Tem dinheiro no paletó, na meia, na cueca e, é claro, na indefectível mala preta.
Maços e maços de bufunfa “fresquinha”... Tanto que a gente fica com a impressão de que o sujeito não terá mais onde botar.
Tem conversa cifrada, gargalhada, tapinha no braço, um “é isso aí mermão!”... Tem até, quem diria!, a “oração da bufunfa” - o pedido antecipado de perdão, pelas vastas imperfeições humanas...
O “Mensalão do DEM” – ou, melhor, o “disk-bufunfa” do DEM – é, certamente, o escândalo mais impressionante da política brasileira, na história recente.
Não apenas pela força das imagens – demolidoras, indefensáveis, muito superiores às provas testemunhais.
Mas, principalmente, porque atinge o coração do poder: no caso, o governador do Distrito Federal; o governador da capital do Brasil, José Roberto Arruda.
Sinceramente que não me recordo de imagens de um governador a receber um bolo de dinheiro.
E o fato de Arruda, à época, ser apenas candidato ao Governo, em nada “alivia” a sua situação: ele apenas sai da hipótese da corrupção propriamente dita, para cair na suspeita de crime eleitoral.
E talvez por atingir de bate pronto o coração do poder, o “disk-bufunfa” do DEM parece destinado a arrastar para o fundo do poço uma profusão de “notáveis”: empresários, secretários de estado, diretores de companhias públicas, deputados distritais, assessores do alto escalão.
Mais se assemelha a uma avalanche, porque ninguém sabe no que é que vai dar: quem mais envolverá e a que outros partidos também atingirá.
E, como já se disse, o que também impressiona, além da dimensão dos peixes que a Polícia Federal apanhou na operação “Caixa de Pandora”, é a contundência das provas.
A não ser que o ex-secretário de Relações Institucionais (?), Durval Barbosa, fosse, em verdade, uma instituição financeira, não há nada que possa justificar tamanha movimentação de dinheiro em seu gabinete.
Durval não entrega a essas pessoas – empresários, políticos e o próprio governador – cheques ou notas de empenho, o que já seria irregular, mas, talvez, explicável.
O que Durval entrega a esses “peixões”, nos vídeos que inundaram a internet e as emissoras de TV, é dinheiro vivo em profusão – e sem recibo.
Aliás, os beneficiários sequer se dão ao trabalho de conferir os pacotaços que recebem - o que deixa a impressão de acerto prévio e de uma “relação de confiança”.
Daí que nem o mais ingênuo dos chapeuzinhos vermelhos seria capaz de acreditar que foi escondido em meias e cuecas “por medo de assalto”. Ou que se destinava à compra de “panetones” para os pobres.
Porque, ainda assim, restaria a pergunta: de onde é que veio tanta bufunfa e por que é que ela tinha de desaparecer sem deixar vestígio?
Emparedado, Arruda ataca o acusador: diz que foi vítima de chantagem, por parte de Durval.
O problema é que isso não altera em nada as imagens da farta distribuição de dinheiro e soa até como confissão. Afinal, o que fez Arruda, o que temia Arruda, para se deixar chantagear?
Não se sabe como o escândalo do “disk-bufunfa” acabará. Nem os efeitos que terá sobre o jogo de alianças, para a disputa à Presidência da República, no ano que vem.
Certo, mesmo, é que não vai alterar em nada a prática, o cotidiano das “relações institucionais” da política brasileira.
Neste momento em que escrevo, há, certamente, centenas, talvez milhares de Durvais a recolher dinheiro junto a empresários, ou junto ao caixa público, para distribuí-lo a políticos, assessores e dirigentes de órgãos.
Em cada cidade brasileira, se procurarmos bem, especialmente durante os períodos eleitorais, encontraremos uma profusão de Durvais.
Arruda é o primeiro governador apanhado com a boca na botija.
Mas, não foi o primeiro, nem será o último político brasileiro envolvido nesse tipo de escândalo.
Por isso, pouco importa que seja do DEM, do PMDB, do PSDB ou do PT: afinal de contas, todos os nossos grandes partidos já tiveram escancarados à sociedade os seus Durvais.
E pouco importa, aqui, a eventual “nobreza” das intenções: a verdade é que todos os nossos grandes partidos seguirão imersos nesse mar de lama, enquanto não se fizer uma profunda reforma na política brasileira.
De cada novo escândalo restará, apenas, o espetáculo: as manchetes dos jornais, as imagens televisivas, os tititis nas ruas e na internet. E, com alguma sorte, mais um processo, nem que seja para ganhar poeira no Judiciário.
Daí a melancolia que me vem a cada abertura de uma “Caixa de Pandora”: sem reforma política, não há como encontrar, lá no fundo, a esperança.
FUUUIIIIII!!!!!!
Um comentário:
Ei Perereca, olhe o que rola, neste momento, na internete:
DEM - Dinheiro em Meias
DEM - Deu em Merda
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