domingo, 26 de fevereiro de 2006

Uma Guerra Cruenta

Não me lembro a quem pertence a definição da política como a guerra por outros meios. Mas acredito que tal clareza é excelente ponto de partida para a cogitação de cenários às próximas eleições. Porque, o que se impõe a seguir, do ponto de vista lógico, é a consideração acerca das condições objetivas – e não de eventuais simpatias ou antipatias, ou “do mundo-como- gostaria-que-fosse”.

O intróito é necessário para rebater comentário em relação ao meu post inicial. Quem coloca Almir Gabriel como fora do jogo, nas próximas eleições, o faz por questões meramente emocionais. Porque Almir é uma força viva dentro do PSDB, o partido, aliás, que, por deter a máquina, detém, também, as maiores capacidades. Até porque tem sabido maximizá-las, a partir de uma boa estratégia de marketing. E de uma condução política que embaralha as cartas, a impedir o foco sobre essa ou aquela candidatura.

De igual forma, é tolice imaginar que Jader não considera a possibilidade de se candidatar ao Governo e que, ao fazê-lo, não terá condições de conquistar tal posto. As capacidades de cada “exército”, como a disponibilidade inicial de recursos humanos e materiais, antecipam as condições em que se travarão as batalhas. Significam, por exemplo, mais ou menos “linhas de abastecimento”, maiores ou menores tentativas de utilização do embate direto. Mas não determinam o resultado.

Mais importante é a estratégia. E mesmo, chamemos assim, a “virtude guerreira” e a motivação dos comandantes de tais forças, coisa que, aliás, muito boa gente teima em não considerar entre as condições objetivas. É fácil: basta imaginar o que seria do monumental exército napoleônico sob o comando de um Agamémnone – sem Ulisses, é claro.

Óbvio que não estamos falando de disparidades do tipo EUA e Vietnã ou EUA e Iraque – e mesmo em tais casos, as resultantes não foram exatamente as prognosticadas, a partir das capacidades iniciais.

Estamos falando de gigantes da política paraense, Almir e Jader, que dispõem de recursos consideráveis e que já comprovaram, sobejamente, extraordinário talento para o comando. O Jader com a sua capacidade de compreender as motivações de anjos e demônios, para seduzi-los a um só tempo. O Almir com uma determinação que faz todo o resto parecer de sua menos importância. Ambos, dotados de coragem arrasadora, a encantar, mas também atemorizar, o comum dos mortais.

Possível, assim, antever batalhas cruentas, com gaiolas suspensas, emparedamentos e, é claro, ordálios para todos os gostos. Mas o resultado, maninho, nem a Mãe Delamare...

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