sábado, 3 de novembro de 2012

Direto do Face: Os “Zoológicos Humanos”. Imperdível!





Do excelente blog Semióticas (MG), do jornalista e professor José Antônio Orlando:

 
O animal humano

Nem tudo são flores para a “prova de verdade” que a fotografia sempre pode representar. Desde a primeira metade do século 19, os pioneiros do registro fotográfico usaram a pretensa “verdade” da imagem fotográfica para ganhar fortunas reproduzindo, especialmente, os seres humanos considerados “exóticos, selvagens ou monstros” – muitos deles capturados como animais em seus países de origem e depois exibidos em feiras, circos e zoológicos das maiores e mais “civilizadas” capitais da Europa e Estados Unidos.

Por incrível que pareça, a última dessas grandes e populares exposições em zoológicos de “humanos exóticos, quase animais” foi realizada há pouco mais de 50 anos. Em 1958, em Bruxelas, Bélgica, a apresentação em uma jaula de uma “autêntica família de um vilarejo do Congo” foi interrompida antes da data prevista. Apesar do estrondoso sucesso popular que levava todos os dias multidões ao “espetáculo”, críticas na imprensa e pressão dos países vizinhos provocaram o fechamento do negócio. Não há registro sobre o destino da “autêntica família”.

Presentes em todos os manuais de história da fotografia, as cenas registradas em daguerreótipos, dioramas, cartões postais, filmes de curta duração e outras técnicas pioneiras dos tristes espetáculos de “humanos exóticos, quase animais” foram reunidas pela primeira vez em uma impressionante exposição aberta nesta semana no museu Quai Branly, em Paris. Antes da exposição, as imagens haviam sido publicadas em 2008 no catálogo “Human Zoos – Science and Spectacle in the Age of Empire” (Liverpool University Press), resultado da pesquisa feita durante décadas pelo historiador francês Pascal Blanchard.

No catálogo, que traz mais de 600 cartazes, fotografias e fotogramas de época, Pascal Blanchard defende a tese de que o desumano e popular espetáculo tinha um objetivo político: justificar e fazer propaganda das missões de guerra e de ocupações ao sul da linha do Equador nas Américas, África e Ásia pelos países da Europa. Segundo Blanchard, que assina como curador científico da exposição no Quai Branly, os espetáculos de “zoológicos humanos” legitimaram a colonização e influenciaram o desenvolvimento de ideias racistas que perduram até nossos dias.

Blanchard explica que durante o século 19 se desenvolveram noções sobre a raça e o conceito de hierarquia racial, com teses absurdas como aquela que defende que os negros africanos seriam o elo que faltava entre o macaco e os homens brancos ocidentais, ou o "homem normal", como consideravam os cientistas. Seguindo a cronologia das imagens do catálogo publicado por Blanchard, a exposição começa com as primeiras chegadas de povos "exóticos" à Europa, trazidos pelos exploradores, como o caso da família de índios tupinambá, do Brasil, que desfilaram, em 1550, para o rei Henrique 2º e a nobreza em Rouen, na França.
Londres, que foi a pioneira ao apresentar uma exposição de índios brasileiros Botocudos em 1817, iria transformar-se na "capital dos espetáculos étnicos", seguida pela França, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos. A exibição em Londres, em 1810, e em Paris, em 1815, da sul-africana Saartje Baartman, conhecida como "Vênus Hotentote". Hotentote era o nome pelo qual sua tribo era conhecida à época.

Saartje Baartman, exibida como atração numa jaula para plateias incrédulas e ávidas por aberrações e monstruosidades, tinha nádegas muito proeminentes e marcou, segundo Blanchard, uma reviravolta nesse tipo de apresentação. Depois do sucesso popular da negra nua de nádegas exageradas, pessoas com deformações físicas e mentais também passariam a servir de atração para as cortes europeias na época.

Esses "shows" nas capitais da Europa e nos Estados Unidos se profissionalizaram e renderiam fortunas, com interesse cada vez maior do público, tornando-se uma indústria de espetáculos de massa. Os “animais humanos em jaulas” atraíam multidões em suas extensas turnês internacionais - e geravam fortunas”.


Aqui você pode ler a íntegra do artigo, além de ver as interessantíssimas fotos que o ilustram: http://semioticas1.blogspot.com.br/2011/12/o-animal-humano.html

Um comentário:

Anônimo disse...

O que Harry Houdini e Simao Jatene tem em comum? Bom, o primeiro, é consirado o maior ilusionista do mundo, o segundo, é o maior ilusionista do Pará, consegue enganar o povo com uma facilidade. Pará, o estado com os piores indices do Brasil.

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