quarta-feira, 4 de julho de 2012

Depois do Tocantins, do Madeira e do Xingu, chegou a vez de barrar o Tapajós


Fim de tarde no Tapajós

No blog Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha:
 
“A hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, foi a última grande obra da ditadura militar.

 Megalomaníaca. Ergueu-se um imenso paredão de concreto e produziu-se um imenso lago, contra tudo e contra todos.

Os objetivos eram “estratégicos”, nos diziam.

Estratégicos para o Japão, por exemplo, que queria se livrar de suas indústrias de alumínio e fazia um movimento para exportá-las, transferindo para o Exterior o peso de produzir energia. A produção de alumínio é a atividade industrial mais eletrointensiva.

Os japoneses prometeram participar da construção de Tucuruí. No meio do caminho, desistiram. Mas ergueram no Pará, mais especificamente em Barcarena, sua fábrica de alumínio. 

A Albrás está entre as dez maiores do mundo, fornece cerca de 15% de todo o alumínio consumido no Japão. Na vizinhança tem a Alunorte, que produz alumina. E em São Luís do Maranhão tem a Alumar, que produz alumina e alumínio.

Tucuruí saiu com um sobrepreço gigantesco. Atribuiu-se o preço ao “custo Amazônia”, mas Lúcio Flávio Pinto, o jornalista que é autor do livro Tucuruí, a barragem da ditadura, suspeita que tenha havido mesmo “custo enriquecimento pessoal” de envolvidos.

Entre 1984 e 2004, a Albrás recebeu subsídio de U$ 2 bilhões de dólares na energia de Tucuruí que consumiu! Daria para construir uma fábrica nova.

A Companhia Vale do Rio Doce, então nossa Vale, chegou a ser sócia da Albrás. Mas, já privatizada, vendeu sua participação.

Hoje a Albrás pertence à parceria entre a Nippon Amazon Aluminium, um consórcio de empresas japonesas, e a norueguesa Norsk Hydro.

A Hydro também controla a exploração de bauxita em Paragominas, no Pará, que transforma em alumina na Alunorte, em Barcarena.

A Alumar, instalada em São Luís, pertence à Alcoa, BHP Billiton e RioTintoAlcan.

[A RioTintoAlcan é a mesma que pretende produzir alumínio no Paraguai comprando parte da energia de Itaipu. Mas, aparentemente, quer energia subsidiada]

Sem Tucuruí não haveria essas empresas “brasileiras”, por falta de energia.

Por um tempo muitos de nós imaginamos que a Amazônia seria tratada de uma maneira especial pelo governo brasileiro, dadas as suas especificidades.

Mas o crescimento da economia coloca o País diante de alguns dilemas sobre os quais, curiosamente, praticamente não existe debate nacional. Uma destas questões diz respeito à construção de hidrelétricas na Amazônia.

Depois do Tocantins (Tucuruí), do Madeira (Santo Antonio e Jirau) e do Xingu (Belo Monte), o próximo rio da região a ser barrado é o Tapajós.

Em seus planos, o Ministério das Minas e Energia prevê até 2020 a construção de várias hidrelétricas na bacia do Tapajós-Juruena-Teles Pires”.

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