quinta-feira, 5 de novembro de 2009

belomonte





Índios bloqueiam balsa e prometem
“ação guerreira” contra Belo Monte



Índios de 15 etnias do Xingu estão em pé de guerra contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.



Em carta endereçada ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, eles exigem o cancelamento da hidrelétrica.



E ameaçam: caso não sejam atendidos, realizarão uma “ação guerreira” que colocará em risco as vidas de operários e indígenas “e o governo brasileiro será responsabilizado”.



Desde a noite do último 3, os índios também bloquearam “por tempo indeterminado” o acesso a uma balsa que liga municípios do Pará e Mato Grosso, e que é usada diariamente por cerca de 60 caminhões, especialmente no transporte de gado.



Carta e bloqueio nasceram de uma assembléia na Aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, para discutir o projeto da Hidrelétrica de Belo Monte.



O encontro durou seis dias e reuniu 284 indígenas de 15 etnias, sob a liderança dos Kayapós.



Segundo informações encaminhadas ao blog, a reunião foi motivada pelo fato de o projeto estar sendo levado adiante sem nenhum diálogo com as comunidades indígenas.



Também pesou na balança a recente declaração do ministro Édson Lobão, das Minas e Energia, que disse haver "forças demoníacas" contrárias aos projetos hidrelétricos.



Por fim, um parecer da Funai a favor de Belo Monte aumentou a revolta entre os índios.



Encerrado no último dia 3, o encontro foi organizado pelo cacique Raoni Metuktire e pelo Instituto Raoni, com o apoio de várias entidades: Associação Floresta Protegida, Conservação Internacional (CI), Instituto Socioambiental (ISA), IR e Greenpeace.




Mobilização na Ressaca





De hoje até o dia 7, seis representantes dessas etnias também participarão do II Encontro dos Povos da Volta Grande do Rio Xingu, que acontecerá na vila Ressaca, a duas horas de Altamira.



Além de povos indígenas, a mobilização reunirá ribeirinhos, populações que vivem do extrativismo, ONGs, agricultores e movimentos sociais, para debater os impactos da hidrelétrica.



O encontro é promovido pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre.



Também estarão presentes representantes do Ministério Público, advogados, pesquisadores, integrantes do Instituto Socioambiental (ISA), FASE – Solidariedade e Educação, Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).




A Carta




Na carta, os índios que participaram da assembléia na Aldeia Piaraçu dizem que não aceitam a construção de Belo Monte e nem de qualquer hidrelétrica na bacia do rio Xingu.



Repudiam o parecer da Funai, favorável à usina. E lembram que o relatório dos especialistas que analisaram o EIA/RIMA da obra “deixa evidente a inviabilidade econômica, ambiental e social desse empreendimento”.



Dizem que não é verdadeira a afirmação da Funai de que teriam participado ativamente das audiências públicas, para debater o projeto.



“Protestamos contra a falta de diálogo dos órgãos do governo com as nossas populações, que não têm recebido a mínima atenção e as informações a que têm direito durante todo o processo de licenciamento desta obra. Apesar de o governo ter anunciado que esta obra está prestes a ser licenciada, nossas comunidades, assim como as comunidades ribeirinhas da bacia do rio Xingu, não tiveram acesso ao estudo e ao relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA), para que pudéssemos avaliá-los de forma adequada, e nem mesmo às consultas públicas feitas durante o mês de setembro, nas cidades de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém”, diz um trecho do documento.



Segundo eles, a condução do processo de licenciamento de Belo Monte viola a determinação constitucional de consulta prévia às comunidades indígenas afetadas.



E acrescentam: “Nós nunca impedimos o desenvolvimento sustentável do homem branco, mas não aceitamos que o governo tome uma decisão de tamanha irresponsabilidade e que trará conseqüências irreversíveis para a região e os nossos povos, desrespeitando profundamente os habitantes ancestrais deste rio e o modelo de desenvolvimento que defendemos”.



Exigem o cancelamento definitivo da hidrelétrica e ameaçam: “Caso o governo decida iniciar as obras de construção de Belo Monte, alertamos que haverá uma ação guerreira por parte dos povos indígenas do Xingu. A vida dos operários e indígenas estará em risco e o governo brasileiro será responsabilizado”.



Finalizam dizendo que, em protesto à violação de seus direitos, decidiram bloquear "por tempo indeterminado o funcionamento da balsa que efetua a travessia do rio Xingu na rodovia BR 080/MT 322, que comunica a região da rodovia Belém-Brasília à região da rodovia Cuiabá-Santarém”.



Cópias da carta estão sendo encaminhadas, também, aos ministros das Minas e Energia, Meio Ambiente e Justiça; aos presidentes da Funai e do Ibama; e ao procurador da República Rodrigo da Costa e Silva.



A íntegra do documento está aqui


http://www.socioambiental.org/banco_imagens/pdfs/Carta_Piaracu_Belo_Monte_nov09.pdf




Pressão internacional




Os protestos contra Belo Monte já cruzaram as fronteiras brasileiras.



Na última segunda-feira, por exemplo, a construção da usina foi debatida na audiência pública realizada em Washington (EUA), pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a pedido de 40 organizações ambientalistas, nacionais e internacionais, para analisar os impactos das grandes barragens em toda a América Latina.



Representantes de comunidades afetadas apresentaram a CIDH o relatório "Grandes Barragens na América", elaborado pela Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA), junto com várias entidades.



A estimativa é que hum milhão de pessoas já tenham sido afetadas por tais obras, em todo o continente. Outras trezentas barragens projetadas para a América Latina afetarão milhares de pessoas, além de destruir ecossistemas, entre outros impactos ambientais.


Um comentário:

Anônimo disse...

Do Espaço Aberto:
Raul Pont, ícone da DS (Democracia Socialista) nacional, ex-secretário geral do PT pela corrente e candidato a presidente do PT em 2005, agrediu uma deputada tucana do Rio Grande do Sul.
Meteu-se numa grande enrascada.
Clique aqui para ver várias notícias a respeito da agressão.
A agredida foi a deputada estadual Zilá Breitenbach.
Zilá foi a relatora do pedido de impeachment contra a governador Yeda Crusius.
Pont aproximou-se agressivamente da mesa (na foto), partiu para cima da deputada, tomou o microfone e espalho o relatório sobre a mesa.
Zilá sentiu-se atingida e agredida.
Assessores da deputada recomendaram registro da ocorrência na Delegacia da Mulher, invocando a Lei Maria da Penha. Casos de agressões a mulher, segundo a Lei Maria da Penha, resultam em prisão em flagrante sem direito a fiança.
A Marcha Mundial das Mulheres, braço feminista da Democracia Socialista, escreveu uma nota vergonhosa em apoio a Raul Pont.
Pont fez ponte com a insensatez.
Pior pra ele.
E para a mulher agredida.

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