PecuaristasXAmbientalistas:
Perereca: Nesse contexto, como é que o senhor vê as obras do PAC, na Amazônia?
Jatene: A Amazônia, de um modo geral, independentemente dos governos, tem sido vista, sempre, de forma marginal no projeto nacional. E o que precisamos mudar é a “lente” de ver a Amazônia. Só isso permitirá que a gente fuja dessa armadilha de produzir ou preservar.
Não queremos ser, simplesmente, uma fronteira de recursos naturais. Temos um papel natural, em primeiro lugar, que é o de sermos prestadores de serviços ambientais, em escala planetária. E temos, também, um papel histórico, que é o de servir de base de sustentação e de vida digna para 25 milhões de habitantes.
Hoje, estamos, aparentemente, no pior dos mundos. Se você conversar com o setor florestal, com o setor pecuário ou com os ambientalistas todos dirão que o que está aí é uma droga. É um modelo que, a rigor, não serve a ninguém, mas que se mantém. E por quê? Porque como não há um Estado que tenha credibilidade para chamar os atores e levá-los a uma pactuação, todos temem que qualquer mudança torne o cenário pior do que já está.
E aí a gente cai num imobilismo, que é esse que vivemos hoje, no qual terminamos tendo essas quedas-de-braço.
Só nesta semana, tivemos, de um lado, a aprovação daquela MP da Grilagem; e, de outro, essa suspensão da compra de carne da Amazônia. Fica parecendo que uma foi vitória dos ambientalistas; outra, dos produtores. Mas, enquanto as coisas forem vistas desse jeito, estamos perdendo é todos.
Porque, nesse jogo, não tem vitória de ambientalista ou de produtor. O confronto não é ambientalista versus produtor. O confronto somos nós, todos, pela construção de um novo padrão de desenvolvimento.
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