Páginas censuradas, textos suprimidos, versos
impedidos de ir a público, peças mutiladas, cenários proibidos, vidas apagadas.
Gente presa, perseguida e torturada. O período mais sombrio da recente história
do Brasil deixou marcas na sociedade e um legado que precisa ser lembrado.
Por aqui, quem nos instiga a memória é o jornalista
Paulo Roberto Ferreira no livro “A censura no Pará - A mordaça a partir de
1964”, publicado pela Editora Paka-Tatu. O trabalho será lançado amanhã, 29 de
outubro, às 18 horas, na livraria da Fox
Belém, na Doutor Moraes.
“A censura no Pará” se transformou em livro depois
que o autor defendeu dissertação de mestrado na Universidade de Évora, em
Portugal, com o título “Avaliação da Influência da Mídia, no receptor, sobre as
mudanças políticas de 1964”.
Quando terminou a coleta de documentos e
entrevistas, percebeu a oportunidade de retratar com mais profundidade o tema
em escala regional.
Como professor, Paulo Roberto precisava pautar
exemplos locais em sala de aula para abordar a falta de liberdade no Norte do
país.
“E também do cidadão que viveu e acompanhou muitas
experiências de censura, que ia desde a proibição de reuniões nos intervalos
das aulas até o controle dentro das redações dos jornais e emissoras de rádio”,
afirma o escritor.
O jornalista pesquisou jornais da época, colheu
depoimentos e fez dezenas de entrevistas que mostram como a censura afetou as
artes, o sistema de ensino e a comunicação paraense.
O livro traz entrevistas e depoimentos com
personagens impactados pelo regime, como o dramaturgo Nazareno Tourinho, os
críticos de cinema Luzia Miranda e Pedro Veriano, o publicitário Pedro Galvão,
o professor e escritor João de Jesus Paes Loureiro, o compositor Paulo André
Barata, o jornalista Nélio Palheta, o ator e diretor teatral Claudio Barradas.
Traz, ainda, depoimentos de Ruy Barata, registros
sobre as perseguições a jornalistas e livreiros, como Raimundo Antônio
Jinkings, entre outras figuras perseguidas e vigiadas por quem estava no poder.
Em um momento de protestos pelo retorno dos militares,
o livro é uma das muitas iniciativas para lembrar a quem parece ter esquecido o
que a sociedade brasileira viveu nos anos de chumbo.
Além disso, “A censura no Pará” serve como fonte de
informação para as novas gerações compreenderem o que esse período representa
para a nação.
“A falta de debate sobre isso contribui para que
pessoas autoritárias desejem a volta dos militares, bem como jovens que
desconhecem os horrores da Ditadura, manifestem apoio ao retorno de um regime
que causou prejuízos incalculáveis ao povo brasileiro. E um dos meus objetivos
é poder contribuir com o debate sobre esse tema. Espero que novos estudos
possam ir muito além do ângulo que trabalhei”, deseja o autor.
Sobre
o autor
Paulo
Roberto Ferreira é jornalista e escritor. Mestre em
Ciências da Educação, trabalhou como repórter, redator e editor de jornais e
revistas. É um dos fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos
Humanos. Começou a carreira no jornal alternativo "Bandeira 3",
editado por Lúcio Flávio Pinto. Em 1978, ajudou a criar o jornal “Resistência”.
Viveu e acompanhou, dentro de redações de jornais, uma parte do ambiente de
controle da informação.
Agende-se
Lançamento
do livro “A censura no Pará - A mordaça a partir de 1965”,
de Paulo Roberto Ferreira. Dia 29 de outubro, a partir das 18h, na livraria da
Fox (Doutor Moraes 584, entre Conselheiro Furtado e Mundurucus).
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Fonte: Assessoria de Comunicação do jornalista, com modificações do blog.