terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Prefeitos voltam a lançar Anivaldo para o Governo do Estado





Pelo menos cinco prefeitos do PR voltaram a lançar a candidatura do ex-deputado federal Anivaldo Vale ao Governo do Estado.



Foi na noite de ontem, durante um encontro que reuniu cerca de 100 lideranças partidárias, em Belém – o quíntuplo do esperado, já que se destinava, em princípio, apenas aos prefeitos da legenda.



É a segunda vez que o nome de Anivaldo é lembrado publicamente para o Governo – a primeira foi durante um encontro em Capanema, em novembro do ano passado.



E se ele tem ou não chances reais de chegar ao Palácio dos Despachos só o tempo dirá.



Mas, ao que o blog conseguiu perceber, há pelo menos três fatores a fazer com que os republicanos cogitem, cada vez mais seriamente, a hipótese de candidatura própria.



O primeiro é o próprio tamanho do partido, que se transformou no fenômeno das eleições municipais de 2008, ao conquistar 17 prefeituras, algumas delas estratégicas, como é caso de Marabá, Castanhal, Itaituba e Capanema.



Além disso, o PR aliou-se ao PTB, que comanda a prefeitura da capital, formando um blocão para as eleições de 2010.



E esse blocão, segundo o deputado federal Lúcio Vale, administra, hoje, 39,5% do eleitorado paraense, em 32 municípios.



“Nenhum partido tem esse número de eleitores, só o bloco PTB/PR” – observa – “Dois partidos com esse lastro não podem ser desprezados em 2010. Falar que não temos aspirações às majoritárias, isso não existe”.



Jura, porém, que Anivaldo, que é seu pai, nunca conversou com ele sobre a possibilidade de ser candidato ao governo no próximo outubro.



E lembra que o blocão possui dois nomes “consolidados” no Pará: além de Anivaldo, o prefeito de Belém, Duciomar Costa.



Daí que o PR possa, sim, apoiar Duciomar ao Governo. Ou, ainda, atender aos apelos de seus prefeitos e lançar Anivaldo, com o apoio do PTB.





Um pote de mágoas





O segundo fator a aguçar o apetite dos republicanos é a insatisfação com o Governo do Estado.



Na reunião de ontem à noite, os prefeitos do partido foram quase unânimes em se queixar do tratamento dispensado pelos petistas: nenhum dos acordos com o Governo teria sido cumprido.



Em outras palavras: os prefeitos ainda não viram a cor do dinheiro, para as obras que esperavam realizar.



A situação é tão complicada que até dificultaria a ação deles, caso decidissem cabalar votos para a reeleição de Ana Júlia Carepa.



“Para pedir voto para ela (Ana), ela tem de botar obras nos municípios, para que eles possam inaugurar. Porque, no momento, não tem obra nenhuma”, disse-me um integrante do PR que esteve no encontro.



O deputado Lúcio Vale, que, aliás, capitaneou a negociação desses acordos, confirma: “Isso foi quase uma unanimidade. De todos os acordos feitos com os prefeitos, nenhum foi cumprido. Nós sentamos com o Governo em 2007 e, novamente, em meados do ano passado, mas, nada se concretizou”.



A insatisfação é tamanha que o deputado estadual Adamor Aires teria até chamado de inverdade a afirmação da governadora Ana Júlia Carepa, de que não repassa dinheiro às prefeituras porque aguarda a aprovação da Assembléia Legislativa para o empréstimo de R$ 366 milhões que pretende contrair junto ao BNDES.



“O que eu disse é que essa justificativa dela (Ana) não procede” – explica Adamor – “Em três anos, a Assembléia Legislativa já aprovou R$ 2 bilhões em financiamentos para o Governo e, desse total, só foram captados R$ 700 milhões. Ou seja, ainda há R$ 1,3 bilhão por captar. Então, essa história de que só vai ajudar as prefeituras se aprovarmos esses R$ 366 milhões, isso não procede”.



E acrescentou: “A Assembléia Legislativa nunca deixou de ajudar o Governo, em tudo o que lhe foi solicitado. Por isso, acho um exagero ela dizer que só ajudará os municípios; ela condicionar essa ajuda à provação desse empréstimo. Isso é uma história mal contada”.



Segundo ele, o partido tem “ajudado” o Governo, mas as prefeituras da legenda não têm recebido o necessário apoio - e até enfrentam dificuldades.



“E quando eu falo do tratamento dispensado às prefeituras do PR, já nem digo em relação às prefeituras do PT, porque aí é que a coisa fica desproporcional”, acentuou.



Adamor disse que conversou com vários prefeitos e o comentário é um só: “O Governo está ausente, a reclamação é geral. É muita promessa e pouca ação”.



Na reunião do PR, reclamaram igualmente prefeitos de cidades pequenas, como Quatipuru e Mãe do Rio, e de municípios grandes, como é o caso de Marabá, que até hoje nunca teria conseguido assinar sequer um convênio com o Governo Estadual.



Mas, ninguém imagine que essa insatisfação signifique, automaticamente, uma tendência pró-tucana, nas próximas eleições.



Há queixas do PR, também, em relação ao ex-governador Simão Jatene.



E a mais contundente partiu do prefeito de Breu Branco, Egon Kolling.



“Ele (Kolling) disse que jamais apoiaria o Jatene, mas, que se o partido decidisse isso teria de engolir em seco, porque o Jatene ganhou dele R$ 1 milhão na eleição passada e nunca foi ao município”, contou ao blog um participante da reunião.





A hipótese de uma terceira via





O terceiro fator que pesará nos rumos do PR é o cenário político.



“Diante das incertezas do quadro político, o que visualizamos é a possibilidade de lograr êxito um projeto alternativo – e esse projeto alternativo poderia ser o Anivaldo”, diz Adamor Aires.



E raciocina: “Há um desgaste muito grande da governadora, Jader Barbalho não deve ser candidato e existe uma briga que não acaba mais no PSDB e é quase impossível recuperar a antiga União pelo Pará. Nesse cenário, apostar numa candidatura alternativa não é sonhar demais”.



Uma liderança republicana, que pede para não se identificar, é mais incisiva: “Por que iremos a reboque de um partido que governou o estado por doze anos e só tem doze prefeitos? Ou por que iremos a reboque de um partido que governa o estado e tem menos prefeitos e votos que nós?”.



A fonte acredita que o blocão PTB/PR tem chances, sim, de chegar ao poder: “Nós acreditamos que uma candidatura desse bloco seria viável no estado. Setenta por cento da população querem uma terceira via – todas as pesquisas mostram isso. E se temos um bloco político e estrutura, a gente tem, sim, capacidade de disputar, com possibilidade grande de ganhar as eleições”.



Perguntei-lhe o que Governo poderia oferecer para fazer o PR mudar de idéia, acerca da candidatura própria.



A resposta: “O que sempre falamos é o atendimento dos prefeitos. Se eles tivessem atendido os prefeitos, não teríamos chegado a esse ponto e nem existiria esse sentimento entre os prefeitos. Pelo contrário: haveria é uma pressão deles para apoiá-la (Ana). Esse sentimento só aflora porque falta a presença do Estado junto dos nossos prefeitos”.





Carta branca





Numa coisa os republicanos têm razão: o próximo governador do Pará, homem ou mulher, será aquele que demonstrar maior capacidade de articulação interpartidária.



Todas as pesquisas realizadas até agora demonstram que nenhum dos candidatos cogitados para outubro - Ana, Jatene, Jader, Anivaldo/Duciomar – tem capacidade de conquistar sozinho o Palácio dos Despachos.



No caso de Anivaldo, o problema é que não é muito conhecido, ou, ao menos, um candidato exatamente “leve”.



Vice-prefeito de Belém, três vezes deputado federal (e sempre o mais votado do PSDB, quando integrava a legenda) Anivaldo tem a seu favor, porém, a visão estratégica e a capacidade de aglutinação que o levaram a resgatar o PR, em curto espaço de tempo, da condição de mera sigla de aluguel.



Na reunião de ontem, os republicanos deram carta branca a Anivaldo para que ele negocie com todos os partidos, com vistas às eleições de outubro.



No entanto, ele deverá manter as lideranças sistematicamente informadas do andamento das negociações.



O PR possui, no Pará, 17 prefeitos, 11 vice-prefeitos e cerca de 200 vereadores.



Só três de seus prefeitos não compareceram à reunião de ontem: Itaituba, Aurora do Pará e São Miguel do Guamá.



Em 28 de março, o partido realizará um grande encontro em Marabá, à semelhança daquele que aconteceu em Capanema, e a expectativa de alguns de seus integrantes é que até lá já tenha definido o rumo que irá tomar.



Mas, o deputado Adamor Aires acredita que essa definição só virá, mesmo, é no mês de maio. “Serão 90 longos dias de conversa”, prevê.




2 comentários:

André Carim disse...

Jader Barbalho é a novidade dessas eleições. Ele tem tudo nas mãos para formar uma frente ampla e impor uma derrota acachapante à DS. No momento em que ele se lançar candidato até parcela do PT fica balançando. Boa parte do PSDB vai começar a questionar a candidatura Jatene. PR e PTB seriam aliados de primeira hora. O PMDB viria para a eleição como se fosse um furacão, com vontade, casa a casa, voto a voto. Nas mãos do mestre o futuro do Pará.

André Carim disse...

Jader Barbalho é a novidade dessas eleições. Ele tem tudo nas mãos para formar uma frente ampla e impor uma derrota acachapante à DS. No momento em que ele se lançar candidato até parcela do PT fica balançando. Boa parte do PSDB vai começar a questionar a candidatura Jatene. PR e PTB seriam aliados de primeira hora. O PMDB viria para a eleição como se fosse um furacão, com vontade, casa a casa, voto a voto. Nas mãos do mestre o futuro do Pará.

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