Desde o dia 29 de dezembro, ando numa aflição danada, porque não sei exatamente o que escrever a vocês.
Naquela fatídica terça-feira, participei de uma entrevista com o ex-governador Almir Gabriel, na qual ele levantou suspeitas gravíssimas acerca das relações entre a Vale e o economista Simão Jatene, também ex-governador do Pará.
Almir disse, com todas as letras, que a Vale “já está financiando” Jatene, quando perguntado se a empresa financiará a campanha do tucano ao Palácio dos Despachos, neste ano.
Também levantou a suspeita de que Jatene teria feito “corpo mole” na campanha de 2006 em decorrência de uma articulação com a Vale.
Insinuou que o empenho de Jatene em se tornar o pré-candidato do PSDB às eleições de 2010 também pode decorrer de uma nova articulação com a empresa.
E não descartou a hipótese de que o ex-governador tenha recebido dinheiro daquela mineradora.
“Está aí um ótimo tema para você pesquisar”, respondeu Almir, quando lhe perguntei se a Vale teria dado dinheiro a Jatene, para que ele não se empenhasse na campanha de 2006.
Almir também confirmou que foi a Vale a financiar a “maior parte” da campanha de Jatene, ao Governo do Estado, em 2002.
E, a certa altura da entrevista, chegou a lembrar os boatos que circulam nos bastidores políticos, dando conta de que Jatene teria passado a “trabalhar para a Vale”, ao término de sua administração, em 2006.
Em suma: Almir parece acreditar que, ainda como governador, Jatene já possuía um “compromisso” com a Vale, empresa que detém o monopólio de exploração de boa parte das riquezas paraenses.
E, no dizer de Almir, a Vale mantém, hoje, em relação ao Pará, o mesmo “espírito colonizador” dos portugueses e dos ingleses, em séculos anteriores.
II
Fosse o Brasil um país sério, as explosivas declarações de Almir resultariam em um escândalo nacional, a ensejar até mesmo uma CPI.
Afinal, quer se goste dele ou não, Almir é um ex-governador e uma liderança política que ajudou a fundar um dos maiores partidos brasileiros – o PSDB, ao qual também pertence Simão Jatene.
Além disso, estava no comando do Governo do Pará aquando da eleição de Jatene, em 2002.
Mais: há não apenas indícios, mas provas, de que foi a Vale a bancar a maior parte da campanha de Jatene, naquele ano.
Como mostrei em matéria publicada neste blog, em 15 de dezembro de 2009, a Vale doou uns 60% dos recursos que irrigaram a campanha de Jatene, através de uma triangulação que envolveu o Comitê Financeiro Único do PSDB.
E quando se consideram apenas as doações das empresas beneficiadas por incentivos fiscais paraenses, as contribuições da Vale chegam a atingir cerca de 80%.
(A íntegra da matéria pode ser lida aqui http://pererecadavizinha.blogspot.com/2009/12/vale-e-empresas-incentivadas-bancaram.html )
Aliás, depois de escrever aquela matéria voltei a pesquisar no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e confirmei que, de fato, nenhum candidato, no Brasil inteiro, recebeu tanto dinheiro da Vale, em 2002.
Em outras palavras: nem os candidatos à Presidência da República, nem o tucano Aécio Neves, que concorria naquele ano ao Governo de Minas Gerais, estado onde a Vale também possui importantes interesses, receberam tanto dinheiro dessa empresa quanto Simão Jatene.
(Naquela matéria, como não havia essa certeza, usei a expressão “provavelmente”.)
E vejam bem: esses são dados oficiais, relativos ao dinheiro doado em cheque e devidamente contabilizado nas prestações das contas de campanha à Justiça Eleitoral.
E, pelos dados oficiais, a campanha de Jatene ao Governo, em 2002, custou, apenas, R$ 2,895 milhões...
III
Só as informações oficiais do TSE publicadas por este blog já são extremamente inquietantes.
Porque a primeira pergunta que nos vem à cabeça é: qual o motivo dessa “simpatia”, desse entusiasmo da Vale por Simão Jatene?
Ou, de forma mais clara: qual o motivo que leva a empresa que detém o monopólio da exploração de boa parte das riquezas paraenses, a financiar, de forma tão expressiva, um candidato ao Governo do Pará?
No entanto, tudo isso se torna ainda mais aflitivo diante das declarações de Almir Gabriel.
Até porque, antes ainda dessa fatídica entrevista, eu também já ouvira o boato acerca da espantosa consultoria que Jatene teria passado a prestar à Vale, após deixar o Governo.
Não disse nada porque considerei isso uma coisa tão absurda, um erro tão primário, que até descri.
Mas, pedi a uma fonte que verificasse se há, de fato, algum fundo de verdade em tudo isso.
IV
É por isso que passei a semana angustiada.
Gostaria de simplesmente esquecer as declarações de Almir ou de considerá-las de somenos importância.
No entanto, sou repórter – e uma repórter tarimbada.
Tenho perfeita consciência de que de tudo o que Almir falou naquela entrevista, as declarações dele acerca das relações entre Jatene e a Vale são, de longe, o mais importante.
Afinal, Jatene será novamente candidato ao Governo do Pará e a riqueza e o poderio da Vale não derivam, apenas, da boa gestão da empresa, mas, também, da forma como explora as nossas riquezas e das relações profundamente desiguais que mantém com o estado do Pará.
Mas, não vou mentir pra vocês: gostaria de jamais ter ido àquela entrevista e de jamais ter de escrever este post.
Uma coisa é aproveitar a deixa daquela carta da desfiliação-que-não-houve de Almir, para divulgar dados que estão no site do TSE, disponíveis, portanto, a qualquer cidadão e a qualquer repórter que se disponha a pesquisá-los.
Outra coisa é juntar a tais dados às declarações de um ex-governador, a adensar suspeitas complicadíssimas sobre um candidato que eu considerei, até aqui, o melhor para o momento vivido pelo Pará – e isso não deve ser surpresa para ninguém, uma vez que sempre fui muito clara nas minhas posições.
Por isso, na semana passada, dei graças a Deus porque, na segunda-feira, 28 de dezembro, a governadora Ana Júlia Carepa me havia concedido uma longa entrevista exclusiva.
Assim, como sou só uma, tive de optar entre a publicação da entrevista exclusiva com a governadora e a entrevista do ex-governador Almir Gabriel, a mim e à repórter Rita Soares, do jornal Diário do Pará.
Optei pela entrevista de Ana Júlia – e penso que nenhum jornalista irá considerar que errei do ponto de vista técnico.
Mas, não posso simplesmente deixar de publicar as declarações de Almir, até pelo ângulo que me pareceu mais importante.
V
Decidi publicar as declarações de Almir apenas após as festas de fim de ano, que estrangulam qualquer debate.
Decidi, também, que utilizaria, para isso, não o formato de entrevista, mas, um estilo mais livre, de forma a me permitir comentários.
Até para que possamos refletir acerca das circunstâncias que as cercaram.
E até para que, eventualmente, a gente não acabe cometendo alguma injustiça em relação ao ex-governador Simão Jatene, a quem é preciso garantir o benefício da dúvida.
Aliás, este blog está à disposição de Jatene para quaisquer declarações que queira prestar sobre esse assunto – e Jatene, eu sei, é leitor, há anos, da Perereca da Vizinha.
VI
A entrevista de Almir Gabriel foi solicitada pelo próprio.
Almir e Jatene, como todos vocês sabem, foram amigos durante mais de 20 anos e foi Almir quem elegeu Jatene ao Governo do Estado, em 2002.
A ruptura pública veio no início deste ano, quando Almir, em entrevista ao Diário do Pará, acusou Jatene de ter feito “corpo mole” na campanha de 2006.
Naquela ocasião, Almir concorria a um terceiro mandato de governador do Pará, sempre pelo PSDB.
Mas, acabou derrotado pela petista Ana Júlia Carepa.
Para a entrevista do último dia 29, foram convidados apenas três jornalistas: Rita Soares, repórter especial do Diário do Pará; Ronaldo Brasliense, repórter especial do jornal O Liberal; e eu, que mantenho este blog.
Mas, só Rita e eu comparecemos.
A entrevista começou às 17 horas e durou quase duas horas e meia.
Almir começou esclarecendo que não havia convocado órgãos de imprensa, mas, determinados jornalistas, e não para uma entrevista, mas para prestar esclarecimentos que julgava importantes.
Por outras palavras, queria nos dar informações que nos ajudassem a refletir, para uma visão mais clara do quadro político.
Daí que não permitiu que gravássemos nada – e a Rita e eu tivemos de negociar exaustivamente com ele, para fazermos anotações e para que autorizasse a publicação de suas declarações, a exceção dos “offs” que ia indicando.
E quais eram os esclarecimentos, as informações que Almir julgava importantes?
A principal, ao que me pareceu, é que não age movido por ódio, raiva, mágoa ou sentimento semelhante em relação a Jatene. Mas, por questões estritamente políticas.
E, se queria esclarecer publicamente isso, também relutava em conceder entrevista, para não servir de “instrumento” aos adversários dos tucanos.
“Nunca fiz política com ódio”, disse ele, ao lembrar a longa trajetória política, iniciada em 1951, quando foi candidato ao cargo de secretário do Centro Acadêmico de Medicina.
E respondeu: “Se dissesse isso estaria dando a interpretação que todo mundo quer”, quando perguntado se é tucano ou ex-tucano.
Ele confirmou, palavra por palavra, a carta que ditou, há um mês, a Rita Soares, na qual anunciou a sua desfiliação do PSDB.
Mas esclareceu que não tem prazo para formalizar a decisão.
“Qual a lei que obriga a que me desfilie em 10, 20 dias? E não é só uma questão de prazo: é o momento político quem determina isso, é a conjuntura”, disse, acrescentando, mais adiante: “a desfiliação é uma arma política que vou usar quando e onde achar mais conveniente”.
Esclareceu, ainda, que, ao contrário do que foi divulgado pela imprensa local, não é obrigado a formalizar a desfiliação no PSDB paraense: como é um dos fundadores do partido, tem a prerrogativa de se desfiliar em qualquer ponto do País.
Mais adiante, retrucou, acerca da opção que fez pelo senador Mário Couto, como possível candidato do PSDB às eleições deste ano, ao Palácio dos Despachos: “Quem disse que sou obrigado a acertar tudo? Como ser humano, tenho direito de errar”.
E foi um erro?
“No final, sim”, disse Almir, “na medida em que ele (Couto) criou exigências extraordinárias (para desistir da pré-candidatura do PSDB) e que o Jatene acabou cedendo”.
Uma dessas exigências é, de fato, espantosa: segundo Almir, Jatene conseguiu a desistência de Mário Couto ao se comprometer a apoiá-lo ao Governo do Estado, em 2014.
É isso mesmo, vocês leram direito: Jatene, se eleito, já assumirá o Governo com o compromisso de apoiar Mário Couto à sua sucessão.
(continua)
7 comentários:
Que o jatene foi sempre financiado pela vale não é surpresa pra ninguém, surpresa é alguém da imprensa divulgar isso. Você está de parabéns, mesmo tendo uma opinião sobre o quadro politico do Pará, mas agora fica cada vez mais claro que o Jatene sempre esteve a SERVIÇO DA vale, pena quem a maioria da população não lê blog.
Qual o problema de ter o apoio da Vale? Todos falam da Vale mas todos querem a Vale. Jatene foi consultor da Vale por seus méritos, por ser inteligente e competência no que faz,aliás o que poucos tem neste Estado, principalmente esses petistas incompetentes que em três anos destruiram o Pará e Ana Julia ainda vem dizer, na maior cara de pau que é mãe de todos os paraenses.CRETINA,deveria lavar a boca antes de falar essa besteira.
Bom dia, cara Ana:
o estilo pelo qual você optou para transcrever a entrevista com Dr. Almir deixa margem a algumas indagações.
A interpretação é sua ou é ele quem afirma que há um acordo para garantir Mario Couto como sucessor? Dr. Almir acredita, sinceramente, que este tipo de "acordo" pode ser feito e mantido nos dias e nas circuntãncias políticas de hoje?
Dr. Almir - e isto em nada o desmerece como o incentivador da criação do PSDB no Pará - não foi fundador do partido. Foi sei inspirador e sua maior liderança, no processo que nos estimulou a fundar o PSDB no Pará. Mas, à época da fundação - meados de 1988 - ele exercia a relatoria da Comissão da Ordem Social na Constituinte, pelo PMDB. E foi óbvio aqui o consenso de que se ao se desfiliar do PMDB ele perderia o cargo de relator - que era do partido e, ainda que ali estivesse pelos seus méritos, não era um cargo pessoal - não havia sentido nesta precipitação. Dr. Almir filiou-se ao PSDB após o encerramento do processo constituinte e, obviamente, depois da fundação do partido no Pará.
E, como estamos falando em transcrições e interpretações de conversas - não há nenhuma ironia nesta frase - estranho muito que na conversa que teve conosco, na primeira rodada entre os "premiados" fundadosres do partido, Dr. Almir não tivesse aparentado nenhuma insegurança, dúvida ou incerteza ao defender veementemente a candidatura do senador Mario Couto ao governo do Estado. E de não ter, em nenhum momento, com ou sem sutileza, demonstrado qualquer preocupação ou desconfiança em relação aos hoje "gravíssimos" - segundo ele - comprometimentos do ex-governador Simão Jatene com a Vale. As sete pessoas presentes naquela conversa testemunham a mesma perplexidade que eu: ou não éramos confiáveis - o que depõe contra a lucidez do Dr. Almir escolher as pessoas a quem ele queria fazer prioritariamente sua comunicação de apoio ao senador Couto - ou naquele momento não havia sequer indícios desta avalanche de insinuações que hoje desabam sobre nossas cabeças. Elas surgiram de repente? A partir de abril de 2009? Pergunto isto, pois com as insinuações que hoje Dr. Almir levanta, coloca indiretamente sob suspeita os que não acataram suas ordens e comprometeram-se com a candidatura de Simão Jatene. Eu sou uma destas pessoas e não aceito imputar-me - ele, e não você - comprometimentos espúrios.
Valem, portanto, cara Ana, muitos esclarecimentos ainda sobre as opiniões do Dr. Almir Gabriel e suas razões para a divergência. Se são políticas, há muito a esclarecer. E você tem competência e interesse em fazê-lo. Espero que o faça.
E, para Dr. Almir, que certamente também é seu leitor habitual, deixo a frase do seu amigo e companheiro Mario Covas, que serve de epígrafe ao site da Fundação que leva seu nome:
" E para que me credencie a defender a minha verdade, começo por manifestar a humildade de saber que existem outras verdades e que elas são tão sustentáveis quanto as minhas e que a única razão pela qual um homem, um democrata passa a ter o direito de defender a sua verdade é exatamente o respeito que ele manifesta pela alheia"(Mário Covas).
Um abraço
Oi, Adelina, bom dia! E obrigada pela visita.
Olha, eu disse que iria fazer comentários, mas, na verdade, fiz muito poucos, porque como a entrevsta ficou muito grande, ele falou muito, não dava para perder tempo comigo.
Não interpretei: o doutor Almir afirmou com todas as letras essa condição do Mário Couto para apoiar o Jatene - ou seja, o apoio do Jatene à candidatura dele, Mário Couto, em 2014, ao Governo do Estado.
Como digo na segunda matéria, aliás, essa foi a única das exigências do senador sobre a qual o douto Almir falou abertamente.
Quanto às tuas dúvidas, se o doutor Almir acha que tal acordo poderá ser cumprido, ele falou muito pouco sobre isso e nem coloquei na matéria.
Mas ele disse mais ou menos isto: que a condição é exorbitante por não levar em conta justamente fatores como a conjuntura.
Foi também Almir quem disse que foi um dos fundadores do PSDB e que, por isso, tem a prerrogativa de se desfiliar em qualquer ponto do País.
Sobre a Vale: ele começou a fazer todas essas afirmações a partir de uma pergunta acerca do significado daquilo que escreveu em sua carta-renúncia.
É claro que, a partir daí, fomos fazendo novas perguntas, eu e a Rita.
Mas em nenhum momento ele hesitou naquilo que afirmava.
Estava, aliás, muito calmo, tranqüilo.
E só numa ocasião - quando negociávamos a liberação de suas declarações e ele pensou que poderíamos fazer "alguma sacanagem" com ele - é que o doutor Almir assumiu uma expressão zangada.
Mas, isso durou apenas uns segundos, porque ele percebeu que compreendera mal o que havíamos dito.
De resto, praticamente transcrevi o que ele disse, mantendo inclusive muitas expressões dele e usando muitas aspas.
O que não entendi, simplesmente deixei de lado, junto com outras afirmações que julguei menos importantes, até pelo tamanho da matéria.
Espero ter esclarecido tuas dúvidas, inclusive com a segunda matéria que coloquei no ar.
O blog está à tua disposição, se quiseres escrever alguma coisa sobre a entrevista.
Aliás, eu também pretendo comentá-la.
Mais uma vez, obrigada pela visita.
Bjs,
Ana Célia
Ao anônimo das 12:21:
Muito obrigada pela atenção e pelos elogios. Volte sempre. Abs, Ana Célia
Ao anônimo das 2:48:
Me desculpe, mas discordo de você.
Sei, é claro, que o Jatene é brilhante, muito competente como técnico - e isso em qualquer lugar do Brasil e até do exterior.
Também sei que não há nada de ilegal se ele for, de fato, consultor da Vale.
Mas, não é nem de competência, nem de legalidade que estamos a falar.
Mas sim de moralidade.
E, na minha opinião - se essa informação for verdadeira - é sim imoral a condição de Jatene como consultor da Vale.
Primeiro, pelo peso e privilégios dessa empresa em nosso estado.
Segundo, porque é o governador do Estado quem concede ou mantém tais privilégios.
Além disso, tirar um trocado a mais que seja da Vale para o "povinho do nariz furado", que somos todos nós, é sempre um parto.
E eu não vejo,sinceramente, como um governador com tamanha ligação com essa empresa possa exercer em relação a ela uma postura mais firme.
Espero que isso não seja verdade.
Mas, se for, o meu voto ele não leva mais.
Abs,
Ana Célia
Almir Gabriel foi sem dúvida um marco na história política do Pará, foi o arquiteto da reconstrução do desenvolvimento do Estado e do resgate da alto estima do povo paraense. Isso é inegável.
Por tudo isso que ele representou e representa em nossa história é que suas últimas declarações entristecem.
Entristecem pela total falta de coerência, riqueza de contradições e excesso de amargura apesar do bordão “nunca fiz política com ódio” – que convenhamos não é dele tampouco combina com sua personalidade. Os que o conhecem sabem muito bem disso.
É lamentável ver esse marco da nossa história ser tão incoerente e contraditório quando, por exemplo, em 29 de dezembro de 2009 declara contundentemente que Jatene é “um atraso para o Pará” e que “Acho que Jatene, desde a época do governo, tinha compromisso com a Vale”, quando um mês antes, em 26 de novembro de 2009, esse mesmo Almir Gabriel ter declarado em entrevista ao jornal Diário do Pará – e a mesma Rita Soares – que Jatene seria “um excelente senador da República”. “O Pará depende muito da reforma tributária, tanto no que diz respeito à Lei Kandir (que livrou as exportações do pagamento de impostos) quanto na tributação mineraria e é inquestionável que ele (Jatene) conhece muito bem essa área e pode representar o Pará na busca de outro patamar de desenvolvimento”. E detalhe: Jatene seria candidato ao senado numa chapa onde Almir – este mesmo que hoje o considera um atraso para o nosso Estado – seria o candidato ao governo.
Essa é uma das inúmeras contradições do discurso de Almir Gabriel em todo esse grande imbróglio que ele mesmo construiu. Mais lamentável ainda é vê-lo ser usado e abusado por gente inescrupulosa que antes o chamava tão somente de assassino de trabalhadores rurais pelo massacre de Eldorado e hoje, oportunamente defendem suas incoerências. Espero, sinceramente, não ter que ver um homem como Almir Gabriel ser usado como munição contra o Estado e o povo do Pará.
PS: TUDO QUE ESTÁ ESCRITO ENTRE ASPAS SE REFERE À DECLARAÇÕES FEITAS POR ALMIR GABRIEL E PUBLICADAS NO JORNAL DIÁRIO DO PARÁ E NO BLOG PERERECA DA VIZINHA RESPEITANDO, INCLUSIVE, AS VÍRGULAS.
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