segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Link e a propaganda do governo I



Se eu estivesse no lugar da minha xará, consideraria uma temeridade a contratação de uma empresa como a Link Comunicação e Propaganda, que chegou a ser investigada pela CPMI dos Correios e contra a qual pesam vários processos no Tribunal de Contas da União (TCU).


É certo que a DC3 é uma empresa privada e, se quiser contratar a consultoria de alguém, poderá fazê-lo, sem que o governo dê piteco – desde que isso, é claro, não signifique quebra do contrato licitado.


Mas não deixa de ser complicado para a própria DC3, a título de melhorar a imagem do governo, ligar-se a uma empresa cuja contratação tem tudo para prejudicar essa mesmíssima imagem que se pretende melhorar...


É verdade que há muito “bairrismo”, “paraensismo”, na reação ao contrato entre a DC3 e a Link - nós, paraenses, somos assim mesmo e não há como negar.


Mas também é fato que o mercado publicitário paraense possui um leque enorme de excelentes agências: além da própria DC3, Mendes, Griffo, Fax, Vanguarda, apenas para citar algumas.


Muitas delas, aliás, com reconhecimento nacional.


E essa prata da casa, feita de criativos e redatores que ombreiam com os melhores do País, precisamos, sim, valorizar.


Para fazer melhor juízo desse imbróglio, passei a madrugada a vagar pela internet, em busca de informações sobre a Link Propaganda.


O comentário que me chamou a atenção para esse problema está aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2010/04/carta-ana-julia-questiona-contratacao.html

Nessa breve pesquisa, deu para perceber, em primeiro lugar, que a contratação da Link Propaganda tem tudo para se transformar num rolo absolutamente desnecessário.


Não vi na propaganda exposta no site da Link rigorosamente nada que deixe a gente embasbacado - muito pelo contrário.


Vi, por exemplo, um programa do PSB que me pareceu “algo desconjuntado”, digamos assim.


Para começar, quem dizia que o PSB sempre esteve à frente de seu tempo era o octogenário Roberto Amaral e a imagem que se pretendeu “vender” de Ciro Gomes estava, simplesmente, fora da realidade.


Ciro tirava o paletó e entrava na casa de dona Silvana, para tomar um cafezinho. Batia um papo com ela, mas, jamais perdia o ar professoral diante de sua ouvinte, que acabava, a bem dizer, boiando...


E fiquei a pensar com os meus botões: tentam transformar o Ciro em algo que ele não é – um sujeito simples, acessível – em vez de aproveitar a imagem técnica e professoral dele.


E aí pensei: por que não colocar o Ciro, por exemplo, numa roda de jovens, a conversar animadamente com eles, feito o “tio”, o professor bacana?


Outra coisa que notei foi a desconexão entre as deixas: lá pelas tantas, Ciro (depois de encher o saco de dona Silvana com as propostas do PSB) dizia mais ou menos o seguinte: “Quero mostrar como vamos fazer isso”


Aí, entrava o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, que desfiava um rosário de críticas à crise financeira internacional, em vez de dizer mais ou menos assim: “Aqui em Pernambuco, já investimos X em Educação e Saúde para levar Cidadania a X milhões de pessoas. Também investimos em transparência, com a inauguração de Y e Z. É assim que o PSB está mudando Pernambuco e etc e tal”.


No mesmo programa, notei, inclusive, desleixo: lá pelas tantas, a mulher que apresentava as propostas do PSB passava a mão nos cabelos – vejam só – desviando a atenção do telespectador...


Em um VT, achei a mensagem de fim de ano do governador Eduardo Campos tão óbvia, tão básica, que até eu escreveria por qualquer 10 royal...


Também considerei de gosto questionável o Beto Albuquerque, do PSB, em uma inserção eleitoral, falar sobre transplante de medula óssea e citar a doença ou morte do próprio filho...


Um comercial sobre Angola me surpreendeu: ao falar sobre milhares de armas apreendidas, o “criativo” perdeu a oportunidade de linká-las (sem trocadilho) às milhares de vidas salvas com isso – e o apelo à emoção ajudaria, certamente, a fixar a idéia de desarmamento/reconstrução do país.


O jingle da campanha de verão de Sergipe não me agradou, por demasiado longo e sem fixar, desde o começo, a idéia central.


Ou seja: tecnicamente, a Link não me convenceu.


Então, vamos falar, daqui a pouco, dos rolos dessa empresa.

6 comentários:

Anônimo disse...

Ana o mais grave dessa história toda não está no fato de a Link não ser uma agência local e, muito menos, na competência da agência ou no seu passado tenebroso.

O mais grave é que, da forma como a questão foi armada, o governo confessou publicamente, por meio da declaração dada pelo Glauco, que vai pagar a campanha da governadora com dinheiro público.

Todo mundo sabe que, ao fim e ao cabo, isso acontece em todos os governos. O chocante é o governo do Estado expor isso em público sem o menor vexame. Talvez seja a certeza de impunidade.

O governo não aprendeu nada com seus erros. Repete agora o mesmo esquema de triangulação que serviu de base para o escândalo dos kits escolares.

Só que, agora, a situação é ainda mais complexa. Afinal de contas está se falando do uso da máquina governamental para eleger Ana Júlia. Do desvio de verba pública para custear a campanha da atual governadora.

Ana Célia Pinheiro disse...

Oi, anônimo das 6:27!


O que você coloca é, de fato, uma possibilidade muito séria - embora muito difícil de provar.

Amanhã, vou tentar ouvir o Glauco e ter acesso ao contrato de propaganda e publicidade do governo.

Mas, desde já lhe adianto que o Glauco, provavelmente, vai dizer que é ele que está contratando a Link.

Posso também - como vou fazer - perguntar-lhe acerca de sua carteira de clientes e da capacidade financeira da DC3, para contratar essa empresa.

Mas, se ele conseguir provar que tem tal capacidade e que a operação não configura subcontratação, o que é que se poderá fazer?

Veja bem: há duas questões aí.

A primeira é se o contrato da DC3 com o Governo veta a subcontratação – e eu imagino que vete, sim, por uma questão de economicidade e até, se não estou enganada, por causa da 8666.

Mas, se houver possibilidade de subcontratar, por exemplo, para a montagem de stands ou até para uma consultoria, o que se pode é indagar se houve consulta de preços, vez que se trata de dinheiro público.

O problema é que isso só funciona se a Link estiver sendo, realmente, subcontratada pela DC3, para a propaganda do Governo.

Se a DC3 estiver contratando a Link, ou firmando uma parceria com essa empresa, para aprimorar os serviços dela, DC3, ou até para a campanha de reeleição da Ana, a coisa toda muda de figura, porque, em tese, não há envolvimento de dinheiro público.

É complicado? É. Mas é assim que a coisa funciona.

Daí que tenho ido pelo caminho que me parece mais seguro, até porque não ouvi nem o governo, nem o Glauco.

Apenas coloquei na berlinda, democraticamente, o comentário de um leitor do blog (uma carta aberta à governadora), dei a minha opinião e saí fuçando o histórico da Link.

Quer dizer: para falar em triangulação ou crime eleitoral, vou ter de ouvir o Glauco e o governo - e obter provas disso. Porque, num caso assim, a gente pode até ouvir as fontes, para obter o caminho das pedras. Mas, tem de ter provas e documentação.

Em outras palavras: a gente tem de ir com muita calma nessas coisas, anônimo, até para não dar com a cara no chão.

Você mesmo reconhece que todos os governos usam o dinheiro e a máquina pública nas campanhas eleitorais.

Mas, eu lhe pergunto: quem já conseguiu provar isso?

Obrigada pela atenção e volte sempre.

Abs,


Ana Célia

Anônimo disse...

Égua, Ana Célia, parece até que entendes desse negócio de Marketing. Entra de cabeça nessa área que vais te dar bem. hehehehehe

Anônimo disse...

Ah, Ana Célia, você traz um relato desses, começa a ir fundo na questão e quando o leitor toca no assunto que, em si, é o problema, você tergiversa e adianta a defesa do governo e do Glauco? Você acha mesmo que alguma agência de Belém tem grana, carteira ou cacife para contratar uma agência do tamanho da Link, que ganha o que ela ganha, como você mesmo mostra? Não interessa o contrato da DC3 com o governo, embora, como você citou, não seja possível, pela 8666, a sublocação. Quem paga pelas espaçosas salas da Digital que a Link usa? E pelo hotel? E pelas passagens? Você acha que a DC3 contratou a Link para montar estandes? Não seria mais inteligente à DC3 contratar profissionais de qualidade, ainda que caros, baianos que sejam, do que uma agência? Onde você já viu uma agência contratar outra agência para atender ao mesmo cliente? Você quer desmerecer a agência baiana, traz informações que, como apresentadas, ataca a imagem da empresa, no entanto, no caso da agência paraense e do governo de sua xará, você já antecipa essa defesa? Me sirva uma tigela de açaí fervido, que me sinto melhor.
Seu fã (quase) decepcionado.

Anônimo disse...

Ana Célia,

você disse que a hipótese de a DC3 estar sendo usada como duto de transferência de recursos público para a a campanha de Ana Júlia é uma possibilidade "muito difícil de provar".
Desculpe respeitosamente discordar. Vamos às provas:

1. A Link diz, em seu site, que está no Pará para fazer a campanha de Ana Júlia. Orgulha-se diz, bate no peito, esbraveja. Fato número um: a campanha não começou oficialmente, o PT não contratou a Link nem tomou conhecimento de sua contrataçao, mas ela está aqui para fazer a campanha.
2. Uma das agências LICITADAS pelo governo, que ficou fora da licitaçao e depois entrou por um golpe de sorte, se torna, de uma hora para a outra, agência dominante na conta. Essa agência diz publicamente que subcontratou outra agência para prestar assessoria e consultoria para sua carteira de clientes, que tem como principais expoentes a ORM Cabo (que não paga mídia), o Colégio Universo (que anuncia com 70% de desconto), a Auto Gil (que paga lavando os carro dos sócios da DC3) e a churrascaria Rodeio (que permuta mídia em churrasco). Sobra quem? O governo. Ou melhor, a candidata governadora, já que o governo tem oito agências licitadas. A prova aqui é o dinheiro. Basta ver se o repasse do governo aumentou ou não aumentou para a DC3 e para a produtora Digital Produçoes (hospedeira da Link e de sua equipe) nos últimos 45 dias. Qalquer auditor semi analfabeto verá, aqui, a prova da transferência irregular de recursos.
3. Edson Barbosa, dono da Link, usa o avião do Estado para acompanhar Ana Júlia em agendas oficiais. Há fotos que compravam esse acompanhamento do assessor subcontrado pela DC3. O hotel onde estão os hospedes da Dc3 eram pagos pela Secom/Secretaria de Governo e agora, às pressas, passaram a ser assumidos pela DC3.

É um episódio patético. Em primeiro lugar porque torna-se evidente que esse governo vem usando agências de propaganda para fazer bandalheiras em série, como no caso do Kit Escolar, feito através da Double M, agência que sumiu do mapa depois disso. Em segundo lugar porque uma agência local, por pura necessidade de se manter viva, se presta a um trabalho como esse, de cabeça de ponte para um negócio que coloca em risco a reeleiçao da governadora. Em terceiro lugar porque, como você constatou ao passar pelo site da Link, tecnicamente a empresa de Edson Barbosa não é melhor do que nenhuma das oito agências que hoje prestam serviços ao governo.
Um ponto focal que não está sendo analisado aqui é a produtora Digital Produçoes, que cedeu lugar para a montagem da estrutura da Link e onde Glauco, da DC3, dá expediente diário. Embora seja registrada como micro-empresa e recolha tributo pelo SIMPLES, essa empresa vem sendo beneficiada, desde o começo do governo, com contratos milionários, que se ampliaram ainda mais nos últimos meses, para servir de cobertura para a montagem da estrutura da agência que pensa que o Pará é Angola.

Anônimo disse...

Estamos precisando de um MP Estadual assim aqui em Marabá para caçar esse crente safado do PR aqui. O MP de Marabaá na pessoa do Furtado tá Dopado. MuitaAAAAAAAAAAAAAAAAA Granaaaa.

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