sábado, 5 de maio de 2018

NGTM desmente Odebrecht e diz que ainda não há vencedor da licitação do BRT de Jatene. É mais um rolo no turbinado BRT do governador, que estava orçado em inacreditáveis R$ 50 milhões por km. É um valor tão alto, mas tão alto que mesmo com o desconto de quase 30% oferecido pela Odebrecht, a obra continuará entre as mais caras do Brasil. Ela baterá, por exemplo, o BRT da Augusto Montenegro, no qual técnicos da CGU já apontam indícios de superfaturamento.





Mais um rolo na turbinada licitação do governador Simão Jatene para o BRT Metropolitano de Belém, que ligará o Entroncamento ao município de Marituba.

Ontem, 04, a construtora Odebrecht (talvez a mais enrolada na operação Lava-Jato) anunciou aos quatro ventos que venceu a licitação para o BRT de Jatene, que estava cotado a um preço alucinante: R$ 50 milhões por km, um dos mais altos do Brasil.

No entanto, no final da noite de ontem, o Núcleo de Gerenciamento do Transporte Metropolitano (NGTM), o órgão executor da obra, tratou de desmentir a Odebrecht.

Segundo nota do NGTM, o que ocorreu, na manhã de ontem, foi apenas a abertura das propostas de preço apresentadas na licitação, que, no entanto, ainda terão de ser analisadas.

“Portanto, o Núcleo de Gerenciamento informa que somente será declarada a empresa vencedora do certame após a conclusão da análise das referidas propostas”, diz a nota.

A informação de que a Odebrecht vencera a licitação do BRT de Jatene foi noticiada por alguns dos principais veículos de comunicação do País e por um portal especializado em transportes.

No Estadão:
No Valor Econômico:
No site Diário do Transporte:
E no DOL:

O blog desconhece fato semelhante em licitações: uma empresa divulgar à imprensa que venceu um determinado certame, sem que isso tenha realmente ocorrido.

No entanto, esse não é o primeiro rolo do BRT de Jatene: a primeira licitação da obra, realizada no ano passado, acabou cancelada, depois que o jornal Diário do Pará noticiou que ela tivera apenas uma candidata: a construtora Paulitec, a queridinha dos tucanos paraenses.

A proposta da Paulitec era superior a R$ 532 milhões. E o inacreditável era que somente ela, em todo o mundo (a licitação é internacional), tivesse se interessado por esse contrato milionário. Leia aqui:




Um mistério misterioso


Ontem, o Estadão, o Globo e o Valor Econômico chegaram a dar detalhes sobre a proposta da Odebrecht, que teria vencido a licitação do BRT Metropolitano.

Ela seria de R$ 384,6 milhões, ou 26% menor que o valor cotado pela licitação, que era de R$ 525 milhões, para os 10,8 km da obra.

O problema é esses R$ 525 milhões eram tão caros, mas tão caros que, mesmo com um desconto de quase 30%, o preço do BRT de Jatene continuará entre os maiores do Brasil.

Pela proposta da Odebrecht, o custo do BRT Metropolitano cairá para R$ 35,6 milhões por km (divida R$ 384,6 milhões por 10.8 km).

No entanto, em abril do ano passado, o Diário do Pará e a Perereca mostraram que o BRT de Manaus, por exemplo, estava orçado em R$ 24 milhões por km.

Já o BRT da Augusto Montenegro (aqui mesmo em Belém), deveria ficar em R$ 21 milhões por km (R$ 290 milhões para 13,90 km).

Em Recife, o custo por km do BRT era de R$ 6 milhões; em Fortaleza, R$ 12 milhões; em Goiânia, R$ 16 milhões; em Florianópolis, R$ 16 milhões; em Palmas, R$ 13 milhões; em Porto Alegre, R$ 13 milhões; em Brasília, R$ 25,6 milhões.

Quer dizer: bem que o nosso sonolento Ministério Público poderia perguntar ao NGTM de onde saiu, afinal, essa cotação de R$ 525 milhões para o BRT Metropolitano.

E poderia perguntar, também, por que é que, apesar de ser menor, o Metropolitano ficará muito mais caro do que o BRT da Augusto Montenegro, nesta mesmíssima cidade de Belém.

E isso sem esquecer que, segundo técnicos da Controladoria Geral da União (CGU), até os BRTs da Augusto Montenegro e da Almirante Barroso já estão superfaturados: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-496251-cgu-aponta-que-obra-do-brt-esta-superfaturada-em-r$-47-milhoes.html

Leia a reportagem da Perereca “BRT de Jatene custará o dobro de Manaus e da Augusto Montenegro, e o triplo de Las Vegas. Turbinagem é tão grande que serão construídas mais 7 estações na Almirante Barroso, já lotada de estações do BRT da Prefeitura. Perereca superfatura preços, mas não consegue alcançar valor anunciado pelo governador, para o seu BRT: R$ 530 milhões, para apenas 10,75 km de extensão. Ou inacreditáveis R$ 50 milhões por km: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2017/04/brt-de-jatene-custara-o-dobro-de-manaus.html

E leia também sobre os R$ 2,8 milhões doados pela Odebrecht a políticos do PSDB paraense, nas eleições de 2014. O Governador teria recebido R$ 700 mil, segundo declarações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE): http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-363206-odebrecht-doou-quase-r$-700-mil-a-jatene.html

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