Em política nem tudo é canela
Hoje, depois de muito ouvir falar, mais uma vez, acerca da vida sexual da minha xará, a governadora Ana Júlia Carepa, decidi prestar-lhe uma homenagem.
Não que isso signifique que vou deixar de fiscalizar o Governo dela – muito pelo contrário.
Mas, porque gostaria de homenagear, através da Ana Júlia Carepa, todas as mulheres do mundo que, todo santo dia, enfrentam toda sorte de preconceito, toda sorte de canalhice, simplesmente porque são mulheres.
E ainda mais quando “ousam” construir uma identidade própria, fazer carreira, num mundo como a política, que, infelizmente, ainda é amplamente dominada pelos homens.
Olho para a minha xará e vejo uma mulher jovem, bonita, atraente – e, sobretudo, sozinha.
Uma mulher sem “senhor”, sem marido, sem patrão.
E que, no entanto, vem sendo sistematicamente humilhada por ter uma vida sexual ativa, como, aliás, todas as mulheres anseiam e precisam ter.
Já ouvi até de mulheres comentários desabonadores – para elas, as “comentaristas”... – acerca da governadora.
Como se a nós coubesse, apenas, o papel de bibelozinhos bonitinhos, frágeis e bem comportados.
Como se não fôssemos seres humanos inteligentes e, em geral, bem mais competentes que a maioria dos homens naquilo que fazemos.
Como se o sexo, para nós, se resumisse à simples moeda de troca, no jogo da sobrevivência.
Sinceramente que já começo a me sentir enojada – e até ofendida!... – com toda essa repugnante “vigilância”, essa fogueira inquisitorial, em torno da vida sexual da minha xará.
Ao que parece nossos políticos – apesar da fome, do desemprego, da miséria do nosso povo - não têm mais o que fazer.
Nossas lideranças, nossos jornalistas, nossas oposições parecem ter, simplesmente, perdido a noção dos limites da luta política.
Ou, pior que isso, já nem se preocupam mais em esconder esse ranço machista, essa forma abjeta como encaram todas as mulheres do mundo.
E eu me pergunto: será que esses sujeitos nunca tiveram mãe, mulher, filhas, irmãs?
Se não têm nada de relevante a dizer acerca do governo dela, do uso de dinheiro público, por que, simplesmente, não se calam?
Não encontro motivo para que seja chamada à arena política a vida sexual da governadora, a não ser o uso acanalhado, cafajeste, de um preconceito social.
A não ser essa coisa mal contida de uns uga-bugas que ainda ontem caíram das árvores e mal conseguem se equilibrar nas duas patas.
Nunca vi qualquer desses “vestais” apontarem o dedão acusador a qualquer dos “machos” que ocuparam o Governo do Estado.
Nunca vi ninguém dizer um “ai” que fosse acerca da vida sexual do Jatene, do Almir, do Gueiros, do Jader.
E todos – e toda a “corte” sabe disso muitíssimo bem!... – também tiveram uma vida sexual agitadíssima.
E que envolveu, muitas vezes, até DAS e otras cositas mas...
No entanto, até onde eu me lembro, toda a “corte” sempre achou isso “maravilhoso”, como se aos homens, e apenas aos homens, fosse “permitido” trepar com quem bem lhes apetece.
Aliás, havia até quem se dispusesse a vigiar a porta do quarto, enquanto o sujeito “se aliviava”; havia até a figura – paga com dinheiro público – do “guarda-trepada” de plantão...
E olhem que esses senhores eram todos casados; alguns até tidos e havidos como verdadeiros “modelos”, “exemplos” à sociedade...
Então, por que o “escândalo”? Por que essa cafajestice, essa hipocrisia?
E tem mais uma coisa: em todos os longos anos que passei na “corte”, além de não ouvir qualquer manifestação de desagrado em relação à vida sexual desses senhores, vi, sim, manifestações de preconceito em relação às mulheres que transavam com eles, como se fossem “as culpadas” por tais relações...
Eram tratadas como a “serpente” que seduziu o “pobrezinho” do Adão – tão “inocente” ele, né mermo?...
Creio que as pessoas precisam amadurecer; parar de fazer política à custa da vida dos outros, até porque ninguém, nesse meio, é espécie de “querubim ungido”...
Todo mundo tem a sua vidinha “por debaixo dos lençóis”...
E se a gente for revirar tais “lençóis” não sobra um “santo” para apontar o dedão acusador a quem quer que seja...
Daí que, embora morta de inveja (sim, caros leitores, é verdade: nesse sentido, estou morrendo de inveja da minha xará!...) deixo aqui essa justíssima homenagem à Ana Júlia.
E não só a ela, como já disse.
Mas, a todas as mulheres do mundo que têm a coragem de buscar o prazer, a autonomia, a independência e a felicidade apesar dessa horda, desse bando de canalhas sem mãe.
FUUUIIIII!!!!
A luz de Tieta
Todo dia é o mesmo dia
A vida é tão tacanha
Nada novo sob o sol
Tem que se esconder no escuro
Quem na luz se banha
Por debaixo do lençol...
Nesta terra a dor é grande,
A ambição pequena
Carnaval e futebol
Quem não finge
Quem não mente
Quem mais goza e pena
É que serve de farol...
Existe alguém em nós,
Em muitos dentre nós
Esse alguém,
Que brilha mais do que
Milhões de sóis
E que a escuridão
Conhece também...
Existe alguém aqui
Fundo no fundo de você
De mim
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim...
Toda noite é a mesma noite
A vida é tão estreita
Nada de novo ao luar
Todo mundo quer saber
Com quem você se deita
Nada pode prosperar...
É domingo, é fevereiro
É Sete de Setembro
Futebol e carnaval
Nada muda, é tudo escuro
Até onde eu me lembro
Uma dor que é sempre igual...
Existe alguém em nós,
Em muitos dentre nós
Esse alguém,
Que brilha mais do que
Milhões de sóis
E que a escuridão
Conhece também...
Existe alguém aqui
Fundo no fundo de você
De mim
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...(2x)
Todo dia é o mesmo dia
A vida é tão tacanha
Nada novo sob o sol
Tem que se esconder no escuro
Quem na luz se banha
Por debaixo do lençol...
Nesta terra a dor é grande
A ambição pequena
Carnaval e futebol
Quem não finge
Quem não mente
Quem mais goza e pena
É que serve de farol...
Existe alguém em nós,
Em muitos dentre nós
Esse alguém,
Que brilha mais do que
Milhões de sóis
E que a escuridão
Conhece também...
Existe alguém aqui
Fundo no fundo de você
De mim
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim...
Toda noite é a mesma noite
A vida é tão estreita
Nada de novo ao luar
Todo mundo quer saber
Com quem você se deita
Nada pode prosperar...
É domingo, é fevereiro
É Sete de Setembro
Futebol e carnaval
Nada muda, é tudo escuro
Até onde eu me lembro
Uma dor que é sempre igual...
Existe alguém em nós,
Em muitos dentre nós
Esse alguém,
Que brilha mais do que
Milhões de sóis
E que a escuridão
Conhece também...
Existe alguém aqui
Fundo no fundo de você
De mim
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Toda noite é a mesma noite
A vida é tão estreita
Nada de novo ao luar
Todo mundo quer saber
Com quem você se deita
Nada pode prosperar...
É domingo, é fevereiro
É Sete de Setembro
Futebol e carnaval
Nada muda, é tudo escuro
Até onde eu me lembro
Uma dor que é sempre igual...
Existe alguém em nós,
Em muitos dentre nós
Esse alguém,
Que brilha mais do que
Milhões de sóis
E que a escuridão
Conhece também...
Existe alguém aqui
Fundo no fundo de você
De mim
Que grita para quem quiser ouvir
Quando canta assim...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de Tieta
Êta, êta!...
(Caetano Veloso)