Da série “Recordar é Viver”
Do deputado federal Vic Pires Franco (DEM), em 30/07/2008, no blog Quinta Emenda – caixinha de comentários da postagem “O caminho das pedras”.
...com apartamento, na rua do Acampamento, anunciado para venda na internet: R$ 230 mil.
O deputado Vic Pires Franco (DEM) é um sujeito de muita, muita sorte.
Pelo menos é isso que se pode depreender da inacreditável declaração de bens que apresentou, em 2006, ao Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
Tome-se como exemplo o apartamento de Vic no luxuoso edifício Atalanta, em plena Doca de Souza Franco, no bairro do Umarizal, onde o valor do metro quadrado está entre os mais altos de Belém.
Na declaração de bens do deputado, o valor desse apartamento, no coração da Doca, é de apenas R$ 203.128,00.
Isso mesmo, você não leu errado: pouco mais de 203 mil reais.
Segundo o site do badalado arquiteto Carlos Bratke, autor do projeto do Atalanta, cada apartamento daquele edifício (um por andar) tem piscina no próprio pavimento e 800 metros quadrados de área útil.
Em outras palavras: em cada apartamento do Atalanta cabem mais de 11 apartamentos de dois quartos, que possuem, em geral, 70 metros quadrados.
E veja bem: o apartamento de Vic, no 11 andar do Atalanta, fica numa área de Belém em que o preço do metro quadrado gira em torno de R$ 5 mil a R$ 6 mil.
Mas, embora estarrecedor, o apartamento do Atalanta não é o único bem de Vic a figurar em sua declaração de imposto de renda com um valor extraordinariamente abaixo dos preços de mercado.
Há bens, adquiridos mais recentemente (o Atalanta é da década de 90) cujos valores declarados por Vic deixam boquiabertos os profissionais do mercado imobiliário de Belém.
É o caso dos apartamentos tipo flat que possui em São Paulo e Brasília e das salas comerciais de sua propriedade no edifício Síntese XXI, na Conselheiro Furtado próximo à Alcindo Cacela, e no belíssimo edifício Connext (lê-se conect), na Dom Romulado de Seixas.
Ou, ainda, das casas que obteve, segundo ele como resultado de permuta, no Condomínio Oásis, na BR-316, atrás do Makro.
O Gastão paraense
O moderno e luxuoso edifício Connext, em Belém, onde Vic declara que comprou quatro salas por R$ 199.763,91.
Inaugurado no final do ano passado, o Connext fica, também, em área nobre: a Dom Romualdo de Seixas, às proximidades da Domingos Marreiros.
Lá, segundo um corretor de imóveis, um “loft” custa em torno de R$ 500 mil e, as salas mais baratas, com 23 metros quadrados, R$ 105 mil cada.
No entanto, na declaração de bens que Vic apresentou ao TSE, em 2006, consta que ele comprou quatro salas naquele edifício por apenas R$ 199.763,91.
Como não queria me identificar, disse a um corretor que eu tinha um amigo que me ofereceu quatro salas no Connext por R$ 199 mil.
A resposta dele: “R$ 199 mil? As quatro?... Só se for na planta, mas, não tô acreditando nesse preço nem na planta...”
Outro corretor, também de uma grande imobiliária de Belém, disse que tem para vender duas salas geminadas, no 15 andar do Connext, que totalizam 46 metros quadrados. Valor da transação: R$ 240 mil.
Inconformado com o valor atribuído às quatro salas, o corretor pegou na calculadora, fez as contas e observou: “veja só: o metro quadrado dessas duas salas que tenho para venda sai por R$ 5.270,00 – e olhe que elas não têm acabamento; estão só no cimento. Já o metro quadrados das quatro salas dessa pessoa fica em R$ 2.171,00. Não tem como, é completamente fora do mercado. A média do metro quadrado no Umarizal é de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Aliás, qualquer construção nova em Belém, construção boa, com porcelanato, não sai por menos de R$ 4 mil o metro quadrado”.
Na internet, é possível encontrar informações sobre o arrojado Connext.
No prédio residencial, são 88 lofts em 34 andares. O revestimento externo é com pastilhas de porcelana, a fachada tem vidros reflexivos.
O piso dos apartamentos é em porcelanato e o edifício tem quatro elevadores “de alta performance”, gerador de energia, estrutura para Split e internet banda larga.
Na cobertura, há piscina aquecida com raia, bar molhado, sauna com hidromassagem, salão de jogos, deck solarium, academia climatizada e até espaço gourmet com adega, entre outros confortos.
E, da mesma forma que o prédio residencial, também o Connext Office é chiquérrimo.
São 20 andares com 130 salas comerciais e layout flexível, revestimento externo com pastilha de porcelana e vidros reflexivos, elevadores “de alta performance”, internet banda larga, gerador de energia e estrutura para air split.
Daí que um corretor não tenha resistido, ao saber do valor atribuído a essas quatro salas, e também às casas no condomínio Oásis e aos escritórios no edifício Síntese XXI: “Diga a esse cidadão que ele foi muito bem aquinhoado pela sorte. Eu só tenho é de parabenizá-lo”.
(Continua daqui a pouco)
Uma grande incógnita
Na noite de anteontem, a Perereca conversou com o presidente e a vice-presidente do Sindetran – respectivamente, Elias Monteiro e Ariete Costa.
O blog também teve acesso ao contrato do Detran com a oscip paulista.
O valor alcançou mais de R$ 106,7 milhões porque teve por base, além do prazo contratual de 60 meses, o pique de 874.181 vistorias em 2014, quando o serviço atingiria, além da Região Metropolitana de Belém, os principais pólos do estado.
A previsão pelo máximo, segundo um procurador de Justiça consultado pelo blog, não é irregular. Pelo contrário: dá transparência ao processo, na medida em que não escamoteia os valores realmente envolvidos.
De acordo com o procurador, o que chama a atenção é a megadispensa licitatória, uma vez que nem a destinação de 78% da taxa de inspeção veicular para a oscip pode ser considerada, de bate-pronto, irregular.
“Tem de ver com o que ela (a entidade) entraria e os gastos do Detran” – aconselha o procurador – “porque isso também pode ser lido como um dinheiro que entraria para o Detran sem despesa nenhuma”
E é aí, justamente, que a porca torce o rabo.
60% da arrecadação
O presidente do Sindetran, Elias Monteiro, calcula que a implantação do serviço de inspeção veicular ambiental, na capital e nas 12 regionais interioranas do Detran, ficaria em cerca de R$ 3 milhões.
“De acordo com um levantamento do sindicato, cada máquina para essa inspeção custa R$ 43 mil. Quer dizer, o maquinário, que é o mais caro, ficaria em cerca de R$ 800 mil”, observa.
Além disso, acrescenta, os gastos do Detran para a manutenção do serviço não chegariam a R$ 500 mil/ano, já que se resumiriam, basicamente, à atualização de pessoal.
Outro dado importante é que o Detran contratou 185 novos ‘vistoriadores”, através de concurso público realizado em 2008.
Em outras palavras: o Detran possui, em tese, condições de realizar diretamente esse serviço, a partir de um investimento mínimo em relação as suas receitas.
E esse é mais um detalhe a chamar a atenção: no ano passado, a arrecadação do Detran alcançou R$ 165 milhões.
O que significa dizer que o contrato com o CNDA equivaleria, ao longo dos próximos cinco anos, a uns 60% da arrecadação atual do Detran.
Daí a dificuldade de entender, em primeiro lugar, o porquê da tentativa de terceirização.
Sem intermediação
Na tarde de ontem, a Perereca entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do Detran do Rio de Janeiro, que já realiza a inspeção veicular de gases poluentes há dez anos.
E vejam só: no Rio de Janeiro o serviço é executado diretamente pelo Detran, em parceria com o Ineia, que é o instituto estadual de meio ambiente.
Mais: a checagem da emissão de gases poluentes é uma rotina – um dos itens que integram a vistoria anual.
Daí que inexista uma taxa específica: o custo do serviço está embutido na taxa anual de licenciamento, que é de R$ 87,86, já incluída a tarifa bancária.
O mais caro do Brasil?
Além do Rio de Janeiro, só a cidade de São Paulo já vinha realizando a inspeção veicular ambiental que uma resolução do Conama, em novembro do ano passado, tornou obrigatória para todo o Brasil.
Em São Paulo, quem executa o serviço é a Controlar, uma empresa criada pelo consórcio que venceu a licitação.
A Controlar tem parceria técnica com uma gigante alemã, a Tüv Nord, e instalações enormes – segundo a sua assessoria de imprensa, os centros de atendimento possuem, normalmente, 17 mil metros quadrados.
No entanto, vocês sabem quanto é a taxa de inspeção veicular ambiental cobrada pela Controlar? R$ 56,44, já com o reajuste deste ano.
Nem mesmo na terra do enroladíssimo José Roberto Arruda, o Distrito Federal, essa taxa alcança os níveis paraenses.
Lá, decreto de Arruda fixou um teto de R$ 70,65 para o serviço, que será terceirizado através de licitação.
Mais: segundo matéria da Agência Estado, de dezembro do ano passado, há dúvidas quanto à legalidade dessa taxação.
“De acordo com a assessoria do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a inspeção veicular somente deveria ser liberada e cobrada dos proprietários dos veículos depois de aprovada a regulamentação do artigo 104 do Código Brasileiro de Trânsito (CBT, a Lei 9.503/97). Tanto é que a Comissão de Transportes da Câmara concluiu há sete anos um projeto de lei para regulamentar o CTB. A proposta nunca foi votada”, diz a matéria.
Só seis estados
A Resolução 418, editada pelo Conama em novembro do ano passado, fixou um prazo de 12 meses para que os estados apresentem seus planos de controle de poluição veicular (PCPV).
Tais planos é que vão definir as características dos programas de inspeção e manutenção da frota (a Perereca voltará mais adiante a isso).
Segundo o técnico Adriano Ribeiro, do Conama, tais PCVP’s são obrigatórios para todos os estados e, também, para os municípios com mais de três milhões de veículos.
É o oposto do que afirmam dezenas de notícias que circulam na internet: nelas, consta que as vistorias ambientais só seriam obrigatórias para estados e municípios com frota superior a três milhões de veículos - no caso, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mesmo no Distrito Federal, onde Arruda se apressou em terceirizar o serviço, a frota não alcança nem 1,2 milhão.
Na Região Norte, então, nem se fala: todas as frotas estaduais somadas, segundo dados do Denatran de dezembro do ano passado, totalizam pouco mais de 2,5 milhões de veículos, 848.170 deles no Pará.
Não tem “as condições”...
Não bastasse tudo isso, o presidente do Sindetran, Elias Monteiro, ainda alimenta uma suspeita gravíssima: ele acredita que o CNDA, apesar de embolsar 78% da taxação, acabaria por utilizar instalações e pessoal do Detran.
Elias não tem como provar tais suspeitas.
Mas, levanta questionamentos preocupantes.
Lembra, por exemplo, que o CNDA não possui nem instalações, nem funcionários no Pará.
“Você não faz uma empresa como essa da noite para o dia” – argumenta – “Leva tempo para montar uma estrutura e até para contratar e treinar gente. Eles dizem que os funcionários seriam deles porque não têm como justificar esse valor todo”.
Segundo ele, há precedentes nesse sentido: empresas contratadas pelo Detran que utilizam, na execução de serviços terceirizados, a estrutura da instituição.
Há outros indicadores, porém.
E o mais importante, talvez, é a comparação entre o CNDA e as exigências contratuais.
Rezava o contrato anulado que a oscip seria responsável pelos recursos humanos, materiais, equipamentos e instalações necessárias à inspeção veicular ambiental.
No Termo de Referência elaborado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), consta que os centros de inspeção teriam de ser de alvenaria, ou de material resistente inclusive a fogo, com áreas de inspeção cobertas e fechadas lateralmente e pátio de estacionamento com espaço para três veículos em fila de espera (pelo menos), em cada linha de inspeção.
O cronograma previa a conclusão, na Região Metropolitana, de dez linhas de inspeção em até 90 dias após a assinatura do contrato (o que aconteceu em 2 de fevereiro); e de mais 12 linhas, em até 180 dias.
Além disso, seria preciso instalar quatro linhas de vistoria, para veículos pesados, em até 270 dias, também na RMB; e mais seis linhas em Santarém e Marabá, até janeiro do ano que vem, quando também deveriam estar implantadas unidades volantes em mais oito municípios.
Também seria preciso um call center, com pelo menos dez técnicos, ou uma página de internet, para o agendamento das vistorias pelos usuários.
No entanto nada nessa oscip, o CNDA, indica que ela possuísse dimensões ou capacidade técnica para encarar exigências assim.
Arte e cultura
No site da Receita Federal, consta que a principal atividade do CNDA é a de associação de defesa de direitos sociais.
As atividades secundárias são, também, organizações associativas “ligadas à cultura e à arte”.
A situação cadastral é de novembro de 2005, quando o endereço dela ficaria no 1 andar do edifício 475 da avenida Paulista, em São Paulo.
Hoje, ela funcionaria na rua Dr. Renato Paes de Barros, 512, conjunto 131, no Itaim Bibi - e o endereço é o mesmo do Museu Sócio Ambiental (Musa), portal desenvolvimento pela oscip e que oferece palestras, vídeos e cursos gratuitos sobre o meio ambiente.
O próprio CNDA, pelo que consta em seu site, também se debruça muito mais sobre projetos, cursos, palestras, certificações ambientais e atividades afins.
Além disso, se a implantação da vistoria ambiental representaria, talvez, um investimento pequeno para o Detran, tendo em vista a estrutura que já possui, o mesmo não se pode dizer de uma entidade ou empresa privada, ainda por cima de fora do Pará.
Tome-se como exemplo a Controlar, que realiza o serviço na cidade de São Paulo.
Segundo a revista Exame de 10 de fevereiro do ano passado, os investimentos, para a abertura de mais 11 centros de controle até outubro deste ano na cidade de São Paulo, consumirão R$ 160 milhões.
É claro que São Paulo é um gigante sem paralelo no Brasil e a Controlar, uma empresa de grande porte.
Mas, o fato é que até a Controlar, com toda essa robustez financeira e num estado como São Paulo, levou três meses, após o resultado da licitação, para implantar as estruturas iniciais e contratar e treinar a mão de obra necessária a esse tipo de serviço.
Que dizer, então, do CNDA e, mais ainda, no estado do Pará?
Ainda mais inquietante, porém, é a informação publicada, no último final de semana, pelo jornal Correio Braziliense.
Segundo o jornal, o coordenador do Comitê de Novos Projetos do CNA, Sérgio Carneiro Gatto, é citado em uma investigação do MP de São Paulo sobre crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e constituição irregular de empresas.
Na página 27 do relatório MP, afirma a matéria, “está escrito que ‘Sérgio Carneiro Gatto possui antecedentes por crimes de apropriação indébita, receptação e falsificação de documento público’. Na página anterior, quando os promotores mencionam uma empresa de nome Talgary Investment Services, Gatto aparece como receptador de documentos de Daniel Rojos Filho, citado como ‘brasileiro domiciliado nos Estados Unidos que forneceria seus documentos e cheques frios para que Sérgio Carneiro Gatto, com Paulo Sérgio Romero, aplicasse golpes no Brasil”.
O mesmo jornal contatou o advogado Orestes Fernando Corssini Quércia, filho do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que figura no site do CNDA como integrante do conselho diretor da entidade.
Mas, diz a reportagem, “Quércia informou que praticamente desconhece a instituição”. E declarou: “Fui convidado a ingressar (no CNDA) por causa do meu trabalho na área de meio ambiente, mas nem sei onde fica essa organização, porque não tenho contato. Sou apenas um conselheiro convidado”.
Contrato legal
O procurador-chefe do Detran, Carlos Topino, garante, no entanto, que o contrato com o CNDA era legal e diz que a anulação foi uma decisão de governo.
Sustenta, também, que a tecnologia usada na vistoria da emissão de gases poluentes e ruídos é muito cara e que o Detran não possui condições de realizar o serviço.
“Não temos nem técnicos, nem tecnologia para isso”, resume.
Afirma que o Detran realizou um estudo para dimensionar tais investimentos, mas alega que não se lembra em quanto ficariam.
Perguntei-lhe sobre o levantamento do Sindetran, que aponta um custo unitário de R$ 43 mil pelos equipamentos necessários ao serviço (menos de 20).
A resposta de Topino: “Não se pode levar a sério o que o sindicato diz. Até agora, tudo o que disseram são mentiras, que se devem até aos PADs (processos administrativos) abertos contra eles”.
O procurador assinala que só o Rio de Janeiro e São Paulo realizam o serviço em todo o Brasil, apesar de obrigatório.
E observa que o Rio de Janeiro, que executa o serviço diretamente, levou mais de uma década para dominar a tecnologia necessária:
_O Rio de Janeiro faz isso há mais de dez anos. Naquela época, ele contratou um engenheiro químico que desenvolveu a tecnologia. Isso demanda muito tempo de pesquisa e instalação, coisa que a gente não tem, com a Resolução do Conama.
Além disso, considera “antiquada essa visão de concentrar tudo nas mãos do Estado” e argumenta, sobre os quase 200 “vistoriadores” contratados pelo Detran, que eles não estão capacitados para esse tipo de serviço, mas, para a vistoria mecânica.
E lamenta: “Com esse contrato, o Pará se tornaria o terceiro estado brasileiro a realizar o controle veicular de poluentes, e o Detran e a Sema arrecadariam R$ 40 milhões, ao longo dos próximos cinco anos. Agora, não acontecerá nada disso. E tem mais: esses R$ 106 milhões eram uma estimativa, considerando a vistoria anual de toda a frota do estado. O Detran não estaria pagando isso à empresa. A receita seria advinda do usuário”.
Como o clima que se respira lá dentro é de liberou geral, vale até uma dispensa licitatória desse tamanho, a imaginar que se trata da coisa mais natural do mundo.
Daí a possibilidade de que tal contrato seja, apenas, o começo de um inevitável transbordamento...
O xis da questão é esse jogo de empurra entre o Governo e o PMDB.
(E tal assertiva já soa estranha: afinal, o PMDB AINDA faz parte do Governo).
O Governo diz que entregou o Detran de “porteira” fechada ao PMDB.
Em outras palavras, com tudo dentro: cargos, dinheiro, poder de mando.
Mas o PMDB alega que entregou o Detran ao deputado Martinho Carmona.
E essa é outra afirmação esquisita, já que Carmona, para o bem e para mal, integra o PMDB.
Pode-se alegar, em defesa do PMDB, que Carmona é um elemento “suprapartidário”, já que seus interesses e “rebanho” não são exatamente os mesmos do partido, e sim de seu lobby evangélico.
Mas, ainda assim, é o PMDB a legenda de Carmona.
O Detran caiu no colo do deputado na esteira das negociações para a eleição de Domingos Juvenil, também do PMDB, à Presidência da Assembléia Legislativa.
A história, diz-me uma fonte peemedebista que jamais admitirá isso em público, teria sido mais ou menos a seguinte: Ana teria pedido a Carmona para se candidatar à Presidência da AL, para barrar Juvenil.
O PMDB, então, teria chamado Carmona, oferecendo-lhe o Detran e uma vaga do TCE (Tribunal de Contas do Estado), para que desistisse da disputa.
“Não foi bem assim. O Carmona não desistiu por causa disso” - conta alguém próximo do parlamentar – “Depois da eleição do Juvenil é que o PMDB chamou o deputado e disse que tinha um débito com ele e lhe ofereceu o Detran”.
O importante, como se vê, é isto: a entrega do Detran a Carmona foi uma decisão interna do PMDB – e não, como o partido “vende” ao distinto público, uma negociação entre a governadora Ana Júlia Carepa e o deputado-pastor.
As circunstâncias que cercaram tal entrega são, apenas, detalhes.
O miolo do “causo” é o caráter partidário de tal decisão.
E o fato de que o Detran, embora autarquia, não é espécie de “membro fantasma” do Governo.
Assim, Governo e PMDB têm, sim, enorme parcela de responsabilidade pelo que acontece lá dentro
(daqui a pouco tem mais)
Vem aí mais um processo por improbidade administrativa contra a ex-secretária de Educação Iracy Gallo. A ação é assinada por cinco promotores de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público e será ajuizada, possivelmente, na manhã de hoje.
Avaliação
Semana que vem deve sair uma nova avaliação do governo de Ana Júlia, diz-me uma fonte do PT.
E, até 10 de abril, as lideranças do partido vão se reunir para começar a planejar a campanha de reeleição da governadora.
Iceberg
Fonte do Detran garante que há pelo menos mais quatro contratos da autarquia firmados “sem amparo legal”. A conta para o contribuinte seria salgada: algo em torno de R$ 20 milhões.
Pirataria intelectual
Hiroshi Bogéa bate pesado na “vampirização” de notas e “furos” por blogueiros e colunistas dos jornalões.
Hiroshi está coberto de razão.
É muito legal quando outros blogs reproduzem notícias que a gente publicou.
Mas, quando isso é feito sem citar a fonte, o caso passa a ser de pura e simples pirataria intelectual.
A maior parte dos blogs – e muito raramente os jornais – tem o cuidado, a postura ética, de citar a fonte da informação.
Mas há uns poucos – as maçãs podres – que agem como verdadeiros chupins: pegam um fato noticiado por outro blogueiro, mudam a redação aqui e acolá e carimbam como se fosse “deles”.
E, o mais incrível: até afirmam que estão a noticiar “em primeira mão”.
Por isso, parabéns ao Hiroshi.
O desabafo dele está aqui:
http://hiroshibogea.blogspot.com/2010/03/dedurando-vampiros.html
Parsifal “Gomes”
Continua imperdível a novela “Turvos ventos velas não sopram” do deputado Parsifal Pontes.
O segundo capítulo foi postado na sexta-feira.
Se você ainda não leu, aqui vai um trechinho:
“Na sua sala do segundo andar do Diário do Pará, o deputado Jader Barbalho tomou-me o braço e soou o ataque:
- Não vamos descansar até a vitória. Vamos vencer a eleição. Não esperemos estrutura alguma do PT. Vamos lançar mão do que tivermos e sair imediatamente pelo Pará. Eu não tenho dúvidas de que venceremos!”
Aqui: http://pjpontes.blogspot.com/2010/03/turvos-ventos-velas-nao-sopram-ii.html
Mas leia logo porque ainda hoje deve ser postado o terceiro capítulo dessa saborosa recriação de O Bem Amado...
Volto já
O senador disse que pediu ao Ministério Público Estadual (MPE) a abertura de investigação sobre o caso e chamou a atenção, especialmente, para a justificativa apresentada pela consultora jurídica da Seduc, Amália Xavier dos Santos, para a assinatura do contrato sem licitação.
No documento, disse Couto, a consultora reconhece que "não houve a formalização de um processo licitatório para contratações de tais serviços (os previstos na reforma), ficando, todavia, comprovada a relação jurídica, ainda que verbal, estabelecida entre a Secretaria de Educação do Estado do Pará e a empresa Phoenix Engenharia Ltda".
Na opinião do tucano, o parecer da consultora seria, em outras palavras, um "concordo com o roubo". A notícia está aqui
No entanto, a Seduc esclarece que a obra foi, sim, realizada sem licitação - só que isso aconteceu em 2006, quando o governador do Pará era, ainda, o tucano Simão Jatene.
Aliás, diz a Seduc, a reforma feita pelos tucanos de pouco adiantou, porque será preciso executar novos serviços na escola...
Abaixo, a íntegra da nota da Seduc:
“SEDUC ESCLARECE " DENÚNCIA" DO SENADOR
Com relação às “denúncias” do senador Mario Couto (PSDB), publicadas na edição do dia 17, no caderno Política, do jornal O Diário do Pará, sob o título “Couto denuncia irregularidades”, a Secretaria de Estado de Educação ( Seduc ) esclarece que, de fato a obra foi executada "sem licitação ou emissão de carta convite”, mas isso ocorreu no ano de 2006, ou seja, exatamente quando estavam no governo do estado, representantes do mesmo partido do senador.
A partir da averiguação de responsabilidade e feita declaração de execução dos serviços, assinada pela diretora da instituição, a Seduc procedeu ao pagamento devido, na forma de ressarcimento, já que havia sido comprovada a execução da reforma.
A obra citada, foi para adequar o prédio atual onde funciona a Unidade Especializada Yolanda Martins, localizada na Lomas Valentina com a 1º de Dezembro, que naquele ano de 2006, teve que ser transferida, já que o antigo espaço onde funcionava, anexo à escola Lauro Sodré, seria utilizado para estacionamento do novo prédio do Tribunal de Justiça do Estado.
Outro fato, que o senador esqueceu de citar foi que a reforma por ter sido feita em caráter emergencial, obriga a Seduc, hoje, a executar novos serviços, uma vez que a Unidade está precisando de vários reparos para melhor atender seus alunos. Dessa forma, a Secretaria vai iniciar já na próxima semana, novas obras que garantam um atendimento de qualidade pela instituição, que atende atualmente, a cerca de 300 alunos, portadores de necessidades especiais”.
A notícia sobre a nota de esclarecimento da Seduc foi publicada em primeira mão pelo blog do Hiroshi. Aqui:http://hiroshibogea.blogspot.com/2010/03/barrigada-de-couto.html
“Para ser vice, nesta eleição, eu teria de sair da Prefeitura até 3 de abril. E isso seria um equívoco enorme, tendo cumprido apenas um ano e três meses do meu segundo mandato”, afirmou.
Helder disse que tem um compromisso com a população de Ananindeua e considera que seria “uma deslealdade” deixar o cargo agora. “Seria mostrar que só estou interessado em minha própria carreira”, observou.
Quanto ao fato de tal decisão resultar em dificuldades, já que poderá ficar dois anos sem mandato – ele deixará a prefeitura em 2012 e só poderá concorrer às majoritárias ou a deputado em 2014 – disse, apenas: “O futuro a Deus pertence. Longe de mim querer pautar os planos do Senhor”.
Helder reconheceu , no entanto, que pretende, sim, eleger-se governador, embora não confirme a pretensão de disputar o cargo em 2014.
“Quem faz carreira política, deseja, é claro, chegar ao Executivo. E eu tenho o sonho de chegar a essa função. Mas, não é correto futurologia de quando será isso. O correto é dizer que desejo, no futuro, ser governador do Pará”.
Ele evitou entrar em detalhes sobre as negociações entre o PMDB e o blocão PTB/PR. Disse, apenas, que seu pai, o deputado Jader Barbalho, presidente estadual do PMDB, tem dialogado com todos os partidos.
Também foi reticente ao falar sobre a possibilidade de Jader se candidatar ao Governo do Estado, nas eleições deste ano.
“Esse é um assunto que ainda deverá ser debatido pelo PMDB. Há pressão do partido para que ele seja candidato ao Governo. Mas ele tem colocado, de maneira serena, que a sua condição de líder político o obriga a analisar o cenário local e nacional, para tomar a melhor atitude”, sapateou.
E se ele, Helder, estivesse no lugar de Jader, o que faria? – quis saber a Perereca.
A resposta: “Se eu fosse ele, aguardaria algumas outras informações. Quando você é um líder político, não pode ser visto como um atirador. E ele (Jader) não é um franco-atirador; se fosse, resolveria, apenas, pelas conveniências pessoais. Mas, há um número de pessoas que lhe delegaram a responsabilidade partidária. Por isso, ele precisa analisar os cenários, para ver o que é melhor para o partido, hoje e mais adiante. E tem de ver, também, o que a sociedade espera dele”.
E acrescentou: “Acho que ele age de maneira correta, ao fazer tudo isso. E acho que a decisão definitiva dele não deve passar de abril”.
Sobre a possibilidade de recomposição da aliança com o PT, Helder disse que tudo é possível: tanto recompor com os petistas, quanto “conversar” com o PSDB – ou, ainda, “encabeçar a terceira via”.
Sobre a resistência que existiria dentro do PMDB a uma recomposição da aliança com os petistas (o que poderia levar as bases e lideranças peemedebistas a apoiarem o tucano Simão Jatene, caso Jader feche acordo para a reeleição da governadora Ana Júlia Carepa), Helder afirmou:
_Primeiro, acho que não existe essa questão de não seguir a orientação do deputado Jader Barbalho. Se alguém é da tese que não haverá acompanhamento da decisão dele, esse alguém não tornou pública essa intenção. Tivemos, inclusive, uma reunião, na segunda-feira da semana passada, com a presença de 15 prefeitos do PMDB. Todos eles pediram para que o deputado Jader Barbalho seja candidato ao governo. Mas também disseram que, se ele não for candidato, seguirão a liderança dele.
E enfatizou: “O partido marchará unido”.
Helder disse também, acerca das dificuldades de composição com os petistas, que elas existem “da mesma forma que existem com o PSDB”.
Mas, observou, em ambos os casos elas não são “instransponíveis”.
A seu ver, há duas palavras que traduzem exatamente o sentimento existente no PMDB.
A primeira é confiabilidade/credibilidade. A segunda, conveniência.
E comentou: “Se for conveniente, vamos encabeçar uma terceira via. Se for conveniente o PT ou o PSDB, iremos também.
Tais negociações envolvem “programa de governo, participação no governo e relações institucionais”.
No entanto, avisa: “Fique certa de que não iremos pela conveniência dos outros. E sim pela conveniência do partido e do eleitorado que o PMDB representa”.