Para mim há bem poucos momentos tão pai d’éguas quanto este: o período eleitoral.
Creio que todos os agentes políticos nos sentimos assim, contentes à beça, que nem pinto no lixo...
É o momento em que a simples preparação do jogo ficou para trás. É quando, de fato, entestamos os times, para ver que bicho vai dar.
E é muito bacana essa “tchurma” que participa desses campeonatos.
Conheço boa parte, boa parte me conhece. Em alguns momentos, até já jogamos juntos, na mesma equipe. E creio que aprendemos o principal: a nos respeitarmos.
Porque, no fundo, todos queremos a mesma coisa: queremos fazer valer idéias que consideramos as melhores para a sociedade.
Mas, não queremos fazer valer isso de qualquer jeito: queremos fazer valer isso democraticamente. Pela publicidade, pelo conhecimento, pelo convencimento.
Sou apaixonada, encantada, pela democracia – e sei que vocês também são.
Se não fôssemos, iríamos simplesmente cuidar das nossas vidas; fazer coisas bem menos complexas – abrir uma quitanda, uma sorveteria, uma panificadora - em vez de entrarmos nessas guerras extenuantes, que trazem tanta ansiedade e que até branqueiam nossos cabelos...
Talvez que muita gente possa até imaginar que aquilo que nos atrai é a grana que rola, farta, nesse meio.
Mas, eu penso que não. Afinal, há muitos outros meios em que a grana também rola fartamente. E, no entanto, tais meios não exercem sobre nós qualquer atração.
Temos, queridinhos – e essa é que é a verdade - aquela essência de “urubu do Ver-o-Peso”: a gente gosta, mermo, é dessa sacanagem...
E eu fico pensando na importância que todos temos para a sociedade: vocês já pensaram o que seria da democracia e do jogo político se, simplesmente, perdêssemos o interesse em jogar?
Haveria um vácuo imenso em relação a essa geração que ainda está se preparando para ocupar os lugares que hoje ocupamos.
Um vácuo complicadíssimo para a democracia que vamos, arduamente, construindo, neste que já é - ou que vai se tornando - o mais longo período democrático da sociedade brasileira.
Do arraial em que me encontro, olho os arraiais que vão se formando, aqui e ali.
E me sinto irmanada a todos vocês, nos mesmos sonhos. Na mesma ansiedade. Na mesma esperança. Na mesma determinação. No mesmo desejo de vencer.
E é por isso que eu quero desejar aqui, como já fiz outras vezes, boa sorte a todos os jogadores – companheiros ou adversários – na abertura de mais um período eleitoral.
Que Deus nos dê força, garra, coragem, discernimento, o bom senso nosso de cada dia!...
Que saibamos respeitar aquela que é a nossa própria razão de ser: a Democracia.
E até – por que não? – que Deus nos ajude a driblarmos bacana esses grandes juízes que têm sido o Ministério Público e a Justiça Eleitoral.
Afinal, esse é um dos sonhos de todos nós...
É claro que a Justiça Eleitoral e o MP têm um papel importantíssimo nesse jogo: sem eles, certamente, seria a barbárie.
É bom que eles estejam aí para nos lembrar, a todo instante, que há regras, sim, a respeitar.
Mas, o jogador que disser que nunca sonhou em dar uma bela quicada que passasse em branco ao juiz tem de voltar, merecidamente, ao banco de reserva. Para aprender a não usar, tão abundantemente, o perobal...
Por isso, queridinhos, boa sorte, força, garra – um belíssimo jogo, aquela coisa de craques - a todos vocês!
E, mais uma vez, que vença o melhor, a melhor proposta, para a nossa cidade, o nosso estado, o nosso País!
FUUUUUIIIIIII!!!!!
Sonho Impossível
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
(J. Darion/ M. Leigh. Versão: Chico Buarque/Ruy Guerra)
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