segunda-feira, 8 de julho de 2013
Nem tudo que reluz é ouro
No blog do deputado Parsifal Pontes:
“O retrato de Dorian Gray*
Há um órgão do ser humano que não obedece a valores morais e éticos, tão pouco está restrito a juízos de coerência: o bolso.
A “Folha de S. Paulo” de ontem (08) reporta que o bolso do presidente do STF, Joaquim Barbosa, não é a exceção à regra e é tão humano quanto o de qualquer outro magistrado, ou político, que sua excelência adora recriminar.
Quando o CNJ, há trinta dias, colocou no bolso de magistrados de oito tribunais de Justiça cerca de R$ 100 milhões a título de auxílio-alimentação, o ministro Barbosa entrincheirou-se contra o que ele classificou de decisão "esdrúxula" e "inconstitucional".
Mas o discurso do paladino da República não resistiu ao retrovisor: entre 2002 e 2007, o ministro Barbosa recebeu do Ministério Público Federal, de onde ele é originado, R$ 580 mil a título de auxílio-moradia, auxílio-paletó e verbas equivalentes, que ele chamou, quando proferiu voto contrário no CNJ, de “penduricalhos esdrúxulos e inconstitucionais”.
O MPF chama a verba de PAE (Parcela Autônoma de Equivalência) e segundo a “Folha”, o órgão já pagou R$ 150 milhões a procuradores, nesse título. Ainda segundo a “Folha”, os valores recebidos por Barbosa, atualizados ao dia de ontem (7), equivalem a R$ 704,5 mil.
Não é ilegal
A “Folha” reporta que o presidente do STF declarou que “não recebeu nada ilegal, e nada além do que foi recebido por todos os membros do Judiciário do país, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União".
A “Folha” não afirma que o recebido é ilegal. Para o meu conforto, apenas revela que eu sou igual ao Barbosa, ou ele é igual a mim, pois eu também sou contra todos esses penduricalhos e acho que eles devem acabar, mas enquanto existirem, como o meu bolso, assim como o dele, só faz juízos de legalidade, eu quero receber até o último centavo.
Retificando, acho que eu sou melhor que o ministro Barbosa: eu digo, e faço, o que acabo de escrever acima.
Não sou adepto da máxima de La Rochefoucauld, quando ele constata que “a hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude”. A isso, prefiro o bardo, quando ele afirmou que “os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.”
Tem mais Parsifal Pontes aqui: http://pjpontes.blogspot.com.br/
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