quarta-feira, 23 de maio de 2012

Estado continua repassando recursos para garantir a saúde em Belém. E vai alugar hospital com 100 leitos na rodovia Mário covas. Nova Santa Casa deve ficar pronta no final do ano. Mas é preciso botar a Atenção Básica pra funcionar.

Hélio Franco: Governo vai alugar hospital de 100 leitos na Mário Covas. (Foto: Agência Pará)


O secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco, afirmou nesta quarta-feira (23), em entrevista coletiva na Fundação Santa Casa, que a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) continua repassando ao município de Belém, o valor mensal de R$ 3 milhões para ajudar na manutenção dos dois Prontos Socorros da capital, e mais R$ 700 mil para complementar o pagamento dos serviços prestados pelas Cooperativas de Anestesiologistas e Cardiologistas.
 
Além disso, a Sespa fez um termo aditivo no contrato que mantém com a Cooperativa de Anestesiologistas do Pará (Coopanest), para que sejam prestados serviços à maternidade do Hospital da Ordem Terceira às sextas-feiras, sábados e domingos, evitando que mulheres em trabalho de parto deixem de ser atendidas, e acabem sobrecarregando a Santa Casa. 

Até então, a Coopanest prestava serviços apenas aos Hospitais de Tucuruí, Salinópolis e Cametá, e no Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci (distrito de Belém).

Em 2011, o governo do Estado também inaugurou o Hospital Jean Bitar, com 80 leitos, e está alugando mais um na Rodovia Mário Covas, com 100 leitos. 

Segundo o secretário, esses são exemplos de como o governo do Estado vem contribuindo com a gestão da saúde municipal, enquanto as Unidades Municipais de Saúde de Belém continuam sem prestar a Atenção Primária como deveriam, e os Prontos Socorros encaminham pacientes para a Santa Casa, com quadros clínicos que poderiam atender.

Helio Franco informou que a obra da nova Santa Casa será entregue no fim deste ano, pois houve atrasos devido a alterações no projeto original.

No entanto, disse o secretário, o problema não será resolvido se a Atenção Primária não funcionar como deve, considerando que 80% dos problemas podem ser solucionados nesse nível de atenção, ficando sob a responsabilidade do Estado, especialmente, a alta complexidade, como o tratamento de câncer e a hemodiálise, por exemplo.

Custo - Ele ressaltou que se o pré-natal funcionasse direito, não haveria tanto recém-nascido precisando de UTI Neonatal. 

“Dois por cento dos bebês que nascem na Santa Casa têm sífilis congênita, uma doença que pode ser diagnosticada e tratada no pré-natal. Quando feito no pré-natal, o diagnóstico e o tratamento do bebê, da mãe e do pai custam apenas R$ 15,00, mas se o bebê nasce com sífilis, terá que ficar no mínimo 10 dias internado numa UCI (Unidade de Cuidados Intermediários), ao custo de R$ 1.500,00 por dia”, exemplificou o secretário. 

“É preciso ter qualidade no atendimento da Atenção Primária e supervisão, para ver se os serviços estão funcionando”, complementou.

Helio Franco também concorda com as medidas adotadas pela direção da Santa Casa, que exigem o cumprimento de jornada de trabalho dos profissionais da instituição, e reduziram em 30% o pagamento de plantões. 

Para ele, “os plantões devem ser pagos pela necessidade de serviço, e não como complemento de salário”.

Durante a coletiva, o secretário foi informado que o Ministério Público Federal (MPF) encaminhou notificações aos 143 municípios paraenses, dando o prazo de 20 dias para que informem como está sendo feito o encaminhamento de pacientes para a Santa Casa e quais dificuldades enfrentam para prestar atendimento à população.

A manifestação do MPF é uma resposta ao apelo feito pela direção da Fundação Santa Casa, no sentido de reduzir a demanda de pacientes que chegam ao hospital sem encaminhamento.

(Fonte: Roberta Vilanova/Sespa)



Capacidade de atendimento na Santa Casa está próxima do limite.

A Santa Casa de Misericórdia do Pará, localizada em Belém, está próxima do limite de sua capacidade de atendimento.

 A cada dia a demanda no hospital, que é referência em Obstetrícia, aumenta por causa da deficiência no atendimento primário, que é prestado nas unidades de saúde dos municípios. 

Hospitais privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e Prontos-Socorros da Região Metropolitana e de outros municípios, na maioria das vezes, encaminham as gestantes e crianças para a Santa Casa. 

Além disso, há pelo menos R$ 5 milhões do SUS retidos no Fundo Municipal de Saúde, gerenciado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), que deveriam cobrir despesas da instituição, mas ainda não foram repassados.

Eunice Begot, presidente da Fundação Santa Casa, conta que hospitais da Região Metropolitana de Belém que mantêm atendimento a parturientes, vinculados ao SUS, estão sobrecarregando ao extremo o hospital da Santa Casa. 

Segundo ela, a dificuldade, que era maior aos finais de semana, começa a se estender aos demais dias, quando hospitais conveniados ao SUS reduzem o atendimento ou deixam de receber parturientes – inclusive em situações de gravidez de risco –, e essa demanda é toda direcionada para a Santa Casa.

Eunice Begot afirma que esta situação não é recente. Historicamente, o hospital atende a todos os tipos de pacientes, e não apenas os referenciados.

 “O que há é uma grande desorganização de toda a rede de atendimento, principalmente no município de Belém, e por isso trabalhamos atualmente no limite de nossa capacidade. Precisamos dividir esta situação com a população, e encontrar meios para organizar tudo isso, antes que haja um colapso na estrutura do hospital”, alerta a presidente.


Triagem e atendimento - É possível constatar a situação do atendimento logo na triagem da Urgência e Emergência Obstétrica e Ginecológica. A enfermeira Carmem Peixoto, gerente da Triagem, explica que muitas pacientes são encaminhadas à Santa Casa pelos postos de saúde, sem sequer terem sido examinadas corretamente. 

“O que ocorre, na maioria das vezes, é que a paciente sente uma dor, procura a unidade de saúde do município ou onde faz o pré-natal, não é examinada corretamente e logo é encaminhada para cá. Muitas vezes é um problema que poderia ter sido resolvido com um simples exame, uma medicação”, ressalta a enfermeira.

Na manhã desta quarta-feira (23), Marília Oliveira, 25 anos, grávida de 8 meses, se tornou um exemplo de como os hospitais conveniados ao SUS não oferecem a assistência devida aos pacientes. 

Marília precisou se deslocar de Castanhal, município do nordeste do Estado a quase 70km da capital, para a Santa Casa, depois de uma breve avaliação médica em instituição conveniada à rede de saúde do município.

“Ela foi avaliada e a médica disse que ela precisaria ser transferida para a Santa Casa. Sem ambulância, eu tive que trazê-la no meu carro ontem à noite mesmo”, conta Rejane Farias, sogra da gestante. 

Marília foi avaliada na urgência e emergência, medicada e, até a manhã de hoje, aguardava o resultado de exames. Segundo o corpo médico, a paciente apresentava sinais de infecção urinária. O procedimento, afirma a enfermeira Carmem Peixoto, poderia ter sido feito em Castanhal e rapidamente controlada a infecção, sem precisar deslocar a paciente até Belém.

De acordo com a gerente de Triagem, as unidades de saúde deveriam absorver esses atendimentos, evitando o inchaço na Santa Casa. 

“A paciente chega aqui passando mal, é avaliada pelo médico e, geralmente, fica para fazer alguma medicação ou exame. Algumas ficam em observação e, caso necessitem, são internadas. O que ocorre é que nem sempre temos leitos suficientes para comportar a demanda na observação, e quando precisam ser internadas ficam esperando um leito na maternidade, deixando o atendimento ainda mais no limite”, enfatiza Carmen Peixoto.

Espera - Pelo menos 31 pacientes aguardavam nesta quarta-feira por um leito na maternidade da Santa Casa, que até o final da manhã estava com os 112 leitos ocupados. 

A médica Débora Carneiro, gerente em exercício da Obstetrícia, informa que, mesmo trabalhando no limite de sua capacidade, a Santa Casa não recusa grávida de alto risco. 

“Contudo, muitas vezes um leito que poderia receber essa mulher em primeira mão, devido à alta probabilidade em ter uma criança prematura, está ocupado por outra mulher, não atendida em hospital conveniado ao SUS. Mesmo que esse parto não seja de risco”, diz ela.

A médica ressalta que a maternidade da Santa Casa trabalha praticamente no limite de ocupação e, quando precisa encaminhar algum paciente para os hospitais conveniados ao SUS, não conta com essas instituições, que deveriam servir de retaguarda em partos não considerados de alto risco ou prematuros. 

“O que acontece é que não contamos com esses hospitais. Geralmente nós entramos em contato e somos informados que não há leitos disponíveis para esses pacientes. Por isso, trabalhamos no limite da maternidade, sendo que precisamos respeitar o tempo de ocupação dos leitos de acordo com a paciente”, informa Débora Carneiro. 

Segundo ela, em abril do ano passado o total de internações foi de 1.500 pacientes, enquanto que neste ano, no mesmo mês, as internações chegaram a 2.800.

A Pediatria é outro setor do hospital que praticamente não tem leito vago. A UTI Pediátrica, com seus 20 leitos, está 100% ocupada. Há casos que o PSM encaminha crianças com mais de 28 dias para a Santa Casa, quando deveria atender esse paciente, por se tratar de uma unidade de saúde conveniada ao SUS.

Medidas - Por causa da situação limite vivida pela Santa Casa de Misericórdia do Pará, a presidente da instituição acionou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e o Ministério Público Federal (MPF), para cobrar do município de Belém e dos demais que encaminham pacientes à Santa Casa a organização da rede conveniada para atendimentos pelo SUS.

Segundo Eunice Begot, representantes dos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Castanhal e Abaetetuba, que enviam mais pacientes para a Santa Casa, participam de reuniões com a Sespa e o MPF e, conforme a apuração, poderão até ser punidos por não cumprirem com a atenção primária, prejudicando o funcionamento do sistema de saúde.

“O que é para ser tratado na atenção primária acaba se tornando uma gravidez de risco para a paciente. A crescente demanda e a falta de comprometimento dos municípios, principalmente o de Belém com a fiscalização da rede, prejudica o atendimento na Santa Casa, que é referência em Obstetrícia”, informa.

Para Eunice Begot, uma comissão deveria ser formada pelo município de Belém para supervisionar os hospitais conveniados ao SUS, uma vez que recebem verba para o atendimento, mas não estão prestando o serviço devido.

A presidente afirma também que é cobrado do município de Belém, por meio da Sesma, o pagamento de recursos do SUS destinados à Santa Casa, no valor de R$ 5 milhões, equivalentes aos últimos três meses que ainda não foram pagos. 

Eunice Begot destaca que, por causa da falta desses recursos, a Santa Casa é mantida exclusivamente com verba do Governo do Estado. “Isto, efetivamente, compromete também o nosso atendimento, e queremos que a Sesma se organize para regularizar esta situação”, destaca.

(Fonte: Thiago Melo/Secom)

14 comentários:

Anônimo disse...

Minha cara Perereca, se o hospital que está sendo alugado pelo governo do estado na Mario Covas, for o Camilo Salgado, "ai tem" pois o mesmo tem como um dos sócios nada mais nada menos que LUIS SEFFER.

Anônimo disse...

Perereca, dê uma olhada nisso aqui: http://primeiraedicao.com.br/noticia/2012/05/16/gecoc-investiga-esquema-de-fraude-de-terras-em-rio-largo

Anônimo disse...

Essa coletiva tem todo o jeito de ser medida preventiva por medo que vaze para a mídia a crescente taxa de mortalidade neonatal da Santa Casa.Afinal a ampliação dos leitos com a compra da Maternidade do Bebê por valor elevado, como na época foi denunciado neste blog, não adiantou? E a transferência dos equipamentos de UTI Neonatal de Cametá e Breves para o hospital Divina Providência, tambem informada aqui, não adiantou? E o tal SISREG que ia redistribuir as gestantes e bebês? Agora o secretário vai comprar hospital.Esse Hélio Franco já cansa com tanto papo furado para disfarçar sua incompetência.

Anônimo disse...

Hélio Franco faz mal à saúde. Simplesmente. Não é assim que uma secretaria de estado é para funcionar, na base da lamentação, da inércia e dos discursos óbvios . Cabe ao secretário estadual de saúde trabalhar junto aos municipios, utilizar as Regionais como disseminador de boas práticas e estabelecer metas quanto à atenção básica. E você Perereca cuide de preservar seu blog para não publicar releases oficiais cuja intenção parece ser defesa prévia.

Anônimo disse...

Perereca, o secretário esqueceu de dizer que ele está no cargo a 17 meses e que portanto ele é parte do problema. A Santa Casa está com taxa de infecção hospitalar e de mortalidade neonatal altissima e essa entrevista coletiva é para tentar salvar a pele dele e da direção do hospital, quando estourar o escandalo.Aí não tem Jordy que segure nem discurso de surpresa do Jatene.

Anônimo disse...

Engraçado,para não dizer trágico, que o secretário de saude passe atestado de incompetência para ele mesmo.Afinal não é a ele que cabe estabelecer a política de saúde no Estado?

Anônimo disse...

Cara Jornalista, é uma vergonha o que esse governo esta fazendo com a Saude no Pará, privatizando na marra, deixando de investir em hospitais publicos para gastar verbas publicas em hospitais privados, chegando mesmo a comprar hospitais inteiros da iniciativa privada, com preços hiper-faturados naturalmente para levantar recursos de cx dois para enriquecer e financiar campanhas politicas de seus apaniguados.
POINT

Anônimo disse...

A cara de pau do secretário é demais.Parece até que eles não fazem parte do problema.A Santa Casa já entrou em colapso, como nós que trabalhamos aqui assistimos diáriamente.

Anônimo disse...

Perereca, o que o governo Jatene faz na Saúde Pública é absurdo, mas essa do Hélio Franco foi demais.Quem ele pensa que engana?

Anônimo disse...

E agora, ele se lamenta,faz defesa antecipada e continua no cargo como uma vitima? Isso representa o governo Jatene com frieza e irresponsabilidade.

Anônimo disse...

A rede toda de saude no estado desorganizada e esse incompetente reclamando.Se Jatene se importasse com saude esse cara tinha saido com 6 meses, quando deu para ver o vazio administrativo que ele colocou na SESPA.

Anônimo disse...

Muita cara de pau desse sujeito que patrocina os negocios na SESPA como o Presente Vivo da RPR, o nepotismo desenfreado da vice, as compras sem ser licitadas,a retirada de equipamentos de UTI neonatal do interior para botar no hospital privado em Benevides.Precisa muito oleo de peroba.

Anônimo disse...

E o Ministerio publico Estadual que deu aqui no blog que ia investigar o modo como foi desapropriado o hospital ,hoje Jean Bitar? Quantos leitos de BEBES funcionam ali? Ano passado tudo ia ser resolvido com leitos a mais do jeito que o secretario falava. Agora vem com mais um hospital para alugar? E afinal a Nova Santa Casa inaugura quando(data certa)?afinal junho vai iniciar.

Anônimo disse...

Pergunta : se a ex-governadora não houvesse começado a construir a nova Santa Casa deixando as obras civis bem adiantadas, o governo tucano o faria ? Em doze anos antes não fez.

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