terça-feira, 4 de julho de 2006

04/07/06 - Extra! Extra! -

A Queda da Babilônia



_Comadre, você não vai acreditar! – grita, ao telefone, a minha enlouquecida correspondente do Brejo News – Caiu a “Grande Babilônia”!

Meio atordoada pela perturbação noturna, mal conjumino o Tico e o Teco.

_Mas que diabos! A Babilônia caiu sei lá há quantos mil anos!
_Não, comadre, caiu, na semana passada, no Condado de Paraperebas.
_Sei... Nabucodonosor tinha mandado reconstruir...
_Não, comadre, foi o Barão! Tô fazendo uma analogia, entendeu?
_(E desde quando alguém entende gente bilé?). Explica logo esse treco!

Quase sem respirar, a venenosa correspondente vai atropelando as frases.
O Barão tinha ido a Paraperebas, anunciar desapropriação fundiária igualzinha à Batalha de Itararé.
Não avisou o pobre do Duzinho – que fica todo ouriçado, ao ouvir falar em terra.
Mas levou vários correligionários, candidatos às eleições de Brejo News, para elegante farra com dinheiro público.
Tudo nos trinques e nos conformes. Parecia, até, superprodução do lorde Balloon.
Palanque armado, puxadores de palmas na platéia. Muitos esfarrapados, sempre prontos a acreditar em demagogia eleitoral.
Em suma: o tipo de circo que o Barão adora, com “cabocos” em profusão para ludibriar...

_Mas aí, comadre, aconteceu o impensável: pois não é que o palanque desabou?!!!
_Égua, caiu?!!!
_E não foi? E o pobre do Barão se esparramou no chão, todo enrolado no fio do microfone. E puxa daqui e puxa de acolá – e nada de desenrolar. E o pobre que é até claustrofóbico...
_Mas claustrofobia é medo de lugares fechados!
_Mas, comadre, pra doido é tudo a 'merma' coisa, ué!


Segundo a psicanalítica correspondente só a muito custo conseguiram levantar o Barão, que acabou surtando, ali mesmo, na frente de Deus e o mundo.


_Ele se tremia todo, comadre! Não dizia coisa com coisa – é bem verdade que esse já é o normal dele ‘mermo’... Mas gritava, com os olhos injetados, que aquilo era urucubaca, praga de urubu, sei mais o quê...E se benzia e rezava aquela oração...como é que é 'mermo'?
_E eu lá conheço macumba, animal?!!!
_Ah, era: “Quando ele nasceu foi num sufoco. Tinha uma vaca, um burro, um louco...
_...que recebeu Seu Sete, que recebeu, que recebeu, que recebeu...
_Ué, comadre, não vá se “atuá” aí também, viu? Você não disse que não conhecia macumba?
_Mas isso não é macumba... é música do João Bosco e Aldir Blanc.
_Ah, é? Coitado do Barão!... Nem pra macumbeiro serve!...
_E como é que terminou a confusão?
_Ele deu uma coletiva afirmando que é a reencarnação do Inri de Indaial!
_Pera lá!... O Inri tá vivo, caramba! Ademais, não apareceu pra ele num disco voador, lá em São Benedito?
_Mas ele bateu a cabeça, comadre!
_Xiiiiiiiiiiii!
_Foi a minha reação, também... O homem falava que falava e enrolava a língua, um troço meio alemão...
_Igualzinho o outro...
_E a gente num sol danado, comadre! E tendo de ouvir toda aquela maluqueira...
_Mas o que foi que ele disse de mais tresloucado que o costume?
_Só você lendo, comadre! Nem o lorde Balloon conseguiria pensar algo assim. Transcrevi a fita. Abra lá o seu e-mail!


E lá fui eu, às 3 da matina, para ler essa inacreditável coletiva, que divido com os leitores.


A Coletiva do Barão


Pergunta: Por que o senhor afirma que é a reencarnação do Inri de Indaial?

Barão: Assim como ele, desde a infância sou despertado, no meio da noite, por visões terríveis. Eu vejo o mundo se acabando numa bola de fogo, as estrelas caindo, o céu enrolado como um pergaminho. Ouço pessoas gemendo, chorando e rangendo os dentes. Chego até a sentir o cheiro do enxofre...
Quando eu era pequeno, meus pais me levaram a vários especialistas: videntes, gente ligada ao Vale do Amanhecer, estudiosos do Chupa-Chupa e até o Uri Geller. Mas todos garantiram que eu sou normal. No entanto, sempre reprimi tudo isso. Essas visões, esse chamado...
Mas, agora, vejo lucidamente, como nunca em toda a minha vida. Porque essa queda me fez recordar meu nome, há dois mil anos: Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum. Ou seja, INRI de Inhangapi.

Pergunta: Ué, Barão! Naquela época Inhangapi já existia?

Barão: E far-se-á um novo céu e uma nova terra. E o lobo e o cordeiro viverão juntos, como irmãos. Belém, meus senhores e senhoras, ficava em Inhangapi.

Pergunta: Mas não é na Palestina?

Barão: Por que me atormentais, ó homens e mulheres de pouca fé? Tudo é possível ao que crê!

Pergunta: E agora, o que é que o senhor pretende fazer?

Barão: Vou jejuar e orar 40 dias e 40 noites no deserto. Agora mesmo estou ouvindo, dentro da minha cabeça, essa voz que me diz: “Levanta! Vai trabalhar! Vai preparar o fim dos tempos! Já foste Noé, Abraão, Davi - e olha a que ponto chegaste!” Em verdade vos digo: ide, portanto, e pregai o Evangelho a todas as criaturas! Levai ao mundo a Boa Nova: o INRI reencarnou em Inhangapi.

Pergunta: 40 dias e 40 noites não é muito tempo para passar no deserto?

Barão: Vou estudar ainda mais o coração do Homem. E me aprofundar na qualidade de teodidata. O tempo urge. Já escuto o soar das trombetas! Abriu-se o Primeiro Selo! E gritam os anjos: Aleluia! Aleluia! Caiu, caiu, a Grande Babilônia!

Pergunta: E o senhor vai com a mesma túnica de há dois mil anos, é?

Barão: Raça de víboras! Hipócritas! Não tenho 400 vestidos, que nem a Lu Alckmin. Levo, apenas, duas túnicas e um par de sandálias, como meu Pai determinou!

Pergunta: E o que é que o senhor vai fazer quando voltar?

Barão: Primeiro, vou entrar na Justiça, para mudar meu nome para “INRI de Inhangapi”. Depois, vou demitir o carpinteiro de araque que construiu esse palanque...

A Prova Insofismável

http://www.inricristo.org.br

ROTFL

2 comentários:

Anônimo disse...

perereca, vc é muito doida!Me diverti com o seu texto!agora visitarei o seu blog sempre!me identifiquei.
arrasou !
um abraço
amiga secreta

Ana Célia Pinheiro disse...

Que bom que você gostou, amiga secreta. Espero merecer, sempre, a sua atenção. Beijinhos, Ana Célia

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