quarta-feira, 18 de maio de 2022

Não vai ter golpe. E se tiver não se sustenta. O maior perigo é a tentativa de Bolsonaro de fraudar as eleições.




 Jurei a mim mesma que não voltaria a esse assunto.

Mas uma série de artigos alarmistas me obrigam a isso.

Então, vamos combinar: não, não vai ter golpe. E, se houver, não se sustenta.

Simplesmente porque não existem condições objetivas para isso.

As pessoas falam em golpe como se tudo se resumisse a colocar uns tanques fumacentos nas ruas, para tentar fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Parece até que estamos em um paraíso dos sonhos golpistas, onde os militares colocam os tanques nas ruas e todo mundo fica só olhando, tipo colunista social apreciando o “styling” da milicada...

Pior: tais pessoas parecem não compreender que tão importante quanto dar um golpe é mantê-lo, sustentá-lo, diante das reações internas e externas.

Ora, se até a Rússia, que é uma superpotência militar, está tendo dificuldades para sustentar a invasão da Ucrânia, imaginem o que aconteceria se esses militares neonazistas dessem um golpe, no Brasil.

Será que alguém realmente acredita que a América Latina, os Estados Unidos e a Europa ficariam quietinhos?

A Rússia tem um gigante econômico ao lado dela, que é a China.

E mesmo assim, a Rússia está balançando, devido a esse bloqueio econômico mundial.

Então, imaginem o que aconteceria com o Brasil, diante de um bloqueio semelhante.

Creio que o nosso complexo de vira-lata é que dificulta enxergar a importância estratégica deste país para o mundo, e até para o futuro da Humanidade.

Nós não temos “apenas” um enorme território.

Somos gigantescos, também, em termos populacionais e, principalmente, em termos de reservas florestais e minerais.

Como, então, imaginar uma indiferença mundial diante de um golpe neonazista, nesta que também é uma das maiores democracias do mundo?

Mas não há “apenas” obstáculos internacionais a um golpe: os obstáculos internos são enormes também.

Bolsonaro e os seus militares “viagrados” não contam com o apoio do STF, da imprensa, dos governadores, do Senado Federal, e da maioria da população.

Os golpistas enfrentam resistência também na Câmara dos Deputados, e até mesmo em parte das Forças Armadas e das nossas polícias. 

É que até parte do Centrão e setores das Forças Armadas e das polícias já perceberam que Bolsonaro é um sujeito inconfiável, perverso, paranoico e com a maturidade de uma criança de 5 anos.

Ou seja: até alguns que gostariam de apoiá-lo, já entenderam o risco de se tornarem as suas próximas vítimas.

É verdade que ele possui uma bandidagem muito bem armada: militares neonazistas, milicianos, grileiros, garimpeiros que estupram meninas indígenas e destroem rios e florestas; criminosos fantasiados de empresários, contrabandistas de minérios e de madeira, “pastores” que lavam dinheiro para o crime organizado, e por aí vai.

Bem vistas as coisas, ele inaugurou a “República da Bandidagem”.

Tudo com “cidadãos de bem”; tudo com gente da “melhor qualidade”...

Mas, apesar de bem armados, é muito improvável que esses criminosos conseguissem prevalecer, diante das multidões que tomariam as ruas e das forças da Legalidade.

E ainda que conseguissem, acabariam estrangulados, em pouquíssimo tempo, por um bloqueio econômico mundial.

Na verdade, o que Bolsonaro está tentando, neste momento, não é um golpe: ele ainda se encontra no Plano A, que é a tentativa de fraudar as eleições, o que tornaria mais lentas e complicadas as reações internas e externas.

Porque até você provar que houve fraude e convencer meio mundo de que essa fraude foi suficiente para interferir no resultado das eleições, ele já terá avançado, e muito, na corrosão da nossa Democracia.

Ora, ele comprou o Centrão, blindando-se contra um impeachment.

Mas não esperava que fosse preciso muito mais do que um cabo e um soldado, para dobrar o Judiciário e garantir a sua permanência no poder, para além de 2022.

Foi isso que o levou, e aos seus sectários e militares “viagrados”, a “sitiar” o STF e o TSE com crescentes ameaças, para que os ministros daqueles tribunais deixem a manada passar.

O que Bolsonaro quer é que as suas redes de fake news ajam livremente; que os bolsonaristas ameacem e agridam as oposições e os eleitores à vontade; que a sua propaganda eleitoral utilize toda sorte de ilegalidades (recursos públicos, agentes públicos, comícios em igrejas, contribuições empresariais), sem que nada lhe aconteça.

Quer que os seus correligionários possam comprar, com dinheiro público, equipamentos para espionar as oposições; que os seus aliados-raiz e do Centrão desviem verbas públicas, para campanha eleitoral e compra de votos, sem que sejam incomodados.

Ou seja, o que Bolsonaro quer é que os ministros do STF e do TSE, que são humanos e podem acabar temendo por suas vidas, fechem os olhos para os crimes que ele e os seus militares já cometeram, e que ainda pretendem cometer, para concretizar uma grande fraude eleitoral.

Por isso, em vez de ficarmos nos angustiando com a possibilidade distante de um golpe, precisamos é nos concentrar na possibilidade bem mais factível e imediata, que é a tentativa de fraude eleitoral, pelo bolsonarismo.

Precisamos apoiar o STF e o TSE, porque se Bolsonaro conseguir passar por cima deles, aí a coisa toda ficará, realmente, muito feia.

Uma iniciativa muito importante aconteceu, há poucos dias, quando um grupo de senadores resolveu se articular, para apoiar o STF e o TSE.

Mas é preciso que as entidades civis também se organizem, para fazer o mesmo.

E que a gente também compartilhe mensagens de apoio ao STF, ao TSE, à Democracia e às eleições.

Igualmente urgente é que realizemos um trabalho de formiguinha, mas também articulado, para resolver essa parada logo no primeiro turno.

Porque, em um eventual segundo turno, eles saberão exatamente onde perderam e por que perderam, já que terão mapeado os resultados do primeiro turno.

E aí, com essas informações em mãos, partirão para o tudo ou nada, derramando ainda mais dinheiro, aumentando as ameaças contra as oposições e os eleitores das áreas mais pobres, inundando ainda mais as redes sociais com fake news e, quem sabe, até inviabilizando o funcionamento de seções eleitorais que registraram maiores quantidades de votos oposicionistas.

No entanto, não podemos ficar apenas no combate à ameaça de fraude: temos de continuar batendo na fome, na inflação, no desemprego, no preço da gasolina, no sofrimento do nosso povo.

Precisamos fixar no eleitorado que o responsável por tudo isso é, sim, Bolsonaro (e é urgente um bordão para isso), ao mesmo tempo em que também fixamos que Lula é a nossa única esperança de recuperar aquele Brasil infinitamente mais feliz, que um dia tivemos.

Notem que Bolsonaro está tentando desesperadamente se livrar da responsabilidade pelo desastre econômico de seu governo, e que isso pode estar “colando” fora da bolha dos minions, como aconteceu com a pandemia.

Ao mesmo tempo, ele já até admite, publicamente, que os mais pobres viviam melhor no tempo de Lula, mas atribuindo tal fato a meras diferenças conjunturais.

Isso sinaliza que ele vai apelar cada vez mais para o tatibitati, o senso comum, o que é preocupante, já que vivemos em um país onde quase 64 milhões de eleitores (mais de 43% do eleitorado) possuíam, em 2020, no máximo, o primeiro grau completo.  

Tudo isso vai exigir que a gente “mastigue”, cada vez mais, as explicações dos nossos principais problemas econômicos.

Porque as imprescindíveis comparações entre os dois governos só farão efeito se, de fato, forem compreendidas, internalizadas.

Já deu para perceber que não temos tempo a perder, agora, com esse negócio de golpe, não é?

Então, vamos nos concentrar nas muitas frentes, bem mais urgentes, nas quais precisamos lutar.


FUUUUIIIIII!!!!!

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