quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Senadores que votam em Rogério Marinho cavam a própria sepultura.



Causa espanto que existam senadores não-bolsonaristas que pretendam votar em Rogério Marinho, para a Presidência do Senado Federal.

Ok: muitos querem é se dar bem, formar um grupo semelhante ao da Câmara dos Deputados, para seguir arrancando benesses de um Executivo emparedado.

Está certo? Não. Mas não é algo “inusitado”, já que o toma-lá-dá-cá é o cotidiano da política brasileira, desde 1.500.

E persistirá assim enquanto não houver uma mudança do olhar da população, acerca da política.

Afinal, como já escrevi várias vezes, nossos políticos não são ETs: eles foram eleitos.

E dada a quantidade de políticos desse naipe, nas nossas Casas Legislativas, é de se supor que a maioria do nosso povo também encara a política como uma atividade sórdida, na qual os seus representantes, “naturalmente”, embolsarão uma bela quantidade de dinheiro, legal e ilegal.

Em troca, distribuirão, aos seus eleitores, um dinheirinho para matar a fome, cestas básicas, empregos, documentos de identificação, remédios, consultas médicas, vagas escolares.

Direitos de qualquer cidadão, mas que, há séculos, foram reduzidos a meros “favores”, no jogo eleitoral.

É provável, aliás, que tenha sido o “rouba, mas faz” um dos principais fatores a derrotar Bolsonazi.

Nem o fato de ele ser um neonazista, ou de ter contribuído para a morte de mais de 700 mil brasileiros, durante a pandemia.

Nem o fato de ter agido para armar um exército de milicianos e destruir florestas, ou de ser o responsável pelo genocídio dos povos indígenas.

Mas porque roubou, roubou, roubou, e não fez.

Ou melhor: fez a política do “pão massa fina”, pela qual não sobram nem sequer migalhas, e tudo é devorado apenas pelos apaniguados.

O oposto do “rouba, mas faz” e da política do “pão massa grossa”, pela qual abundam as migalhas que caem da mesa dos comensais.

É uma realidade parida, especialmente, por um grande desalento com a política: a certeza de que tudo sempre foi assim e sempre será; a descrença no poder dos cidadãos; o pragmatismo diante da necessidade de sobrevivência; o medo de enfrentar uma máquina como o Estado, que se volta, principalmente, contra os mais pobres e “cidadãos comuns”.

Mas, é claro, em muitos casos também existe uma ignorância-raiz, que abençoa o uso privado daquilo que é público; que incensa a superexploração do mais fraco; e que nem todas as escolas e bibliotecas do mundo conseguirão erradicar, por quase endógena.

Voltemos, porém, ao Senado.

O que espanta nos senadores não-bolsonaristas que votam em Marinho, é o fato de não perceberem que podem estar a cavar a própria sepultura, apesar de se julgarem tão “espertos”.

Falta-lhes, quem sabe, uma reflexão sobre a biografia de Carlos Lacerda e a ditadura de 1964.

Ou até mesmo sobre a Lava-Jato e a ascensão do neonazismo no Brasil.

Em outubro do ano que vem, teremos eleições municipais, nas quais esses “espertos” pretendem eleger grande número de aliados, para os seus projetos políticos de 2026.

Daí a necessidade de se fortalecerem, nem que seja colocando uma faca no pescoço do Executivo.

Ao que parece, não se dão conta de que, em novembro do ano que vem,  também haverá eleição à Presidência dos EUA.

E se Trump ou outro neonazista se eleger, os militares bolsonazistas terão apoio externo para um golpe, quem sabe ainda em 2025.

E aí, adeus projetos políticos...

Pois é: apesar de se julgar tão “raposa”, o Centrão do Senado não percebe o quanto precisa da Democracia para sobreviver.

Afinal, a Democracia respeita a vontade popular.

Daí respeitar os jogadores e o jogo político, por mais imundo que, muitas vezes, ele possa parecer.

É o oposto do que ocorre nas ditaduras militares, especialmente, as nazistas.

Nelas, o doce sabor da “rapadura” (ou do leite condensado...) é apenas para os generais, coronéis & afins, que atiram às feras os políticos “mamateiros”, enquanto chafurdam em mamatas ainda piores.

Para os militares bolsonazistas, propina de asfalto é troco.

Bacanas, mesmo, são propinas bilionárias com a compra de vacinas, e mamataços como o da Capemi, um escândalo de 100 milhões de dólares, em valores de 1975, ou de 48 anos atrás, que envolveu militares e agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI).

Carlos Lacerda, político, jornalista e empresário que defendia a “intervenção” das Forças Armadas, e que contribuiu, fortemente, para o golpe de 1964, acabou devorado pela serpente que ajudou a criar: foi preso e perdeu os direitos políticos, após buscar a volta do poder civil.

Mas nem é preciso ir tão longe: a Lava-Jato, que foi responsável pela ascensão do bolsonazismo, engoliu empresas e empresários que floresceram na ditadura militar, e caciques direitistas e clientelistas, como é o caso de Eduardo Cunha.

E o bolsonazismo, além de abalar a poderosa Globo, golpista desde pequenininha, também engoliu vários daqueles que o levaram ao poder: Doria, Witzel, Joyce Halssemann, Rodrigo Maia, e por aí vai.

É que só os invertebrados, civis ou militares, conseguem conviver pacificamente com o poder ditatorial.

Civis que se submetem a levar tapas na cara e a serem levantados pelo colarinho, como fazia a alguns um certo coronel paraense.

Ou militares de alta patente que se agacham diante de outro de patente inferior, para não perderem o viagra de cada dia.

Para os demais, mesmo de direita ou de extrema-direita, a tendência é que acabem devorados pela serpente.

Com sorte, serão apenas cassados e passarão uns meses ou anos na cadeia.

Mas, se tiverem azar, acabarão a sete palmos de terra, exatamente como os esquerdistas que tanto detestam.

Afinal, a serpente nazifascista, genocida, terrorista e fundamentalista-religiosa, não divide poder, não aceita sombra e não tolera nem mesmo um simples olhar discordante.

Quer de todos apenas a cabeça baixa e o silêncio cúmplice, diante da matança do nosso próprio povo.

E a moral possível de uma política imoral, que subsiste com a aquiescência do eleitorado, é que afastar o perigo de um golpe neonazista seria muito mais fácil, se os nossos senadores fossem tão pragmáticos como os seus coleguinhas da Câmara dos Deputados.

Que perceberam, de longe, o perigo de dançar tango apaixonado com nazistas, já que, pelo visto, ao menos conhecem um pouquinho de História.

FUUUIIIII!!!!!   

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