segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Bolsonaro, a nau dos desesperados e a grande batalha de comunicação que se avizinha.



 Assim como na natureza, também na política um animal acuado lutará ferozmente.

“Pelos eriçados”, para parecer maior do que é, partirá para o ataque, a fim de assustar os adversários e obter uma rota de fuga.

Mais do que as eleições municipais, o foco imediato de Bolsonaro é o próprio pescoço.

Porque, obviamente, ele já sabe que o seu encarceramento se aproxima.

O mesmo vale para os “pastores” e outras lideranças nazifascistas, que sabem muito bem o que fizeram no Janeiro passado.

Afinal, se a PF e o STF já começam a encurralar até militares de altas patentes, tidos como “intocáveis”, é certo que a hora desses “pastores” e demais lideranças também chegará.

O comício da Paulista é uma jogada perigosa, mas a única que restou a essas pessoas.

Elas precisam demonstrar força.

Precisam invocar o fantasma de uma “agitação popular”.

Para assustar a turma do “deixa-disso”: o centro político, facilmente “assustável” e contemporizador.

Assim, poderão obter uma anistia, ou saída política semelhante, enquanto aguardam novos ventos, oriundos do exterior.

É claro que, como estamos em ano eleitoral, o comício também servirá para animar as fileiras bolsonaristas.

E, ainda, para lhes fornecer argumentos, para a defesa de seus candidatos.

Mas o objetivo principal é mesmo este: fugir das prisões iminentes e se abrigar da chuva, enquanto aguardam o possível retorno de Trump.

Essa postura malandra, dos “espertos” que acreditam que ninguém lhes vê o jogo, dará o tom discursivo desse comício político-religioso.

Teremos, provavelmente, discursos marcados pela falácia do apelo à piedade.

E por graves distorções sobre o que são a Democracia e o Cristianismo, com ênfase nas liberdades religiosa e de “opinião”.

Será, sobretudo, uma grande batalha de comunicação.

E nós não podemos cometer a bobagem de tentar vencê-la com longas teses e linguagem acadêmica.

Temos de ser ágeis: podemos até já ir preparando respostas para o choro fingido da Michele e do Bolsonaro, devido à “perseguição” que jurarão sofrer.

Podemos já ir preparando respostas para os raciocínios tortuosos que cometerão, a fim de confundir crime com liberdade de expressão.

Mas se não usarmos uma linguagem simples, muitas imagens e até uma boa dose de humor, acabaremos derrotados.

E o discurso dessas pessoas se espalhará entre a população, adquirindo ares de “verdade”.

Precisamos ter clareza que os bolsonazistas submeterão o povo à uma torrente de emoções, alavancada pela religiosidade (um grande culto).

Querem obter uma identificação solidária, em relação ao suposto “sofrimento” deles.

Querem se transformar nos “mocinhos” desse filme, o que colocaria ao STF, e a todos nós, no papel de “vilões”.

É o uso do raciocínio maniqueísta, predominante na sociedade, para obter uma blindagem via emocional.

E até para criar uma barreira de comunicação, difícil de transpor, entre nós e o povo.  

É o tipo de manipulação mental que não se consegue combater com longos e complicados discursos, ou com grandes doses de racionalidade.

Precisamos usar a emoção, talvez até contrastando a situação dos liderados que já estão presos, com a dos líderes que tentam escapar.

Precisamos usar o humor, com o seu poder corrosivo e de fixação na memória.

Mas o humor que não é ofensivo às crenças, à moralidade e à inteligência do distinto público.

Do contrário, só conseguiremos é piorar as coisas, frente a esse lacrimoso coitadismo.

Lembrem-se: eles TENTAM, QUEREM enganar o povo.

Mas o povo é muito mais sábio, inteligente, esperto do que isso.

As chamadas das massas à razão, para que percebam as reais motivações desse comício, precisam ser realizadas em linguagem popular, com textos curtos e fartura de imagens.

Textos com orações diretas, frases curtas e sem intercalações.

E, também, dosando a agressividade, para evitar leituras distorcidas e o aproveitamento político pelo lado de lá.

Afinal, tudo o que não queremos é contribuir para a vitimização que pretendem.

Quem puder, produza vídeos ou até podcasts “novelescos”: é hora de exercitar a nossa capacidade de contar histórias.

Mas tudo com duração de segundos, ou de 1 ou 2 minutos, já extrapolando.

E, repetindo: com orações diretas, frases curtas e sem intercalações.

_“Ah, mas eu me lembrei de um detalhe importante!”

Então, acabe o que estava dizendo e, depois, fale sobre aquele detalhe.

O que não pode é quebrar o raciocínio do ouvinte/espectador.

Não tenham medo de repetir palavras, para melhorar a compreensão do que vocês estão dizendo.

Principalmente em áudios e vídeos, que são danados para levar à perda do fio da meada. E, em consequência, do interesse pelo que está sendo dito. 

Também não tenham medo de usar pronomes com verbos flexionados: ele disse, eles juraram.

E esqueçam esse negócio de longos parágrafos, dada a necessidade de sentido completo.

Cortem os parágrafos a cada três ou quatro frases.

Isso tornará a leitura mais leve.

Além de realçar questões importantes, que se perderiam num amontoado de linhas.

Abusem do ponto: “Ela sempre acordava assustada. Porque sentia uma presença em seu quarto”.

Lembrem-se: não é uma disputa pela Academia Brasileira de Letras.

É comunicação popular.

O importante é que as pessoas entendam a mensagem, para que consigam até reproduzi-la.

Não esqueçam de dar títulos chamativos, escandalosos, aos seus vídeos e áudios.

E, também, às suas fotos e textos curtos.

E marquem aí, nas suas agendas: todos nas redes sociais, no final de semana.

........

II

Esse comício político-religioso trará o resultado que eles esperam?

Creio que tudo dependerá da nossa ação, nas redes sociais, e do noticiário da grande imprensa.

Temos de considerar que eles jogarão em condições extremamente favoráveis: governador e prefeito que precisam do apoio eleitoral do bolsonazismo; mobilização das igrejas; dinheiro para bancar a participação de pessoas etc.

Se, apesar de tudo isso, esse comício for um fiasco, poderemos comemorar a redução do “fervor” bolsonarista, ainda que decorrente dos rigores da Lei.

Mas se nos depararmos com uma multidão na Paulista, convém não se assustar.

Em primeiro lugar, porque condições tão favoráveis contaminarão tais números, tornando-os imprestáveis para mensurar o real tamanho desse movimento.

Em segundo, porque temos, sim, condições de combater a propagação desse discurso entre as massas, isolando-o em sua bolha.

No entanto, prestem atenção no seguinte: as lideranças desse movimento não são burras.

O que temos diante de nós é um movimento mundial, que conseguiu chegar ao poder em duas das maiores democracias do mundo: Estados Unidos e Brasil.

E que avança até mesmo na Europa, que foi devastada, há poucas décadas, na guerra contra o nazifascismo.

Os militares e as lideranças bolsonaristas sabem que há grande chance da volta do Trump ao poder.  

E se esses sujeitos conseguirem voltar, lá e aqui, será muito mais difícil derrotá-los, porque eles já sabem os erros que cometeram e não os repetirão.

Por isso, precisamos correr contra o tempo, para expor e encarcerar essas lideranças nazifascistas.

Mas, sobretudo, esvaziar a massa que ainda lideram.

Não sei se todos os abrigos, trincheiras, barricadas, conseguirão nos proteger de um provável vendaval, a partir do ano que vem.

Mas sei que se não tivermos a prisão desses caras e um grande esvaziamento dessas massas, aí sim é que não teremos chance nenhuma.

.........

III

Peço desculpas por estar tão afastada do blog e das redes sociais, só aparecendo quando extremamente necessário.

Desde o ano passado, venho cursando duas graduações simultâneas: Teologia e Jornalismo.

E neste ano, aliás, até troquei o Jornalismo pela Filosofia, que me ajudará nos estudos teológicos.

Penso que o fenômeno religioso e a Comunicação serão os territórios das principais batalhas contra essas hordas, durante as próximas três ou quatro décadas.

Além disso, percebi, há tempos, inquietantes sinais da possibilidade de retorno dessas hordas, nos EUA.

Assim, já no início do ano passado, comecei a me preparar para as batalhas de 2025 e 2026.

E, também, para as batalhas a longo prazo.

E como trabalho e, também, faço cursos de extensão, quase não tenho tempo nem de me coçar.

Preocupa-me, sobretudo, o fanatismo religioso.

Porque precisaremos lutar no território desses pastores nazifascistas; disputar palmo a palmo com eles, para furar essa bolha de ódio, terror, fanatismo e manipulação.

Para mim, e penso que para muitos de vocês, trata-se, também, de defender a nossa fé em Cristo.

Essa aliança entre neonazistas, obscurantistas e fanáticos religiosos é a maior ameaça já enfrentada pela Civilização.

E, também, a maior ameaça já enfrentada pelo Cristianismo.

É a tentativa de extirpar o cerne do Cristianismo, que é o amor de Cristo.

Para incorporar essa Fé à máquina de extermínio neonazista, contra todos aqueles que eles consideram “inferiores”: gays, feministas, pretos e pobres.

Assim, quem puder, enverede também pelo estudo da Teologia e da Comunicação.

Ao longo desta semana não poderei estar aqui: tenho um trabalho a fazer, no jornal.

Mas, no final de semana, contem comigo.


FUUUIIIIII!!!!!

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