O Escândalo das Convenções I
Alô, alô Ministério Público: circula a informação de que o Centro de Convenções da Amazônia, com um custo estimado em quase R$ 75 milhões – ou quase quatro estações das docas – é a Alça Viária das eleições desse ano. Daí o fato de as obras terem sido esticadas até dezembro e de empresários da Construção Civil darem como certo um aditivo de preço, de 50%, para o mês de outubro.
A obra, aliás, parece precisar de um choque de gestão, by picolé de chuchu: seu custo por metro ultrapassa R$ 850,00 – o que dá inacreditáveis R$ 3.400,00 por metro quadrado. Cerca de seis vezes mais que o custo médio da construção civil, registrado no site do IBGE, agora em abril: R$ 550,51, para o Brasil, R$ 531,61 para a Região Norte, R$ 516,57 para o estado do Pará. Todos por metro quadrado.
O valor dos dois contratos da obra – cuja licitação foi vencida pelo consórcio Paulitec e Construbase – ultrapassa R$ 74,8 milhões. O terreno do Centro de Convenções tem 65 mil metros quadrados, mas a área construída do empreendimento é de 22 mil metros quadrados. É só fazer a conta.
Não há lugar do País onde o metro quadrado da construção civil atinja esse preço – que, aliás, se refere, apenas, à reforma, adaptação e ampliação das estruturas existentes no antigo hangar da Aeronáutica. Confira você mesmo o ranking relativo a este mês de abril e que inclui a média nacional. A informação foi obtida no site do IBGE:
1 Roraima - R$ 661,84
2 Rio de Janeiro - R$ 624,29
3 São Paulo - R$ 613,38
4 Distrito Federal - R$ 576,31
5 Amazonas - R$ 561,59
6 Paraná - R$ 558,71
7 Tocantins - R$ 557,65
8 Brasil - R$ 550,51
9 Rio Grande do Sul - R$ 550,23
10 Bahia - R$ 540,57
11 Santa Catarina - R$ 537,93
12 Alagoas - R$ 537,85
13 Minas Gerais – R$ 526,96
14 Mato Grosso do Sul – R$ 526,29
15 Amapá – R$ 521,47
16 Maranhão – R$ 519,93
17 Pará – R$ 516,57
18 Acre – R$ 510,93
19 Mato Grosso – R$ 509,49
20 Goiás – R$ 508,25
21 Pernambuco – R$ 504,12
22 Ceará – R$ 493,72
23 Rio Grande do Norte – R$ 492,41
24 Rondônia – R$ 486,86
25 Paraíba – R$ 482,27
26 Espírito Santo – R$ 476,08
27 Sergipe – R$ 471,32
28 Piauí - R$ 460,65
O Escândalo das Convenções II
Em matéria que fiz para o Diário do Pará de ontem (domingo), foram citados indicadores mais elevados: o CUB, Custo Unitário Básico da Construção, obtido nos sites do Sinduscom, o sindicato da indústria do setor, e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). No entanto, mesmo aqueles referenciais não dão nem pra começo de conversa, nos R$ 3.400,00 por metro quadrado do Centro de Convenções.
O CUB médio, registrado pela CBIC, agora em março, na Região Norte, ficou em R$ 760,30 por metro quadrado. Em Belém, o CUB foi de R$ 701,17. E em julho do ano passado, quando foi firmado o primeiro contrato para as obras, o CUB era ainda menor: R$ 655,15 por metro quadrado.
Provavelmente, o Governo do Estado, através da Secult, que é a responsável pela obra, virá com a desculpa esfarrapada de que esses R$ 74,8 milhões se referem ao terreno total do Centro de Convenções. Como se a área livre já não estivesse toda pavimentando, necessitando de muito pouco para ser transformada em estacionamento. A não ser, é claro, que seja usado mármore, ou algo parecido.
Note, leitor, que esses R$ 74,8 milhões, não incluem outros mais de R$ 532 mil, já contratados pela Secult, para a elaboração de projetos arquitetônicos e de detalhes; projeto executivo de ar condicionado; de automação predial, informática, infra-estrutura de CATV e antenas de TV; hidro-sanitário e de combate a incêndio; e de eletricidade e telefonia.
Tampouco incluem a aquisição dos equipamentos de climatização e a execução de serviços de engenharia para a instalação desse sistema, previstos na Concorrência 02/2006 e na Tomada de Preços 02/2006, ambas ainda em curso.
Ou seja: é impossível não falar em superfaturamento no Centro de Convenções.
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