Conheço Paulo Roberto Ferreira há muitos anos. É uma as pessoas mais dignas que já encontrei ao longo da minha vida – e olha que isso não é pouca coisa, não. É um intelectual extraordinário. Um jornalista brilhante que angariou credibilidade e respeito, por onde passou.
Foi, aliás, Paulo quem me despertou para a política, quando nos conhecemos, nos idos de 1981. Eu não sabia necas de pitibiriba. Ele me ajudou a ver o País e o mundo desigual em que vivemos. Devo a ele, enfim, a melhor parte da minha visão de mundo.
Nunca esquecerei da coragem de Paulo, aquando das primeiras eleições que este País viveu, em 1982, após a longa abstinência imposta pela ditadura. Lembro dos enfrentamentos que tivemos com o Sá Leal (um jornalista extraordinário!). E que, a par desses enfrentamentos, nunca deixou de nos respeitar. Justamente, porque nos fazíamos respeitar.
Porque se fazer respeitar implica não ser lambão; não render toda sorte de mesuras ao “senhor” que paga o osso; não desvirtuar a realidade, com toda sorte de mentiras, para alcançar uma sinecura qualquer.
Jornalismo não é destilar veneno. Isso, as víboras fazem com bem mais competência e precisão. Aliás, até rastejam melhor.
Fazer-se respeitar, jornalisticamente falando, quer dizer o oposto: é ser competente, doutor, não em puxa-saquismo, mas no ofício de reportar.
Paulo, sempre mais inflexível que eu, nunca transigiu em relação a isso. Eu, mais catita, sempre deixei claro que a servidão só existe, enquanto for conveniente ao “servo”, também.
Lembro de uma vez que Paulo, intransigente como ele só, me disse que eu nunca seria uma revolucionária de fato, devido a minha origem burguesa. Na cabeça dele, a dominação tinha a ver com genética e criação. É um direito dele pensar assim – ou ter pensado assim – como é um direito meu morrer de rir de tamanha simplificação.
Mas, apesar de tantas diferenças, seguimos amigos por todos estes anos. E eu prezo a amizade dele, mais do que a maioria das coisas que prezo neste mundo. Porque me orgulho de ser amiga de alguém tão íntegro. Faz-me bem saber que alguém dessa magnitude tem amizade a mim.
É por isso que, puxar briga com o Paulo, é puxar briga comigo. E eu não tenho a comiseração dele. Nem as papas na língua que ele tem. Para mim, como diria um político paraense, da cintura pra baixo tudo é canela.
Não acredito nem em céu, nem em inferno. Faço o que se pede, a quem necessitar. É barba, cabelo e bigode.
Ando meio irritada com essa coisa de estarem tentando acertá-lo. Tentei não me meter. Mas é impossível. Gosto do Paulo Roberto tanto quanto gosto de mim.
Nunca conheci um petista mais petista que ele – um petista, de fato, digno desse nome. Assim como nunca conheci tucana mais tucana que eu...
Mas, Paulo é da paz, enquanto eu vivo para a guerra. Venham quantas vierem. Quantos forem os exércitos que necessitarem disso.
Já combati mais de 50, sozinha. Pois, que venham três – isso é fichinha.
Não me importo, minimamente, de revirar os podres alheios. Até porque tenho treinando as minhas moscas para isso, a vida inteira. Sorrindo, revelo os bêbados, os canalhas, os lambe-botas. E o que disserem de mim, é sobejamente conhecido. Tal as moscas, educadíssima, sei quem sou e onde me é dado assentar.
De há muito, Paulo deveria integrar um governo do PT. Defendo-o, fervorosamente, para a Assessoria de Comunicação. Tal cargo, enfim, teria a dignidade que merece. Com um técnico competente e honesto que não viveria de propinas, para jogar na primeira máquina disponível, nem do ódio patológico que algumas pessoas (pessoas?) guardam em relação ao mundo.
Essas pessoas que, quando morrerem, é verdade, acharão quem lhes jogue, por cima, carradas de terra. Mas, pela certeza que querem ter de que uma abjeção como essa, tão cedo, não tornará ao mundo.
Paulo tem a capacidade de lidar com os Maiorana e com os Barbalho. E de aproveitar a estrutura existente para montar um sistema alternativo de comunicação de massa, independente dos jornalões.
Não deveria dizer isso, porque sobrevivo dos jornalões. Mas, enquanto os governos que vêm do povo (como a DS pretende ser) não conseguirem construir essa terceira via, vão penar, com certeza, nas mãos de quem detém o poder econômico e a capacidade de mobilização social.
É preciso um sistema de comunicação alternativo, ideologicamente comprometido, massivo e direto.
Mais não digo, nem me foi perguntado.
Neste momento solene, prefiro aguardar pelos leões. Que maravilha! Vou poder matar e esfolar novamente!
10 comentários:
Ana Célia,
Assino embaixo tudo o que você disse sobre o Paulo Roberto. Também conheço ele há anos e sei da sua integridade, da sua competência, do seu compromisso por uma sociedade mais justa. A história de vida dele e a profissional são lindas e eu tenho muito orgulho de ser sua amiga. Também fiquei chocada com a campanha que estão fazendo contra ele. Mas, ninguém bate em cachorro morto. Toda a força ao Paulo Roberto Ferreira, o resto é inveja, pura inveja.
Cara Ana Célia!
Concordo plenamente com a Simone Romero quando ela diz que omissão também é um crime. E precisamos reverter isso urgentemente, porque há aqueles que entendem que, por ter um blog e por esse ser pessoal e blá-blá-blá podem sair atacando a honra de pessoas, como o Paulo Roberto Ferreira. Eu e Paulo não somos exatamente amigos, mas colegas. Mas sei da integridade dele, do seu profissionalismo e da lealdade às próprias convicções. Paulo é tudo o que tu colocaste aqui em teu blog, este sim que busca a verdade nos fatos e não em elocubrações. Quem me conhece sabe que sempre procurei ser ponderada, diplomática, diante de certas situações. Mas, desta vez, passaram de todos os limites. Minhas solidariedades a este grande ser humano e competente jornalista, que é o Paulo Roberto Ferreira.
Até que ponto devemos misturar amizade com política? E daí se o cara é amigo ou não do Orly? Isso quer dizer o que? Que a falta de ética falara mais alto que seus principios???
Não sei se o Paulo é o Melhor nome. Aposto no Francisco Cezar, embora esquecido. Mas gosto do Paulo.
Hmmm, hmmm... E desde quando conhecer uma pessoa ou ser amigo do mesmo o qualifica pra qualquer tipo de coisa? Perereca, vc devia lembrar do episódio do Ademir, quando vc o defendeu com unhas e dentes... por amizade!
Nesse momento, é melhor não arriscar. Tem tanta gente boa por aí. A sugestão da Hanny é um exemplo disso.
Agora, por outro lado, essa idéia de boicotar o blog do Barata é paranóia pura. Ou alguém é impelido a acessá-lo? Em vez disso, por que não sugerir um boicote a O Liberal, que ultimamente nenhuma contribuição tem dado à sociedade paraense?
Parabéns a Ana Célia e a Simone que estão defendendo não só a ética como a lealdade. Eu, se fosse o Paulo, ficaria muito orgulhosa.
Olha, nâo tem muito o que dizer depois das palavras da Ana Célia e da Simone...Só que assino embaixo várias vezes.
Perereca,
Desculpe discordar de você.
1º Leio o Barata e vc mesmo escreveu que não ler;
2º Sinceramente, não vi nada que possa ser considerada uma campanha contra o Paulo, que realmente é uma excelente pessoa.
3º Fiquei preocupado, vc disse não li, e nem me interessa???!!!
4º Considero que o que foi colocado no blog do Barata, foi muito esclarecedor, não existe mentira.
5º Se realmente existe essa relação de proximidade com o Orly, o melhor é preservar o Paulo Roberto.
6º Prefiro o Paulo tocando o seu projeto aqui fora, do que lá!
Célia sem radicalismo, será que estamos lutando por ouro-de-tolo?!
Deixa o Paulo fora desse governo, não queima o cara, tá!?
Olha só, querida Ana Célia; vocês, com essa campanha, estão conseguindo a façanha de aumentar, enormemente, os acessos do blog do Barata. Beijos.
Ana Célia,
Acho que criaste uma tempestade num copo d'água.
Também penso que não se deve defender alguém apenas pelo fato de sermos amigos dele.
Tenho acessado o blog do Barata e apesar de nem conhecê-lo, acho que seus posts tem sido elaborados com responsabilidade.
Se com o passar do tempo, constatar que você tem razão, voltarei aqui neste espaço e farei a "mea culpa".
Um abraço.
Bruno
Bruno
Tive o privilégio de ter como primeiro chefe, pouco antes de me formar, o Paulo Roberto. E agradeço o quanto aprendi com ele, na Ver-a-Mídia. Uma pessoa exigente sim (consigo e com os outros), para buscar fazer o melhor no jornalismo. Esta foi a uma grande lição. Não acompanhei o que gerou todos esses comentários, venho aqui deixar o meu apoio para o grande ser humano Paulo.
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