Carta Aberta à Joana Pessoa
Em primeiro lugar gostaria de lhe dizer, doutora Joana Pessoa, que sem ética e inescrupulosa é a senhora, que tem a coragem de usar (sabe-se lá a que custo, né mermo?), uma página de um jornalão só pra me atacar.
Sem ética e inescrupulosa é a senhora que preside uma entidade que, apenas três meses depois de criada, assumiu a administração desse “filé” de dinheiro público que é o Hangar, sem licitação e no Governo da sua amiga, comadre e ex-patroa, Ana Júlia Carepa.
Sem ética e inescrupulosa é a senhora, que já foi até investigada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, sob a suspeita de integrar uma quadrilha, um bando, que afanava os cofres públicos.
Não, me perdoe, pois, na verdade, que me equivoco: a senhora não é apenas sem ética e inescrupulosa. A senhora é, também, uma grandessíssima COVARDE, porque investe contra mim e não contra aqueles que detêm, de fato, o poder editorial dos jornalões.
Ou a senhora, “ingenuamente”, vai dizer que desconhece o fato de que eu, repórter, jornalista, “operária da informação”, não possuo qualquer possibilidade de ingerência naquilo que é publicado nos jornalões?
O que a senhora possui de paixão pelo dinheiro, pelo poder e pelos convescotes da alta sociedade, doutora Joana Pessoa, falta-lhe em compostura, dignidade e caráter.
A senhora me ataca dessa forma pusilânime, poucas vezes vista na imprensa brasileira, porque, simplesmente, não consegue desmentir uma vírgula sequer daquilo que publiquei neste blog.
Vamos, lá, doutora Joana Pessoa: desminta que a Sema alugou uma sala “equipada” no Hangar por R$ 35 mil por mês.
Desminta que a Seduc pagou à Via Amazônia, sem licitação, quase R$ 2 milhões pela realização de um evento de uns poucos dias para os nossos fumados professores.
Desminta que a Seduc pagou à Via Amazônia, também sem licitação, mais de meio milhão de reais pela confecção de 40 mil impressos de divulgação.
Desminta que a Via Amazônia já recebeu, em apenas um ano e seis meses, pelo menos R$ 25 milhões do Governo do Estado, boa parte disso sem licitação.
Desminta que o endereço da Via Amazônia, quando foi criada, ou seja, mesmo antes de assinar o contrato de gestão do Hangar, já era o mesmíssimo endereço desse centro de convenções.
Desminta que a Via Amazônia foi qualificada como OS apenas seis dias antes de assumir a gestão do Hangar.
Por que é que a senhora não desmente todos esses fatos?
Eu respondo: a senhora não desmente porque sabe muitíssimo bem que todos eles estão DOCUMENTADOS.
A senhora sabe muito que, se tentar desmentir, eu, simplesmente, lhe “esfrego na cara”, como se diz, as cópias dos diários oficiais e dos documentos da Receita Federal e da Auditoria Geral do Estado (AGE), nos quais tudo isso está PROVADO.
É por isso que a senhora recorre a essa falácia tão conhecida do “argumento contra o homem”.
A senhora me ataca para tentar desviar o foco de fatos tão graves, que podem, sim, configurar crime.
A senhora me ataca porque, simplesmente, não tem como atacar a informação.
A senhora me ataca porque, nesse seu raciocínio rude, tortuoso, a senhora imagina que pode desqualificar o fato, desqualificando quem o levou ao conhecimento dos cidadãos.
A senhora me ataca, enfim, para ocultar a LAMBANÇA que acontece no Hangar.
Tal comportamento, na minha sagrada opinião, doutora Joana Pessoa, revela a sua arrogância, a sua crença na impunidade (talvez até decorrente do resultado daquela CPI, né mermo?); o seu menosprezo, enfim, pelos contribuintes – os contribuintes que pagamos, aliás, o caviar que a senhora, diz-que socialista, gosta de “saborear” entre todos os poderosos de plantão...
A senhora reclama que não foi ouvida por mim. Mas, foi sim.
Todos os leitores deste blog são testemunhas de que publiquei, na íntegra, a nota de esclarecimento que me foi enviada pelo Hangar.
E o fiz na madrugada do dia seguinte em que a recebi, mesmo tendo chegado em casa mais de meia noite, morta de sebosa e de cansada.
E, como a senhora bem sabe, porque deve ter lido neste blog, não fiz qualquer comentário sobre os seus “esclarecimentos” – embora me pareçam que não esclarecem coisíssima alguma.
Ou seja: garanti-lhe o sagrado direito de resposta, de defesa, coisa que a senhora, doutora Joana Pessoa, ao atacar-me, covardemente, através de um jornalão, sobre o qual a senhora tem mais ingerência que eu, dados os tubos de dinheiro que controla, não teve a dignidade de me garantir...
E a senhora, doutora Joana Pessoa, é que a “revolucionária”, a “socialista”, né mermo?
É fato, também, que a senhora me ligou, na terça-feira passada, para que eu fosse até o Hangar.
Mas, não fui por dois motivos.
Primeiro porque, doutora Joana Pessoa, ao contrário da senhora, eu tenho de suar a camisa para sobreviver.
Não tenho tempo para salamaleques aos donos de jornais. Nem para convescotes com a alta sociedade – e olhe que nem sou socialista, ou “revolucionária”, né mermo?...
Devido à necessidade de sobrevivência (e aqui até peço desculpas aos leitores) tenho de confessar que já havia até desistido de investigar, mais profundamente, essa história toda; ia deixar que tudo ficasse pela reportagem publicada neste blog e pelos “esclarecimentos” do Hangar.
No entanto, não posso, agora, deixar de manifestar a minha estranheza pela sua indignação, doutora Joana Pessoa, ante ao fato de eu não ter comparecido a esse seu “tour fantástico” no centro de convenções.
E peço-lhe desculpas, doutora Joana Pessoa, se, afinal, frustrei a sua expectativa de me oferecer os maravilhosos acepipes, que, pelo visto, a senhora gostaria de ter me oferecido – como está acostumada a oferecer a muita gente, aliás...
Em segundo lugar, doutora Joana Pessoa, já havia desistido de investigar essa história do Hangar em respeito ao sofrimento que isso, certamente, trará a muitos e bons amigos petistas, que, ao contrário da senhora, acreditam, sinceramente, no ideário do PT.
Da última vez em que investiguei, profundamente, casos tão escabrosos como o do Hangar, muita gente sofreu.
E, como tenho acompanhado tal sofrimento, de gente honesta que nunca pegou, indignamente, um dedal de mel coado do Estado, mas que sofre “por rebate”, hoje penso duas, três vezes antes de ir fundo em matérias assim...
No entanto, doutora Joana Pessoa, o seu comportamento, sem ética, inescrupuloso, covarde, abjeto, não me deixa alternativa: agora, vou, sim, investigar, profundamente, o Hangar.
Vou passar um pente finíssimo.
E tenha certeza de que, se existirem, os piolhos cairão em profusão...
E “transbordarão” para além da blogosfera - tenha certeza disso, também...
A senhora colocou em dúvida o meu caráter e a minha competência profissional.
E o fez de uma forma tão nojenta, tão covarde, tão acanalhada, como nunca vi em 28 anos de profissão.
Nem no tempo da ditadura da direita, doutora Joana Pessoa, vi algo assim.. E olhe que os militares nem eram “socialistas”, né mermo?
Me respeite!...Não pertenci, não pertenço e nem jamais pertencerei a sua “confraria”!...
E é por isso que tenho a CREDIBILIDADE que a senhora quer, a todo custo, destruir, né mermo? Para continuar a “operar” em paz...
Portanto, agora, vou atrás de todos os documentos - recibos, notas fiscais, CNPJs, endereços - pertinentes ao dinheiro público que a senhora está a administrar.
Vou, aliás, até seguir o conselho de um promotor de Justiça meu amigo: vou, eu mesma, denunciar esses fatos ao Ministério Público.
Para ser parte no processo e poder acompanhar todas as investigações bem de pertinho...
Creio que, depois de tudo isso, a senhora e todos os cidadãos, todos os contribuintes, merecemos uma resposta à altura daquela página covarde, doentiamente covarde, que a senhora mandou produzir.
E devo lhe avisar, doutora Joana Pessoa: não perca tempo com intimidações, mesmo as veladas (como nós duas bem sabemos que a senhora já fez, né mermo?), nem com ameaças explícitas ou com tentativas de me oferecer uns “acepipes”...
Há dez anos, quando eu investigativa as tenebrosas transações entre o Ipasep e a Medserve, tentaram me intimidar, me acusar de tudo que é sorte de coisa, exatamente como a senhora fez.
E tudo o que conseguiram foi o inverso do esperado: botei o pé no acelerador e revirei cada palmo daquela transação.
E, passados dez anos, veio a operação Rêmora, da Polícia Federal, a demonstrar quem, afinal, tinha razão...
Dinheiro deixa rastro, doutora Joana. Passe o tempo que passar...
Já esperava que a senhora agisse assim, que a senhora me atacasse dessa forma.
Numa resposta a um anônimo que me ameaçava, há uns dois ou três dias, disse isto mesmo, doutora Joana Pessoa: não temo ameaças; não temo poderes, nem da Terra, nem do inferno.
Temo, somente, a Deus...
Também não se dê ao trabalho de tentar ocultar documentos: vou encontrá-los, doutora Joana Pessoa; se estiverem na face da Terra, pode ter certeza de que os encontrarei.
Não, não vou persegui-la, que isso seria demasiado fácil; seria transformá-la de algoz em vítima.
Também não estou lhe ameaçando: estou lhe avisando, o que é bem diferente.
Estou lhe dando duas quadras de avanço, apesar dos tubos de dinheiro que a senhora controla.
E apenas para que, depois, os membros da sua “confraria” não me acusem de ser tão covarde, tão pusilânime, quanto a senhora.
Fique certa de que não vou investigar a sua vida pessoal – não me interessa!
Mas, como cidadã e jornalista, vou esquadrinhar cada palmo de dinheiro público que já passou pelas suas mãos – inclusive a documentação daquela CPI...
Vou, em suma, fazer o que deveria ter feito desde o começo dessa história toda: vou deixar de lado o sentimento e a minha necessidade de sobrevivência e agir como servidora pública que sou – ou seja, bem ao contrário da senhora, doutora Joana Pessoa.
Porque eu, sim, sirvo ao público – AO CONTRÁRIO DE ME SERVIR DO PÚBLICO, como fazem tantos por aí...
Vou, em suma, lhe dizer aquilo que diziam os espanhóis aos fascistas: não, não nos moverão!... NÃO!... NA, NA NI, NA, NÃO!... NÃO PASSARÃO!...
Os fascistas, enfim, aparentemente triunfaram, é?
Foi só temporariamente, doutora Joana Pessoa, foi só temporariamente...
Para desgosto de gente da sua marca, quem venceu, no final das contas, foi a Decência, foi a Sociedade, foi a Democracia.
Portanto, é pra se dizer, como naquele gesto emblemático do grande Ulysses Guimarães: QUE VENHA O “CORREDOR POLONÊS!”...
FUUUUIIIIIIII!!!!!!!!!