Assim como na natureza, também na política um animal
acuado lutará ferozmente.
“Pelos eriçados”, para parecer maior do que é, partirá
para o ataque, a fim de assustar os adversários e obter uma rota de fuga.
Mais do que as eleições municipais, o foco imediato de
Bolsonaro é o próprio pescoço.
Porque, obviamente, ele já sabe que o seu
encarceramento se aproxima.
O mesmo vale para os “pastores” e outras lideranças nazifascistas,
que sabem muito bem o que fizeram no Janeiro passado.
Afinal, se a PF e o STF já começam a encurralar até
militares de altas patentes, tidos como “intocáveis”, é certo que a hora desses
“pastores” e demais lideranças também chegará.
O comício da Paulista é uma jogada perigosa, mas a única que restou a essas pessoas.
Elas precisam demonstrar força.
Precisam invocar o fantasma de uma “agitação popular”.
Para assustar a turma do “deixa-disso”: o centro
político, facilmente “assustável” e contemporizador.
Assim, poderão obter uma anistia, ou saída política
semelhante, enquanto aguardam novos ventos, oriundos do exterior.
É claro que, como estamos em ano eleitoral, o comício também servirá para animar as fileiras bolsonaristas.
E, ainda, para lhes fornecer argumentos, para a defesa
de seus candidatos.
Mas o objetivo principal é mesmo este: fugir das
prisões iminentes e se abrigar da chuva, enquanto aguardam o possível retorno
de Trump.
Essa postura malandra, dos “espertos” que acreditam
que ninguém lhes vê o jogo, dará o tom discursivo desse comício
político-religioso.
Teremos, provavelmente, discursos marcados pela
falácia do apelo à piedade.
E por graves distorções sobre o que são a Democracia e
o Cristianismo, com ênfase nas liberdades religiosa e de “opinião”.
Será, sobretudo, uma grande batalha de comunicação.
E nós não podemos cometer a bobagem de tentar vencê-la
com longas teses e linguagem acadêmica.
Temos de ser ágeis: podemos até já ir preparando
respostas para o choro fingido da Michele e do Bolsonaro,
devido à “perseguição” que jurarão sofrer.
Podemos já ir preparando respostas para os raciocínios
tortuosos que cometerão, a fim de confundir crime com liberdade de expressão.
Mas se não usarmos uma linguagem simples, muitas
imagens e até uma boa dose de humor, acabaremos derrotados.
E o discurso dessas pessoas se espalhará entre a
população, adquirindo ares de “verdade”.
Precisamos ter clareza que os bolsonazistas submeterão
o povo à uma torrente de emoções, alavancada pela religiosidade (um grande
culto).
Querem obter uma identificação solidária, em relação
ao suposto “sofrimento” deles.
Querem se transformar nos “mocinhos” desse filme, o que
colocaria ao STF, e a todos nós, no papel de “vilões”.
É o uso do raciocínio maniqueísta, predominante na
sociedade, para obter uma blindagem via emocional.
E até para criar uma barreira de comunicação, difícil
de transpor, entre nós e o povo.
É o tipo de manipulação mental que não se consegue combater
com longos e complicados discursos, ou com grandes doses de racionalidade.
Precisamos usar a emoção, talvez até contrastando a
situação dos liderados que já estão presos, com a dos líderes que tentam escapar.
Precisamos usar o humor, com o seu poder corrosivo e
de fixação na memória.
Mas o humor que não é ofensivo às crenças, à
moralidade e à inteligência do distinto público.
Do contrário, só conseguiremos é piorar as coisas,
frente a esse lacrimoso coitadismo.
Lembrem-se: eles TENTAM, QUEREM enganar o povo.
Mas o povo é muito mais sábio, inteligente, esperto do que isso.
As chamadas das massas à razão, para que percebam as
reais motivações desse comício, precisam ser realizadas em linguagem popular,
com textos curtos e fartura de imagens.
Textos com orações diretas, frases curtas e sem
intercalações.
E, também, dosando a agressividade, para evitar
leituras distorcidas e o aproveitamento político pelo lado de lá.
Afinal, tudo o que não queremos é contribuir para a vitimização que pretendem.
Quem puder, produza vídeos ou até podcasts
“novelescos”: é hora de exercitar a nossa capacidade de contar histórias.
Mas tudo com duração de segundos, ou de 1 ou 2
minutos, já extrapolando.
E, repetindo: com orações diretas, frases curtas e sem
intercalações.
_“Ah, mas eu me lembrei de um detalhe importante!”
Então, acabe o que estava dizendo e, depois, fale
sobre aquele detalhe.
O que não pode é quebrar o raciocínio do ouvinte/espectador.
Não tenham medo de repetir palavras, para melhorar a
compreensão do que vocês estão dizendo.
Principalmente em áudios e vídeos, que são danados
para levar à perda do fio da meada. E, em consequência, do interesse pelo que
está sendo dito.
Também não tenham medo de usar pronomes com verbos
flexionados: ele disse, eles juraram.
E esqueçam esse negócio de longos parágrafos, dada a
necessidade de sentido completo.
Cortem os parágrafos a cada três ou quatro frases.
Isso tornará a leitura mais leve.
Além de realçar questões importantes, que se perderiam
num amontoado de linhas.
Abusem do ponto: “Ela sempre acordava assustada. Porque sentia uma presença em seu quarto”.
Lembrem-se: não é uma disputa pela Academia Brasileira
de Letras.
É comunicação popular.
O importante é que as pessoas entendam a mensagem,
para que consigam até reproduzi-la.
Não esqueçam de dar títulos chamativos, escandalosos, aos seus vídeos
e áudios.
E, também, às suas fotos e textos curtos.
E marquem aí, nas suas agendas: todos nas redes
sociais, no final de semana.
........
II
Esse comício político-religioso trará o resultado que
eles esperam?
Creio que tudo dependerá da nossa ação, nas redes sociais, e do noticiário da grande imprensa.
Temos de considerar que eles jogarão em condições
extremamente favoráveis: governador e prefeito que precisam do apoio eleitoral
do bolsonazismo; mobilização das igrejas; dinheiro para bancar a participação
de pessoas etc.
Se, apesar de tudo isso, esse comício for um fiasco,
poderemos comemorar a redução do “fervor” bolsonarista, ainda que
decorrente dos rigores da Lei.
Mas se nos depararmos com uma multidão na Paulista,
convém não se assustar.
Em primeiro lugar, porque condições tão favoráveis
contaminarão tais números, tornando-os imprestáveis para mensurar o real
tamanho desse movimento.
Em segundo, porque temos, sim, condições de combater a
propagação desse discurso entre as massas, isolando-o em sua bolha.
No entanto, prestem atenção no seguinte: as lideranças
desse movimento não são burras.
O que temos diante de nós é um movimento mundial, que
conseguiu chegar ao poder em duas das maiores democracias do mundo: Estados
Unidos e Brasil.
E que avança até mesmo na Europa, que foi devastada,
há poucas décadas, na guerra contra o nazifascismo.
Os militares e as lideranças bolsonaristas sabem que
há grande chance da volta do Trump ao poder.
E se esses sujeitos conseguirem voltar, lá e aqui,
será muito mais difícil derrotá-los, porque eles já sabem os erros que
cometeram e não os repetirão.
Por isso, precisamos correr contra o tempo, para expor
e encarcerar essas lideranças nazifascistas.
Mas, sobretudo, esvaziar a massa que ainda lideram.
Não sei se todos os abrigos, trincheiras, barricadas,
conseguirão nos proteger de um provável vendaval, a partir do ano que vem.
Mas sei que se não tivermos a prisão desses caras e um
grande esvaziamento dessas massas, aí sim é que não teremos chance nenhuma.
.........
III
Peço desculpas por estar tão afastada do blog e das
redes sociais, só aparecendo quando extremamente necessário.
Desde o ano passado, venho cursando duas graduações
simultâneas: Teologia e Jornalismo.
E neste ano, aliás, até troquei o Jornalismo pela
Filosofia, que me ajudará nos estudos teológicos.
Penso que o fenômeno religioso e a Comunicação serão os
territórios das principais batalhas contra essas hordas, durante as próximas
três ou quatro décadas.
Além disso, percebi, há tempos, inquietantes sinais da
possibilidade de retorno dessas hordas, nos EUA.
Assim, já no início do ano passado, comecei a me
preparar para as batalhas de 2025 e 2026.
E, também, para as batalhas a longo prazo.
E como trabalho e, também, faço cursos de extensão,
quase não tenho tempo nem de me coçar.
Preocupa-me, sobretudo, o fanatismo religioso.
Porque precisaremos lutar no território desses pastores
nazifascistas; disputar palmo a palmo com eles, para furar essa bolha de ódio,
terror, fanatismo e manipulação.
Para mim, e penso que para muitos de vocês, trata-se,
também, de defender a nossa fé em Cristo.
Essa aliança entre neonazistas, obscurantistas e fanáticos
religiosos é a maior ameaça já enfrentada pela Civilização.
E, também, a maior ameaça já enfrentada pelo
Cristianismo.
É a tentativa de extirpar o cerne do Cristianismo, que
é o amor de Cristo.
Para incorporar essa Fé à máquina de
extermínio neonazista, contra todos aqueles que eles consideram “inferiores”:
gays, feministas, pretos e pobres.
Assim, quem puder, enverede também pelo estudo da Teologia
e da Comunicação.
Ao longo desta semana não poderei estar aqui: tenho um
trabalho a fazer, no jornal.
Mas, no final de semana, contem comigo.
FUUUIIIIII!!!!!