quarta-feira, 11 de maio de 2022

Você viu um vídeo em que o seu candidato diz que é “adorador de satanás” ou “a favor da pedofilia”? Cuidado, é deepfake! Vídeos feitos com avançadas técnicas de computador, para enganar você.


 

Você é fã de um político.

Mas aí, você vê um vídeo, ou ouve uma gravação, no WhatsApp, Telegram ou Facebook, em que ele diz coisas revoltantes.

Por exemplo: que é “a favor da pedofilia” ou “adorador de satanás”.

Cuidado: desconfie do que está vendo e não passe adiante esse vídeo.

A imagem e a voz são do político, mas tudo não passa de uma grande falsificação feita em computador.

Sabe aqueles aplicativos dos smartphones, que trocam a cara e a voz de um famoso, pela sua cara e voz?

A técnica é a mesma.

Ela é chamada de “deepfake”, uma expressão inglesa que pode ser traduzida como “mentiras profundas”.

Só que os vídeos e áudios políticos, feitos com deepfake, têm uma aparência muito mais verdadeira, para que consigam enganar o eleitor.  

Funciona assim: o falsificador pega um computador “poderoso” e coloca nele um monte de vídeos daquele político. Ou várias gravações da voz daquele político, se pretende criar apenas um áudio.

Aí, pega um programa de deepfake, para manipular, ou seja, “mexer”, nessas imagens de vídeo ou gravações de voz.

Um programa é uma espécie de “pacote de instruções”, para que um computador faça determinadas coisas.

Tá ligado no Word, que você usa para escrever seus trabalhos da escola, um hino da igreja, ou o seu currículo?

Pois é: o Word é um programa que “diz” ao computador como escrever tudo isso.

Os programas de deepfake examinam todo o rosto do político, que está nas imagens colocadas no computador: o formato, a cor, os movimentos de seus olhos, a maneira como ele movimenta a boca.

Também examinam a maneira como ele fala.

Tudo para imitá-lo com perfeição.

Aí, o falsificador grava um vídeo, no computador, falando as coisas que ele quer botar na boca do político. Faz até os gestos que ele quer que o político apareça fazendo.

E sabe o que é que vai acontecer?

O programa de deepfake vai criar uma imagem do político, vestido com as roupas dele, e repetindo com a voz e o corpo dele, tudo aquilo que o falsificador falou e fez naquele vídeo que gravou.

É como se o deepfake trocasse o rosto, corpo, roupa e voz do falsificador, pelo rosto, corpo, roupa e voz do político.

Se for preciso, dá até para fazer correções, para que tudo fique tão perfeito que até a mãe do político vai achar que é ele.

E aí o vídeo falso é espalhado nas redes sociais.

Há gente que usa deepfake apenas para fazer vídeos de humor.

É o caso do jornalista Bruno Sartori, que fez aquele vídeo com os rostos e as vozes de Lula e Bolsonaro, nos corpos das atrizes da novela “A Usurpadora”: https://www.youtube.com/watch?v=H9iB1Jzq8Ac

E é o Bruno quem mostra como um áudio falso pode enganar direitinho as “tias do zap”, ou seja, aquelas senhoras que acreditam em tudo que é notícia falsa (as chamadas “fake news”), que elas recebem no WhatsApp e Telegram.

Veja o áudio falso da ex-presidenta Dilma Rousseff, que o Bruno fez com deepfake e mandou para a tia dele: https://www.youtube.com/watch?v=EUz9E-geuz8

Por incrível que pareça, com deepfake dá até para “ressuscitar” pessoas.

Em 2019, um museu da Flórida, nos Estados Unidos criou, com deepfake, mais de 100 vídeos do pintor espanhol Salvador Dali, que morreu em 1989.

Os vídeos foram espalhados em várias áreas do museu e, segundo reportagens na internet, dava até para “bater papo” com o pintor: https://www.youtube.com/watch?v=faKicQeLHuo

Isso acontece porque as técnicas de deepfake usam “inteligência artificial”, que é quando a máquina aprende e toma decisões, com base nas informações que recebeu.

Sabe quando você faz uma pesquisa no Google e ele lhe sugere um monte de sites? Ou quando um aplicativo do seu smartphone mostra o caminho que você deve seguir, para chegar a um lugar?

Tudo isso usa inteligência artificial, como vários outros programas que a gente utiliza no dia a dia.  

Acho que já deu para entender que deepfake, quando usada para o mal, pode ser muito, mas muito perigosa, já que engana direitinho as pessoas.

Até porque a gente costuma acreditar em vídeos e áudios, não é?

Além disso, boa parte da nossa população não sabe o que é deepfake.

Tudo isso é ainda mais preocupante porque já existe, no Brasil, uma grande fábrica de notícias falsas, que espalha mentiras, nas redes sociais, contra a Democracia, as eleições e os adversários do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, a Polícia Federal teria até descoberto, em 2020, que um dos cabeças dessa fábrica criminosa de notícias falsas é um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro:  https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/pf-identifica-carlos-bolsonaro-como-articulador-em-esquema-criminoso-de-fake-news.shtml

Ou seja: é bem possível que a campanha eleitoral deste ano seja inundada por vídeos e áudios falsos, produzidos com deepfake.

Então, fique esperto, para não ser enganado.

Veja, nesta reportagem da TV Cultura de São Paulo, como se defender desses áudios e vídeos falsos: https://www.youtube.com/watch?v=uSSTPSWg8Jk

E veja também este vídeo muito bom, de 2020, da Justiça Eleitoral, sobre deepfake: https://www.youtube.com/watch?v=K_FNhNIM9JY

E aqui, um vídeo de 2019, do Gilmar Lopes, do E-Farsas, com 8 dicas para identificar notícias falsas: https://www.youtube.com/watch?v=ep6BabAPOwU

Nenhum comentário:

Postar um comentário