terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Milagre: campanha de Jatene foi mais barata que a de Ana Júlia em 2006. Até programas de rádio e Tv custaram menos.



É incrível, absolutamente espantoso, mas, rigorosamente verdadeiro: o governador eleito do Pará, Simão Jatene, afirmou à Justiça Eleitoral que a campanha dele foi mais barata que a de Ana Júlia Carepa em 2006 - e por pouco não custa o mesmo de 2002.
É isso mesmo: enquanto a franciscana campanha de Jatene ao Governo do Estado, no último mês de outubro, teria consumido apenas R$ 5.310.903,37, a campanha de Ana Júlia ao mesmíssimo cargo, em 2006, teria ficado em R$ 5.238.462,45 – ou em mais de R$ 6,353 milhões, em valores atualizados pelo IPCA de julho deste ano. 
Já em 2002 as despesas de Jatene teriam somado R$ 2.604.050,37, ou o equivalente hoje a mais de R$ 4,3 milhões.
E tudo isso, vale salientar, são apenas os gastos que foram declarados por Jatene e Ana Júlia à Justiça Eleitoral.
E mais: em 2006, a campanha de Ana Júlia foi feita contra a máquina e com parcos recursos, exatamente como teria acontecido agora com Jatene.
Já em se tratando de 2002, a melhor leitura é esta: Jatene gastou R$ 2,604 milhões apesar de galopar alegremente a máquina – tanto assim que até hoje responde a processo por suspeita de distribuir dinheiro a rodo às prefeituras paraenses, no período eleitoral.

Queimão de rádio e TV
Por incrível que pareça, até os programas de rádio e TV saíram mais baratos para Jatene neste ano, do que para Ana Júlia em 2006.
Em 2006, ela gastou R$ 1.687.633,33 com esses programas – ou mais de 2,046 milhões em valores atualizados.
Já o Comitê Financeiro Único do PSDB do Pará, que pagou 99% das despesas da campanha de Jatene, declarou gastos de apenas R$ 1,462 milhão com os programas de rádio e TV, conforme a última atualização de dados do TSE.
(Em 17 de dezembro, quando este blog postou a matéria sobre a aprovação das contas de Jatene, a soma desses gastos era ainda menor: apenas R$ 1,274 milhão. Veja aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2010/12/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html ).
Note que esses valores se referem aos gastos do Comitê. Ou seja, incluem as despesas de Jatene, mas, possivelmente, também as do senador Fernando Flexa Ribeiro, cujas contas de campanha não mencionam qualquer pagamento por tais programas.

Veja os gastos de Ana Júlia em 2006, e os de Simão Jatene em 2010, com os programas de rádio e TV.

Ana Júlia (2006): R$ 1.687.633,33 (ou 2,046 milhões, pelo IPCA de julho).
Amazon Filmes S.S. Ltda: R$ 130.800,00
Contromídia Norte Ltda: R$ 2.000,00
Digital Produções: R$ 1.099.500,00
Double M: R$ 7.000,00
Fernando A. Penna de Carvalho – ME: R$ 30.000,00
IK Barros & Cia Ltda: R$ 240.000,00
Pará Rural Propaganda e Marketing Ltda: R$ 85.000,00
Studio C Produções de Fonogramas Ltda: R$ 43.333,33
Vanguarda Comunicação: R$ 50.000,00

Jatene (2010): R$ 1.462.000,00
Griffo Comunicação e Jornalismo Ltda: R$ 261.000,00
Imagem Produções e Serviços Ltda: R$ 198.000,00
João Sílvio P. de P. Gonçalves Junior: R$ 47.000,00
L. F. Publicidade Promoções e Produções Ltda: R$ 10.000,00
Nova Comércio e Produções de Áudio Ltda: R$ 228.000,00
Sérgio Luís Fernandes Montoya - ME: R$ 14.000,00
3D Produções Ltda EPP: R$ 700.000,00
Contromídia Norte Ltda: R$ 4.000,00

Preços baixos também do lado de lá.
Agora em 2010, Ana Júlia declarou ter gastado apenas R$ 2,150 milhões com seus programas de rádio e TV.
É pouco – muito, muito pouco, até pelo tempo de TV de que dispôs e pela estrutura mobilizada pela Link Propaganda, a agência baiana responsável por todo o marketing da candidata.
Mesmo assim, as despesas declaradas por Ana Júlia ao menos equivalem às de 2006 e superam em mais de meio milhão as de Jatene, que, apesar de não ter a máquina, teve ao seu lado duas excelentes empresas paraenses: a Griffo e a 3D.
E mais: apesar dos pesares, o candidato do PT ao Senado, Paulo Rocha, declarou um pagamento de R$ 90 mil à OMG Comunicação Total, pela produção de programas de rádio e TV.
Veja os gastos de Ana Júlia com esse item agora em 2010.

Ana Júlia (2010). Produção de programas de rádio e TV: R$ 2.150.000,00
Amazon Filmes S.S Ltda: R$ 150.000,00
Fernando A Penna de Carvalho - ME: R$ 650.000,00
Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda: R$ 1.150.000,00
M C Barros e Cia Ltda: R$ 200.000,00

Lição de economia: o espantoso preço dos carros-som
Mas quando se fala nas despesas de propaganda de Jatene, o que mais chama a atenção é mesmo o gasto impossivelmente baixo com a publicidade através de carros-som (leia a matéria citada acima).
As despesas declaradas pelo Comitê Financeiro Único do PSDB paraense, que eram de R$ 74.231,00, ficaram em R$ 79.521,00, pela última atualização do TSE.
Pois muito bem: além do que já consta na matéria anterior, a Perereca ainda descobriu que esse valor é menos da metade do que Ana Júlia gastou em 2006: foram R$ 192.600,00 naquele ano – ou R$ 233.585,00, em valores atualizados.
Mais: naquele ano, o menor pagamento registrado por Ana Júlia pela propaganda em carro-som foi de R$ 1.000,00.
No entanto, agora em 2010, entre os 40 pagamentos realizados pelo Comitê Financeiro Único do PSDB, para serviços de carros-som, 35 estão abaixo desse patamar.
Há caso de gente, aliás, que teria recebido apenas 100, 200 ou 400 reais.
E mais: as despesas do Comitê são inferiores até as do senador tucano Fernando Flexa Ribeiro, que gastou mais de R$ 182 mil com a publicidade via carros-som; ou até que as do também tucano Sidney Rosa, eleito deputado estadual, que gastou quase R$ 140 mil nesse item – e o menor pagamento realizado por ele foi de R$ 4 mil.
Mais: a maior despesa do Comitê foi com a Guarany Serviços, que recebeu pouco mais de R$ 50 mil.
E, no entanto, a empresa cobrou R$ 43 mil do deputado estadual reeleito Alexandre Von (PSDB); e outros R$ 66,5 mil do deputado federal dos Democratas Joaquim de Lira Maia, pelo mesmíssimo serviço.
Veja os gastos de cada qual:

Ana Júlia, 2006. Gastos com carros-som: R$ 192.600,00 (ou R$ 233.585,00)
Evandro de Campos Almeida: R$ 1.000,00
Haroldo Miranda Fonseca: R$ 1.000,00
João Almeida dos Santos: R$ 1.000,00
João Maria Barral Botelho: R$ 1.000,00
Madson Santos da Silva: R$ 1.000,00
Raphael Almeida da Conção: R$ 1.000,00
Reginaldo Bernardes Pacheco: R$ 1.000,00
Robson Gualberto Ferreira Ribeiro: R$ 1.000,00
Rubens dos Santos Araújo: R$ 1.000,00
Ironaldo de Jesus Ribeiro a de Oliveira: R$ 49.600,00
Som & Cia Ltda: R$ 134.000,00

Jatene(Comitê Financeiro Único) – Despesas com carros-som em 2010: R$ 79.521,00
Adriano Hermes Gomes Monteiro: R$ 400,00
Alessandro Passos de Carvalho: R$ 100,00
André Ricardo Bentes Tavares: R$ 910,00
Davi Vieira Mendes: R$ 400,00
Dawison Willer Pereira Reis: R$ 400,00
Diego Afonso Gonçalves: R$ 180,00
Edilson Gomes Dantas: R$ 1.000,00
Edilson Oliveira: R$ 800,00
Etevaldo Mascate de Souza: R$ 200,00
Fátima dos Santos Farias: R$ 800,00
Francisco Everton de Oliveira Filho: R$ 800,00
Guarany Comércio e Serviços Ltda: R$ 50.085,00
Ivonaldo Ribeiro Alves de Oliveira: R$ 850,00
Jackson Arlan Pinheiro Machado: R$ 350,00
 Jivanildo de Oliveira Carmo de Souza: R$ 1.280,00
João Batista Cardoso Móia: R$ 514,00
João Batista Matos Pinheiro: R$ 6.000,00
João Paraense Bezerra Junior: R$ 900,00
José Raimundo Barreto Palheta: R$ 400,00
João Zacarias Alves dos Santos: R$ 980,00
Jorge Marcelo Praça Barbosa: R$ 800,00
José Daniel: R$ 400,00
José Eduardo Moraes de Oliveira: R$ 400,00
José Jorge da Silva Junior: R$ 840,00
José Veloso Melem: R$ 300,00
Manoel Ribeiro da Silva: R$ 400,00
Miguel Brito: R$ 400,00
Miguel Bulhões Carvalho Melo Rodrigues: R$ 360,00   
Nivaldo Campos da Costa: R$ 800,00
Nilson Carlos Soares de Aguiar: R$ 400,00
 Oberdan Furtado Bezerra: R$ 630,00
Paulo Robson de Sousa Trindade: R$ 900,00
Pedro Alves: R$ 800,00
Raimundo Desterro de Souza Katari: R$ 900,00
Rosiney Reimão do Carmo: R$ 792,00
Sandro Henrique Aragão: R$ 600,00
Sérgio Raimundo Valente Meireles: R$ 400,00
Taicilene Moraes de Lima: R$ 150,00
Tereza da Silva Farias: R$ 900,00
Wilson Mendes: R$ 1.000,00

Gastos de Flexa Ribeiro com carros-som em 2010: R$ 182.540,00
Parabel Comercial Ltda: R$ 176.000,00
Paulo Sérgio Setubal: R$ 1.540,00
Wilson de Oliveira Filho: R$ 5.000,00

Gastos de Sidney Rosa com carros-som em 2010: R$ 139.900,00
Antonio Silvane Rodrigues dos Santos: R$ 5.600,00
Ezequias da Silva Lima: R$ 10.800,00
João Batista Martins: R$ 24.000,00
José Elcias Lima Medeiros: R$ 10.800,00
José Pimentel dos Santos: R$ 10.800,00
Lúcia Neves Pena: R$ 4.000,00
Manoel Marcos Rodrigues Santos: R$ 10.800,00
Natanael Jardim Vieira: R$ 6.000,00
Orione Dantas Teotônio: R$ 7.000,00
Osias Reis Gouveia: R$ 10.800,00
Paulo Sérgio Silva do Carmo: R$ 24.000,00
Valterly Sousa de Oliveira: R$ 15.300,00


Entra Ney Messias
Quando fiz a primeira matéria sobre os gastos do Comitê Financeiro Único o total de despesas estava em R$ 8,975 milhões; hoje elas alcançam R$ 9,547 milhões. A variação da receita foi menor: apenas R$ 10 mil para mais.
Com os ajustes nas contas do Comitê surgiu mais um fornecedor de serviços: o jornalista Ney Messias, que recebeu R$ 120 mil para a criação e inclusão de páginas na internet.

Também houve alterações – mas, pequenas – nos fornecimentos gráficos. Os principais, porém – a Halley Gráfica (tem matéria abaixo) e a Anna’s Serviços e Comércio - permaneceram inalterados.

A Perereca volta antes do final do ano com o listão dos fornecedores de combustível, transportes e alimentação de Jatene.

Para que, a partir de janeiro de 2011, a gente possa acompanhar religiosamente o Diário Oficial.


Perereca da Vizinha: tudo o que você sempre quis saber sobre os tucanos, mas teve vergonha de perguntar!


FUUUIIIIIII!!!!!!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Grupo Claudino, o maior fornecedor de impressos para Simão Jatene. E também para Jader Barbalho e Roseana Sarney


O que é que têm em comum Jader Barbalho, Simão Jatene e Roseana Sarney?
Todos parecem a-do-rar os serviços da Halley S/A Gráfica e Editora, que fica no bairro da Tabuleta, em Teresina, capital do Piauí.
A Halley foi a maior fornecedora de impressos para Jader e Roseana, ambos do PMDB, e também para o Comitê Financeiro Único do PSDB do Pará, que foi o responsável, através de uma triangulação, pela quase totalidade das receitas de despesas de campanha do governador eleito, Simão Jatene.
A gráfica integra o Grupo Claudino, um dos maiores conglomerados do Nordeste, com mais de dez empresas. Entre elas, o Armazém Paraíba, o Shopping Terezina, o Frigorífico Frigotil e a Construtora Sucesso.
Os Claudino têm um pé na política: um dos filhos do patriarca do grupo é senador pelo PTB do Piauí e foi candidato ao Governo daquele estado, em outubro - mas acabou derrotado por Wilson Martins (PSB).
A Construtora Sucesso já recebeu milhões de reais por obras públicas realizadas no Piauí: seriam mais de R$ 114 milhões, entre este ano e o ano passado, segundo blogs e sites piauienses.
E na época da campanha, conforme afirmou a própria empresa, a dívida do Governo do Piauí por obras executadas ou em execução ultrapassaria R$ 30 milhões.  
Um deputado do PC do B, Robert Rios, chegou, aliás, a pedir que o Ministério Público investigue tais obras, devido aos reajustes de preços.
Reportagens de revistas e jornais nacionais afirmam que o grupo Claudino teria doado uma parte (R$ 300 mil) do mais de R$ 1,34 milhão apreendido pela Polícia Federal em 2002, na sede da Lunus, pertencente a Jorge Murad.
Na época, a esposa de Murad, a hoje governadora do Maranhão, Roseana Sarney, se preparava para disputar as eleições para a Presidência da República, mas foi abatida em pleno vôo por esse escândalo.
O patriarca do grupo Claudino, que é liderança do PRTB do Piauí, também possui negócios no Maranhão.
O fornecimento de impressos a Jatene via Comitê Financeiro Único teria ficado em R$ 890.965,50, pelas contas do próprio comitê, ou em R$ 834.865,50 pelas contas da Halley (é, os números não batem, pelo menos no site do TSE...).
De qualquer forma, foi o dobro do que forneceu em impressos a segunda colocada, a Anna’s Serviços e Comércio Ltda (R$ 417 mil), que tem o nome de fantasia de “Fluxo Gráfica” e funciona em Belém (leia aqui a matéria sobre os fornecimentos para a campanha de Jatene, na área da Propaganda http://pererecadavizinha.blogspot.com/2010/12/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html ).
Para Roseana Sarney, os serviços da Halley chegaram a mais de R$ 1,680 milhão.
No caso de Jader, foram quase R$ 900 mil em impressos.
Para comitês financeiros, a gráfica realizou mais de R$ 1,275 milhão em serviços: para o PTB, PP, PRTB, PDT, PHS, PT do B, PTC do Piauí; PC do B do Maranhão (pouco mais de R$ 37 mil) e PSDB do Pará – de longe, o maior volume.
Entre os candidatos a cargos proporcionais que usaram os serviços da gráfica também figura a deputada federal reeleita Elcione Barbalho, do PMDB paraense.
Já a construtora Sucesso doou R$ 150 mil para o Comitê Financeiro Único do PTB do Piauí, e mais de R$ 2 milhões a candidatos. A maior fatia (R$ 1,8 milhão) foi para a campanha de João Vicente Macedo Claudino, o filho do patriarca do grupo que concorreu ao Governo do Piauí; e o restante para o senador Garibaldi Alves Filho, do PMDB do Rio Grande do Norte, e para o candidato a deputado estadual Walter Pinheiro Alves, também do PMDB daquele estado.
Veja os principais fornecimentos da Halley Gráfica, que atingiram mais de R$ 4,560 milhões, para candidatos (na listagem só entraram serviços acima de R$ 10 mil):

Garibaldi Alves Filho - senador (PMDB/RN): R$ 147.663,22
Roseana Sarney Murad – governadora (PMDB/MA): R$ 1.680.111,30
João Henrique Ferreira de Alencar Pires Rebelo – deputado estadual (PT/PI): R$ 100.701,74
Ana Paula Gomes da Cruz Napoleão– deputada estadual (PRB/CE): R$ 12.798,12
Ciro Nogueira Lima Filho – senador (PP/PI): R$ 13.995,64
Elcione Therezinha Zahluth Barbalho – deputada federal (PMDB/PA): R$ 198.318,57
Júlio César de Carvalho Lima – deputado federal (DEM/PI): R$ 129.740,03
Manoel Nunes Ribeiro Filho – deputado estadual (PTB/MA): R$ 137.891,72
Marcelo Costa e Castro – deputado federal (PMDB/PI): R$ 142.993,47
Tazmânia Gomes de Medeiros Oliveira – deputado estadual (PSB/PI): R$ 29.074,20
Édson de Castro Ferreira – deputado estadual (DEM/PI): R$ 21.215,47
Eliel Pereira Faustino Filho – deputado estadual (PR/PA): R$ 17.540,00
Francisco de Assis Carvalho Gonçalves – deputado federal (PT/PI): R$ 112.037,28
Gerardo Juraci Campelo Leite – deputado estadual (DEM/PI): R$ 24.832,98
João Vicente de Macedo Claudino – governador (PTB/PI): R$ 318.266,46
Robert Rios Magalhães – deputado estadual (PCdoB/PI): R$ 10.089,24
José Nunes Soares – deputado federal (DEM/BA): R$ 18.850,00
João Luiz Arantes de Freitas – deputado distrital (DEM/DF): R$ 10.800,00
Jader Fontenelle Barbalho – senador (PMDB/PA): R$ 896.651,91
Lusieux Feitosa Coelho – deputado estadual (PTB/PI): R$ 18.188,34
Cícero Magalhães Oliveira – deputado estadual (PT/PI): R$ 105.214,40
Elias Pereira Lopes – deputado estadual (PSDB/PI): R$ 49.592,54
Euclides Nunes Fernandes – deputado estadual (PDT/BA): R$ 14.000,00
Hélio Isaías da Silva – deputado estadual (PTB/PI): R$ 37.526,95
José de Andrade Maia Filho – deputado federal (DEM/PI): R$ 48.756,92
Luiza Erundina de Souza – deputada federal (PSB/SP): R$ 17.554,00
Walter Pereira Alves – deputado estadual (PMDB/RN): R$ 42.419,27
José Wellington Barroso de Araújo Dias – senador (PT/PI): R$ 54.704,71
Cleide Barroso Coutinho – deputado estadual (PSB/MA): R$ 24.715,10.

Os braços da dona Maria e do seu José


Oito anos mais velho, como ele mesmo lembrou em seu discurso de diplomação, Simão Jatene retorna ao Poder.
E retorna “nos braços do povo”, depois de um “banho de povo” que, certamente, o levou a conhecer mais de perto esse “elemento”.
Há nove anos, quando trocou os bastidores pelo palco, Jatene tinha grande dificuldade em lidar com o povo, que talvez para ele não passasse de uma abstração.
Tinha dificuldade em se chegar, em olhar nos olhos, em entabular uma simples conversa. E talvez até recebesse com reservas o calor desse “elemento”.
Oito anos depois, porém, para retornar ao Poder, Jatene teve de se abrir a toda essa afetividade.
Sem máquina, e contra a máquina, restou-lhe se permitir tocar, cheirar, abraçar, sorrir, se emocionar.
A dona Maria e o seu José ganharam pele, ossos, carne, alma.
E nunca mais serão uma “etiqueta” sociológica, ou um simples número.
É possível que a dona Maria e o seu José tenham feito pelo cidadão Simão Jatene, e num espaço de poucos meses, mais do que fizeram por ele todos os livros que leu.
E não há dúvida que a conquista do coração desse técnico brilhante pode, de fato, ser de grande valia a todos nós.
No entanto, será preciso superar algumas barreiras.
A primeira delas é a dificuldade que Jatene sempre teve – o que é até surpreendente – de separar o público do privado; de perceber que aquilo que é de todos não pode ser tratado como quintal de um particular, por mais ilustre que seja esse particular.
A segunda é esse tatibitati antropológico, tão entranhado na cabeça dele, apesar de tudo o que estudou, e que ainda o leva a dividir o mundo em “eles” e “nós”.
São duas barreiras complicadas porque a superação delas exige um mergulho em si mesmo; na própria forma de ver o mundo.
No entanto, a superação dessas duas barreiras é fundamental para que se concretize aquilo que é o âmago de seu discurso, e será, espera-se, a baliza do novo governo: o pacto pelo povo e pelo Pará.
Um pacto que nos ajude a enterrar no passado todas essas quizílias que têm impedido que o Pará e o nosso povo alcancem o lugar a que têm direito.
Não que se espere que Jatene seja um “Dom Sebastião no tucupi”.
Mas que compreenda que o exemplo vem, sim, de cima: que o comportamento do governante norteia todo o comportamento da “corte”. E que o discurso sem a prática não passa de um mero amontoado de belas palavras.
Um pacto pelo povo e pelo Pará exige tolerância e a capacidade de encarar a Democracia, não como uma idéia, um simples conceito, mas, como os próprios braços da dona Maria e do seu José.
Implica sentir o outro como um igual. Com a mesma ansiedade, os mesmos medos e a mesmíssima esperança.
Quer dizer: não dá para falar em concertar todas as forças sociais e, ao mesmo tempo, dividir o mundo em “saber cívico” e “saber cínico”, porque isso é apenas reeditar o clássico “mim Tarzan, you Chita”.
E a quem agradará ser a “Chita” dessa história?
Um pacto pelo povo e pelo Pará pressupõe respeito.
Respeito à dona Maria e ao seu José, mas, também, a todos os jogadores que se abrigam no PT, no PMDB, no PP, no PDT, no PPS, no PV, no PSOL, no PSTU, no próprio PSDB – e por aí vai.
E isso significa não contar com o silêncio, ou esperar pelo silêncio, mas, reaprender a conviver com a crítica.
Escancarar as portas às instituições – Imprensa, Judiciário, Ministério Público, cortes de contas, Assembléia Legislativa – em vez de tentar simplesmente cooptá-las, a impedir-lhes o funcionamento.
Construir o consenso não na base do tacão, da força. Mas, do debate democrático que faz brotar o interesse comum.
Pacto pelo Pará e pelo povo do Pará implica, no fundo, parceria com o conjunto da sociedade.
E parceria não suporta enganação, aniquilação, cooptação, ou mesmo censura.
Quem gosta de silêncio é cemitério. Não a Democracia.
FUUUIIIIIIII!!!!!!!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

MPF quer inelegibilidade de Ana Júlia e cassação de Jordy, Bengtson, Josefina e de uma carrada de eleitos



O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou nesta sexta-feira(17) dezoito ações e onze recursos na Justiça Eleitoral. As ações, encaminhadas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), acusam candidatos de compra de votos, abuso de poder político ou uso da máquina pública nas eleições. Os recursos foram enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pedem a reprovação de contas de campanhas julgadas regulares pelo TRE.
Caso condenados, os candidatos podem ter que pagar multas ou até perderem o mandato, se diplomados. Das 18 ações, cinco são sigilosas e decorrem das informações levantadas na investigação que resultou na operação Alvorecer, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no último dia 10 por irregularidades na secretaria estadual de Meio Ambiente.
Ações ajuizadas no TRE/PA
    * Alyrio Sabba – PPS – deputado estadual – suplente – compra de votos por meio de distribuição de tíquetes para sorteio - multa e cassação do registro ou do diploma
    * Arnaldo Jordy – PPS – deputado federal – eleito - compra de votos por meio de distribuição de tíquetes para sorteio - multa e cassação do registro ou do diploma
    * Ana Júlia Carepa – PT – governadora – não-eleita – compra de votos (compra de combustíveis para eleitores) – multa e inelegibilidade
    * Chico da Pesca – PT – deputado estadual – eleito – compra de votos utilizando-se da máquina pública na Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura do Pará – multa e cassação do registro ou do diploma
    * Cleber Édson dos Santos Rodrigues – PRB – deputado estadual – suplente – beneficiado por compra de votos feita pelo filho, prefeito de Bagre, e pelos secretários municipais de Bagre – cassação do registro ou diploma
    * Hilton Aguiar – PSC – deputado estadual – eleito – compra de votos por doação de dinheiro e combustíveis - multa e cassação do registro ou do diploma
    * João Salame Neto – PPS – deputado estadual – eleito – compra de votos (compra de combustíveis para eleitores) – multa
    * Josefina Aleluia – PMDB – deputada estadual – eleita – beneficiada por compra de votos praticada por vereadores e secretário da Agricultura de Monte Alegre - cassação do registro ou do diploma e multa
    * Josué Bengtson – PTB – deputado federal – eleito – beneficiado por prática proibida aos agentes públicos durante a campanha (secretário de Saúde de Redenção, Adenair Sá, determinou que agentes comunitários de saúde distribuíssem propaganda eleitoral para os candidatos Josué Bengtson e Mário Moreira) - cassação do registro de candidatura ou diploma
    * Mário Moreira – PTB – deputado estadual – suplente – beneficiado por prática proibida aos agentes públicos durante a campanha (secretário de Saúde de Redenção, Adenair Sá, determinou que agentes comunitários de saúde distribuíssem propaganda eleitoral para os candidatos Josué Bengtson e Mário Moreira) - cassação do registro de candidatura ou diploma
    * Roselito Soares da Silva – PR – deputado estadual - registro da candidatura foi negado antes da eleição – compra de votos - multa
    * Samara Alegria – PRB - deputada estadual – suplente – beneficiada por transporte de material de campanha ilegalmente pago pelo município de Santana do Araguaia – multa e cassação da candidatura