quarta-feira, 14 de novembro de 2012

MPF recebe denúncias contra atuação da PF na aldeia Teles Pires. Mais de 100 entidades da sociedade civil assinam a representação.





O Ministério Público Federal recebeu hoje uma representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil pedindo investigação sobre a atuação da Polícia Federal na aldeia Teles Pires, dos índios Munduruku, na semana passada.
 
Durante a operação ficaram feridos dois policiais, seis indígenas e Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado com três tiros. 

“O resultado da operação revela violações, abuso de autoridade e outros crimes, que devem ser apurados com celeridade e máxima diligência”, diz a representação, entregue aos procuradores da República no Pará. “O uso da força policial foi desproporcional a qualquer possível reação ocorrida, os indígenas portavam arco e flecha enquanto os policiais, armas de fogo”, relatam. 

Para as entidades que assinam o documento, “a polícia federal é incapaz de conduzir de forma imparcial e eficaz o inquérito policial sobre a desastrosa ação”.

O documento traz um relato dos indígenas sobre o que ocorreu no dia 07 de novembro de 2012 na aldeia Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. 

“A Polícia Federal chegou à aldeia fazendo voos rasantes de helicóptero, de voadeira e disparando projéteis de borracha, o que assustou os indígenas, entre eles idosos, crianças e mulheres”, e que, segundo as entidades, provocou a reação dos guerreiros com arcos e flechas. 

“Na sequência, a polícia disparou contra os indígenas, resultando em diversos feridos e na execução de uma liderança indígena. Adenilson Munduruku foi encontrado pelo seu povo com três tiros, um na cabeça e um em cada uma das pernas. Indígenas afirmam que quando o corpo caiu na água a polícia federal atirou bombas contra ele na tentativa de destruí-lo”. 

“Na aldeia, a PF ainda arrebentou portas e revistou moradias, intimidando os indígenas e causando pânico. Soma-se a isto as explosões no rio Teles Pires, que destruíram inclusive as embarcações de pesca e de locomoção do povoado. Diante disso, crianças corriam sozinhas com medo para floresta com a finalidade de se refugiar e mulheres foram humilhadas e sofreram ofensas dos agentes federais”, diz a carta. 

De acordo com as entidades que protocolaram a denúncia, até o presente momento a aldeia está com dificuldade de manter a autonomia alimentar, porque os equipamentos de caça e pesca foram destruídos e confiscados pela polícia federal. 

Entre os signatários do documento estão sindicatos, associações indígenas, associações de classe, entidades estudantis, partidos políticos e movimentos sociais da Amazônia e de todo o país. 

Junto com a representação, as entidades encaminharam um manifesto em solidariedade à aldeia Teles Pires. 

Os dois documentos foram encaminhados à Procuradoria da República em Santarém, que tem atribuição para atuar junto aos índios Munduruku.



(Fonte: Ascom/MPF/PA)

4 comentários:

Anônimo disse...

Quero ver e a acao penal no STF contra o Mario Couto pelos crimes da Alepa.

Anônimo disse...

Só queria saber de uma coisa: Essas 116 organizações e entidades estavam na aldeia na hora do problema ?? Como falam tão veemente que a PF está errada se lá não se encontravam ??? Ou seja, um índio fala e pronto tem a razão ?? Se eles querem tanto que seja feito justiça comece a fazer então ou nunca ouviu falar em contraditório e ampla defesa ??? Totalmente imparcial e irresponsáveis as declarações

Mauricio Matos disse...

Declarações "imparciais e irresponsáveis"?? Ué? Faço a mesma pergunta: estavas lá para afirmares que se tratam de declarações irresponsáveis?

Anônimo disse...

Favor analisar o vídeo e depois falar que houve excesso e tudo mais. Os índios atacaram os policiais no momento em que estavam cumprindo ordem judicial de destruir a balsa.
http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/2012/11/12/video-mostra-policia-federal-atirando-em-aldeia-indigena/

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