(Ilustração do blog Casarão de Memórias) |
As dúvidas e temores em relação ao Bechara Mattar Diamond são pertinentes e é necessário um Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV), para esclarecer o caso.
A
conclusão é do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pará (CAU/PA), em parecer
encaminhado à Associação Cidade Velha-Cidade Viva (CIVVIVA) e ao Ministério
Público Federal.
O Diamond
é o “shopping-que-não-é-shopping” que a família Bechara Mattar pretende construir
no Feliz Lusitânia, área histórica do centro de Belém.
O projeto
arquitetônico é do secretário estadual de Cultura, Paulo Chaves, e foi aprovado
pela Prefeitura e pelo IPHAN.
Mas, para
o CAU, são tão grandes as diferenças entre o material de divulgação do Diamond e
as informações fornecidas pelo IPHAN, que se chega até a duvidar que se trate do
mesmo projeto.
“Conforme o exposto fica evidente na análise
realizada, que há muitos itens a serem esclarecidos à sociedade sobre o projeto
em questão e sobre seu processo de aprovação, tornando pertinente, portanto,
todas as dúvidas e receios da sociedade e, especialmente dos moradores do
bairro da Cidade Velha, os quais encontram-se extremamente preocupados com os
impactos a serem causados na vida do bairro e
em seu patrimônio histórico”, diz o parecer.
E
acrescenta: “Desta forma, concluímos que o instrumento mais adequado para
dirimir quaisquer dúvidas e garantir à sociedade o conhecimento e os
esclarecimentos a que esta tem direito sobre o projeto, seus possíveis impactos
e as ações necessárias para mitiga-los ou compensá-los é a elaboração e
discussão do EIV/RIV, garantindo a realização de audiências públicas e o acesso
aos processos de aprovação do mesmo nos órgãos competentes”.
Contradições
O parecer
é assinado pela conselheira do CAU Alice da Silva Rodrigues Rosas, que percebeu várias
contradições ao comparar os esclarecimentos enviados à CIVVIVA pelo IPHAN e FUMBEL (a fundação cultural de Belém) com a aparência final do Diamond,
mostrada no jornal Diário do Pará e, ainda, com imagens do Google Maps.
Alice
observa, por exemplo, que o prédio de esquina (e que dará lugar ao Diamond)
já ocasiona “grande interferência na escala e configuração da paisagem” e
contrasta com o entorno, devido às dimensões que possui.
Mesmo
assim, como se percebe nas imagens, ainda ganhará mais um pavimento,
“com paredes e cobertura translúcidas, o qual aumenta, portanto, a
interferência visual já existente”.
E isso, assinala,
contradiz a afirmação da FUMBEL de que a altura do Diamond não vai ultrapassar o
limite que a lei impõe naquela área.
Outro
problema é que a obra foi enquadrada como reforma, apesar de prever expressiva
modificação da fachada e desconsiderar a harmonia com os prédios ao redor.
Segundo Alice, percebe-se claramente que "a escala e o ritmo da composição do conjunto de fachadas foi rompida, já que a solução arquitetônica não levou em consideração a inserção da fachada no conjunto edificado".
Daí a constatação: “O documento
da FUMBEL afirma que o bem é de RENOVAÇÃO e que, como o projeto se constitui em
REFORMA, deverá haver o aproveitamento da estrutura existente, a qual deveria
ter um tratamento que a reinserisse no contexto urbano, fato que não ocorreu
(...)”.
E, como além
de mais um andar, a obra também prevê a utilização de áreas livres do terreno,
Alice deixa as seguintes perguntas: “Considerando que a edificação, na forma como se apresenta hoje,
representa uma desconformidade com a legislação que rege os parâmetros de
controle urbanístico, vigentes na área, e afeta a configuração da paisagem
tombada, é lícito permitir sua ampliação, visto que esta significa a “ampliação
de uma desconformidade”? E ainda: Como permitir que esta ampliação ocorra
ferindo ainda mais os parâmetros legais estabelecidos?”
"Shopping de Charme"
A FUMBEL
também afirma que o Diamond não será um shopping center – por
isso, não precisaria de um Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV).
No
entanto, observa Alice, foram os próprios donos do empreendimento a afirmar, no material de propaganda divulgado pelo Diário do Pará, que o Diamond será um “shopping de charme”.
E a lei
considera todo shopping center um empreendimento de impacto, que depende, sim,
de EIV.
E, no caso
do Diamond, acredita Alice, o EIV é duplamente necessário.
Porque,
além de shopping, trata-se de um projeto “que claramente poderá causar
impacto na paisagem urbana e no patrimônio cultural”.
Veja íntegra do parecer: http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.it/2013/11/o-parecer-sobre-o-shopping.html
E leia as reportagens da Perereca sobre o Diamond:
30 de setembro de 2013 - “Empresário
quer construir shopping center no Feliz Lusitânia e contrata Paulo Chaves para
elaborar projeto. “Shopping de Charme” revolta internautas. Filho de Paulo
Chaves seria diretor da Seurb e responsável pela liberação de projetos desse
tipo”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/09/empresario-quer-construir-shopping.html
2 de outubro de 2013 - “Associações pedem informações ao prefeito de
Belém sobre o shopping center que será erguido em plena Feliz Lusitânia, área
histórica de Belém” : http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/associacoes-pedem-informacoes-ao.html
3 de outubro de 2013 – “OAB poderá
ingressar na Justiça contra a construção do Diamond. “É uma coisa medonha”, diz
a presidenta do CIVVIVA sobre o “Shopping de Charme” projetado pelo secretário
estadual de Cultura. Caso já se encontra nas mãos do promotor de Justiça
Benedito Wilson”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/oab-podera-ingressar-na-justica-contra.html
4 de outubro de 2013 - “MPF deverá
investigar construção do Diamond. Paulo Chaves manda dizer que não vai se
manifestar. Seurb e IPHAN ainda não forneceram informações públicas pedidas
pela Perereca”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/mpf-devera-investigar-construcao-do_4.html
7 de outubro de 2013 – “IPHAN responde à
Perereca e Sandra Batista quer que Câmara Municipal peça a suspensão da licença
de construção do Bechara Mattar Diamond”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/iphan-responde-perereca-e-sandra.html
9 de outubro de 2013 – “MPF abre
inquérito civil para investigar construção do Diamond. Resposta do IPHAN
repercute na blogosfera. Fábio Castro aponta leitura tendenciosa da lei.
Ex-governadora Ana Júlia constata: o assustador é a relação entre Paulo Chaves,
o autor do projeto do Diamond, e o diretor de Análise de Projetos da Seurb, que
seria filho dele. Jorge Amorim fulmina: é “o direito que nasce da
delinquência”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/mpf-abre-inquerito-civil-para.html
29 de outubro de 2013: “Zenaldo manda às
favas Lei da Transparência e entidades civis: prefeito não fornece documentos
sobre construção do Diamond e não manda representante à
audiência no MPF. Edmilson requer audiência pública na Alepa. Bordalo pede ao MP suspensão das obras e investigação de
nepotismo na Seurb”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/10/zenaldo-manda-as-favas-lei-da.html
2 comentários:
O impacto certamente seria infinitamente menor que a fedentina que é o ver-o-peso (sempre foi, para não dizer que teve governante pior ou melhor). Além disso, ainda que fosse um shopping, o tamanho ´dele sequer justifica um estudo dessa natureza. Agora o que mais tem nesta cidade é gente querendo puxar o que já não presta pra baixo. Credo!
ESTA "ALICE" DEVE VIVER NO PAÍS DAS MARAVILHAS MESMO... FICA DANDO "PITECO" NO QUE NÃO INTERESSA.
POR QUE ELA NÃO CONSEGUE UMA INDENIZAÇÃO QUE VALHA A PENA À VENDA DO IMÓVEL, E O DEIXA ABANDONADO QUE NEM A MAIORIA DOS IMÓVEIS NO CENTRO DE BELÉM, QUE SERVEM PRA ABRIGAR LADRÕES E CHEIRA COLA, ACHO QUE A DONA ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS PREFERE VER UM CASARÃO ABANDONADO.
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