A carta de Araújo
O PT precisa esclarecer, de uma vez por todas, as acusações de que teria mantido relações perigosíssimas com a “tchurma” de Chico Ferreira e Marcelo Gabriel.
A carta de Luiz Araújo, por Alessandro Novelino divulgada, não é a primeira a se referir a isso.
Nos bastidores políticos, de há muito corre solta a boataria acerca de tais relações.
Fala-se em contribuição milionária à campanha de Ana Júlia e de prefeitos e parlamentares petistas, inclusive com a existência de cheques e de telefonemas grampeados pela PF.
Fala-se até mesmo de empréstimos à quadrilha, chancelados por importantes lideranças petistas.
Desde a prisão de Chico Ferreira que tais boatos têm pesado como espada de Dâmocles, sobre várias cabeças coroadas do petismo.
Eram ameaças veladas, repassadas em forma de recadinhos, através de várias pessoas.
Eram pedacinhos de grampos telefônicos, divulgados aqui e ali.
Mas, até a carta de Araújo, nunca se havia falado de forma tão aberta sobre tais relações.
E as perguntas que ficam são: por que, justamente, Araújo, que teria sido um dos mentores do assassinato dos irmãos Novelino?
E porque, justamente, Alessandro, irmão dos assassinados?
Não consta que Alessandro seja, exatamente, um estrategista.
Diz-se que teria revelado a carta, para comprovar as más intenções do chororô de Araújo.
O problema é que, na carta, o que mais chama a atenção são as relações promíscuas entre o PT e a quadrilha de Chico e Marcelo.
Teria sido mais um recadinho?
Se for assim, o PT estaria apresentando obstáculos à punição dos assassinos dos Novelino?
Ou, ao menos, estaria, de alguma forma, tentando ajudá-los? Ou, ainda, não estaria fazendo o que poderia?
Outra dúvida esquisita é quanto à intenção de Alessandro.
Ora, o chororô de Araújo é para não ser transferido para Americano, porque ali a vida dele estaria ameaçada.
Ora, Araújo é peça-chave no desvendamento do assassinato dos irmãos Novelino.
Logo, pergunta-se: não seria do maior interesse do deputado Alessandro que Araújo permanecesse onde, em tese, tem maiores condições de continuar vivo?
Além disso, de toda a confusão que cerca a carta de Araújo, emerge outra dúvida atroz: é possível que o PSDB estivesse a participar, junto com os petistas, ou das pressões sobre os petistas, para relaxar as investigações sobre as atividades de Chico e Marcelo?
Não sou “moralista” e muito menos ingênua.
Depois de décadas de militância política, sei que é preciso certa “flexibilidade” para angariar os recursos necessários a uma campanha eleitoral, especialmente em se tratando de partidos de esquerda.
Mas, também acredito que há limites a essa “flexibilidade”.
Será que ninguém desconfiou que, por trás dos milhões abocanhados pela quadrilha, poderia haver algo mais do que caixa dois eleitoral?
Será que ninguém nunca desconfiou de esquemas mais pesados, como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e de armamentos?
Será que ninguém nunca se perguntou – como me instigou, certa feita, um promotor – de onde saiu Chico Ferreira, o que permitiu que se associasse até ao filho de um governador e para quem e por que é, enfim, necessário?
De que forma Chico Ferreira foi aceito, tão de ânimo leve, nos principais círculos da sociedade paraense?
A carta de Araújo e as circunstâncias dela, enfim, mais escondem do que revelam.
São como a esfinge a repetir: decifra-me ou te devoro.
Resta saber quem será o corajoso Édipo. E o destino que terá...
2 comentários:
Olhe so que o PT recebeu dinheiro para a campanha da Ana Julia isto todos sabem ate quem recebeu foi o Paulo Rocha, agora a pergunta que fica, como um socio de Marcelo Gabriel coloca dinheiro na campanha da adversaria.
Esta carta foi publicada? Onde posso encontrá-la?
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