sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Compromissos com a Vale explicam postura de Jatene, diz Almir



Esta matéria é a continuação da postagem
Jatene, o candidato da Vale”.
Ou seja: é a continuação da entrevista concedida a mim e à repórter Rita Soares, pelo ex-governador Almir Gabriel, na semana passada.
Aconselho, portanto, a leitura da primeira parte, que está aqui:
http://pererecadavizinha.blogspot.com/2010/01/simao-jatene-o-candidato-da-vale.html





Há um fato que embatuca o ex-governador do Pará Almir Gabriel: as mudanças comportamentais do economista e também ex-governador Simão Jatene.

A primeira aconteceu ao longo da campanha de 2006, quando Almir acabou derrotado pela petista Ana Júlia Carepa.

A segunda, no ano passado, aquando da definição da candidatura tucana às próximas eleições ao Governo do Estado.


“É inexplicável, para mim, o corpo mole de Jatene” – queixa-se Almir – “Senti o comportamento dele ir mudando durante a campanha. Toda semana nos reuníamos, para definir o que fazer, mas ele não cumpria o cronograma. Sempre tinha uma pescaria ou outro compromisso”.


O fato desperta em Almir suspeitas complicadíssimas, acerca das relações entre Simão Jatene e a antiga Companhia Vale do Rio Doce, hoje apenas Vale, a segunda maior mineradora do mundo, que há décadas explora as riquezas paraenses, com baixíssimo retorno social para o estado.


“Acho que Jatene, desde a época do governo, tinha compromisso com a Vale” – analisa – “Isso explica o corpo mole dele na minha campanha”.


Almir, que nos oito anos em que governou o Pará manteve com a empresa relações até conflituosas, revela dois episódios que ajudariam a clarificar a situação.


O mais importante:


_Certa vez, já candidato (em 2006), fui chamado para uma palestra na Fiepa. E lá eu disse que a Vale não é uma mineradora, mas, o braço de um banco, cuja moeda é o ferro, manganês, alumínio, ouro, caulim. E que ela trata o Pará como filial dessa empresa financeira. Aí, acrescentei o seguinte: que a Vale deveria cuidar da vulnerabilidade que tem - a ponte sobre o rio Tocantins e o mineroduto que transporta caulim e bauxita e a energia que alimenta as fábricas de Barcarena. E que talvez essa citação fosse a única forma de fazer a Vale sentar para negociar, de maneira honrosa, a atuação dela aqui, especialmente tendo em conta que Minas Gerais terá cada vez menos importância e, o Pará, maior projeção no lucro dela.


Mas a menção a essas vulnerabilidades não seria chantagem? – perguntou-se a Almir, na entrevista do último dia 29.


“Você defender o seu estado é chantagem?” – rebateu o ex-governador.


E acrescentou: “Por que a Vale não chega a industrializar os bens que extrai daqui? São dezesseis anos enrolando o Pará. Se argumentos lógicos não são possíveis, os aparentemente não-lógicos são possíveis. Se você compra uma tonelada de bauxita e paga 50, e se faz uma tonelada de alumínio e vende a 300; se transforma em esquadria, porta; se transforma cobre em fio, os valores são estupidamente maiores. Se eu sei isso, por que a Vale não faz? Porque dentro da Vale se mantém o mesmo espírito colonizador dos portugueses que aqui chegaram, e dos ingleses, no século XIX”.


Para ele, portanto, “é evidente que a Vale deve me considerar uma ameaça”.


E pergunta: “Qual o problema em trazer a Votorantim para cá, para produzir roda?”


Almir chegou a saudar a ascensão de um jovem, Roger Agnelli, ao comando da Vale, devido à expectativa de que representasse “o capitalismo moderno e não o selvagem”.


Hoje, porém, descrê até da construção da Alpa, a siderúrgica prometida pela Vale, em Marabá.


“A Vale vai usar a licença da Secretaria de Meio Ambiente ou do Ibama como desculpa para não implantar a aciaria” – prevê - “Na última conversa que tive com a Vale eles me perguntaram: qual siderúrgica no interior?”


Reconheceu que de pouco adiantou o que foi realizado no seu governo, para mudar a postura dos “colonizadores mais atuais” do Pará – a Vale entre eles, a representar os interesses da “Europa e do Oriente”.


Lembrou o potencial energético do estado, para salientar que o Pará possui todas as condições para verticalizar a produção mineral.


“Temos tudo”, disse Almir. Daí, a conclusão: “Ou falta inteligência para botar tudo junto, ou sobra sacanagem da Vale”.


Aliás, conforme afirmaria mais adiante, é a Vale quem está “financiando” a divisão do Pará.



Jatene “chorava” para não ser candidato


Médico e político tarimbado, Almir salienta que aprendeu “a ver o comportamento das pessoas”.


Por isso, a estranheza diante do “corpo mole” de Jatene, em 2006, e da insistência do mesmíssimo Jatene, agora, em sagrar-se o candidato tucano ao Palácio dos Despachos.


Sustenta que, em 2006, Jatene “não aceitava a reeleição e chorava para dizer que não queria ser candidato novamente”.


Compositor e cantor, Jatene teria chegado a afirmar que “entre o Almirzão e o Almirzinho (músico, filho de Almir) ele preferia ser cantor e que havia um desvio na vida dele, a política, que ele não sabia como administrar”.


Além disso, Jatene teria apresentado mais dois motivos para não se candidatar: “Ele disse que era contra a reeleição, mas que ainda que quisesse a reeleição, a mulher se divorciaria dele. Às vezes sob lágrimas, eram esses os argumentos que mais repetidamente colocava”.


Do ano passado para cá, porém, a versão de Jatene mudou: “Agora, ele diz que abriu mão da candidatura” - em favor de Almir.


E, novamente, a motivação de Jatene estaria nas relações que mantém com a Vale.


“Quando o governo terminou, o Jatene passou a trabalhar para a Vale – todo mundo diz isso”, revela o tucanão.


E acrescentou, mais adiante, com ironia: “Ele passou a trabalhar no ZEE (Zoneamento Econômico-Ecológico), que começou no meu governo. Coincidentemente, foi contratado por uma empresa e agora mudou inteiramente de atitude. Ele não abriu mão de nada; ele que chorou para que eu fosse até chefe de condomínio!...”


Almir confirmou que a Vale “financiou a maior parte da campanha de Jatene”, em 2002.


No entanto, garantiu desconhecer detalhes desse financiamento, apesar de, à época, governar o estado e ser o principal cabo eleitoral de Jatene.


Tal desconhecimento decorreria das “divisões” (a setorização) das campanhas e por entender que o dirigente não deve saber quem são os financiadores, “para não influenciar decisões posteriores” – pelo menos foi isso que ele alegou...


Aliás, ele disse que nem se recorda, ao certo, de quem foi o responsável pela arrecadação.


Tucano critica polarização e garante que não usou a máquina


Apesar do expressivo financiamento da Vale, Almir acentua que foi ele, na verdade, a eleger o ex-amigo.


“Eu banquei a campanha dele: chamei prefeitos e disse que ia ser o Jatene. Viajei o estado inteiro, pedindo votos para ele”, recorda.


Nega, no entanto, que tenha havido uso da máquina naquela eleição.


“Nunca houve isso. O que usamos foi o governo. O que o Lula está fazendo com a Dilma é muito pior do que eu fiz. Tinha uma obra em Tucumã, por exemplo, e eu ia com ele, para inaugurar a obra. E, à noite, fazia comício. Isso é proibido?”, indaga.


Almir pretende continuar a fazer política, mas, não estaria “numa atitude de querer o governo agora”.


Quer é criar “uma consciência, no estado, da histórica colonização que sofreu”.


Critica a maneira como as pessoas pensam a política paraense, sempre polarizada: Jarbas e Alacid; Jatene e Almir...


E avisa: “eu não vou nessa”.


Afirma que não pretende bater chapa com Jatene, na convenção estadual do PSDB, em meados deste ano.


E considera que o importante é criar uma terceira via, no próximo pleito, para superar a polarização entre o PT e o PSDB.


Antes dessa entrevista, no dia 29, ele já havia conversado com lideranças de cinco partidos – PR, PRP, PV, PPS e DEM – na tentativa de articular essa terceira via.


Até meados deste mês, deve conversar com cinco legendas nanicas e, posteriormente, com o PMDB.


Mas, a grande surpresa veio quando perguntamos a Almir acerca da possibilidade de negociação com o cacique do PMDB, Jader Barbalho, considerado arquiinimigo do tucanão.


Almir, vejam só, criticou o maniqueísmo da política paraense. E apesar de ter sido no seu governo – e isso lhe foi lembrado – que Jader foi transformado no grande “anhanga” estadual...


“Temos de terminar com essa história de bem e mal” – afirmou - “Quem é do PT acha que a Ana Júlia é o bem e, o Jatene, o mal. E assim, vice-versa. Isso é uma forma atrasada de ver a política no Pará”.


Disse, também, que a sua discordância com Jader ocorreu há duas décadas, aquando da fundação do PSDB – que nasceu de uma dissidência do PMDB.


E declarou: “Eu quero fazer nascer, no Pará, a percepção de que existem outros fatores em jogo, que não apenas o bem e o mal”.


Almir, em suma, parece acreditar que há mais dificuldade de composição entre Jader e Jatene do que entre ele e Jader.


Segundo disse, Jader e Jatene podem até fazer uma dobradinha, mas, “é mal para os dois”.


Entre outras razões, porque Jatene não teria cumprido “uma série de compromissos” com Jader.


E ainda lhe “tirou” uma série de lideranças peemedebistas, como os deputados estaduais Bira Barbosa e Ana Cunha; o prefeito de Castanhal, Hélio Leite, e o ex-prefeito daquele município, Paulo Titan.


De quebra, ainda tentou ganhar a deputada Elcione Barbalho, ex-mulher de Jader, através da nomeação dela para um cargo em Brasília.


“Qual o deputado, o senador, o prefeito que tirei do PMDB?” – perguntou Almir.


E acrescentou: “O meu trabalho foi não deixar o Jader como líder principal do Pará”.


Contraditoriamente, porém, acredita que Jader “tem bastante experiência para saber que sou muito pior para ele do que o Jatene. O Jatene é primário em fazer política, e o Jader, pós-graduado”.


De qualquer forma, aposta que a raposa peemedebista poderá, sim, embarcar nessa canoa:


_Não estou propondo uma aliança comigo, mas, com uma idéia nova. E o Jader é bastante inteligente para saber quando uma idéia nova vale à pena. Eu ainda acredito no vereador Jader, em quem votei.


Aliás, Almir confessa ter votado em Jader não apenas para vereador, mas, também, para deputado estadual e federal.


E assegura: “Não tenho arrependimento de ter votado”.


Exigências “exorbitantes” no acordão de Jatene e Couto


Apesar da decisão de deixar o PSDB, Almir garante que não vai se filiar a outra legenda – apesar de já ter recebido convites de pelo menos dois partidos.


Também não parece magoado com o senador Mário Couto, apesar de ter motivos de sobra para isso.


No angu de caroço em que se transformou o PSDB paraense, no ano passado, Couto, com o apoio de Almir, travou uma acirrada disputa com Simão Jatene, para representar os tucanos na próxima eleição ao Governo.


Lá pelas tantas, abandonou o páreo, para apoiar a candidatura de Almir.


Mas, ao fim e ao cabo, acabou negociando o apoio a Simão Jatene.


“A sensação que tenho é de que errei o caminho” - diz Almir, acerca de Mário Couto - “Eu julgava que não haveria negociação com o Jatene”.


Considera, aliás, “exorbitantes” as condições impostas pelo senador, para apoiar Jatene.


Uma delas – a única a que Almir se referiu abertamente – é o apoio de Jatene à candidatura dele, Mário Couto, ao Governo do Estado, em 2014.


Almir disse não considerar traição, mas “uma manobra”, o drible que levou dos correligionários, aquando do anúncio da escolha de Jatene como pré-candidato do PSDB.


Na época, o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, garantiu ter ordenado que a reunião de lançamento da pré-candidatura de Jatene - marcada para um sábado, na Assembléia Legislativa - não acontecesse.


O próprio senador Flexa Ribeiro, presidente estadual do PSDB, também disse a Almir que ela não aconteceria.


Mas, após uma reunião com Mário Couto, o tucanato local resolveu realizar o encontro – que foi apenas transferido para o dia seguinte, um domingo.


Por essas e por outras, ficou-lhe a certeza de que, no fim das contas, apostou no bicho errado: “Apostei. E o diabo é que apostei muitas fichas, porque só coloquei meu nome disponível quando o Mário (Couto) disse que não tinha conversa com Jatene. As qualificações que o Mário dava ao Jatene são de arrepiar. É só perguntar para o Mário”.


Discriminação contra os idosos



Para Almir, o que pesou, mesmo, para a sua exclusão da disputa foi “a discriminação contra os idosos”.


E isso, sim, parece deixá-lo tiririca.


“Você acha que o Papa é débil mental, que o Fernando Henrique é gagá? E o Sílvio Santos? Por que, então, não posso chegar aos 77 anos lúcido, estudando?”, indaga.


Almir diz que tem 120 projetos para o Pará, “quarenta deles rigorosamente novos”.


E completa: “A idade, para mim, é uma coisa quase imbecil. O que tem de ser visto é o nível ou não de senilidade”.


De igual forma, considera “uma desculpa esfarrapada, sem nexo”, a afirmação de que seu tempo – não o cronológico, mas, o histórico – já passou.


“Quantos anos tinha Mao Tse Tung quando comandou a revolução chinesa?”, pergunta.


Nem Serra, nem Jatene: melhor é conversar com o taxista


Hoje, Almir considera o ex-amigo Jatene “um atraso para o Pará”.


E não apenas pelas relações dele com a Vale, mas, pela maneira de encarar o mundo. E pondera:


_Um político que é político ou mantém a sua opinião, ou não é um líder. Um cara que faz pesquisa para falar o que o povo quer, não é líder, é liderado.


Acredita, no entanto, que a atual governadora, Ana Júlia Carepa, “é muito pior” que Jatene.


Até pelos “defeitos de DNA” do partido dela, o PT: “mente repetidamente e acredita na mentira; só eles sabem a verdade e são honestos; só eles entendem de trabalhador, natureza... É uma coisa sectária, terrível”.


Garante que não sente raiva de Jatene. No entanto, não tem saudades de conversar com ele – “mas, com o taxista da esquina”.


Acredita que o PSDB “foi trouxa”, ao escolher o seu pré-candidato antes das demais legendas.


E avalia que “os desvios de princípios do PSDB do Pará são muito graves, para apoiar quem os representa”.


Daí que não votará em Jatene.


Aliás, não votará nem no tucano José Serra, para a Presidência da República.


Surpreendentemente, seu candidato será ou Marina Silva, do PV, ou Dilma Rousseff, do PT.


Sobre Jatene, lembra que ele foi chamado, em 2007, para prestar consultoria na área energética, no estado de São Paulo, que é governado por José Serra. E pergunta: “O que é que o Jatene entende de energia, e de São Paulo, para ter aceitado isso?”


Sobre José Serra, pensa que ele "não se interessa pelo destino dos estados. Só pensa nele. E, se der errado a candidatura dele, tenta novamente o Governo de São Paulo. É o mundo girando ao redor dele. E esse egocentrismo é conhecido desde a época do Mário Covas”.


Almir lembrou que, há pelos menos dez anos, defende a “despaulistização” do PSDB.


E recorda a sucessão de candidatos tucanos à Presidência da República, todos oriundos de São Paulo.


“O primeiro candidato foi o Covas. Depois, veio o Fernando Henrique Cardoso. Depois, o Serra. Depois, o Geraldo Alckmin. E agora, novamente o Serra?”, espanta-se.


Para quebrar esse ciclo, Almir defendia a candidatura de Aécio Neves, governador de Minas Gerais.


Pena que não deu.

7 comentários:

GALLO MARKETEIRO disse...

Em momento algum ele citou a Valéria?
Parece que o Jatene fala como um ex-governador que agora é somente um cidadão.
Não tem mais nenhuma vontade na política a não ser ver o bem.
Claro que não é isso. Eel tem mesmo todo esse ódio do Jatene.
Quer dizer então que a 4 anos atras o Jatene era o craque e hoje é o atraso? Ta bom.

Anônimo disse...

Parabéns Ana Célia, excelente texto, matéria esclarecedora. Infelizmente, nem um dos dois jornais, por motivos óbvios de ligação com a Vale, dariam uma entrevista desta. A matéria da Rita Soares no Diário ficou muito boa, mas ela sequer tocou na questão da Vale. Isso claro, não por culpa da repórter. A gente sabe que a Vale patrocina tanto as ORM quanto a RBA.


jornalista

Bia disse...

Ana,

obrigada pela resposta no post anterior.

Eu ia aguardar um pouco, para não transformar sua matéria num solilóquio - meu - mas esta afirmação sobre preconceito com os velhos é de uma provocação irresistível...rsrsrs..

Os peessedebistas, na maioria, formam quase um conselho de anciões - sem ofensa aos mais novos. Das conversas das quais participei, talvez eu fosse uma das mais novas e já fiz 60!..rsrsrs..

Abração.

Anônimo disse...

CAPETA: O Almir pensa que só ele sabia que a vale banca a divisão do Pará. Pois fique sabendo que desde a época que FHC fez a cagada de privatizar a vale nós aqui do Sul e Sudeste do Pará,Os movimentos Sociais gritamos e ele própio nada fez para que essa saga avançasse. Esses canalhas que hoje se degladiam pelas riquezas do subsolo de nosso rico estado,nada fazem em favor do Povo esse estado,o que é pior traem a todos nós assinando acordos escusos que lezam a cada cidadão e cidadã paraense.Tivessemos nós um povo mais voltado para as coisa cotidianas que nos cercam,tais como a falta dos principais serviços pelos quais pagamos e não recebemos esses camaradas estariam ferrados. Quem sabe um dia Tche ressucite por aqui e faça a revolução dos campesinos e dos trabalhadores da cidade para acabar com essa vida de cão que o povo leva com esse bando de safardanas ao nosso redor.Ao inferno com eles. A Almir Gabriel quando acabar sua saga aqui na terra. O Julgamento pelos Camaradas Sem terras Mortos no seu Governo.

Anônimo disse...

Anônimo das 11h35 obrigada pelo elogio à matéria feita por mim no Diário, mas gostaria de esclarecer que citei sim a questão da Vale e no dia seguinte, tentei ouvir a empresa que se limitou a enviar nota publicada no jornal
Você pode conferir na versão on line do Diário onde estão disponíveis as edições anteriores.
Abs
Rita Soares

Anônimo disse...

Almir Gabriel foi sem dúvida um marco na história política do Pará, foi o arquiteto da reconstrução do desenvolvimento do Estado e do resgate da alto estima do povo paraense. Isso é inegável.
Por tudo isso que ele representou e representa em nossa história é que suas últimas declarações entristecem.
Entristecem pela total falta de coerência, riqueza de contradições e excesso de amargura apesar do bordão “nunca fiz política com ódio” – que convenhamos não é dele tampouco combina com sua personalidade. Os que o conhecem sabem muito bem disso.
É lamentável ver esse marco da nossa história ser tão incoerente e contraditório quando, por exemplo, no dia 29 de dezembro de 2009 declarou contundentemente que Jatene é “um atraso para o Pará” e que “Acho que Jatene, desde a época do governo, tinha compromisso com a Vale”, depois de dito em 26 de novembro de 2009, quase 30 dias antes, em entrevista ao jornal Diário do Pará – e a mesma Rita Soares – que Jatene seria “um excelente senador da República”. “O Pará depende muito da reforma tributária, tanto no que diz respeito à Lei Kandir (que livrou as exportações do pagamento de impostos) quanto na tributação mineraria e é inquestionável que ele (Jatene) conhece muito bem essa área e pode representar o Pará na busca de outro patamar de desenvolvimento”. E detalhe: Jatene seria candidato ao senado numa chapa onde Almir – este mesmo que hoje o considera um atraso para o nosso Estado – seria o candidato ao governo.
Essa é uma das inúmeras contradições no discurso de Almir Gabriel em todo esse grande imbróglio que ele mesmo construiu. Mais lamentável ainda é vê-lo ser usado e abusado por gente inescrupulosa que antes o chamava tão somente de assassino de trabalhadores rurais pelo massacre de Eldorado e hoje, oportunamente defende suas incoerências. Espero, sinceramente, não ter que ver um homem como Almir Gabriel ser usado como munição contra o Estado e o povo do Pará.

PS: TUDO QUE ESTÁ ESCRITO ENTRE ASPAS SE REFERE À DECLARAÇÕES FEITAS POR ALMIR GABRIEL E PUBLICADAS NO JORNAL DIÁRIO DO PARÁ E NO BLOG PERERECA DA VIZINHA RESPEITANDO, INCLUSIVE, AS VÍRGULAS.

Anônimo disse...

Celia, a materia está ótima, pena que a nossa já tão desenformada população não tenha conecimento, para na hora de votar veja quem são esses elementos, sangue suja que de quatro em quatro anos se vestem de carneiro para enganar a população

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