segunda-feira, 3 de novembro de 2008

tabuleiro1

A partir de hoje, o blog começa a publicar uma série de levantamentos sobre as eleições deste ano.

Decidi fracionar o material para não ficar muito pesado, porque é informação demais. Ainda hoje retorno com outra parte dele.





O tabuleiro de 2010.




PT, o perdedor




Foi um resultado pífio, para quem detém duas máquinas poderosas: os governos federal e estadual.


Ao todo, o PT elegeu, apenas, 27 prefeituras, nos 143 municípios paraenses.


Mas comemorou a “façanha”, como se de algo extraordinário se tratasse, uma vez que isso representa um incremento de 50% em relação a 2004, quando a legenda conquistou somente 18 prefeituras.


Visto assim, nessa simplificação quantitativa, o resultado das municipais até que poderia dar razão à euforia petista.


O problema é quando se verifica a qualidade de tais conquistas.


Das 27 prefeituras que o PT emplacou, dois terços (18) são de municípios com menos de 20 mil eleitores.


Mais: o partido até recuou nos colégios eleitorais maiores – aqueles com eleitorado acima de 40 mil.


Pior: quando se compara o número de candidatos que lançou às prefeituras paraenses (82) com aquele que conseguiu eleger (27), o aproveitamento do PT fica na faixa dos 32% - ou seja, quase o mesmo do PSDB (40 candidatos, 13 eleitos), que amarga imensa pindaíba, desde que perdeu o Governo do Estado, em 2006.


O fraco desempenho petista; as performances extraordinárias do PMDB, do PR, do PTB e do PP; e a capacidade de sobrevivência demonstrada pelo PSDB são as grandes peças colocadas no tabuleiro de 2010, pelas municipais deste ano.


Ao contrário do que se acredita à primeira vista, os tucanos tiveram um resultado melhor do que o esperado para um partido dividido, perseguido e sem dinheiro.


E isso, ao que parece, demonstra que os tucanos têm chances reais de reconquistar o poder, em 2010.




O teatro de operações



Ao todo, o Pará possui cerca de 4,5 milhões de eleitores.


Mas, desse total, quase 2,5 milhões estão concentrados em apenas 18 municípios, aí incluída a capital: Abaetetuba, Altamira, Ananindeua, Barcarena, Belém, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Castanhal, Itaituba, Marabá, Marituba, Paragominas, Parauapebas, Redenção, Santarém, Tucuruí.


Todos possuem acima de 40 mil eleitores.


Outro grupo de 34 municípios concentra mais de hum milhão de eleitores.


Todos têm de 20 a 40 mil eleitores.


São eles: Acará, Alenquer, Augusto Corrêa, Benevides, Breu Branco, Capitão Poço, Conceição do Araguaia, Curuçá, Dom Eliseu, Goianésia, Igarapé-Açu, Igarapé-Miri, Irituia, Itupiranga, Jacundá, Jurutí, Mãe do Rio, Moju, Monte Alegre, Novo Repartimento, Oriximiná, Pacajá, Portel, Rondon do Pará, Salinópolis, Santa Izabel, São Félix do Xingu, São Geraldo do Araguaia, Tailândia, Tomé-Açu, Uruará, Vigia, Viseu, Xinguara.


Quer dizer: esses 52 municípios, do primeiro e do segundo grupo, concentram 3,5 milhões de eleitores, dos 4,5 milhões existentes nos 143 municípios paraenses.


E esses 52 municípios, além de mais densamente povoados, possuem a capacidade de influenciar as regiões nas quais se localizam.




O desempenho petista



Ao longo da semana, a Perereca abriu os resultados eleitorais de cada um desses 52 municípios, conforme constam no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


O blog também teve acesso a um estudo preparado pela jornalista Deury Farias, do gabinete do senador Flexa Ribeiro, do PSDB.


O cruzamento desses dois levantamentos revela um quadro preocupante para o PT.


É certo que, no grupo de 34 municípios com 20 a 40 mil votos, o PT não foi tão mal assim.


Fez sete prefeituras (só quatro foram novas conquistas; as restantes foram reeleições) e participou das coligações que elegeram outros nove prefeitos.


Mas, quando se analisa o grupo dos 18 municípios mais importantes, o desempenho petista foi, no mínimo, complicado.


É certo que manteve Parauapebas, que detém o segundo maior orçamento do estado, cerca de R$ 300 milhões por ano, só superado pela capital.


E manteve, também, Santarém, a mais importante cidade do Baixo-Amazonas.


Mas, além de não avançar um milímetro nesse grupo, ainda recuou, ao perder Abaetetuba para o arquiinimigo PSDB.


Pior: obteve esse resultado – a manutenção de Parauapebas e Santarém e a perda de Abaetetuba – debaixo de uma saraivada de acusações de uso despudorado da máquina pública...


Além disso, nesse grupo de 18 municípios, só ajudou a eleger dois outros prefeitos: em Ananindeua e Marituba.




O quadro geral




Veja você mesmo como ficou a divisão partidária nesses 18 municípios:



PMDB: emplacou 3 prefeituras (Ananindeua, Bragança e Breves), que totalizam 353.333 eleitores. Além disso, fez os vice-prefeitos de Cametá, Paragominas e Santarém.



PT: emplacou 2 prefeituras (Parauapebas e Santarém, que totalizam 275.975 eleitores) e fez os vice-prefeitos de Ananindeua e Marituba.



PSDB: fez 3 prefeituras (Abaetetuba, Altamira e Paragominas, que somam 197.471 eleitores). Fez os vice-prefeitos de Redenção e Tucuruí e participou das coligações que elegeram os prefeitos de Barcarena, Cametá, Capanema, Castanhal e Itaituba.




DEM: fez o prefeito de Cametá (68.529 eleitores) e participou das coligações vitoriosas em Bragança, Capanema, Castanhal, Itaituba, Paragominas e Tucuruí.



PR: fez 4 prefeituras (Capanema, Castanhal, Itaituba e Marabá, que somam 328.112 eleitores) e ajudou a eleger os prefeitos de Ananindeua e Santarém.




PP: elegeu o prefeito de Barcarena (54.942 eleitores), fez os vice-prefeitos de Capanema, Itaituba e Parauapebas e participou das coligações vitoriosas em outros 8 municípios: Altamira, Ananindeua, Cametá, Castanhal, Paragominas, Redenção, Santarém e Tucuruí.



PPS: elegeu os prefeitos de Marituba e Tucuruí (116.762 eleitores) e participou das coligações vitoriosas em 7 municípios: Altamira, Bragança, Castanhal, Itaituba, Paragominas, Parauapebas e Santarém.



PTB: fez as prefeituras de Belém e Redenção (mais de hum milhão de eleitores) e o vice-prefeito de Altamira. Também participou de coligações vitoriosas em 6 municípios: Cametá, Capanema, Castanhal, Paragominas, Parauapebas e Santarém.

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