sábado, 27 de abril de 2013

Uma turma da pesada: sobrinho do governador Simão Jatene é sócio do empresário que seria mandante de assassinatos em Tomé-Açu, e que também seria sócio de empresário envolvido em fraude imobiliária em Alagoas. E mais: Eduardo Salles, o sobrinho de Jatene, e Carlos Vieira, que está foragido, também estão envolvidos em complicadas transações pela posse de terrenos, em Ananindeua e Rondon do Pará.


(Foto: blog Coisa Pública)



O empresário castanhalense Eduardo Salles, sobrinho do governador Simão Jatene, é sócio do também empresário Carlos Antonio Vieira, que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, sob a acusação de encomendar um duplo assassinato em Tomé-Açu, município do Nordeste do Pará.

As vítimas, o madeireiro Luciano Capaccio e o advogado Jorge Guilherme de Araújo Pimentel, foram mortas a tiros por pistoleiros, no último dia 2 de março, quando jantavam em um restaurante, no centro daquela cidade.

Além de Carlos Antonio Vieira, também é acusado como mandante dos crimes o filho dele, Carlos Vinícius de Melo Vieira, prefeito de Tomé-Açu.

Até a tarde de hoje, ambos continuavam foragidos, apesar de rumores acerca da obtenção de habeas corpus.

Segundo a Junta Comercial do Pará (Jucepa), Carlos Antonio Vieira é sócio majoritário e administrador da Valle Empreendimentos Imobiliários Ltda (CNPJ: 12.429.651/0001-80).

A Valle Empreendimentos e a E Salles Construções (CNPJ: 14.057.335/0001-50), que pertence ao sobrinho do governador, são sócias na empresa Salles e Valle Empreendimentos Imobiliários, que executa o loteamento Salles Jardins, no município de Castanhal.

Informações divulgadas pela polícia, no mês passado, dão conta que os assassinatos de Capaccio e Pimentel foram motivados por disputas políticas e por denúncias sobre irregularidades em um empreendimento imobiliário de Carlos Antonio Vieira.

Porém, o blog ainda não sabe qual é o empreendimento – e a Valle executa vários loteamentos no Nordeste do Pará, por meio de parcerias com outras empresas, como essa que estabeleceu com o sobrinho de Jatene.

Na Valle também figura como sócio um cidadão chamado Moisés Carvalho Pereira, de Redenção.

Um empresário com esse mesmíssimo nome (Moisés Carvalho Pereira, também de Redenção) chegou a ter a prisão preventiva decretada, no ano passado, a pedido do Grupo de Combate a Organizações Criminosas do Ministério Público de Alagoas.

A acusação foi a de participar de uma fraude imobiliária naquele estado, através da compra, por R$ 700 mil, de um terreno que valeria mais de R$ 21 milhões.

Detalhe: o sobrinho de Jatene e Carlos Antonio Vieira também estão envolvidos em disputas judiciais pela posse de grandes áreas de terras,  aparentemente destinadas a empreendimentos imobiliários, e que teriam sido adquiridas de forma irregular.

Eduardo Salles, o sobrinho do governador, pagou R$ 1 milhão, em abril do ano passado, por um amplo terreno em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém.

A venda é contestada pela Asder, a associação dos funcionários do extinto Departamento de Estradas de Rodagens (DER), que afirma ser a verdadeira proprietária do imóvel e tenta anular a transação.

(Leia a reportagem da Perereca “Sobrinho de Jatene enriquece a olhos vistos e comanda o Nordeste do Pará”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/02/sobrinho-de-jatene-enriquece-olhos.html)

Já Carlos Antonio Vieira comprou por R$ 600 mil, em Rondon do Pará, um terreno que valeria R$ 50 milhões, quando loteado, segundo afirmam integrantes da Associação Agropecuária Rondonense, que ingressaram na Justiça contra a venda do imóvel.

(Veja a ação aqui: https://docs.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12U2VYZndmeDRMbUk/edit?usp=sharing).

Ambos os processos se encontram em grau de recurso, a desembargadores do TJE. 


Em três anos, capital da Valle subiu de R$ 250 mil para quase R$ 20 milhões. 


A Valle Empreendimentos Imobiliários Ltda, com endereço no quilômetro 11 da PA-140, em Tomé-Açu, foi registrada na Jucepa em agosto de 2010.

Os sócios eram apenas os empresários Manoel Vicente Pereira Neto e Carlos Antonio Vieira, que detinha 66% das quotas do capital social, que alcançava apenas R$ 250 mil.

Hoje, no entanto, a empresa ganhou mais dois sócios: Eduardo Carvalho Pereira e Moisés Carvalho Pereira, ambos de Redenção, no Sul do Pará.

E o capital social experimentou uma turbinagem impressionante: agora, menos de três anos depois, alcança quase R$ 19,9 milhões.

Mas Carlos Antonio Vieira permanece como sócio majoritário e administrador, com quotas superiores a R$ 9,3 milhões.

Um dos novos sócios da Valle Empreendimentos, o empresário Moisés Carvalho Pereira, também teria uma história complicada.

No Google, um empresário de Redenção com esse mesmíssimo nome figura como um grande exportador de mogno – e um dos maiores produtores de madeira ilegal do País.

Esse Moisés Carvalho Pereira da internet teria sido citado até em uma troca de emails flagrada pela operação Satiagraha, entre funcionários da fazenda Santa Bárbara e do grupo Opportunity, ambos do banqueiro Daniel Dantas.

E um empresário chamado Moisés Carvalho Pereira, de Redenção, diretor da Buriti Imóveis e dono da MSL Empreendimentos Imobiliários, chegou a ter a prisão preventiva decretada, em maio do ano passado, sob a acusação de participar da venda fraudulenta de um terreno, na cidade de Rio Largo, no estado de Alagoas.

A suposta quadrilha foi desbaratada pelo Grupo Especial de Combate a Organizações Criminosas do Ministério Público daquele estado. 

O golpe teria funcionado assim: após uma enchente, em 2010, a Prefeitura de Rio Largo desapropriou, por R$ 700 mil, uma área de 252 hectares, para a construção de casas populares. 

Um mês depois, a Prefeitura vendeu o terreno, pelos mesmíssimos R$ 700 mil, para uma empresa de Moisés Carvalho Pereira, que ficaria encarregada de construir essas habitações.

Tudo muito bem se a área em questão, equivalente a mais de 300 campos de futebol, não valesse, já naquela época, mais de R$ 21 milhões – ironicamente, em avaliação da própria Prefeitura, para a cobrança do IPTU.

O caso foi noticiado pelo blogueiro Hiroshi Bogea, do Sul do Pará: http://www.hiroshibogea.com.br/?p=16111 

E há mais informações em links de portais alagoanos, citados por Hiroshi.

Aqui: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/maceio/2012/05/18/188221/saiba-tudo-sobre-o-escandalo-que-abalou-o-poder-em-rio-largo 

Aqui: http://primeiraedicao.com.br/noticia/2012/05/16/gecoc-investiga-esquema-de-fraude-de-terras-em-rio-largo 

E aqui: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/politica/2012/06/20/193407/rio-largo-justica-livra-de-prisao-vereadores-e-empresarios-foragidos 

E veja abaixo, nos quadrinhos (clique em cima, para ampliar), as certidões da Jucepa relativas à E Salles Construções, à Valle Empreendimentos e a Salles e Valle. 

Primeiro, a certidão simplificada da E Salles Construções, de Eduardo Salles:



Aqui, as primeiras cinco páginas da constituição societária da Salles e Valle Empreendimentos Imobiliários Ltda:












Aqui, as quatro páginas da constituição societária da Valle Empreendimentos Imobiliários Ltda:









E abaixo, recortes de uma certidão simplificada, com a situação atual da Valle Empreendimentos Imobiliários:







A Perereca vai tentar obter mais informações sobre a situação dos processos que envolvem a Asder e Eduardo Salles; e o empresário Carlos Antonio Vieira e a Associação Agropecuária Rondonense.

Também vai buscar informações sobre as investigações acerca dos assassinatos em Tomé-Açu.

Mas agradece desde já alguma ajuda dos leitores e entidades, já que não dispõe de muitos meios para uma investigação que, pelo visto, tem de ser bem mais ampla.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ligações Perigosas: Sobrinho do governador do Pará é sócio do empresário acusado de mandar matar o advogado Jorge Pimentel. Empresário, que é pai do prefeito de Tomé-Açu, está foragido.



O empresário Carlos Antonio Vieira e o filho dele, o prefeito de Tomé-Açu, Carlos Vinícius: procurados pela polícia.

O empresário castanhalense Eduardo Salles, sobrinho do governador  Simão Jatene, é sócio do também empresário Carlos Antonio Vieira, acusado de ser um dos mandantes do duplo homicídio ocorrido no último dia 2 de março, no  município de Tomé-Açu, no Nordeste do Pará.

O caso, que ganhou repercussão nacional, teve como vítimas o madeireiro Luciano Capaccio e o advogado Jorge Guilherme de Araújo Pimentel, assassinados por pistoleiros quando jantavam em um restaurante no centro daquela cidade.

Segundo a polícia, Carlos Antonio Vieira e o filho dele, Carlos Vinicius de Melo Vieira, prefeito de Tomé-Açu, seriam os mandantes do crime. Ambos tiveram decretada a prisão preventiva, mas se encontram foragidos.

A Perereca obteve informações da Junta Comercial do Pará (Jucepa) de que Carlos Antonio Vieira é sócio majoritário e administrador da empresa Valle Empreendimentos Imobiliários Ltda (CNPJ: 12.429.651/0001-80).

A Valle Empreendimentos e a E Salles Construções, que pertence ao sobrinho do governador, são sócias na empresa Salles e Valle Empreendimentos Imobiliários, que executa o loteamento Salles Jardins, no município de Castanhal.

Informações divulgadas pela polícia no mês passado dão conta de que os assassinatos de Luciano Capaccio e Jorge Pimentel teriam sido motivados por disputas políticas e por denúncias sobre supostas irregularidades em um empreendimento imobiliário de Carlos Antonio Vieira.

A Perereca volta mais tarde com uma reportagem detalhada sobre o caso.  

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A culpa é do Angelim! Viva a República do Pará!




 Pensei, pensei e concluí que a culpa de todos os problemas do estado do Pará é daquele leso do Eduardo Angelim.

Sim, porque se Angelim tivesse aceitado a oferta da Inglaterra*, caro leitor, o Pará teria virado uma Nação independente.

Independente em termos, é claro.

Na verdade, seríamos, disfarçadamente, uma colônia inglesa.

Mas você há de convir que toda a impressionante corrupção que grassa por aqui, teria, ao menos, algum charme.

Afinal, seria tudo em inglês: de “corrupto-ladrão-vigarista-filho-da-mãe-parasita-vagabundo”, ao dinheiro desviado.

Nem precisaríamos do Marques de Pombal para acabar com o nosso nheengatu: o inglês seduziria a todos nós, os de nariz furado.

Seria money and beer pra cá, money and beer pra lá…

E você já imaginou a inveja dos brasileiros?

Enquanto eles estariam às voltas com esse Congresso Nacional vagabundo, nós teríamos uma Câmara dos Lordes!

Tudo bandido, é verdade.

Mas, ainda assim, lordes...

Teríamos até chá das cinco com tapioquinha, invenção tão esplêndida que os ingleses estariam a exportar.

Sem falar que o Mário Couto, em vez de senador e de acabar com o futebol paraense, seria o presidente da Tapioca’s Company of Pará. Apenas.

E até poderia ter orgulho de ficar conhecido como “Mário Tapiocouto”...

Seríamos maiores que o Suriname, as ilhas Cayman, quem sabe até, a Suíça das Américas!

Afinal, como nação independente, poderíamos assumir o contrabando, o tráfico de drogas, de armas, de pessoas, a lavagem de dinheiro escancarada e todas as patifarias que existem por aqui, em profusão tal que nenhum país do mundo seria páreo para nós!

Como nação independente, também poderíamos organizar a nossa bandidagem.

Primeiro, mandaríamos para Jacareacanga todas as pessoas que se recusassem a saborear a tapioca.

Isso evitaria que os nossos meritíssimos tivessem de recorrer à censura, ou até às perseguições judiciais, contra os jornalistas.

Ou que tivessem de anular as sentenças de magistrados “metidos a honestos”.

Ou que vivessem levando puxões de orelha desse tal de CNJ.

A Solução Jacareacanga evitaria até mesmo que o nosso Ministério Público andasse às voltas com disputas intestinas.

Porque a gente pegaria esse pessoal tipo Nelson Medrado e mandaria tudo pra lá.

Assim, também não teríamos assassinatos de advogados, extrativistas, freiras e tantas outras lideranças.

Todos estariam felizes da vida, lá em Jacareacanga, ajudando a proteger a natureza e a criar um mundo melhor...

O passo seguinte seria estabelecer limites territoriais para a nossa criminalidade.

A escancarada lavagem de dinheiro, por exemplo, ficaria restrita a Belém e ao Nordeste do Pará.

Afinal, se até um sobrinho do governador lava dinheiro abertamente nessas duas regiões, é porque elas possuem uma vocação natural para tão relevante serviço.

E aí as nossas enorrrmes lavanderias poderiam funcionar a pleno vapor – já pensou quanto é que isso nos renderia em euros ou libras esterlinas? – sem qualquer preocupação com essas tais de Receita e Polícia Federal (que, a bem da verdade, nem funcionam mesmo no estado do Pará...).

Isso nos permitiria internalizar riqueza: além de não precisarem mais disfarçar lavagem de dinheiro com futebol ou com empreendimentos imobiliários, os nossos bandidos não precisariam viajar para outro paraíso fiscal.

Também não precisariam mais pagar por diplomas, medalhas e homenagens, ou se sentirem constrangidos quando acusados de corrupção: todos seriam apontados, com orgulho, como exemplos de corruptos bem sucedidos. E levariam diplomas e medalhas de cara.

Passaríamos à História como os autores do primeiro Zoneamento Bandido-Ecológico do mundo (ZBE).

Um magistral experimento de velhacaria!...

O mais importante, porém, caro leitor, é que se o Pará fosse uma Nação independente não teríamos essa tola esperança de que, um dia, esse país tão distante chamado Brasil olhará para nós.

Não viveríamos na expectativa de uma intervenção para estabelecer a República e nos livrar de toda essa corrupção e banditismo.

E nem seríamos mais essa “coisa” anedótica, exótica, distante, da qual o Brasil só se lembra na hora de afanar riquezas e construir hidrelétricas, para grandes mineradoras e grandes cidades brasileiras, mesmo que à custa de mais e mais miséria e destruição da natureza, para o povo do estado do Pará.

Agora mesmo fala-se em mais duas hidrelétricas, às proximidades da nossa Santarém.

Agora mesmo, quando ainda estamos às voltas com os graves problemas sociais causados na região de Belo Monte, como o crescimento dramático da violência, inclusive, contra as nossas crianças e adolescentes.

Iremos protestar, fechar estradas, destruir ensecadeiras; o MPF entrará com uma tonelada de ações judiciais, mas, eles passarão...

E o que ficará para nós, novamente, serão milhares de desempregados, legiões de miseráveis sem casa, saúde ou educação; estupro e prostituição das nossas mulheres e crianças.

Porque ao Brasil pouco importa se os nossos rios virarem rios de sangue.

Desde que a Vale e São Paulo tenham energia para os seus empreendimentos, para o Brasil, ficará tudo muitíssimo bem...

Dificilmente deixaremos de ser cidadãos de segunda para aquela grande Nação.

E é por isso que temos é de acabar com essa história de homenagens ao leso do Angelim.

E fazer, enfim, aquilo que ele não teve coragem de fazer.

Viva a República do Pará!

Viva o Pará independente!

..........................
Pra vocês, o hino de outra grande Nação, de sina muito semelhante à nossa:






*Mais recentemente, documentos teriam demonstrado que a Inglaterra não ofereceu ajuda a Angelim, para que ele proclamasse a República do Pará. Tudo não passaria do já tão conhecido ufanismo paraense.