quinta-feira, 12 de março de 2015

Verás que um filho teu não foge à luta!





Ao longo de todos esses anos, sempre dividi meus votos entre tucanos e petistas.

Votei em Jatene, em 2010; em Manoel Pioneiro, para prefeito de Ananindeua, em 2012.

Em 2014, estive a um passo de votar em Aécio, a quem sempre admirei.

Fiquei entre os indecisos até quase o final da partida.

E foi com alguma relutância que acabei por votar em Dilma, já que a própria campanha tucana acabou por revelar um Aécio extremamente problemático.

Um Aécio cínico até, a exemplo de quando declarou que Jatene  é um dos políticos mais honestos deste país...

Nunca vi o PSDB como um partido de direita, mas, de centro esquerda.

Um partido que, juntamente com o PT, sempre representou o que de melhor a sociedade brasileira conseguiu parir após a redemocratização. E isso apesar dos muitos erros de ambos.

Hoje, no entanto, ao olhar para o PSDB, já não consigo me reconhecer nele – e muito menos reconhecer nele os ideais que levaram à sua criação.

O partido que deveria ser uma alternativa à arrogância e à ordem unida do petismo, revelou-se infinitamente pior: aliou-se aos que defendem um golpe militar, ou seja, à direita mais abominável deste país.

O PSDB acusa Dilma de trair o eleitorado. Mas, na verdade, quem traiu o seu eleitorado de décadas foi o PSDB.

Quem, como eu, sempre votou em tucanos, sempre considerou o PSDB comprometido com a Democracia tão duramente conquistada pela sociedade brasileira.

Até porque muitos dentre os tucanos arriscaram a própria vida no combate à ditadura.

E é por isso que me sinto tão angustiada, ao constatar que nada, rigorosamente nada, restou daquele projeto original dos tucanos. Foi-se até mesmo o básico, que é o respeito à Democracia e à vontade popular.

Além de jornalista, sou dona de casa, faço compras no supermercado e temo, sim, a volta do descontrole inflacionário, que vivenciei antes do Plano Real.

Além disso, fiquei com um nó na garganta com algumas das escolhas ministeriais de Dilma Rousseff: nunca imaginei ver em um governo de esquerda uma figura como a Kátia Abreu. E até agora ainda me sinto perplexa quando paro pra pensar nisso.

Tenho críticas a Belo Monte, aos impactos ambientais e sociais dessa obra.

Tenho críticas ao parco empenho do PT na aprovação da reforma política, essa sim, capaz de reduzir significativamente a corrupção.

No entanto, a resposta a tudo isso pretendo dar nas urnas, em 2018. E jamais aceitarei qualquer outra solução que não seja a das urnas, a do Estado Democrático de Direito, a da Soberania popular.

É triste ver o final tão degradante de um partido no qual acreditei ao longo de décadas.

Penso que Ruth Cardoso, Mário Covas e Almir Gabriel devem estar a se revirar no túmulo, da mesma forma que o avô de Aécio e o grande Ulisses Guimarães, os dois últimos do PMDB.

Por não aceitar, democraticamente, o resultado das urnas, fazer oposição responsável e preparar-se para a batalha de 2018, o PSDB ajudou a conduzir o Brasil a este momento aterrador, quando imaginar um golpe militar deixou de ser simples paranoia de um personagem do Angeli.

Em vez de apostar em programa de Governo e na Democracia, o PSDB resolveu apostar no ódio.

E é por isso que tanta gente já fala até em guerra civil. Sim, guerra civil. 

Porque os militares não tomarão o poder tão facilmente. Dilma não renunciará. E aqueles que cresceram lutando pela Democracia não se calarão.

Não, não, eles não passarão.

E tendo em vista o apreço da nossa juventude-internauta pela liberdade, os militares golpistas  terão de  marchar até sobre os cadáveres de seus próprios filhos e netos.

Era isso o que queria o PSDB? Ou será que como todo partido que se deixa comandar por marqueteiros, pensou apenas no cenário, sem se preocupar com a possibilidade de incêndio?

Minha infância foi sob a ditadura; minha juventude, a lutar pela Democracia.

Faço parte da geração que se rebelou contra todos os muros, sistemas, costumes, tradições. A geração que imaginou construir com a própria alma, uma grande Nação, um grande País.

Aos 54 anos, nunca imaginei viver um momento como este.

Já quase nem ando, padeço de grandes dificuldades locomotoras, mas ainda tenho os meus ideais e a minha voz.

Ainda tenho a própria vida para defender a maior herança que deixarei à minha filha: a Democracia.

Não, eles não passarão!

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A manifestação de Belém em Defesa da Democracia e do Brasil será amanhã, 13 de Março, a partir das 15 horas, na Praça da República. Participe você também, pra gente tentar evitar o pior.

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Pra todos aqueles que amam verdadeiramente este país!

Um comentário:

Anônimo disse...

deixa de ser juvenil...ningm(que raciocine) quer impeachment, mto menos, golpe militar...o que queremos é sangrar o Pt até que ele morra em 2018. o resto é massa de manobra!

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