terça-feira, 30 de novembro de 2021

Um projeto de desurbanização do Brasil?



É possível que nunca tenha existido uma queda de braço entre os militares bolsonaristas e o Centrão, pela ocupação de espaços no Governo Federal (como muitos afirmaram), mas uma estratégica cessão temporária de poder.

Posso estar enganada, mas me parece que o verdadeiro projeto desses militares não é “apenas” a desindustrialização, mas a desurbanização do Brasil, o que exige tempo para executar e consolidar.

Uma espécie de marcha para o campo, que tornaria menos visível a eliminação de milhões de brasileiros pobres, por doenças e pela fome, e acabaria mais facilmente com direitos conquistados pelas mulheres, negros e gays.

Creio que o que se pretende não é “apenas” condenar o Brasil à condição de mero exportador de matérias-primas, o que atende a interesses internacionais.

Mas realmente fazê-lo retroceder a meados do século passado, em termos de costumes.

Um tipo de retrocesso mais fácil de obter em sociedades predominantemente rurais, especialmente em países como o Brasil, onde vários fatores contribuiriam para um maior controle social e a supressão do diferente.

Entre eles, a dispersão e pobreza dos núcleos familiares; a falta de informações e a baixa escolaridade; a forte autoridade das igrejas, militares e policiais; o conservadorismo talvez inerente a essas populações.

Ao fim e ao cabo, isso dificultaria o combate às violências físicas e psicológicas contra mulheres, negros e gays, naturalizando tais práticas e a execração pública dos “diferentes” e de quem “ousasse” defendê-los.

Significaria ir retirando, na prática, os direitos conquistados, até que existam condições objetivas para retirá-los, também, da legislação.

Não é por acaso que a urbanização e o avanço dos costumes coincidem ao longo da História: apesar de todos os seus problemas, as cidades, principalmente as maiores, são, também, as mães da civilização e da globalização: o “abrir-se para o outro e para o mundo”.

Nelas, floresceram a Ciência, a Filosofia, a Democracia, a Política, a Justiça, os grandes sistemas econômicos, a organização dos trabalhadores, os movimentos sociais, as lutas pelos direitos humanos.

As cidades são, portanto, uma espécie de Poder modernizador que tem de ser reduzido o máximo possível, para a recondução do mundo ao patriarcado, como pretendem esses bárbaros.

Se possível, devem servir apenas às movimentações financeiras e à Educação e deleite dos mais ricos.

Mas, mesmo em tais condições, devem possuir um controle social mais rígido, em decorrência das leis aprovadas pela maioria rural.  

Infelizmente, grande parte dos democratas demorou a perceber que o cerne da luta dessas forças retrógradas é “a moral e os bons costumes”.

Muitos companheiros, aliás, ainda relutam em admitir isso, eis que só conseguem enxergar os interesses econômicos envolvidos nessa questão.

Tudo bem: os bilionários, os grandes senhores do mercado financeiro e do agronegócio, por exemplo, estão a lucrar horrores com tudo isso.

Mas para essas massas que hoje defendem os interesses deles, pouco importa pagar 3, 7 ou 10 reais no litro da gasolina.

O que elas não suportam mais é enxergar “em seus domínios” um gay, um negro ou uma mulher independente.

É claro que para nós, que vivemos na realidade verdadeira, a tentativa de desurbanizar ou reagrarizar um país de mais de 200 milhões de habitantes parece uma empreitada destinada ao fracasso e, sobretudo, capaz de produzir um dos maiores genocídios deste século.

Mas precisamos atentar a três problemas.

O primeiro é que estamos a lidar com pessoas capturadas por uma “realidade paralela”, para as quais qualquer sacrifício vale a pena (mesmo que seja de milhões de seres humanos), desde que isso resulte em uma sociedade altamente repressiva, para negros, mulheres e gays.

O segundo é que um projeto desses cai como uma luva para boa parte das nossas lideranças políticas, já que a desurbanização facilitaria velhos esquemas de manutenção de poder, como é o caso dos currais eleitorais, além de possibilitar maiores negociatas.

O terceiro é que o Brasil parece ter virado uma espécie de laboratório, para as forças internacionais do patriarcado e do nazismo.

Até pelo tamanho, população e papel estratégico do Brasil na América Latina, os projetos que essas forças conseguirem executar aqui servirão de modelo e alavanca, para que consigam dominar outros países.

Não se iluda: esse é um projeto de dominação mundial, e sustentado por grandes fortunas.

E se parece coisa de Pink e o Cérebro, ou até do Doutor Fantástico, do Stanley Kubrick, é bom não esquecer que os estrategistas dessas forças conseguiram emplacar Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2016; e Bolsonaro, no Brasil, em 2018.

Penso que as próximas eleições serão um jogo de tudo ou nada, para os militares bolsonaristas e toda essa massa retrógrada.

E não apenas em se tratando da Presidência da República, mas, em igual medida, também do Congresso Nacional.

Porque se vencerem as próximas eleições, na Presidência e no Congresso, eles poderão ter décadas de poder, para desurbanizar o Brasil e impor a sua “nova cultura”.

Não creio que vençam, mas o arsenal bolsonarista é preocupante: bilhões de reais para propaganda e compra de votos, redes de fake news, cooptação de policiais, juízes e procuradores de Justiça, articulações internacionais do nazismo que permitirão vários ataques “de fora para dentro” (como já começou a ocorrer, aliás), gerando maior credibilidade às suas notícias mentirosas.

Outra arma, a meu ver uma das mais poderosas, acabou prejudicada pela pandemia e pela incompetência bolsonarista, economia guedista e sucessivas crises políticas: o plano de investimentos em obras públicas, lançado, no ano passado, pelo general Braga Netto.

Tais investimentos, que os próprios militares compararam a um Plano Marshall, deveria aquecer a economia e gerar empregos, principalmente para as camadas mais pobres, no período eleitoral.

Aliado à propaganda de um Brasil imaginário, ele recriaria a atmosfera da década de 1970, para iludir o eleitorado e isolar as oposições.

Mas com a inflação e a alta dos juros, é improvável que esse “Plano Marshall” consiga produzir os frutos desejados, no ano que vem.

No entanto, restou a outra “perna” desse ilusionismo: a propaganda, com verbas realmente extraordinárias, que exaltará o povo brasileiro e o Brasil imaginário dos militares.

Penso que as oposições precisam acordar para a real dimensão do que pode estar em jogo no ano que vem.

E, também, para os enormes desafios que enfrentaremos, no confronto eleitoral com a máquina de guerra desses bárbaros.

Porque, se perdermos, é possível que o Brasil enfrente décadas de repressão e massacres, em dimensões como nunca vimos em toda a sua história.

E o país que teremos, já na década de 2030, parecerá saído de um pesadelo.

FUUUIIIII!!!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Basta de salvadores da pátria de araque!



 

Em 2018, mais de 57 milhões de brasileiros votaram em um “salvador da pátria” de araque, crentes de que ele resolveria todos os nossos problemas.

Resultado: gás de cozinha a 100 reais. Gasolina a 7 reais. 14 milhões de desempregados. Milhões de brasileiros passando fome. Gente disputando osso de boi, carcaça de frango e até revirando caminhão de lixo, para ter o que comer.

Daria para falar dias e dias sobre toda a desgraça provocada por Bolsonaro e a sua nuvem de gafanhotos, que assaltam os cofres públicos de maneira como nunca vimos neste país.

Uma gente tão perversa que foi capaz de atrasar a compra de vacinas, para realizar maracutaias bilionárias, enquanto milhares de brasileiros morriam de covid.

Vimos esses sujeitos queimando florestas, assassinando animais.

Vimos essa gente maligna acabando com o Bolsa Família e colocando no lugar um auxílio eleitoreiro, que só vai durar até o ano que vem.

Vimos essa gente ruim que nem a peste retirando os nossos direitos trabalhistas e destruindo a Educação e a Ciência.

Vimos esse “salvador da pátria” de araque destruindo até o futuro dos nossos filhos e netos, que não terão emprego. Ou, quando conseguirem emprego, será em regime de semiescravidão, com salários miseráveis e sem contrato de trabalho.

Mas, acima de tudo, vimos mais de 600 mil irmãos brasileiros morrendo de forma horrível, sufocando, e sem poderem receber nem mesmo um enterro digno, enquanto Bolsonaro até caçoava de todo esse sofrimento.

Já são quase três anos de destruição do Brasil e de matança do povo brasileiro.

Uma longa e tenebrosa noite, que nenhum de nós jamais esquecerá.

E agora, enquanto ainda choramos tantos mortos, eis que surge outro “salvador da pátria” de araque, também prometendo acabar com todos os nossos problemas: o ex-juiz Sérgio Moro.

Um ex-juiz sem qualquer compromisso nem com a Justiça, nem com o Brasil.

O juiz que comandou a operação Lava-Jato, que quebrou as nossas grandes empresas de construção civil, levando ao desemprego milhões de trabalhadores, e jogando o Brasil num pesadelo que parece não ter fim.

Um juiz que depois foi trabalhar em um escritório de advogados, lá nos Estados Unidos, para ajudar as empresas que ele mesmo havia quebrado!

Mal comparando, é como se um operário, na calada da noite, destruísse todo o seu pátio, e no dia seguinte viesse lhe oferecer os serviços dele!

Um ex-juiz que condenou tanta gente inocente. E em condenações tão injustas, tão sem provas, que estão sendo anuladas, jogadas no lixo, pelo Judiciário.

Imagine se você é acusado de alguma coisa e tem o azar de pegar um juiz assim. Imagine o seu desespero, sabendo que é inocente, mas que mesmo assim ele vai lhe condenar...

E depois de tudo isso, Sérgio Moro ainda tem a cara de pau de dizer que está preocupado com o Brasil, que ele mesmo ajudou a destruir.

Não, não há diferença alguma entre Moro e Bolsonaro.

Bolsonaro se elegeu prometendo combater a corrupção, e muitos caíram no papo-furado dele.

E isso apesar de Bolsonaro ter quase que uma vida inteira “dedicada” à corrupção, com o seu esquema de “rachadinhas”, que nada mais são do que o roubo de dinheiro público, através de funcionários fantasmas.

Moro também promete combater a corrupção.

Mas ele foi trabalhar para ajudar empresas que ele mesmo havia acusado de corrupção.

Ele usou funcionários públicos e dinheiro público para perseguir e condenar inocentes.

Ele usou funcionários públicos e dinheiro público para satisfazer interesses pessoais.

Como que alguém que age assim é honesto?

Como que alguém que age assim vai combater a corrupção?

Espero que você tenha aprendido a lição, com esse “salvador da pátria” de araque, que é Bolsonaro.

Espero que todo o povo brasileiro pare de acreditar nesses perversos, com as suas falsas promessas, que só servem para que consigam se eleger.

Eles estão se lixando se morremos de doença e de fome.

Eles estão se lixando se não temos emprego, se não temos comida, e se os nossos filhos e netos não terão futuro.

Nós não precisamos de “salvadores da pátria”: é em mim e em você, é em cada um de nós, que está a força para transformar este país.

Médicos, enfermeiros, professores, advogados, jornalistas, artistas, garis, policiais, trabalhadores em geral, e até pequenos e grandes empresários, que dão o sangue por suas empresas, todos nós, juntos, é que construiremos o Brasil que sempre sonhamos.

Um Brasil onde as pessoas não tenham de revirar o lixo, para ter o que comer.

Um Brasil que proteja e eduque as nossas crianças.

Um Brasil que reprima a violência contra mulheres, negros, gays, índios e todo e qualquer ser humano.

Uma pátria verdadeiramente amada, que proteja as nossas florestas, os nossos animais, as nossas riquezas, as nossas indústrias, a nossa ciência, as nossas religiões.

Uma pátria verdadeiramente amada, que respeite toda a nossa extraordinária diversidade: de povos, de “raças”, de tradições, de costumes, de crenças, de opiniões.

Basta de “salvadores da pátria”! Chega!

Quem nós precisamos como líder da grande reconstrução do Brasil é alguém que já tenha provado o seu compromisso com este país.

É alguém que já tenha conseguido unir os irmãos brasileiros em uma grande corrente de solidariedade, para combater a miséria e colocar dinheiro no bolso de cada cidadão.

É alguém que já tenha nos ajudado a construir uma época de prosperidade, como nunca vimos antes neste país.

Eu sei quem é esse líder, e você sabe também.

É aquele cidadão que teve a vida inteira revirada por tudo que é jornalista, por tudo que é policial e Ministério Público.

E que mesmo não tendo sido encontrado nada contra ele, foi jogado numa prisão. Tudo porque cometeu o “crime” de ajudar a construir um Brasil mais desenvolvido, mais solidário e mais humano.

É aquele cidadão, que apesar de todas as injustiças e de todas as perdas que sofreu, nunca desistiu de lutar.

É aquele cidadão que em vez de ficar com promessa, com papo furado, FAZ ACONTECER.

Porque é igualzinho a mim e a você: sabe o que é suar a camisa, sabe o que é trabalhar, para cavar o pão de cada dia.

Juntos, unidos, com ele a nos liderar, tiramos milhões de irmãos brasileiros da miséria, colocamos milhões de crianças na escola, milhões de jovens nas universidades. Ajudamos a que milhares de cidadãos realizassem o sonho de abrir uma empresa, para melhorar de vida.

E agora, novamente com a liderança dele, vamos reconstruir este país.

Vamos resgatar o Brasil de toda essa desgraça, de toda essa destruição, provocada por Jair Bolsonaro e Sérgio Moro.

Nós, cidadãos, junto com esse grande líder, já fizemos isto acontecer uma vez: já realizamos sonhos que pareciam impossíveis.

E agora, mais uma vez unidos, mais uma vez com a liderança dele, vamos novamente realizar o que parece impossível, e transformar a história deste país.

FUUUIIIII!!!!