segunda-feira, 28 de setembro de 2009

2010





Uma jogada preocupante


Pefelistas e peemedebistas parecem, afinal, ter descoberto a roda.


Unidos, poderão de fato bagunçar o jogo e, quem sabe, até retomar o Governo do Estado.


Não lembro se escrevi sobre isso, ou se evitei escrever sobre isso, justamente pelo calafrio que me provoca.


Mas, essa dobradinha, se concretizada, poderá sim colocar em risco a manutenção do Governo do Estado nas mãos de tucanos e petistas.


Creio que não preciso falar sobre a miséria e a pobreza do nosso povo.


Quem escapa da primeira classificação, quase sempre cai na segunda.


Os segmentos com melhores condições de vida e nível educacional formam uma ínfima parcela.


A “massa crítica”, os chamados formadores de opinião e que estão engajados na política, quase cabe no bolso.


Daí que propostas assistencialistas, como as de peemedebistas e pefelistas, encontrem aqui um amplo campo para vicejar.


Na verdade, o que pode ser considerado exceção, excepcionalidade, é a conquista de poder pelos tucanos, em 1995.


Que ocorreu numa conjuntura bem diferente daquela que temos hoje: uma verdadeira crise institucional, desencadeada pelo “fator” Carlos Santos, após três anos de Jader.


Além disso, na esteira de um leque de alianças, que agora, certamente, não existirá.


Juntos, peemedebistas e pefelistas possuem um arsenal formidável.


Tempo de TV, prefeituras, vereadores, militância.


Uma figura carismática como Valéria, cujo apelo ao arquétipo da “Grande Mãe” pode simplesmente explodir, na esteira de uma boa estratégia de marketing.


Um líder carismático como Jader, com uma capacidade estratégica que chega a meter medo, devido à “clarividência” que possui.


Ambos, ainda, com comandos centralizados, o que faz com que seus exércitos marchem na direção determinada, sem defecções, “punhetas intelectuais”, reuniões intermináveis ou crises existenciais.


As “linhas de abastecimento” para a guerra virão não apenas do que já estocaram, mas, também, dos inúmeros empresários de mentalidade medieval que temos no Pará e em vários pontos do País.


Será que alguém é tão ingênuo a ponto de duvidar disso?


Mesmo na capital temos um prefeito que foi talhado nesses moldes assistencialistas.


E, sintomaticamente, ao segundo turno das eleições da capital, da cidade mais desenvolvida deste estado, seu opositor não era alguém de esquerda, mas uma liderança do mesmíssimo espectro político.



II



De quem partiu o aceno para esse “casamento” doloroso?


Não sei.


Ambos, Jader e Vic, são suficientemente inteligentes para projetar algo assim.


E o que me admira, na verdade, não é nem que estejam dispostos a se unir. Mas que tenham demorado tanto tempo para somar dois mais dois.


É claro que há muitas barreiras a essa união.


Uma das principais – e ele, certamente, não gostará do que vou dizer – é a instabilidade do Vic, sobejamente conhecida em todo o meio político.


Mas, se ele recuar e deixar que Valéria permaneça à frente das negociações esse obstáculo poderá ser facilmente ultrapassado.


Hábil, macia, inteligente, estável Valéria é, de fato, a “alma política” do casal.


Apesar do ideário pefelê e de ter permanecido apenas quatro anos numa posição de destaque na monarquia tucana, ela conseguiu conquistar mais corações entre essas aves ariscas do que o complicadíssimo Jatene, que foi governador e já escrevinhava a cartilha do PSDB até antes de Almir.


Nunca me esqueço do frisson que provocou na convenção do PSDB, em 2006, quando apareceu no palco: militantes tucanos se esgoelavam, gritando o nome dela.


E, ainda hoje, admiráveis quadros técnicos que perfilaram com os tucanos permanecem ao redor de Valéria.


Mais: ela tem, ainda, aquela espécie de ímã que permite arrastar multidões – vi isso em Capanema.


Em suma: é um problemão quando se está do lado oposto...



III



Outra barreira, talvez maior, é essa luta encarniçada entre os dois maiores grupos de comunicação do estado.


Um ligado diretamente aos peemedebistas. Outro, sem ligação direta, mas, certamente, simpático aos Pires Franco.


Do lado do PMDB é mais fácil prever a reação: na hora em que Jader der a ordem, toda a história recente será reescrita...


Mas, como reagirão os Maiorana, sem comando centralizado e com várias cabeças para dar piteco em tudo?


Os irmãos terão pragmatismo suficiente para superar o ódio a Jader e perceber o que podem ganhar mais adiante?


Até que ponto a máquina e as verbas de publicidade conseguirão mantê-los onde estão?


Até que ponto a simples expectativa de retorno à fartura de verbas que tiveram os levará a apoiar Jatene?


Ou a possibilidade da candidatura de Valéria ao Governo os levaria a aceitar nacos nem tão significativos, mas ainda assim expressivos desse bolo, dadas as maiores probabilidades de realização?


Penso que é realmente muito difícil que joguem do mesmo lado, até porque isso exigiria a mentalidade empresarial moderna, arejada, que não possuem: em ambos, Liberal e Diário, o que impera é o capitalismo selvagem - a busca, simplesmente, da destruição da concorrência.


Mas, em política, nada é impossível. Ademais, apesar das agatanhadas, ambos já repartem as verbas de publicidade, sob a batuta do PT.



IV



Além da afinidade ideológica, outros fatores contribuem para essa aliança: a maior facilidade na montagem da chapa às majoritárias, que seria negociada pragmaticamente, levando em conta, apenas, as possibilidades de vitória; e o trânsito que possuem Jader e Valéria entre outras lideranças partidárias igualmente conservadoras.


Ora, nem Jader nem Valéria estão preocupados em emancipar, mas, em “amparar” as massas populares.


Ambos defendem a propriedade privada da terra, e não a utilização social, coletiva, da terra.


Ambos, enfim, querem apenas manter, com um remendo aqui ou acolá, a divisão social que temos hoje.


Porque vêem o mundo, a sociedade, as pessoas pela mesmíssima lente.


Daí que não terão de se estapear em torno dos caminhos a seguir para a transformação da sociedade – esse, o pomo da discórdia entre tucanos e petistas.


E assim, não terão maiores dificuldades na montagem de uma chapa: colocarão em cima da mesa as pesquisas, a melhor estratégia para a vitória e o perfil mais adequado a essa estratégia. Pragmaticamente, sem dores de parto.


Em agindo assim, conseguirão, também, atrair outras forças, igualmente conservadoras.


Os próprios integrantes do PP, que hoje estão no governo, dificilmente trocariam os doces braços de Jader e Valéria pelas malinagens de tucanos e petistas...


E, como eles, várias e importantes lideranças, de outros partidos fariam a mesma opção - eis que neste estado atrasado, transbordante de latifundiários e “barões da borracha”, a maioria das lideranças vê o mundo da mesmíssima maneira que pefelistas e peemedebistas...




V



Infelizmente, são enormes as chances de que uma chapa dessas seja bem sucedida.


Além de aglutinar as forças conservadoras, até porque bem menos autoritários e arrogantes, pefelistas e peemedebistas também possuem um discurso fácil, capaz de hipnotizar as massas populares.


Não lhes prometerão um mundo irrealizável, para quem não tem, hoje, sequer um prato de comida. Mas, uma turbinada assistência social, essa sim factível aos olhos da massa desamparada.


Falarão, também, a linguagem do poder forte – que, se a nós provoca arrepios, ao seu José e à dona Maria, que vivem atazanados pela insegurança deles e de seus filhos, soará como resposta divina às muitas orações que já fizeram.


E a culpa por esse retrocesso político terá de ser dividida irmãmente entre o PT e o PSDB.


Porque transformaram um ao outro no principal inimigo.


Porque imaginaram que essa “massa atrasada” não teria nem fôlego, nem capacidade para se rearticular.


Iguais na arrogância e no autoritarismo, tucanos e petistas confundiram vanguarda com inteligência, conservadorismo com burrice.


Quando, na verdade, são apenas formas diferentes de enxergar o mundo, com as quais se pode concordar ou discordar.


Mas que, rigorosamente, não torna ninguém nem mais, nem menos brilhante; nem melhor, nem pior, do ponto de vista meramente pessoal.


Tucanos e petistas cometeram, enfim, um erro brutal: acreditaram, apesar de vivermos numa democracia, que essas forças “estavam mortas” ou que poderiam ser mantidas, indefinidamente, a reboque, no cabresto.


Ao mesmo tempo em que dividiam esse “Exército de Brancaleone”, que deseja, de fato, mudanças radicais na sociedade.


Lembro que Lula, já por duas vezes, comemorou o fato de as próximas eleições presidenciais terem como candidatos fortes apenas lideranças de esquerda.


O que significa dizer que qualquer que seja o resultado, Dilma ou Serra, e apesar das críticas que tenhamos uns aos outros, o Brasil continuará a buscar a eliminação desse enorme fosso que separa ricos e pobres.


Continuará a buscar a construção da Cidadania e da Democracia verdadeiras, que não se resumem ao voto ou a um documento de identificação - e muito menos a um prato de comida.


Quem sabe, daqui a 50 anos - que é o tempo que as coisas que acontecem no Brasil levam para chegar ao Pará – os tucanos e os petistas paraenses compreendam, enfim, o significado das sábias palavras do companheiro Lula.




FUUUUIIIIIIII!!!!!!!


Para o deputado Vic Pires Franco II


Desde a semana passada era pra ter voltado aqui. Aliás, era para ter voltado aqui no dia seguinte ao meu último post, tão logo comecei a receber os comentários que só agora liberei.



Creio que devo ao deputado federal Vic Pires Franco - e até a mim mesma - uns quantos esclarecimentos acerca do que escrevi.



É verdade que temos nos estressado muito, um com o outro, desde que começamos a fazer o blog do Vic.



Imagino que ele já tenha tido vontade de pular no meu pescoço – porque eu já tive vontade, sim, de pular no pescoço dele.



Mas creio que isso é natural: estamos, apenas, começando a nos conhecer. E temos inúmeras diferenças, provenientes da origem, da forma de encarar a vida e até do ritmo biológico.
Penso, porém, que temos algumas coisas importantes em comum. A enorme tolerância às diferenças é uma delas. Além do amor à informação, à notícia.



Em todo esse tempo do blog, Vic jamais me censurou.



Pode até deixar de publicar alguma notícia que eu escolha de algum jornal nacional. Mas isso é uma questão simplesmente editorial. Afinal, o blog é dele, tem até o nome dele; é natural, portanto, que a última palavra em relação a isso seja dele.
Mas, nas matérias que escrevi, ele jamais suprimiu alguma coisa.



E quando quis mudar alguma coisa – um título, por exemplo - teve a delicadeza de me telefonar e sugerir.



E eu concordei porque, afinal, ele estava certo – era para puxar o título para o estado do Pará e não para a Região Norte, como eu havia feito.



Se não tivesse achado que estava certo, obviamente que discutiria. Mas, a verdade é que ele tinha razão.



Assim, fiz o que ele sugeriu e creio que até agradeci.



Atitudes como as deles são extremamente significativas e importantes para qualquer repórter. E mais ainda para mim, que já tive até matérias arrancadas da página pouco antes da impressão do jornal.



Daí que tenho andado preocupada com o que as pessoas poderão pensar dele pelo que escrevi.



Não preciso dele, nem ele de mim. Vic faz um show à parte no blog dele, da mesma forma que eu faço aqui, na Perereca.



Ele tem dinheiro, eu tenho trabalho.



Não, não precisamos, rigorosamente, um do outro.



Mas creio que conseguimos fazer rolar uma química no blog do Vic que é difícil de conseguir.



Até por essa característica comum a ambos, que é a enorme tolerância ao diferente de que falei.



Pouco depois da minha última postagem, Vic me telefonou.



De forma extremamente educada, explicou-me que não teve a intenção de me chamar a atenção publicamente.



Fez, conforme disse, uma brincadeira quase que com ele mesmo – e o seu “cansei de esperar” teria esse sentido; apenas e tão somente uma descontração.



Aceitei-lhe a explicação, até pela forma como foi feita.
Sei que ele me respeita – afinal, me convidou para ajudar a fazer o blog dele. E é – e eu até lhe agradeço por isso – leitor fiel da Perereca.



E, em uma ocasião, teve até a atenção de me corrigir uma informação incorreta que estava dando.



Não me esqueci disso, até porque aprecio imensamente isso...



Não sei se continuaremos juntos; creio que não.



Penso que aquele blog, o blog do Vic é fenomenal; é o tipo de espaço pelo qual todos nós sempre ansiamos.



É um espaço realmente livre, no qual se dá porrada em todo mundo: petistas, tucanos, peemedebistas. E, ao mesmo tempo, em que se elogia tucano, petista, peemedebista. E, sobretudo, se dá destaque à contestação do que se publica – o que é muitíssimo importante.



Creio que o blog do Vic conseguiu aquele equilíbrio tão buscado pelos veículos de comunicação, e não apenas nesses termos.



Mas, também, na capacidade de mesclar a brincadeira e a seriedade.



Lembro de uns dois comentários que vieram nesse sentido. “Cara”, dizia o anônimo, “esse teu blog é uma mistura de Veja, de Caras, de Bíblia, de tudo”...



E o mais engraçado é que muita gente pensa que isso é feito apenas por mim. Quando, na verdade, o Vic escreve muitíssimo bem.



É um extraordinário jornalista. Tanto que dia desses até brinquei com um amigo: o dia em que tiver um jornal convido essa “praga” para fazer a principal coluna do meu jornal. Vai ser um sucesso. E eu vou rir à beça...



Ele consegue ter, em suas notinhas, o tempero exato; aquela pimenta que deixa interessante até um fato aparentemente prosaico.



E eu até agradeço que seja deputado: se fosse repórter de política, não haveria ninguém para fazer-lhe frente.



O sujeito é bom. Definitivamente, é muito bom.



Furão, com excelentes fontes e malicioso na medida certa.



Mas, sinceramente, não quero continuar com isso.



Porque é um estresse permanente.



Como já disse no post anterior, Vic não consegue perceber que nem todo mundo tem a condição material que teve e tem.



E essa é uma das coisas que mais embatuca, porque, bem vistas as coisas, eu também tive tudo, mas, caramba, consigo ver a situação dos outros, que não tiveram isso. E consigo pesar isso.



Talvez eu esteja sendo intolerante, sei lá.



Outro problema é que o Vic é como o vento e até já disse isso à minha filha: a gente olha, está aqui. Olha de novo e está acolá...


Muda como o vento, como a lua, o que nos enche de insegurança.


E a gente fica sem saber o que fazer, já que não pode gritar: pára, vento! Pára quieto um momento, para que eu possa, ao menos, saber o que se passa em tua cabeça, o que queres, afinal...



Mas, se tivesse de condená-lo por isso, teria de condenar, antes, a mim mesma: afinal, inconstante também sou; também sou essa coisa fugidia, a correr pelos porões da minha infância. Os porões que só eu via. E que eram, a um só tempo, maldição e redenção...



De forma que vim hoje aqui para esclarecer isso.
Acho que devia isso ao Vic – e, como já disse, até a mim mesma.



Para não ser injusta. E para considerar alguém que, eu sei, me tem enorme consideração.



Nesse tempo todo tenho pensado em recuar, em ir-me embora.



Tenho sonhado com o interior do Pará. Alíás, desde que vim de lá não tenho parado de sonhar.



Sabem, acho que idade está finalmente me alcançando.



E eu me vejo com uma vida mais ou menos organizada: acordando e dormindo na hora certa, trabalhando na hora certa, comendo na hora certa.



E, aos finais de semana, correndo ao encontro do mar.



E podendo, finalmente, ter tempo para escrever para mim, para terminar umas quantas coisas que comecei e que preciso acabar antes que a morte me alcance.



Estou com quase 100 quilos, pesada como nunca estive.
E o meu joelho aleijado não me ajuda: em outros tempos, perder essa banha toda seria facílimo. Hoje, tenho de perder peso sem fazer nada que sobrecarregue as articulações, o que implica deixar de lado praticamente todos os exercícios aeróbicos.



É uma luta titânica, com essa minha conformação física de gorda - até o meu esqueleto é largo – e a necessidade de emagrecer até para poder continuar a me locomover com a velocidade que o meu trabalho exige.



Ademais, além de tempo para isso, quero ter tempo para muitas outras que me significam muito.



Ler, andar por aí e, sobretudo, num domingo, pegar a minha filha nos braços e cheirá-la como o animal cheira a vida.



A querer reter aquele perfume, único, por toda a eternidade.



Amo isto; sentar à noite com a minha filha em frente à TV e assistir a um filme. Só nós duas. A rir e a esbravejar...
Uma amiga me disse, certa vez, que quando formos embora ninguém vai sentir falta; ninguém, afinal, dará pela falta de nós.



Sei não. Acho que vocês, pelos menos, meus amados e fiéis leitores, sentirão falta dessas análises políticas, meio que enlouquecidas e trêbadas da Perereca.



Penso, porém, que já dei a minha contribuição a tudo isso.



E que talvez, finalmente, tenha chegado a hora de cuidar simplesmente de mim.




FUUUUUIIIIII!!!!!

Vic, queridíssimo, te deixo a música abaixo. É o meu pó, a minha vida e o meu testamento. E te entrego porque começo a confiar em ti, embora saiba que jamais poderemos estar juntos.


Queridíssimo, jamais poderia perfilar nesse teu lado.


Adorei esse tempo, nesse blog extraordinário. Mas, agora, tenho de procurar o exército em que assentarei praça. Esranhamente, nem como general, nem como capitã. Mas, que fazer, meu amigo?
Sei que, certamente, me oferecerias a lua. E reconhecerias o meu valor, a ponto de me colocar à frente de teu exército. O problema é que não acreditamos nas mesmas coisas, no mesmo mundo.
Pensamos diferente, meu amigo; simplesmente pensamos diferente.
Deixo-te o Gracias a La vida.
E, quem sabe, compreendas enfim o que sinto.


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ao Deputado Vic Pires Franco

Já que o senhor quer fazer críticas públicas, então, vamos lá.


São exatamente 13h40 de sexta-feira.


Há uns 15 minutos consegui, finalmente, postar a entrevista com o Parsifal Pontes no seu blog.


Mas, não consegui falar com o senhor.


Porque o senhor não atende meus telefonemas. E, como diz em seu blog, cansou de esperar e foi para o Doca Speto, jogar conversa fora com o Orly.


Bom para o senhor, que está aí, comendo bacana, enquanto que eu estou aqui, tendo de escrever esta postagem, com a barriga doendo de fome.


Sei que prometi entregar a matéria ao meio-dia, mas, não deu.


Infelizmente, deputado, sou humana: cago, mijo, como, tomo banho e também me canso de trabalhar, como, aliás, todo e qualquer ser humano.


Saí da entrevista com o Parsifal já no começo da noite de quarta-feira, depois de ter trabalhado desde às oito da manhã.


Passei no supermercado, para levar comida para casa. Porque, infelizmente, deputado, além de trabalhar fora, também administro uma casa. Não tenho empregada, nem dinheiro para pagar empregada, capitchi?


E talvez o seu grande erro seja este: querer medir todo mundo pelas condições materiais que o senhor possui. E por essa sua eletricidade, que não lhe deixa nem dormir direito.


Quando cheguei em casa, na quarta-feira, já era tarde e eu estava cansada, porque, como já disse, infelizmente, sou humana.


Ontem, às 8 da manhã, comecei a trabalhar, novamente, para ajudar com materiais para o blog.


E aí, quando estava a fazer isso, veio o pessoal de O Liberal pedir esclarecimentos seus para a matéria de domingo.


E eu – como o senhor sabe muito bem – tive de parar para ver isso. Só depois, por volta das 10 da manhã, tive condições de começar a decupar a entrevista. E à tarde, quando o senhor chegou de Brasília e conseguiu as informações solicitadas, ainda tive de parar novamente, para produzir aquela nota, para O Liberal.


Mesmo assim, acabei o serviço ontem mesmo – quando já era mais de meia-noite.


Fui dormir – porque os seres humanos, sabe deputado, têm de dormir...


Mas, hoje, às 8 da manhã, estava no batente, buscando notícias de jornal, para colocar no seu blog.


Às 9, o senhor me ligou e disse que não interessavam mais tais notícias. Voltei-me, então, para o entrevistão-tão-tão-tão com o Parsifal.


Tinha mais ou menos 50 mil toques. Consegui reduzir para 35 mil, o equivalente, mais ou menos, a três páginas de jornal.


Fui, então, postar a matéria, por volta, como já disse, das 13h10m. Por três vezes não consegui entrar no infernal administrador do blog. E já me preparava para lhe mandar o material por e-mail, quando, finalmente, consegui concluir essa tarefa hercúlea.


Para minha surpresa, dei com o seu post, que considerei simplesmente LAMENTÁVEL, dado o meu esforço.


Não reclamo de trabalho, deputado. Quem me conhece sabe que sou pé de boi.


Mas, não acho justo o senhor ficar me criticando assim, publicamente, como se eu estivesse a brincar de trabalhar.


Viro a noite trabalhando – já fiz isso inúmeras vezes. E até estou velha, neurótica e gorda por causa disso.


Posso até valer por duas. Mas, sinceramente, não posso valer por três ou quatro.


Acho que o senhor foi de uma indelicadeza enorme em relação a mim.


Até porque, como ambos chegamos à mesmíssima conclusão, no final deste mês eu vou-me embora; vou fazer outro trabalho – e o senhor poderá, então, quem sabe, encontrar alguém que corresponda às suas expectativas.


Mas, creio, sinceramente, que até lá podemos ter uma relação minimamente civilizada, não é?


O que implica dizer NÃO FICARMOS NOS ESTAPEANDO PUBLICAMENTE.


Agora, se o senhor me der licença, vou tomar um banho e comer alguma coisa, para fazer o outro entrevistão-tão-tão-tão-tão, que o senhor marcou para às 16 horas desta sexta-feira – o que me obrigará a trabalhar, certamente, o sábado inteiro a fim de que possa ser postado na segunda-feira de manhã.


Hoje é sexta-feira e vou encher a cara, como todo ser humano deveria fazer, aliás.


E vou aproveitar para falar muito mal do senhor.


FUUUUIIIIIIII!!!!!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

2010

Uma eleição “totalmente demais”!


Novamente, vou na contramão das análises políticas que estão sendo feitas neste momento.

Há tempos, lembro bem, todo mundo dizia que Jader queria lançar Helder, seu filho, ao Governo do Estado.

Lembro que disse que isso não me parecia lógico, eis que Helder bamboleou até para reconquistar a prefeitura de Ananindeua.

E que mais inteligente seria jogar assim: Jader para o Senado, Helder para vice-governador.

O tempo mostrou que eu tinha razão, quanto ao que estava posto naquela época.

Hoje, já não possuo as informações que possuía, e que me permitiam “adivinhar” as jogadas deste imenso tabuleiro.

Tenho andado meio que afastada da política; quase nem tenho contato com as minhas tão preciosas fontes. E esse é um assunto que prefiro deixar para depois.

Mesmo assim, a quem me pergunta, tenho dito que não creio que Jader se candidate, de fato, ao Governo do Estado.

Por um simples motivo: o risco é demasiado alto. E Jader, sem mandato, sabe muito bem que pode até dormir em Batista Campos. Mas acordará, certamente, em Americano.

Pode até ser que, há quatro anos, ele tenha apostado no quanto pior, melhor.

Quer dizer: tenha apostado que o PT, ao assumir o Governo, se igualaria aos demais partidos.

E que a desconstrução da imagem ética do PSDB – uma imagem pra lá de frágil, por sinal – reduziria todos à mesma lama, ao mesmo patamar.

O problema é que Jader sofreu um processo de satanização que não se “limpa” de um momento para outro.

Obviamente, ele sempre aparecerá bem nas pesquisas, realizadas há em uma distância segura das eleições.

Mas, resistirá a uma campanha? Não apenas pela idade avançada, mas, por tudo aquilo que traz à tona uma campanha?

Hoje, se vocês querem saber, penso que nem o Senado é uma cartada certa para Jader.

É certo que serão duas vagas, de dois senadores, provavelmente, sem chance alguma de reeleição: Flexa Ribeiro e José Nery.

O problema é que mesmo que Paulo Rocha não saia ao Senado – ou até Mário Cardoso, com o belíssimo desempenho que teve nas últimas eleições – mesmo assim nada será certo para Jader.

Afinal, as bases petistas não são assim tão dóceis. E nada as impedirá de cravar o voto em qualquer outro candidato, inclusive Nery, caso ele resolva se recandidatar.

O problema é que eleição não dá para combinar com os russos – os eleitores, esses seres brabos e insondáveis...

Por isso, nada é certo. E Jader, definitivamente, pelo enorme rabo de palha que construiu e pela quantidade de inimigos que amealhou, não pode, simplesmente, se arriscar.

Porque, no caso dele, não se trata de simplesmente ficar sem mandato, por dois, três, quatro anos.

Trata-se de liberdade, mesmo. A liberdade que, por sinal, assegura a sobrevivência de todo um grupo político.

No entanto, creio que todos os jogadores desta mesa estão cometendo um erro enorme ao voltarem os holofotes simplesmente para Jader.

A mim parece que há outros movimentos bem mais importantes no tabuleiro.
E esses estão sendo feitos, na penumbra, pelo PT.

Por mais que se queira valorizar o escândalo dos kits escolares, a verdade é que o troca-troca na Seduc aconteceu por motivos outros.

E tal troca-troca é apenas a ponta do rearranjo de forças que está a acontecer no Governo do Estado.

E eu, sinceramente, peço desculpas aos leitores por estar tão afastada da política a ponto de não poder produzir uma reportagem bacana sobre isso.

Desde aquele encontro no Palácio dos Despachos, que não me lembro bem quando aconteceu, mas acho que foi no final do ano passado, que o PT começou a tomar as rédeas do governo, que até então se encontravam nas mãos de uma corrente complicada e minoritária, a DS.

O encontro uniu na mesma fúria as duas maiores do PT no Pará – a Unidade na Luta e o PT Pra Valer – que também integram o Campo Majoritário, a pragmática aglutinação de militantes e tendências que comanda o partido nacionalmente.

Desde então, pequenos movimentos, sem alardes, vêm sendo feitos no governo – e é por isso que até já escrevi, no blog do Vic, que não dou um dedal de mel coado pela cabeça do Puty.

Afinal, a minha xará, a governadora Ana Júlia Carepa, pode até ser despreparada, mas não é doida: não rasga dinheiro e nem come merda, como diria a minha sapientíssima mãe.

Por isso, certamente, chegará um momento em que entregará os anéis, para conservar os dedos...

Esse rearranjo de forças não torna o governo apenas mais petista; na verdade, está a torná-lo mais amplo.

E, por mais que não se goste, há aqui de reconhecer a inteligência dos “companheiros”: eles perceberam que o tabuleiro das últimas eleições municipais lhes foi amplamente desfavorável.

Daí que partiram para uma estratégia, até agora bem sucedida, de cooptação.

Quer dizer: em vez de reagirem raivosamente, como há alguns anos reagiria o PT, pragmaticamente, resolveram conquistar as peças ajuntadas pelo campo adversário.

Atraíram, por exemplo, o Gerson Peres. E algumas pessoas gostam de apenas se rir do Gerson Peres, esquecendo a enorme respeitabilidade que ele tem no interior do PP e da enorme penetração que o PP possui no Nordeste do Pará, a segunda região com maior número de eleitores, depois da Metropolitana.

Agora – e, na verdade, não é de agora – os petistas estão a “arrodear” o PR, partido que teve um extraordinário desempenho no último pleito, conseguindo conquistar algumas das maiores prefeituras deste estado.

Penso que a última investida petista se concretizará em torno do PTB e do lamentável e enigmático Duciomar Costa.

Se tudo isso for bem sucedido, o PT, que já tem quase que por simples poder de atração outros partidos de esquerda, como é o caso do PSB, terá, na próxima campanha, quantas prefeituras e quantos cabos eleitorais?

Bom, mas alguém até pode dizer: sim, mas esses prefeitos, como, por exemplo, os do PR, são jatenistas desde que nasceram.

Eu responderia: eles, é verdade, são jatenistas desde que nasceram. Mas o problema é que aqui, neste momento, o Jatene só lhes pode acenar com uma esperança de poder. Enquanto que o PT tem condições de lhes dar poder efetivo, hoje, agora, já.

E, vamos deixar pra lá essa coisa de ingenuidade: a maioria dos jogadores está é cagando e andando pra essa coisa de “desenvolvimento do Pará”, “mudança da base produtiva”, “preservação ambiental”.

Quer é saber do poder que possui, agora, já.

Além disso, os nossos prefeitos são suficientemente espertos para perceberem uma coisinha que eu só percebi depois de olhar todos os balanços do Estado, dos últimos 15 anos: não há, rigorosamente, qualquer diferença entre o Jatene e a Ana Júlia, em termos de eficácia de gestão.

Ambos são lamentáveis gastadores; permitem, simplesmente, que o custeio da máquina cresça de forma absurda, por causa de mixarias, de penduricalhos que não fazem a menor diferença em termos sociais.

Mas que irão, certamente, impactar a máquina pública.

Lembro que fiz uma alentada pesquisa sobre isso, e que o Liberal não quis publicar – aliás, nem cheguei a escrever, porque o jornal, como me foi dito, não publicaria nem no domingo, nem na segunda, nem na terça e por aí vai.

Mas, os balanços gerais do Estado mostram justamente isto: do ponto de vista meramente administrativo, não há diferença visível entre a Ana Júlia e o Jatene.

O que pegou com ela foi a crise econômica mundial, com a redução da arrecadação paraense.

Mas, de resto, a se levar em conta a maneira como o Jatene vinha gastando, não sei se ele, também, não teria sido apanhado de calças curtas pela crise.

Os balanços mostram, enfim, que o grande administrador público deste estado se chama Almir Gabriel.

Ele, sim, manteve os gastos em rédea curta, justamente para que sobrasse mais dinheiro para investimento.

E a administração do doutor Almir foi tão bem sucedida que o Jatene passou quatro anos se beneficiando dela: o custeio crescia, mas ainda assim havia dinheiro para investir, graças ao acumulado daquela época.

Mas, não convém falar em Almir. Não só porque é carta fora do baralho, mas, porque é um retrocesso.

É tão autoritário que não interessa a ninguém o seu retorno – e eu, almirista de carteirinha, lamento ter de reconhecer que, de fato, ele só nos atrasa em termos democráticos.

Mas, voltando à questão da estratégia petista para 2010: os movimentos atuais no tabuleiro levam a prever surpresas enormes no ano que vem.

A maior delas é que, talvez, pela primeira vez em duas ou três décadas o PMDB deixe de ser decisivo.

E por quê?

Porque a constelação de partidos menores que o PT está a construir tem, provavelmente, o mesmo peso eleitoral do PMDB.

Se o PT conseguir, de fato, atrair todas as demais forças políticas deste estado, isolando o PMDB e parte do PSDB (parte, porque parte dos tucanos aderirão a isso) será uma verdadeira revolução no tabuleiro político do Pará.

Será a primeira vez que o PMDB não decidirá uma eleição – e, conseqüentemente, não terá o “quinhão” que está habituado a ter em todo e qualquer governo.

Daí, talvez, a ferocidade de Jader, um sujeito tão frio e pragmático: se eu, que sou uma fumada, estou vendo esse horizonte, ele, de há muito, já deve tê-lo visto, também...

O que é que eu posso dizer acerca disso? Por mais simpatia que tenha pelo PMDB e pelos seus valorosos quadros, sou obrigada a torcer pela estratégia petista; para que dê certo.


Afinal, o PMDB, apesar do enorme valor de muitos de seus quadros, tem algumas práticas, digamos assim, complexas, que a gente precisa varrer do Pará, se quisermos, de fato, o desenvolvimento deste estado.

Jamais daria para ser carrasco em Cuba; jamais conseguiria ordenar ou participar de um fuzilamento. Simplesmente, me apego às pessoas. E penso sempre naqueles que as amam.

No entanto, também penso na dona Maria e no seu José, tão amados quanto!

E, como aqui não há nem paredon, nem sangue, creio que vou acabar me perfilando do lado do avanço.

Com uma saudade danada dos companheiros peemedebistas, é verdade. Afinal, nunca vi companheiros tão valorosos, tão corajosos.

Mas essa é uma guerra que transcende, simplesmente, a qualquer de nós.


FUUUUUUUIIIIIIII!!!!!!!!!


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Bombeirinhos cute,cute...

Os meninos e meninas do Corpo de Bombeiros vão arrancar verdadeiros suspiros nos balneários paraenses.

Shortinhos de lycra “moda praia”, sungas e bonés é o que não vai faltar para isso, com o “pacotaço al mare” que a Corporação acaba de adquirir a módicos R$ 60.900,00.

Está tudinho no Diário Oficial de hoje.

A lista do prêt-à-porter é incrível: “100 shorts femininos em lycra moda praia, 100 camisas femininas em tecido inter drive vermelho, 100 colân (sic) em lycra moda praia; 100 shorts femininos em tactel; 1.500 bonés em tactel vermelho; 1.400 camisetas masculinas em tecido inter drive vermelho; 1.400 shorts masculinos em tactel e 1.400 sungas em lycra moda praia”.

O guarda-roupitcha básico foi comprado junto à Associação Pólo Produtivo do Pará.

Tudo com dispensa de licitação, porque deve ser urgente e ninguém é de ferro...

Vai adornar os corpitchos dos meninos e meninas que apagam nossos incêndios, de 9 de setembro deste ano até 10 de setembro do ano que vem, conforme reza o contrato.

Assina a singela compritcha o secretário de Segurança Geraldo Araújo.

É tudo cute, cute ou não é?

Vic

Deu no blog do Vic (http://www.vic.blog.br/ )






Sepub vai à Justiça contra
nomeação de assessores especiais



Sindicato se diz frustrado com o governo petista e revela: secretário de
Planejamento teria dito que 13º do funcionalismo pode ser pago só no ano que vem



O sindicato dos servidores públicos do Pará, Sepub, prepara um presente indigesto para o Círio da governadora Ana Júlia Carepa: até outubro, a entidade promete entrar na Justiça contra o governo petista, devido à contratação maciça de assessores especiais, cujos salários, na maioria dos casos, estão bem acima da massa do funcionalismo.



Mas, não é só.



Também em outubro, o Sepub espera concluir um levantamento complicadíssimo, se de fato for veraz: a listagem dos “fantasmas” que existiriam no atual governo. Gente que só aparece no local de trabalho, quando muito, para apanhar o contracheque.



Quem afirma tudo isso é o presidente do Sepub, Carlos Esdras.



Servidor público há mais de três décadas, ele apoiou a eleição de Ana Júlia, mas se diz decepcionado: segundo ele, o funcionalismo, em vez de ganhos salariais, teve é prejuízo financeiro com o atual governo.



Na sua avaliação, trocar o ex-governador Simão Jatene por Ana Júlia “foi trocar seis por meia dúzia”.



Ou, talvez, tenha até ficado um pouquinho pior: em reunião com os representantes dos servidores públicos, o secretário de Planejamento, Orçamento e Finanças, José Júlio, teria afirmado que o 13º salário do funcionalismo pode atrasar, pela primeira vez em 14 anos. A possibilidade, em função da crise econômica, é que ele seja pago só no ano que vem.




Veja os principais trechos da entrevista:





O Governo atual frustrou as expectativas dos funcionários públicos?

Carlos Esdras:
Frustrou sim, porque todos nós, a grande maioria de representantes dos sindicatos de servidores públicos do estado, apoiou esse governo que hoje está aí com a Ana Júlia. Tínhamos esperança de que ela realmente fizesse uma modificação geral, para melhor, nessa situação em que se encontra o servidor público. Mas, não estamos vendo isso na prática. Temos muitas coisas pendentes, na mesa de negociação, muitos assuntos importantes que dizem respeito ao servidor público do estado, e principalmente, ao servidor temporário. Então, muita coisa que esperávamos da governadora não está sendo posta em prática.




O senhor pode citar um exemplo dessas pendências?

Carlos Esdras:
Por exemplo, a questão do Sistema Penal, com cerca de 1.500 agentes prisionais. Tivemos uma conversa, na mesa de negociação, com o secretário da Sepof; houve conversa, no pé do ouvido, com a própria governadora, para que não houvesse mais distrato no Sistema Penal, enquanto não fosse realizado concurso público. Mas, o que se está vendo é que está saindo agente prisional que tem tarimba e estão colocando pessoas sem experiência. Então, está sendo tudo tratado em desacordo com a conversa que tiveram com a gente.




No atual governo, vocês tiveram um aumento real de salário? Quanto foi e quanto vocês esperavam?

Carlos Esdras:
Olha, foi alardeado pelo Governo do Estado, nessas propagandas que ele tanto condenava na época do Almir Gabriel e do Jatene, que tivemos aumento. Mas, se você for ver na prática – e eu posso dizer por mim, presidente do Sindicato do Servidor Público do Estado, trabalhador da Imprensa Oficial, que não tive um centavo de aumento no meu salário. Tive até prejuízo – R$ 5,00, R$ 8,00, mas tive. Então, isso aí foi geral: o servidor público não teve no bolso o aumento que ele esperava.



Quer dizer, então, que o governo mentiu?

Carlos Esdras:
Olha, o governo tenta passar à imprensa e à população que o Pará foi o único estado que deu aumento, enquanto outros rebaixaram e até atrasaram salários. Mas, o que houve, na verdade, foi a retração no reajuste do servidor público.



De quanto?

Carlos Esdras:
Em torno de 2%, em 2008, em relação a 2006.



Há possibilidade de greve em função disso?

Carlos Esdras:
Olha, você sabe que tem a Intersindical que representa os servidores públicos do estado – são dez ou onze sindicatos. E a Intersindical está fragilizada.



Por quê?

Carlos Esdras:
Porque estamos indo para a mesa de negociação e ela não tem acontecido como deveria, como a gente discutiu. Estamos tendo um tratamento que não corresponde ao que esperávamos. Então, é difícil dizer que pode haver uma greve geral dos servidores públicos do estado. É muito difícil, haja vista que o Sintepp (o sindicato dos trabalhadores da educação pública), que é um sindicato grande e forte, um sindicato de massa, fez aqueles poucos mais de vinte dias de greve e não avançou em nada.



Mas, qual o motivo dessa fragilidade?

Carlos Esdras:
A fragilidade existe porque não há o respeito que a gente esperava, na mesa de negociação. E aí os servidores estão decepcionados, com o Governo do Estado e até com os próprios sindicatos que os representam.



Os sindicatos estão atrelados ao Governo?

Carlos Esdras:
O Sepub que não tem atrelamento a nenhum político, nem ao Governo do Estado. Não temos sequer um diretor que seja DAS. Então, nós, do Sepub, não somos atrelados. E eu respondo pelo Sepub.



E o que é que vocês vão fazer, já que a greve não é uma opção?

Carlos Esdras:
Eu nem sei lhe dizer o que vamos fazer, já que fizemos tanta coisa... Somos acusados de participar desse governo, somos acusados pela oposição de sermos atrelados a esse governo, quando, na verdade, não temos isso. Não sei nem dizer o que podemos fazer, em termos de Intersindical, para organizar essa categoria que está desacreditada. Mais uma vez eu lhe digo, tanto em relação ao governo, quanto em relação aos sindicatos: todos os sindicatos estão desacreditados perante a sua categoria, porque esse governo não tem respeitado as nossas negociações.



E vocês apostaram muito no atual governo?

Carlos Esdras:
Apostamos. A atual governadora veio do movimento sindical, andou em cima de carros elétricos, de carros-som, nas passeatas, junto com a gente, em vários locais, aqui no nosso sindicato... Tudo isso levava a crer que viéssemos a ter uma condição melhor, como servidores públicos, com a eleição dela.



Piorou em relação ao governo do Jatene?

Carlos Esdras:
Olha, eu acho que foi trocar seis por meia dúzia, para não dizer que um ganhou e o outro perdeu.



Bem, a massa dos servidores não teve aumento salarial, mas houve aumento para secretários de Estado e adjuntos, não é?

Carlos Esdras:
Teve um aumento grande para os secretários e teve aumento agora para os procuradores da PGE (Procuradoria Geral do Estado) – e nós achamos isso inconstitucional. Por que é que o Governo do Estado trata os procuradores a pão-de-ló, dando o aumento que eles pedem, enquanto a massa dos servidores públicos não teve sequer um aumento digno para botar a comida no prato do seu filho?



Qual o salário médio, hoje, dos servidores estaduais?

Carlos Esdras:
Na média, uns R$ 700,00.



Quanto era em 2006?

Carlos Esdras:
Uns R$ 550,00.



Mas então houve um ganho de R$ 150,00, não é?

Carlos Esdras:
Mas é porque nós tivemos uma defasagem salarial de 70%, em 12, 13 anos!...E, em nenhum momento, o governo conversou com a gente para dizer o seguinte: “vamos tratar da defasagem salarial dos servidores públicos”. Não, eles não querem colocar essa situação na mesa. Colocam o mínimo que podem, sempre em nome da crise econômica que afetou o país.



Diz-se que o custeio da máquina cresceu muito. Vocês temem que isso traga de volta aquela situação que se vivia antes, com o atraso do pagamento do funcionalismo?

Carlos Esdras:
Olha, a respeito disso posso lhe garantir o seguinte: foi dito pelo próprio doutor José Júlio (o secretário estadual de Planejamento, Orçamento e Finanças) que preside a mesa de negociações do estado com os servidores, que poderia haver um atraso no pagamento do 13º dos servidores, neste ano, simples e puramente por causa da crise econômica. Ele não afirmou que vai ter, mas, disse que poderia; que o servidor poderia não receber esse 13º em 2009.



Quando foi que ele disse isso?

Carlos Esdras:
Foi nas primeiras reuniões, na mesa de negociação. Essas reuniões começaram em 14 de janeiro - foi quando ele previu isso. E, de lá pra cá, não mudou o discurso.



Seria o primeiro atraso em 14 anos, não é?

Carlos Esdras:
Olha, faz tempo que a gente não tem atraso. Ganhava pouco, não tinha reajuste, mas, também não tinha atraso. E ele garantiu isso, na mesa, para a gente.



Vocês estão preocupados com isso?

Carlos Esdras:
Olha, nós estamos preocupados com várias situações dentro desse governo. Essa é uma: o atraso no pagamento do 13º. Outra, são as demissões, que achamos injustas, dentro do Sistema Penal e de outros órgãos onde não aconteceram concursos públicos. Quer saber da última? Recentemente, a governadora autorizou, através de decreto, que, a partir do pagamento de setembro, os servidores terão de acessar a internet, para receber o contracheque. Agora, veja isso em comparação a um servidor do interior, que é desinformado e não tem acesso à internet. Pior: com certeza isso ainda vai custar R$ 1,00 ou R$ 2,00 para servidor. Além dele já ganhar um salário precário, ainda vai ter de tirar R$ 1,00 ou R$ 2,00 para conseguir o seu contracheque. É uma tremenda injustiça, mais uma injustiça do governo da Ana Júlia.



Vai ter de pagar para pegar o contracheque?

Carlos Esdras:
Com certeza. Eles contrataram uma empresa, segundo o decreto, a título de evitar gastos com papel, para a impressão do contracheque. Então, terceirizaram isso. E veja também que, para acessar a internet, os funcionários do interior ainda terão de se deslocar para municípios maiores. Por exemplo, quem mora em Curuçá ou Marapanim, vai ter de se deslocar – e pagando o ônibus do próprio bolso – até Castanhal. Quer dizer: vai ter de pagar transporte, ou ir de bicicleta arriscando a própria vida e, chegando lá, ainda vai ter de pagar de R$ 1,00 a R$ 2,00, para ter o seu contracheque, quando, na verdade, o Governo do Estado deveria era entregar isso na casa do servidor, principalmente em se tratando dos aposentados. Isso ainda vai dar muita confusão, principalmente no interior. O pessoal da Setran, por exemplo, que é a nossa maior base, já começou a ligar para o sindicato, para saber como é que isso vai ficar.



Quantos funcionários públicos o Pará tem?

Carlos Esdras:
Com esses distratos que a gente está vendo todos os dias no Diário Oficial do Estado, a gente calcula que ainda haja cerca de 100 mil servidores públicos, entre ativos e inativos.



E entrou muita gente no governo da Ana Júlia, especialmente nas assessorias especiais?

Carlos Esdras:
Entrou sim. Inclusive, estamos acompanhando isso, para ver quantos assessores a Ana Júlia colocou no seu governo e quantos servidores, principalmente temporários, foram mandados embora.



Por quê? O que é que vocês vão fazer?

Carlos Esdras:
Vamos contestar isso na própria Justiça; vamos entrar na Justiça.



Contra a contratação maciça de assessores especiais?

Carlos Esdras:
Isso. Contra é... Privilegiando os assessores com os seus DAS altos, ao mesmo tempo em que manda embora servidores temporários que ganham menos de R$ 1.000,00, trabalham, são essenciais, arriscam suas vidas.



Quando é que vocês vão entrar na Justiça?

Carlos Esdras:
Assim que terminar o levantamento, o mais tardar, em outubro. Veja: não tem justificativa para o governo cortar hora extra, tempo integral, que atinge também o tempo de serviço, cortar adicional noturno e continuar contratando assessores especiais.



Quanto ganha um assessor especial?

Carlos Esdras
: Olha, vai do DAS 1 ao DAS 5, ou seja, vai de R$ 330,00 até R$ 3.500,00 ou R$ 4.000,00. Os assessores especiais ganham mais ou menos isso também.



E esse pessoal trabalha?

Carlos Esdras:
Olha, o que a gente vê muito é assessor especial com celular no ouvido, telefonando pra cá e pra lá, ou no Orkut, brincando. Em toda secretaria tem isso – Setran, Imprensa Oficial... Todas as secretarias têm esse tipo de assessor, que fica no Orkut ou brincando com o celular. A maioria deles não faz nada.



Mas tem fantasma também?

Carlos Esdras
: Fantasmas? Em todo lugar existem fantasmas...



Vocês têm provas disso?

Carlos Esdras
: Olha, saber a gente sabe. Mas eu iria me arriscar dizendo que temos prova. Mas, a gente sabe, porque os companheiros ligam para o sindicato dizendo: “olha, tem um aqui que só vem receber”. A Sead é um antro disto: assessores especiais que não fazem nada e fantasmas.



Vocês têm uma relação desses fantasmas?

Carlos Esdras
: A gente está levantando isso. Não podemos fazer a denúncia pela denúncia. Temos de ter o levantamento de nomes e locais de trabalho.



Quando é que vocês terão isso?

Carlos Esdras:
Também em outubro.



Vai ser o presente de Círio para a governadora?

Carlos Esdras:
Para ela e para todos os seus assessores especiais.