Ainda levará muito tempo até que a gente consiga
dimensionar realmente os prejuízos do “Jatenismo” ao estado do Pará.
Ao contrário do que diz a mentirosa propaganda de
Jatene, o novo governador, Helder Barbalho, receberá um estado em ruínas, com estruturas
públicas sucateadas, e que não têm, portanto, como oferecer um atendimento digno
à nossa população, a curto prazo.
Às obras inacabadas, que se arrastaram de eleição em
eleição, juntam-se escolas e delegacias de polícia caindo aos pedaços; unidades
de saúde onde falta desde material de consumo a equipamentos e melhorias
físicas.
E tudo isso é resultado, sim, da irresponsabilidade de
Jatene e da sua falta de compromisso com a coletividade.
Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, de
humanidade até, perceberia que anos e anos seguidos de baixo investimento, em
um estado como o nosso, acabaria gerando esse caos que vemos hoje.
E tão ou mais doloroso: nestes anos todos de Jatenismo,
com suas idéias mirabolantes, megalomaníacas, perdemos um período de ouro de
desenvolvimento do Brasil.
Um período no qual a quase totalidade dos estados melhorou
significativamente, enquanto que o Pará foi ficando cada vez mais para trás.
Daí o fato de disputarmos, hoje, as lanternas dos
indicadores sociais com estados desde sempre miseráveis: Alagoas, Maranhão,
Piauí.
O novo governador terá, portanto, a tarefa hercúlea de investir somas bilionárias e crescentes, não só para reativar a
economia, mas, também, para devolver as estruturas públicas a um patamar, pelo
menos, aceitável.
E a grande questão é: de onde virá o dinheiro para
isso, já que o Jatenismo também criou complicados nós políticos, econômicos e
gerenciais, que podem até custar a cabeça do governante que ousar fazer frente
a eles?
Um desses nós é a política de incentivos fiscais, que
mais parece um negócio de mãe pra filho: o Estado abre mão de milhões, bilhões,
em impostos, em troca de promessas de investimentos; de um retorno em termos de
emprego e renda, que nem Hercule Poirot sabe dizer se, de fato, se
concretizaram, ou se tudo não passou de um estratagema para a formação de
grandes fortunas pessoais e de caixa dois eleitoral.
No entanto, como mudar essa política sem provocar uma
quebradeira dessas empresas e sem deixar o Pará com uma fama tão péssima que
acabe até fazendo com que outros empreendimentos pensem duas vezes antes de se
instalar aqui?
Outro sorvedouro de dinheiro público é a rede de tráfico
de influência, para garantir o silêncio de procuradores e promotores de
Justiça, de magistrados, jornalistas, veículos de comunicação, conselheiros de
contas, deputados...Ou seja: dos integrantes de qualquer instituição que
pudesse frear a bandalheira que se estabeleceu neste estado.
Essa rede sobreviveu até mesmo durante o governo
petista, tão fortemente entranhada está nas nossas instituições. E a questão é:
como um governante poderá desmontar, ou ao menos minimizar essa rede, sem se tornar
alvo de investigações e processos a rodo, ou até de um impeachment?
Outro problema é o baixíssimo retorno da atividade mineradora e de grandes projetos em geral.
Trata-se de uma questão histórica, agravada não apenas
pela Lei Kandir, mas, também, pela postura subserviente do Jatenismo.
Como lidar com o Governo Federal, para o qual somos uma fabulosa
fonte de recursos hídricos, mas sem que isso se tenha traduzido nem mesmo na
melhoria dos serviços e no barateamento das contas de luz?
Como estabelecer uma relação republicana, democrática,
com o Poder Central, habituado a nos ver como simples colônia?
Como criar um novo marco nessa relação, frente aqueles
tão acostumados a sapatear em nossas cabeças que, no maior despudor, até nos
afanaram bilhões com a Lei Kandir - contra a qual, aliás, o governador Simão
Jatene, na época o todo poderoso secretário de Planejamento do Pará, não foi
capaz de dizer nem mesmo um ai.
Como lidar com a super-mega-ultra-poderosa Vale, sem
que isso resulte em uma guerra de consequências imprevisíveis?
Como desarmar essas bombas que o Jatenismo entranhou ou
ajudou a entranhar em nossas estruturas públicas?
O Jatenismo, caro leitor, é a pior praga que se abateu
sobre o Pará. É o sistema mais corrupto, corruptor e absolutamente descomprometido
com a população que este estado já viu.
No segundo semestre de 2017, entre 25 de julho e 10 de
agosto, ou seja, em menos de um mês, só um dos filhos do governador Simão
Jatene movimentou R$ 13 milhões, em
pagamentos a uma seguradora (http://pererecadavizinha.blogspot.com/2018/05/filho-de-jatene-paga-r-13-milhoes-uma.html
).
Veja bem: Só ele. E esse dinheiro era apenas o que ele
tinha livre, disponível, para tais pagamentos – fora, portanto, o que ele possuía
em imóveis, carros, postos de combustíveis, clubes noturnos e sabe-se lá mais o
quê.
Muitas empresas financeiramente saudáveis não possuem
R$ 13 milhões livres, para pagamentos em um único mês.
Muitos profissionais de classe média alta, ou até de
famílias ricas, trabalham a vida inteira, sem conseguir acumular tamanha fortuna.
Então, de onde é que veio tanto dinheiro?
E o que é feito dos processos que envolvem Beto
Jatene?
E por que o promotor e o procurador de Justiça que
tentaram investigar o filho do governador acabaram se tornando vítimas de toda
a sorte de represálias?
Mas como se tudo isso não bastasse ainda há outras
bombas difíceis de desarmar, como é o caso da milionária propaganda, cujos
recursos fazem uma falta danada à melhoria das nossas escolas, estradas e
hospitais.
Como quebrar essa relação promíscua entre o Governo e
a imprensa (veículos e jornalistas)?
Como cortar, ou ao menos reduzir, as “ajudas” a que tantas
“boas almas” foram habituadas pelo Jatenismo, sem que isso resulte em uma
campanha orquestrada contra o governante?
Como quebrar esse modelo que vê a crítica como algo
insuportável, até porque incompatível com a criação de uma Ilha da Fantasia?
Como, depois de 8 anos de propaganda mentirosa,
vendilhona de banha de cobra, recolocar a crítica no papel que ela precisa ter
em qualquer Democracia, que é o de incentivar a participação e o
comprometimento dos cidadãos na gestão da coisa pública?
Nada pior do que o silêncio da coletividade, quando se
pretende, de fato, construir uma sociedade melhor.
O silêncio, o descompromisso, acaba por se traduzir
tanto no lixo que é jogado nas calçadas, quanto na roubalheira do dinheiro
público. Não há uma sensação de pertencimento, de nós em relação a uma coletividade, e da coisa pública em relação a nós.
E essa postura autoritária do Jatenismo, de tentar
silenciar toda a crítica e até de buscar sufocar, esmagar, todo e qualquer
adversário, é não apenas uma bomba que o novo governador precisará desarmar,
mas, também, uma tentação à qual, espera-se, ele não venha a sucumbir.
No entanto, a pior herança que nos deixará o Jatenismo
é o avanço do crime organizado, de forma nunca vista, no estado do Pará.
São estruturas criminosas a dominar bairros inteiros,
até na nossa capital, e que já vitimaram milhares de pessoas, inclusive,
policiais.
São traficantes e milicianos colocando a nossa
população, todo santo dia, no meio de um fogo cruzado – literalmente! É o
terror, a ausência do Estado, a barbárie, a lei do mais forte.
E essa será, possivelmente, a batalha mais dramática que
o novo governador e a nossa população enfrentarão, devido à irresponsabilidade,
à insensibilidade, à preguiça e à incompetência do Jatenismo.
O fato de o crime organizado ter encontrado um terreno
fértil em vários bairros; o fato de muitos dos que matam e morrem em
nossas ruas serem jovens com bem menos de 30 anos, são provas, aliás, da falta
de políticas públicas realmente massivas e eficazes, por todo esse período.
Pura balela a linda e sonora “cultura da paz”! Pura
balela as tais de políticas para a juventude, de geração de emprego e renda, de
Pará 2030 – e por aí vai. A realidade que vemos em nossas ruas é a prova mais
eloquente do quão mentiroso, acanalhado e incompetente é o Jatenismo.
Ao longo desses quase 20 anos, que findam nesse
histórico 1 de janeiro, os nossos tucanos, inspirados ou conduzidos pelo
Jatenismo, simplesmente se “esqueceram” de todos os ideais que levaram à
fundação do PSDB.
Preocuparam-se, apenas, em satanizar os Barbalho, como
se fossem eles os culpados por todos os males deste estado, apesar de afastados
do comando do Pará desde 1995 – ou seja, há 23 anos!
Não viram, ou fingiram não ver, ou até caíram num
grande conto do paco. Afinal, tal estratégia servia apenas aos interesses do
próprio Jatene, de enriquecer com o dinheiro público e de se perpetuar no poder,
a partir da destruição da única liderança capaz de derrotá-lo: Jader Barbalho.
Os Barbalho viraram até verbo, sinônimo de tudo o que
não presta. Tornaram-se os inimigos “superpoderosos e onipresentes” de toda
essa “essência sublime”, de toda essa “candura e bondade” que sempre moveu
Simão Jatene, não é?
E hoje, com toda essa herança de corrupção, violência e
incompetência deixada pelo Jatenismo, e que será Helder Barbalho a enfrentar, a
História como que recoloca os pingos nos is, a mostrar quem
é, de fato, o verdadeiro satanás.
Que Deus ilumine e proteja o novo governador e a nossa
população, porque terríveis são as batalhas que vêm por aí.
E que Deus tenha misericórdia dos nossos tucanos, a
fim de que consigam compreender esta ironia: o doutor Almir, ao tentar combater
aquilo que ele considerava o “grande mal”, acabou por embalar e colocar no
poder uma criatura infinitamente pior.
FUUUIII!!!!
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Em tempo: li, no Diário do Pará, que Jatene não comparecerá
à posse de Helder.
Não fará falta alguma.
Aliás, é até melhor que não compareça: pelo menos, não irá emporcalhar, uma última vez, a faixa de governador.
Não fará falta alguma.
Aliás, é até melhor que não compareça: pelo menos, não irá emporcalhar, uma última vez, a faixa de governador.