Pela Liberdade de Imprensa
Como informei o impedimento de cobrir a prisão do ex-senador Ademir Andrade, recebi, de leitor anônimo, sob a alcunha “Imprensa Livre”, notícia do fato.
Agradeço, sinceramente, a colaboração.
O fato de estar impedida, não significa que tento “censurar” a cobertura, uma vez que ela está presente em todos os noticiários, locais e nacionais.
Já sofri censura demais, ao longo desses 27 anos de profissão – mais da metade da minha vida – para me permitir a reprodução de prática tão odiosa.
Assim, resolvi reproduzir, no corpo da página, a notícia que estava restrita à janelinha, em forma de comentário.
Ao declarar meu impedimento, revelei fatos (a minha filiação ao PSB e a estima que tenho por Ademir, que me estendeu a mão em um dos momentos mais difíceis da minha vida) que são do conhecimento de pouquíssimas pessoas, até no meio jornalístico.
E o fiz por uma questão ética: jamais me permitiria participar de uma reportagem, na qual tenho interesse pessoal, sem deixar isso muito claro, especialmente ao leitor.
Tal comportamento – que muitas vezes é adotado por outros profissionais – a mim parece canalhice e desrespeito.
Assim, dou o devido (e conquistado) espaço ao leitor “Imprensa Livre”. Mas me reservo o direito de, também democraticamente, publicar, no seguimento, a nota de solidariedade do PSB, ao ex-senador.
E de dizer, com todas as letras: não acredito que ele tenha feito isso. Coisa que, aliás, ele deixou claro nas entrevistas que concedeu, hoje, à imprensa.
Além do que, como militante, sei das “tenebrosas transações” que, infelizmente, acontecem – e ainda vão acontecer muito – nesse período eleitoral.
Ah, já ia me esquecendo: leiam o Especial de Retorno, publicado hoje de manhã, que traz matéria exclusiva sobre o aumento do contrato de propaganda e publicidade do Governo do Estado, que saltou de R$ 15 milhões, para mais de R$ 41 milhões.
De: Imprensa Livre
Para: Perereca censurada
Para que seus leitores não fiquem privados da notícia....
MPF/PA investiga fraudes
na Companhia Docas do Pará
O Ministério Público Federal no Pará investiga, em conjunto com a Polícia Federal e com a Controladoria Geral da União, as fraudes na Companhia Docas do Pará que levaram à prisão de 18 pessoas hoje (25 de abril), na Operação Galiléia.
O esquema que inclui licitações fraudulentas e desvio de taxas portuárias começou a ser apurado em agosto de 2005, a partir da denúncia de um empresário que se sentiu lesado em uma concorrência da CDP.
Os procuradores da República Alexandre Soares, Thiago Oliveira, Felício Pontes Jr e Ubiratan Cazetta iniciaram as investigações, que mostraram problemas graves em várias áreas da administração da empresa e apontaram o envolvimento decisivo do ex-presidente da Companhia e ex-senador da República pelo PSB, Ademir Andrade, vários integrantes da diretoria e de empresários que se beneficiavam das fraudes.
A extensão do esquema levou à abertura de inquérito policial federal e à autorização para escutas telefônicas.
Os 18 presos foram transferidos da Polícia Federal para a sede do Corpo de Bombeiros, onde ficarão sob custódia.
Na casa de um dos acusados, Nelson Simas, diretor da CDP, foram encontrados cerca de R$ 330 mil. O dinheiro foi apreendido.
Ademir Andrade, além do envolvimento no esquema, agora vai responder a acusações de porte ilegal e contrabando de armas. Foi encontrada uma pistola 9 mm, de uso restrito de policiais, na casa do ex-senador.
A PF monitorou a quadrilha a partir de dezembro de 2005 e constatou vários crimes previstos na Lei de Licitações (8.666/93), peculato, corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa e formação de quadrilha.
O favorecimento a empresas que participavam do esquema era feito através da combinação do resultado das licitações, inclusão de cláusulas pré-combinadas nos editais ou até inexegibilidade ilegal do processo licitatório.
Os investigadores federais também descobriram, através de análise do Diário Oficial da União, discrepâncias inexplicáveis entre o volume de cargas e o lucro da Companhia.
De 2003 a 2005, houve crescimento de 22% na movimentação da cargas e queda de 220% no lucro líquido da CDP.
"Constatamos corrupção generalizada na CDP. Uma das fraudes consistia em cancelar faturas de recebimento de taxas portuárias. Estima-se que, só dessa maneira, sumiram dos cofres públicos R$ 7 milhões. Mas os prejuízos podem ser muito maiores", explica o procurador Thiago Oliveira.
As prisões temporárias - de cinco dias prorrogáveis por mais cinco - e a quebra de sigilos bancários e telefônicos são medidas fundamentais para a coleta de provas e devem ajudar a explicar para onde foi o dinheiro.
Além das 18 prisões, também foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão, com coleta de documentos e computadores.
Equipes da PF e da CGU devassaram empresas de engenharia e de informática em Belém e São Paulo e a sede da CDP em Belém em busca de subsídios para o processo judicial contra os acusados.
Veja quem foi preso na operação Galiléia
Ademir Galvão Andrade - ex-Presidente da CDP
Aldenor Monteiro Araújo Jr. - Diretor Administrativo-Financeiro da CDP
Caritas Jussara Muniz Adrian - Supervisora de Faturamento da CDP
Carlos Antônio Quadros de Castro - Exerce cargo em comissão na CDP
Ericson Alexandre Barbosa - Presidente da CDP
Evandilson Freitas de Andrade - R&A Construções e Comercio LTDA
Hélia Sousa de Oliveira - Gerente de Gestão Portuária da CDP
Jorge Luis Silva Mesquita - Telenorte Comunicações Comércio e Informática LTDA
José Nicolau Waris - Cohelte Conexões Hidráulicas Instalações Elétricas e Telefônicas
Marcos Antônio Barros Cavaleiro de Macedo - Gerente de Engenharia e Infraestrutura da CDP
Maria de Fátima Peixoto Carvalho - Presidente da Comissão Permanente de Licitação da CDP
Nelson Pontes Simas - Diretor de Gestão Portuária da CDP
Paulo Geraldo Ramos Damasceno - Gerente Financeiro da CDP
Ruy Carlos Barbosa de Mello - Contratado da CDP, também responsável pela empresa JGRM Assessoria e Representações LTDA
José Canellas - Eico Sistemas e Controles LTDA
Sílvio da Silva e Silva - Gerente de Informática da CDP
Partido Socialista Brasileiro
Diretório Regional do Pará
NOTA OFICIAL
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), Diretório Regional do Pará, vem a público manifestar irrestritas confiança e solidariedade ao seu presidente regional e ex-senador, Ademir Andrade.
Reafirma o seu compromisso com a democracia e com o aperfeiçoamento da Justiça brasileira, avanços sociais que ajudou a conquistar, muitas vezes com o sacrifício pessoal de seus militantes.
No entanto, repudia quaisquer tentativas de relacionar o seu presidente regional ao mau uso de bens ou recursos públicos, por entender que, num estado democrático de direitos, a simples presunção de culpa não pode ser usada para humilhar pessoas, talvez até com objetivos inconfessáveis.
A honestidade, coragem e compromisso social do ex-senador e presidente regional do PSB, Ademir Andrade, são sobejamente conhecidos da sociedade paraense. Sua trajetória pública jamais foi maculada sequer por suspeições.
Por isso, não deixa de causar estranheza, ao PSB, a violência de que foi vítima, junto com outros companheiros do partido, justamente em ano eleitoral – e no bojo de uma campanha que promete figurar entre as menos éticas de todos os tempos.
O partido, no entanto, manifesta a sua confiança na Justiça, quanto ao esclarecimento desses fatos. E continuará, junto com Ademir, a lutar, de forma intransigente, pela construção de um Pará mais justo, cujas riquezas sirvam, de fato, para melhorar a qualidade de vida de todo o nosso povo.
Deputado Estadual João de Deus
Secretário Geral do Diretório Regional do PSB
2 comentários:
Ana Célia:
Admiro tua honestidade, a lealdade com quem te estendeu a mão em momento difícil de tua vida, tua postura ética escancarando as razões de teu posicionamento. Afinal te conheço ao longo de toda tua vida profissional e tenho o prazer de me incluir entre teus amigos verdadeiros.
Mas não posso deixar de discordar de teus argumentos - e do PSB - sobre os episódios que resultaram na prisão de Ademir Andrade e outros membros da CDP e empresários supostamente beneficiados com operações fraudulentas.
A prisão temporária é uma medida legal e necessária em casos em que a liberdade dos acusados possam representar dificuldades para as investigações, como desaparecimento de provas vitais e outras manobras possíveis.
Falar em politização é a primeira coisa que os acusados fazem, quando são políticos. Assim, nunca houve mensalão, o governo Collor foi impoluto, as CPIs abortadas no governo FHC eram todas tentativas golpistas, etc.etc.etc. Nunca vi alguém querer - e permitir - que tudo seja investigado a fundo, que não reste nenhuma dúvida.
Porque, quem é inocente, não teme uma prisão ( em condições especiais, diga-se de passagem) passageira, ou uma investigação profunda sobre as acusações. Fugir disso é, para mim, assumir a culpa.
Grande abraço,
Sérgio Palmquist
Oi, amor da minha vida! Que bom que estás bem! Liguei, para a tua casa, já faz um tempo, mas ainda estavas viajando. Dia desses até perguntei à Helena por ti. Quanto tempo, né, querido? Eu te amando e tu te esquivando de mim, chuif!
Agora, bora gastar cuspe.
Discordo dessa história de quem é inocente não teme uma prisão. Todo mundo tem medo disso, porque é nódoa que não sai mais, nem com lixívia. Se é assim no Tucunduba, mais ainda na política.
O problema nem é a eventual detenção, mas a maneira como foi realizada. No estilo, mesmo, de permitir a recolha de imagens tão sonhadas, para a campanha eleitoral.
No blog do Juvêncio (Quinta Emenda), que deves conhecer, tive a oportunidade de falar sobre isso.
O problema, Serginho, como eu dizia lá, não é socializar o péssimo - quer dizer, espetacularizar a notícia, promover espetáculos midiáticos, também sobre os cidadãos mais bem postos. Mas varrer da sociedade, em todas as camadas, essa prática antidemorática e absurda de esfolar o acusado e só então, quando já está bem fumado, diz que lhe permitir defesa. Isso é condenar previamente. É inverter o princípio básico do Direito!
Sabemos que isso acontece todo santo dia, há milênios, em relação às pessoas mais pobres. Mas o que é preciso é acabar com isso. Em relação a todo mundo. E não, até em rasgo de sadismo, querer que isso se estenda a todas as pessoas. Tá errado. Não pode. É socializar o péssimo. E não leva a lado algum.
Para mim, não há como dissociar essa prisão do contexto eleitoral. É impossível, Serginho. Em política não existem essas coincidências extraordinárias. Quer dizer: às vésperas da campanha, faz-se a prisão, espetacular, de uma pessoa em condições reais de ganhar as eleições e eu vou achar que não tem, aí, nada de política? Já tenho anos demais de parede para engolir essa, querido. É claro que tem. E até o Ademir explicar que focinho de porco não é tomada, as eleições já terão ficado em passado bem distante.
É claro que eu quero - e o PSB também quer - que tudo seja apurado, tim-tim por tim-tim. Até para que não pairem dúvidas sobre isso. Mas é claro, também, que a gente não pode perder de vista a motivação desse tiro. Nem esquecer de fazer aquela perguntinha clássica: "a quem beneficia?".
Queres um exemplo bacana de como isso é esquisitão? O escândalo que se fez pelo fato de ele ter armas em casa.
Ora, Serginho, todo mundo sabe, no Pará inteiro, que o Ademir fez inimigos poderosos (e bandidos), ao longo de sua carreira política. Caramba, já te esqueceste do João Batista? E do Paulo Fontelles? E olha que o Paulo estava armado! E, no entanto, as imagens das armas são usadas como que para "comprovar" que ele é "chefe de quadrilha". Avalia! Se eu fosse ele, com tantos inimigos e fazendo política numa região como Tucuruí, também andava armada. Até porque o Estado, que deveria garantir a segurança pública, não garante isso nem no centro da capital.
Então, Serginho, acho que houve excesso, sim. O MPF e a PF pisaram na bola, sim. Por trás de todo esse espetáculo, há motivação política, sim. E nada do que for feito vai apagar os prejuízos causados ao senador. Ele pode ter a inocência provada mil vezes, mas ainda estarão lá as poderosas imagens das algemas. É cruel, mas é verdade: essa vai ser uma das campanhas mais sórdidas de todos os tempos.
Beijinhos, beijinhos, beijinhos, beijinhos, beijinhos, beijinhos, beijinhos. Do teu amor enjeitado.
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