedado em um hotel, na Praça da Bandeira. E dia sim, dia não concedia entrevista à imprensa – uma coisa de doido, sem trocadilho.

Agora, 36 anos depois, eis que nos aparece uma mulher que se apaixonou por um defunto e que até dorme, ao lado da sepultura dele, no cemitério de Santa Izabel.

Deve de ser por tanta loucura que até os nossos prefeitos são meio birutas - não escapa nenhum!

Aqui, a reportagem do DOL sobre essa jovem que se apaixonou por um “presunto”, como dizem os nossos repórteres policiais:

Abaixo, o vídeo que está na página da RBA, no Youtube:

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E veja alguns dos jornais da época sobre o caso do Inri, que surrupiei do site dele (https://inricristo.org.br/inri-cristo-na-midia-belenense/):









segunda-feira, 9 de abril de 2018

Não se pode servir ao ódio e a Deus.






Quem acompanha este blog sabe o quanto sou tolerante. E o quanto tento (ao menos tento) ser democrática.

Mas sinceramente, já estou começando a perder a paciência com essas pessoas que ficam pregando a volta da ditadura militar, ou que defendem a eleição de um fascista como o Bolsonaro.

Muitas dessas pessoas se dizem cristãs.

Muitas delas vivem na missa, papando hóstia, ou gritando aleluias, nos cultos evangélicos.

Se dizem “salvas”; se dizem “homens e mulheres de Deus”.

E, no entanto, pregam é o ódio, em vez do amor.

Quem ama a Deus não deseja espancamento, tortura e morte de outro ser humano.

Quem ama a Deus tem é amor e misericórdia.

Quem ama a Deus, consola.

Quem ama a Deus se aflige diante da dor do outro.

Quem ama a Deus semeia é a paz, e não a guerra.

É fácil, muito fácil, dizer-se cristão só porque se vai a uma igreja.

Quero é ver pegar a sua cruz e seguir o Mestre; quero é ver, nessa jornada, levar apenas uma túnica e um par de sandálias; quero é ver ajuntar tesouros no Céu, em vez de acumular riquezas na Terra; quero é ver dar a outra face; quero é ver salvar, em vez de apedrejar.

Todos somos falhos; todos somos tomados pela ira, de vez em quando. E o próprio Jesus foi vítima disso, em relação aos vendilhões do Templo.

Mas acalentar o ódio, fazer disso um sentimento cotidiano e cada vez mais profundo, é viver imerso nas trevas. É nem saber o que significa a luz do Espírito Santo.

Jesus não mandou apenas amar o próximo “de qualquer jeito”, mas amar o próximo como a si mesmo.

E isso significa não desejar ao outro e nem fazer ao outro o que não queremos que nos façam ou que desejem para nós.

Um ser humano tomado pelo ódio, que só vive para o ódio, é um ser humano cada vez mais distante de Deus.

E uma nação tomada pelo ódio, que só vive para o ódio, é uma nação profundamente doente.

E a gente precisa é pedir que Deus tenha misericórdia de nós; que nos ajude a superar um sentimento que é contrário aquilo que de fato nos redime aos olhos Dele.

Como diria São Paulo: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”.

Não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo: ou se serve a Deus, ou se serve ao ódio.

E você, e só você, meu irmão em Cristo, é quem vai escolher a qual senhor, afinal, servirá.

FUUUIIII!!!!  

sábado, 7 de abril de 2018

Não estou triste pela prisão do Lula. Eu estou triste é por você!






Não estou triste pela prisão do Lula.

A minha profunda tristeza é pela situação em que nos encontramos. Pelo abismo em que o Brasil se encontra prestes a mergulhar.

A minha profunda tristeza é por você, que está comemorando uma prisão arbitrária, ilegal, inconstitucional, só porque se trata do Lula.

A prisão ilegal do Lula, um líder de massas, com milhares de pessoas dispostas a defendê-lo, significa que, a partir de agora, nenhum de nós está seguro.

Significa que o mesmo pode acontecer com você, comigo, com nossos amigos, ou até com alguém da nossa família.

Significa que um juiz qualquer, só porque não vai com a sua cara, pode lhe condenar e lhe jogar na cadeia, mesmo que passando por cima das leis e até da Constituição.

Mas aí você pode dizer: “não, isso jamais acontecerá comigo, porque eu sou um cidadão de bem! Nunca matei, nunca roubei, nunca me corrompi!”

Mas entenda uma coisa: enquanto o Lula não for condenado em um processo justo, e no qual já não exista nenhuma possibilidade de defesa, ele é tão “cidadão de bem” quanto você.

Ele nunca matou ninguém, nunca foi flagrado roubando ninguém, sempre trabalhou, tem família e endereço certo. É o retrato típico de um “cidadão de bem”.

Então, você pode até não gostar do Lula, da língua presa dele, dos nove dedos, da barba, do fato de ele ter origem pobre e falar errado; das posições políticas dele e do PT.

Mas uma coisa você não pode negar ao Lula: o direito de ele ser considerado inocente, até que a culpa dele esteja realmente provada, com o fim do processo a que responde.

Você não pode negar ao Lula os direitos constitucionais dele, porque isso permite que os seus direitos sejam negados também.

Veja: essa questão não diz respeito a apenas um cidadão, por mais que você o odeie. Essa questão diz respeito a todos nós, os “cidadãos de bem”.

A prisão de Lula é tão ilegal que até inimigos dele e do PT se levantam contra ela.

É o caso do jornalista Reinaldo Azevedo (aquele que até cunhou o termo “petralhas”) e do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) que sempre fez críticas terríveis ao petismo.

Gilmar Mendes diz que a prisão de Lula é fruto do despotismo do judiciário:

E Reinaldo Azevedo chega a dizer que, a partir de agora, já não há mais como negar que Lula é vítima de uma perseguição política:

E por que é que até eles estão criticando essa prisão? Por que mudaram de lado? Não, eles continuam criticando o PT e o Lula do mesmo jeito.

Mas ambos, Gilmar Mendes e Reinaldo Azevedo, que são até de direita, já perceberam o perigo que representa para todos nós, para os nossos direitos, a prisão ilegal de um cidadão como o Lula.

Eu não tenho milhares de pessoas dispostas a me defender - e acho que você também não.

Eu não tenho dinheiro para pagar grandes advogados - e acho que você também não.

Então, pare por um momento com todo esse ódio e pense na questão maior: os seus direitos. E os direitos dos seus filhos, da sua mulher, do seu marido, dos seus irmãos, dos seus amigos.

Não podemos permitir que meia dúzia de alucinados rasguem as nossas leis.

Não podemos admitir que um juiz saia por aí mandando prender alguém ilegalmente, só porque antipatiza com ele.

Não podemos permitir uma prisão ilegal só porque o sujeito é nosso inimigo político.

Isso é o fim da Justiça no Brasil. É o fim do Estado de Direito. É o fim da Democracia. É o fim da República. É o fim da nossa Constituição.

E se você não consegue enxergar isso, só por causa de todo esse ódio que sente pelo Lula, então, me desculpe, mas você precisa, urgentemente, é procurar um médico.

FUUUUIIIII!!!!!

quinta-feira, 5 de abril de 2018

O ovo da serpente (1)




Ninguém se iluda: se essa turba conseguir passar por cima da liderança de Lula, babau. 

O que os manipuladores da turba pretendem não é apenas impedir a candidatura de Lula, coisa que, aliás, já está garantida, com a condenação dele em segunda instância. 

O que se pretende, em verdade, é neutralizá-lo; é remover o grande obstáculo popular a uma ditadura fascista. 

E o preocupante é que os nossos partidos políticos, as nossas lideranças políticas, parecem ainda não ter percebido a extensão do que está em marcha. 

É verdade: o alvo agora é o PT. Mas todos os partidos democráticos serão destruídos. 

Depois do PT, o PMDB. Depois do PMDB, o PSDB. E assim sucessivamente, até que não sobre nenhum. 

A estratégia é velha, mas nem por isso menos inteligente: o alvo foi fatiado, dividido, para que essa gente possa reinar. 

Eu não faria diferente, nem você, simplesmente porque não há como arremeter contra todos esses grandes partidos ao mesmo tempo e sair vitorioso. 

A prisão de Lula é, portanto, estratégica nesse jogo. Além de desgastá-lo aos olhos públicos e tentar amedrontar os que ousem defendê-lo, vai retirá-lo das ruas, enfraquecendo a sua possibilidade de ação. 

A prisão também acontece em um momento propício, já que os partidos se engalfinham, devido à campanha eleitoral. 

E, também, em um momento em que o maior partido nacional, o PMDB, o grande centro político do Brasil, mostra-se ainda seduzido por ocupar a Presidência da República. E, até quem sabe, seduzido pela possibilidade de comandar uma “centralização do poder”, ainda que jogando no lixo o próprio nome e história. 

E acontece, ainda, enquanto o PSDB continua a acreditar na possibilidade de reconquistar o poder, com a ajuda dessa turba. 

Mas que ninguém se iluda: o futuro que se desenha a nossa frente não é o de um simples governo constitucional de direita, o que de qualquer forma significaria alguma liberdade democrática. 

É, na verdade, um regime fascista, fora da lei, com a supressão de direitos fundamentais dos cidadãos. Com mais e mais prisões ilegais; mais e mais assassinatos de lideranças políticas e toda a sorte de violências. 

E para essa grande festa do fascismo, sinto informar, nem PMDB nem PSDB estão convidados. Ambos cairão, da mesma forma que o PT. É apenas uma questão de tempo. 

Então, é preciso que as nossas lideranças políticas acordem, urgentemente, para a necessidade de uma ampla frente democrática contra o fascismo. 

Uma frente que não seja apenas das esquerdas, com meia dúzia de gatos pingados. 

Mas uma frente – da esquerda à direita – que reúna todos os cidadãos que possuam um apreço mínimo que seja pela Democracia; todos os cidadãos que já tenham despertado para o perigo que ronda este país. 

A hora é de somar forças contra um, e apenas um inimigo: a ascensão do fascismo. 


O ovo da serpente (2) 

Além da estratégia, também o discurso dos manipuladores dessa turba é velho. E além de velho, é fácil, mas nem por isso menos eficaz: nenhum político presta, nenhum partido presta, todos são bandidos. 

E como “bandido bom é bandido morto”, que sejam arrastados pelas ruas e lançados em calabouços os mais infectos possíveis, para que mofem, se possível, até o fim da vida. 

Tenho um amigo que, quando falávamos nisso, lembrou-me da Revolução Francesa. 

E aí, eu disse a ele: “não, meu amigo, não dê todo esse Ibope a essa gente”. 

Porque a comparação mais adequada para essa turba é com as multidões medievais, daquelas domingueiras com “churrasquinho de gente” da Santa Inquisição. 

Quase não há “sans-culottes” nessa turba, a não ser para o trabalho braçal de balançar bandeiras e executar coreografias chinfrins. 

E o discurso que seguem é apenas catártico, e não socialmente transformador, evolutivo. 

O bode expiatório da política (com seus partidos e agentes políticos) como que lhes infunde uma espécie de “elevação moral”. 

Mas sem que tenham de pensar sobre o porquê de a corrupção alcançar, desde sempre, níveis assustadores no Brasil. 

No fundo, é um distanciamento, para que se possa manter uma pseudoinocência: “não, eu não sei de onde surgiram esses políticos. Eles simplesmente apareceram aí”. 

Como se os políticos, bons e maus, não tivessem sido eleitos, inclusive pelos integrantes dessa turba, e não espelhassem os anseios e comportamentos da sociedade brasileira. 

Muitos deles são desonestos? E o que dizer da sociedade brasileira, com as suas propinas, assédios, nepotismo e outras infrações legais cotidianas? 

É verdade: temos que melhorar a qualidade dos nossos políticos e do próprio sistema eleitoral. 

Temos que apertar as condições de elegibilidade e de permanência na vida pública. 

Temos, sim, que ter maior rigor com as campanhas eleitorais e com aqueles que nos representam. 

Mas enquanto considerarmos a nossa corrupção mais “santa”, mais justificável que a do outro; enquanto colocarmos os nossos interesses individuais acima dos interesses coletivos, lá, no segredo da urna, continuaremos a eleger cidadãos praticamente idênticos a esses que temos hoje. 

Nenhum de nós é “inocente” nessa história. Todos erramos, quer por ação ou omissão. 

E isso vale, também, para todas as nossas instituições, como é o caso do nosso Judiciário. 


O ovo da serpente (3) 

Os manipuladores da turba dizem defender a República. 

Mas isso é, no mínimo, uma contradição: quem, em verdade, defende a República, respeita as suas leis e ama a sua Constituição. 

E se ninguém, em uma República, está acima da Lei, também não está abaixo dela. 

Há muito tempo, aliás, até já escrevi aqui: não é arrastando os ricos e poderosos pelas ruas, para igualá-los à massa de brasileiros sem acesso à Justiça, que iremos melhorar este país. 

Temos é que inverter o raciocínio: o que é preciso é garantir que todos os cidadãos, por mais pobres que sejam, tenham acesso à Justiça e tenham preservada a sua dignidade contra as multidões. 

Isso, sim, é que é republicanismo. 

E o interessante é que os porta-vozes dessa turba, que dizem defender a “igualdade” de tratamento no judiciário, com a prisão de qualquer jeito das nossas lideranças políticas, são os mesmíssimos que não estão nem aí para as condições subumanas das nossas penitenciárias, e para a enorme quantidade de presos que nunca foram nem sequer julgados. 

Esses cidadãos foram simplesmente jogados lá, nesses presídios, para que apodreçam. E essas pessoas, tão “preocupadas” com a “igualdade” de tratamento legal, nunca disseram nem mesmo um ai. 

Então, não é o republicanismo que move essas pessoas. Não é nem mesmo uma sensibilidade em relação à massa pobre e desprotegida, sem acesso à Saúde, Educação e Segurança, devido à corrupção, como disse o ministro Luís Carlos Barroso. 

Isso é pura propaganda política, para tentar capturar mais e mais incautos. 

Além, é claro, de pitadas de canalhice: o uso de objetivos nobres, para se isentar de responsabilidade pela impunidade que sempre grassou neste país. 

O povo brasileiro precisa ser alertado para os reais objetivos desses messias. E precisa compreender, sobretudo, o seguinte: uma República que pretende se “refundar” no ódio e na intolerância, a pisotear direitos elementares do ser humano, não é, com certeza, um bom sinal.