Você sabia que o marqueteiro do Márcio Miranda é o
mesmo que elegeu o Duciomar Costa, em 2008?
Pois é. Naquela época, a população de Belém estava
cansada do Duciomar e dos vários escândalos que o envolviam.
Mas o Orly Bezerra, o marqueteiro do Duciomar,
conseguiu convencer os belenenses de que o prefeito era bom, humilde, honesto e
trabalhador.
Um “tremendo ficha limpa”, para usar uma expressão tão
em moda hoje em dia.
No ano passado, porém, a população da cidade
descobriu, estarrecida, quem é de verdade o ex-prefeito: Duciomar foi preso
pela Polícia Federal, sob a acusação de chefiar uma quadrilha que teria,
literalmente, saqueado a Prefeitura de Belém.
Só na investigação que levou à prisão dele, a suspeita
era a de um rombo de R$ 400 milhões.
Agora, o marqueteiro de Duciomar tenta eleger Márcio
Miranda ao Governo do Estado.
E as semelhanças entre os dois candidatos e as
campanhas deles são de arrepiar.
Assim como Márcio Miranda, Duciomar sempre foi um
aliado dos tucanos (tanto que até deu emprego, na PMB, a vários parentes do
governador Simão Jatene).
Mas foi nas eleições de 2008 que esse apoio se
escancarou: até o marqueteiro do PSDB, o Orly Bezerra, foi enviado para
turbinar a campanha de Duciomar, que tinha rejeição altíssima e perigava não se
reeleger.
E aqui vou abrir um parêntese, só para você entender
quem é essa figura sinistra: a empresa do Orly, a Griffo Comunicação, ganha
todas as milionárias licitações de propaganda dos governos do PSDB.
Ou seja, o Orly faz a campanha do candidato do partido
e a Griffo, “milagrosamente”, ganha a licitação que o cara manda fazer, depois
de empossado.
Isso acontece desde 1995, quando o PSDB chegou ao
Governo do Estado pela primeira vez, e se repete até hoje, numa “coincidência”
tão improvável quanto ganhar na Megassena 10 vezes seguidas: http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=07/10/2018&pagina=14
Pois muito bem: na campanha de 2008, para diminuir a
rejeição do Duciomar, o Orly Bezerra apelou para o coração do eleitorado.
Duciomar foi apresentado como um “homem simples”, de
origem humilde, que veio morar em Belém ainda criança, junto com os pais e 12
irmãos, e imediatamente se apaixonou pela cidade.
No entanto, em sua “trajetória de sucesso”, Duciomar
jamais teria se esquecido de suas raízes humildes. Seria, enfim, um “homem do
povo”, sempre à serviço da coletividade...
Alguma semelhança com a imagem de médico humilde, de
origem pobre e dedicado aos pobres, do Márcio Miranda, na qual o Orly quer que
o eleitorado acredite? O mineiro que se “apaixonou” pelo Pará e quer fazer “de
um tudo” pelo Pará?
Tem mais. Naquela campanha de 2008, quem concorria à
Prefeitura, em oposição ao Duciomar, era o deputado José Priante, da família
Barbalho.
E aí, como sempre faz, o Orly mostrou os Barbalho, na
campanha, como os “grandes demônios” da política paraense; os responsáveis por
tudo o que de ruim acontece no Pará, apesar de eles não comandarem o Governo
desde 1994.
A estratégia, que se repete agora, é mais uma maneira
de enganar o eleitor.
Como a maioria das pessoas pensa sempre em termos de
“bem” e de “mal”, identificar os Barbalhos como “demônios” ou como a “turma do
mal”, faz com que você pense que, do outro lado, está a “turma do bem”, repleta
de criaturinhas angelicais: Duciomar, Jatene, Zenaldo, Márcio Miranda.
Pois é. Jatene, que foi apenas professor e funcionário
público, além de cantor desafinado, hoje está milionário. E a família dele
também.
Só o Alberto Jatene, filho do governador, foi flagrado
pelo Ministério da Fazenda, no ano passado, movimentando R$ 13 milhões, só de
um dinheiro que ele tinha livre, para pagamentos a uma seguradora: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2018/05/filho-de-jatene-paga-r-13-milhoes-uma.html
Já o prefeito Zenaldo Coutinho (que também teve as
campanhas eleitorais comandadas pelo Orly e já pagou milhões à Griffo) é acusado,
pela Controladoria Geral da União (CGU), de um superfaturamento de R$ 47
milhões no BRT: https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-496251-cgu-aponta-que-obra-do-brt-esta-superfaturada-em-r$-47-milhoes.html
Quanto ao Duciomar, acho que nem é preciso falar, né?
Quando ele foi preso, no luxuoso condomínio Green Ville, a polícia encontrou na
casa dele até uma máquina de contar dinheiro, além de R$ 210 mil em dinheiro
vivo: http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/ex-prefeito-de-belem-duciomar-costa-e-preso-em-operacao-do-mpf
Hoje, Márcio Miranda, o mais novo “ficha limpa do
Orly” é alvo de várias investigações pelo Ministério Público, da mesma forma
que o Duciomar, em 2008.
Márcio Miranda é investigado por suposta improbidade
administrativa: ele teria usado recursos e funcionários públicos em sua
campanha ao Governo: https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-536573-mpe-vai-investigar-marcio-miranda-por-campanha-antecipada-e-uso-de-verbas.html
Em outro inquérito, Miranda também é investigado por
suspeita de improbidade: ele e empresas da família dele teriam se beneficiado
do dinheiro repassado pelo Governo do Estado e pela Assembleia Legislativa
(Alepa) ao Instituto Mercina Miranda, que ele mantém em Castanhal. http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=30/09/2018&pagina=10
O novo “ficha limpa do Orly” é acusado até de crime de
peculato: ele teria se aposentado irregularmente, com apenas 6 anos de serviço
ativo na PM, o que teria lhe rendido R$ 1,5 milhão em pagamentos irregulares. O
juiz rejeitou a denúncia, mas o MP recorreu da decisão, porque está convicto de
que Miranda cometeu, sim, um crime. Aqui: http://www.mppa.mp.br/index.php?action=Menu.interna&id=9799&class=N
E aqui: http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=12/10/2018&pagina=2
Quer dizer: são enormes as semelhanças entre Duciomar
e Márcio Miranda.
Ambos, aliás, passaram boa parte da vida como
parlamentares inexpressivos e nunca tiveram suas carreiras investigadas de
perto, a não ser quando resolveram alçar vôos mais altos na política.
Então, talvez seja o caso de se dizer: Não se esqueça
do Duciomar! Não se esqueça do Duciomar, caro eleitor!
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