O "Barbalhinho" Helder, filho mais novo de Jader, candidato ao Governo do Estado... |
...E Simão Jatene, secretário de Planejamento de Jader, na década de 1980: duas alternativas do mesmo "útero" político. |
A influência política de Jader Barbalho é tão
impressionante que, nas próximas eleições, os paraenses irão às urnas para
escolher entre o “Barbalhinho” e um “Barbalhão”.
O “Barbalhinho”, é claro, é Helder, filho de Jader.
O “Barbalhão” é o governador Simão Jatene, cujo
passado, de secretário e homem-chave de Jader, o marketing tucano faz “de um tudo”
para a população esquecer.
O objetivo é fazer de conta que é Jatene quem
representa o “novo”, cabendo a Helder, por mais esquisito que isso possa
parecer, o papel de “velho” e “ultrapassado”.
Daí o discurso medieval, a repisar, por outras
palavras, o adágio popular “filho de peixe, peixinho é”.
Mas isso é pura bobagem.
Porque nós, humanos, não resultamos apenas da
genética: a cultura tem peso igual ou até maior.
As tendências de temperamento com as quais nascemos são
confrontadas com a moral da época; com os valores e as pressões de diversos
grupos sociais: família, escola, tribos.
E é esse caldeirão de vivências que, afinal, dá à
luz o individuo.
No fundo, todos nós sabemos disso, até pelas nossas
próprias diferenças em relação aos nossos pais.
No entanto, é essa verdade tão óbvia que a
propaganda tucana tenta esconder.
Porque a conclusão decorrente é a probabilidade de
que existam muito mais semelhanças morais entre os “Barbalhões” Jader&Jatene,
do que entre o “Barbalhinho” Helder e esses dois “Barbalhões”.
E por quê?
Porque Jader&Jatene são frutos de uma moral que
só aos poucos a sociedade brasileira vem conseguindo questionar e ultrapassar.
Naquela moral dos tempos de Jader&Jatene era a
coisa mais natural do mundo, por exemplo, empregar toda a parentada na máquina
pública. Era até “comum” se envolver em escândalos cabeludos, públicos e
privados, e ainda assim continuar na vida pública.
Foram necessárias quase três décadas para que a sociedade
brasileira começasse a resgatar o Estado das mãos desses velhos coronéis, para
colocá-lo a serviço de todos.
O “Barbalhinho” Helder, como boa parte de nós,
cresceu em meio a esse irresistível processo transformador.
A grande dúvida, é claro, é até que ponto ele conseguiu
incorporar, de verdade, essa ruptura.
No entanto, não se trata de otimismo, mas, de
simples constatação: não seria a primeira vez que um jovem oriundo de uma
“aristocracia” se junta ao conjunto da sociedade, em uma luta para mudar um
estado ou um país.
...................................
As semelhanças morais entre Jader&Jatene são tão
profundas que eles até trabalharam juntinhos, como “chefe e ordenança”, durante
anos a fio, sem que haja notícia de qualquer crítica do segundo em relação ao
primeiro(as críticas só viriam muitos anos depois, no processo de conquista, por Jatene, de seu próprio lugar ao sol do Poder - leia a postagem “A criatura e o
criador”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/07/direto-do-tunel-do-tempo-criatura-e-o.html).
Até os grupos políticos que os sustentam são muito
parecidos, na maneira como veem a coisa pública e agem em relação a ela.
Compartilham secretários, lideranças, ações políticas
e comandam, de planejamento e de fato, o estado do Pará há mais de 30 anos.
Ambos os grupos nasceram, politicamente, durante a
ditadura militar e ajudaram, é verdade, não só a derrubá-la, mas, também, a
conquistar alguns dos mais importantes avanços da sociedade brasileira, após a
redemocratização.
Mas talvez por já possuírem cristalizada uma determinada
concepção de sociedade e de política, não conseguiram acompanhar a velocidade
de transformação da sociedade brasileira.
Daí que, em ambos, haja tanta gente enrolada na
Justiça, por práticas que, se não eram tidas como “tão escandalosas” no
passado, hoje deixam qualquer cidadão de cabelo em pé.
Daí, também, a “trairagem” que deve correr solta nestas
eleições, porque, para muitas dessas pessoas, talvez pareça estarem diante de
duas alternativas do mesmíssimo "útero" – o que, aliás, não deixa de ser verdade.
..................................
Bem vistas as coisas, Jatene também nasceu do "útero"
político de Jader Barbalho - exatamente como Helder.
Só que o “Barbalhinho”, quase duas décadas depois
(Jatene, que é apenas cinco anos mais novo do que Jader, foi secretário de
Planejamento dele, em 1983; Helder só viria a se eleger vereador em 2000).
Helder cresceu junto com essa rapaziada que assimilou,
desde cedo, os valores da Cidadania: igualdade, liberdade, fraternidade. E que foi
às ruas, em ondas, no “Fora Collor” e nas “Jornadas de Junho”, porque almeja um
novo patamar de evolução política.
Isso significa que ele é “limpinho&cheiroso”?
É claro que não!
Na verdade, ainda vai demorar uns 100 anos para que
tenhamos, neste atrasadíssimo estado do Pará, um candidato, de fato,
republicano.
Porque político não é alien: é apenas o retrato da
sociedade que o pariu e tolerou.
Mas, com certeza, o “Barbalhinho” Helder é bem melhor
do que o “Barbalhão” Simão Jatene.
......................................
É verdade que a equipe econômica de Jatene melhorou,
de forma até impressionante, a arrecadação do estado.
A estimativa, em 2010, era que as receitas do Pará somariam
uns R$ 50 bilhões, de 2011 a 2014. No entanto, até o final deste ano, elas deverão
ultrapassar R$ 62 bilhões. Ou seja, somarão uns R$ 12 bilhões acima do previsto.
E é aí que está o problema: onde é que foi parar todo
esse dinheiro?
Apesar do espetacular aumento da receita, os níveis
de investimento de Jatene são os piores dos últimos 17 anos (pelo menos) e atingirão,
com muita sorte, uns R$ 4,2 bilhões, entre 2011 e 2014.
Ou seja: não chegarão nem perto de 10% da receita.
E isso apesar de o próprio Jatene ter afirmado, em
abril de 2011, segundo a Agência Pará: “O Governo que não se dispuser a
usar pelo menos 10% do que tem nos cofres em investimentos não terá feito
absolutamente nada".
Em 2011, de tudo o que o Jatene gastou apenas 4,51%
foram destinados a investimentos – o pior índice do Pará, nos últimos 17 anos
(e, talvez, de toda a História deste estado).
Em 2012, os investimentos ficaram em apenas 6,19% -
o segundo pior índice em quase duas décadas.
Em 2013, fecharam em apenas 7,19% - o quarto pior
resultado em quase 20 anos.
É por isso que, nos últimos três anos, o Pará foi
sempre o lanterna de investimentos da Região Norte; o estado que menos gastou
com investimentos, em relação à despesa total.
Pior: nestes últimos três anos, o Pará perdeu até para os paupérrimos Piauí e Maranhão. (leia aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/08/percentuais-de-investimento-do-para-sao.html
Aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/09/para-pode-virar-lanterninha-do-idhm-do.html
Aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/09/incrivel-para-investe-apenas-33.html
E aqui: http://diariodopara.diarioonline.com.br/impressao.php?idnot=176837).
Tudo isso é um extremamente preocupante, caro leitor.
Porque o Pará já possui déficits enormes em todas as
áreas (saúde e saneamento, segurança, educação), ao mesmo tempo em que continua
a receber fluxos migratórios tão intensos que o fazem ganhar o equivalente a
uma nova Ananindeua, a cada quatro ou cinco anos.
E sem investimentos realmente significativos, como
fazer frente a essa situação?
Como equipar a polícia, ampliar escolas, construir
unidades de saúde, sanear cidades em um ritmo que nos permita reduzir esses
déficits e atender a essa nova demanda?
A falta de investimentos, aliás, é a grande
responsável pelo caos que estamos vivendo em todas as áreas: Saúde, Segurança,
Educação.
E se já está assim agora, imagine com mais quatro
anos de Jatene...
A cada ano que ele passa no Governo, mais atrasado
vai se tornando o estado do Pará.
Porque o dinheiro que deveria ir para investimentos
está sendo consumido pela máquina, pelo desperdício, pelo compadrio “y otras
cositas más”...
Em verdade, para quem acompanha a situação dramática
dos serviços públicos paraenses, os escândalos do Governo e a contabilidade
geral do Estado, a impressão que fica é que, comparado a Simão Jatene, Jader Barbalho nunca passou de um aprendiz de feiticeiro.
...........................
Em seu programa eleitoral, Jatene usa a desculpa
esfarrapada da falta de dinheiro e do tempo consumido pelo planejamento, para justificar
o fato de só agora, em ano eleitoral, estar a entregar algumas obras.
(Observem o quanto é dramática a situação do Pará:
nem mesmo o marketing encontrou maneira de não mencionar essa falta de obras.)
Mas dinheiro, como você viu acima, nunca foi
problema: o que faltou foi prioridade política ao investimento; a decisão política
de evitar que o Pará caminhasse para o abismo, como, de fato, está a caminhar.
Quanto ao planejamento, é o caso de se perguntar: como
é que todos os governadores da Região Norte, e até do Piauí e do Maranhão,
conseguiram planejar e executar um conjunto de obras, ao longo desses mais de
mil dias, enquanto que, para Jatene, todo esse tempo só deu para “planejar”?
A verdade verdadeira é que Jatene padece de uma profunda
inapetência pelo trabalho – coisa de que sabem até os peixes de
Inhangapi e de São Caetano de Odivelas.
É um problema tão grave que nem mesmo em ano eleitoral
ele consegue aumentar significativamente o investimento, como fazem todos os
políticos.
Até junho deste ano, ou seja, até a metade do ano, o
Governo Jatene só havia liquidado R$ 800 milhões dos investimentos previstos
para 2014, que deveriam alcançar quase R$ 2,6 bilhões(veja aqui o Relatório
Resumido de Execução Orçamentária/RREO do terceiro bimestre: https://www.contaspublicas.caixa.gov.br/sistncon_internet/consultaDeclaracoes.do?acao=imprimir&numeroDeclaracao=511593
).
Como o orçamento deste ano ronda os R$ 20 bilhões, não
é preciso bola de cristal para prever que, novamente, os investimentos não
alcançarão nem 10% da despesa.
Será, provavelmente, o quarto ano consecutivo em que
os investimentos do Pará ficarão abaixo da maioria esmagadora dos estados mais
miseráveis deste país.
É uma tragédia social e econômica; é o Pará rolando
ladeira abaixo – e com oito milhões de cidadãos dentro dele.
Não dá mais para tolerar esse tipo de comportamento.
Mais quatro anos de Jatene e o Pará, simplesmente, não
aguenta.
Fosse outro o governador (um Almir Gabriel, por
exemplo) e é bem provável que estivéssemos a experimentar uma época de ouro, em
termos de investimentos, devido a esse extraordinário desempenho da SEFA.
E mais: na Prefeitura de Ananindeua, Helder chegou a
investir quase 22% da despesa – ou o triplo do melhor percentual alcançado por
Jatene.
Então, o “Barbalhinho” pode nem ser a "oitava
maravilha do mundo".
Mas a vontade de trabalhar e a moral de seu tempo
estão, sim, a seu favor.
FUUUUUIIIIIIIIIIII!!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário